Pesadelo, Merdas e Queda Catastrófica

– Está vendo essa árvore aqui? É o selo do nosso amor. Será aqui que daremos o pontapé inicial na nossa relação.

– Maravilha! E então, o que fazemos agora?

– Posso te colocar nos ombros e iremos atrás da fonte perdida de ponchá no paraíso. O que você acha?

– Perfeito. Então, vamos?

– Claro! Mas antes, vamos nos despedir desse lugar tão importante para nós.

Gajeel une nossas mãos, se aproxima e quando quase estamos selando nossos lábios para o ultimo suspiro nessa terra abençoada... Eu acordo finalmente.

– NÃAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAO! AI, AI, ISSO TA DOENDO PRA CAROLHO!!!!! QUIMERAAAAAAA!!

Okay, irei explicar o que está acontecendo:

Eu tive uma espécie de pesadelo. Eu e Redbull-san estávamos debaixo da sombra de uma árvore discutindo nosso futuro. Futuro amoroso. Quando ele estava prestes a me beijar, eu acordei gritando “não”, levantei da minha cama, comecei a pular e acabei batendo o dedão do pé direito na quina da minha cama. Depois comecei a chingar palavras que pessoas normais nunca ouviram na vida e foi ai que Hihi entrou no quarto.

– O que está acontecendo? Você está pegando fogo??

– Não! É bem pior que isso.

Chichi também entrou no quarto.

– Fique calma querida, Levy deve ter tido um pesadelo.

– Isso! Um pesadelo terrível!! O pior pesadelo que alguém poderia ter.

– Mas querido, acordar a vizinhança toda por causa de um pesadelo não é nada educado.

– Não se preocupe, eu já tive pesadelos desse tipo e já tive essa mesma reação.

Ah tenho certeza de que o senhor nunca teve um pesadelo assim...

– Então tá, Levy se arrume para ir ao colégio. Eu e seu pai vamos tomar café enquanto isso.

– Jogue uma água no rosto, filha. Ajuda um pouco.

– Okay, arigatou.

Entrei no banheiro e não resisti, soltei outro grito.

– AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH!

– O que foi agora Levy?

– N-nada Hihi, só assustei com minha cara. Gomen nasai, mas não vou poder ir ao colégio hoje. Estou de luto.

No colégio...

Enfim, minha mãe me arrastou até o colégio e ordenou que não era para eu dar aqueles gritos histéricos de novo, pois a dona Sei-lá-o-nome havia reclamado que perdeu o sono e não conseguiu dormir mais.

Avá! Sou eu quem não vai conseguir dormir nunca mais e, no entanto, não estou reclamando com ninguém!

Só espero que minha sorte retorne logo para que eu não tenha que ver a cara do Redbull-san tão cedo.

– Yo baixinha! Sabe que dia é hoje?

Dia de te jogar pelo precipício, coisa que eu devia ter tentado há muito tempo...

– Não sei e não quero saber.

– A sua quantidade de educação é do seu tamanho.

– Aham.

– Hey, é feio deixar as pessoas falando sozinhas.

Tentei sair dali o mais rápido possível, porém acabei tropeçando e caindo de cara no chão (porque eu só caio de cara no chão? Poxa boca, se quer beijar alguém, vá beijar um computador, de preferência o meu. Não fique querendo beijar o chão toda hora, isso é chato para mim.).

– Quimera!!

– Ai ai, depois diz que eu te azaro. Você se azara sozinha. Vai, me dá sua mão, você não merece, mas eu te ajudo a levantar.

A cena do Gajeel segurando minha mão e depois indo me beijar veio à mente e eu pirei total.

– NÃO ENCOSTA EM MIM! ME IGNORE, ME ESQUEÇA! FINJA QUE EU MORRI, MAS NÃO MANTENHA NENHUM CONTATO COMIGO!!!

– Okay, se você quer assim.

Sai correndo em direção à sala de aula. Chegando lá não havia ninguém.

– Mas o que está acontecendo?

“- Yo baixinha! Sabe que dia é hoje?”

Foi ai que me lembrei...

Hoje é o aniversario do nosso colégio, Fairy Tail!

No pátio...

– Levy-chan!!!!!

– Yo Luu-chan.

– Porque demorou? Pedi ao Gajeel para te procurar, mas ele voltou sozinho dizendo que você tinha surtado e o mandado parir nekos no Brasil.

– Isso é mentira!

– Qual parte?

– A parte do “parir nekos no Brasil”.

– Ah sim, eu não acreditei nisso.

Olhei em volta e vi o Gajeel me encarando. É tão ruim você acordar de um pesadelo e continuar nele na vida real. Peguei um salgado qualquer e me sentei à mesa da Lucy.

– Continuando, porque você demorou?

– Eu me esqueci do aniversario e fui direto para nossa sala.

– E porque chingou o Gajeel?

– Bem...

A imagem do “quase beijo” veio a minha mente de novo. Kuso, pare de me perturbar!!!

– Ah sei lá. – Gomen nasai Luu-chan, mas desse fato constrangedor ninguém nunca vai saber!

– Vocês até que ficam bonitinhos juntos.

Depois de ouvir isso eu morri. Quando abri meus olhos estava no paraíso do ponchá, nadando em nuvens de algodão-doce e correndo atrás de mini brigadeiros. Então, sentei em um balanço e o vento começou a me balançar de leve... Bem leve... Depois foi se intensificando... Mais rápido... Bem mais rápido... Ai eu cai.

– AAAAAH...

– Psiu.

O que? Quem me mandou calar a boca??

– O que você tem hoje, Levy-chan?

– Anh?

– Você está estranha, está... Frágil.

– O QUE???

– E está gritando, por qualquer coisa.

– Eu sei o que ela tem.

Meu chichi, me tira de perto desse Redbull-homúnculo-san!!

– E o que é?- Ah Luu, não fica rendendo assunto!

– Birra de pirralha.

Okay Redbull-san, você pediu para morrer! Eu vou te socar... Quando conseguir me levantar desse lugar frio. Afinal, onde eu estou?

– Acho que a pressão dela já se normalizou. Podem levá-la agora. – Quem é você, tia?

– Vem Levy, vamos levar você para casa.

– Precisa não, Lucy. Eu posso carregar o fardo sozinho. Se bem que não é tão pesado assim...

Perai? Ele me colocou nos ombros?? Como no pesadelo?! Nãaaaaaaao!!

– NÃAAAAAAAAAAAAAAAAAO!! ME LARGA, SEU ACÉFALO! VOCÊ NÃO TEM DIREITO DE FAZER ISSO! POSSO TE PROCESSAR SABIA...

Porque ele tampou minha boca?

– Você fala de mais. Aliás, você está naqueles dias?

– Humhamhamhumham...

– O que? Ah, gomen. Pode falar agora.

– Quais dias?

– Quando a garota fica super nervosinha ou então fica querendo dormir o tempo todo, a pressão abaixa e tals, significa que ela está naqueles dias.

Ou teve um pesadelo horroroso com um metaleiro esquisitão.

– Eu... Nuncaestivenessesdias.

– O que?

– Eununcaestivenessesdias.

– Fale mais alto!

– QUEM É QUE TE ENTENDE? VOCÊ NÃO ME MANDOU CALAR A BOCA!! EU DISSE QUE NUNCA ESTIVE NESSES DIAS PORQUE EU AINDA NÃO AMADURECI COMO AS MOÇAS DA MINHA IDADE. ESTÁ SATISFEITO? QUIMERA!!!

Gajeel estava rindo silenciosamente. Garoto debochado!

Aliás, eu tenho que sair daqui logo. Ser carregada pelo Redbull-san em pleno local público não é uma coisa agradável.

– Será que você pode parar de me socar?

– Só se você me soltar.

– Não vou te soltar, você é azarada.

– E o que tem isso a ver?

– Ora, você pode pegar fogo se eu te soltar. Pode ser atropelada por um velhinho de bicicleta, ou então ser esmagada pelo moço da padaria.

Não sei dizer por que, mas comecei a rir. Redbull-san também começou a rir. E aqui estou eu, nos ombros de um metaleiro possuído, rindo como uma descontrolada.

Tudo estava indo bem, até de repente eu voar de cara no chão (duas vezes no mesmo dia?!) com um Redbull-san em cima de mim. PERAI, EM CIMA DE MIM??????

– SAI DE CIMA DE MIM AGORA!!! VOCÊ ESTÁ ME SUFOCANDO, SEU OBESO!!!

– Gomen nasai, não vi que tinha uma pedra no caminho.

– UMA PEDRA? UMA PEDRA?! ISSO PARECE MAIS UMA ROCHA E VOCÊ NÃO CONSEGUIU ENXERGAR? ALÉM DE ACÉFALO, É OBESO E SURDO...

Ele me colocou nos ombros novamente, tampou minha boca e começou a cantar a musiquinha horrorosa do meu primeiro sonho...

Hey, anjos do Ponchá, me tirem daqui, por favor!!!