De Repente É Amor escrita por Thais


Capítulo 25
Capítulo 25


Notas iniciais do capítulo

Do fundo do meu coração espero que vocês estejam se sentindo abraçados (as) por mim agora! Gente, eu amei (mega/hiper/ultra/super) os reviews! Você são mil e uma vezes demais! Peço desculpas pela demora, mas eu estou estudando para o vestibular, tenho as minhas coisas e alguns outros compromissos. Tempo pra escrever? Quase nunca. But, não vou abandonar, não.

Os fantasminhas já pode aparecerem, não é? hehe De qualquer forma, aproveitem o capítulo!

Amo vocês! Beijocas e boa leitura! ♥



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Iria ver ela. Sempre via.

O relógio acima da minha cabeça insistia em rodar num ritmo torturante a minha alma.

Minhas mãos que estavam escondidas nos bolsos da calça, agora faziam um coro, enquanto subiam e desciam sobre a estante de revistas. Nesse horário e em especial neste dia o movimento do hospital estava razoável.

Meu pai, assim que soube do encontro, me incomodou até ceder que eu vestiria um antigo terno seu. Bom, ao menos depois de tanta insistência, o terno caiu bem em mim.

Nunca fui de se considerar um cara apaixonante, mas também não sou um ogro. No período em que Clove passava por mais uma bateria de exames e fazia sua 2º secção de fisioterapia aquática, resolvi preparar o que estava preso em minha mente por muito tempo.

Cashmere raramente me dava muito tempo para realizar o que planejava. Porém, nesse caso, eu estou livre para levá-la e fazer ‘o que bem quiser’.

O grande fato de Clove recordar-se da casa de praia acrescentou um pouco mais de fé em meu pobre coração apaixonado.

Acreditava nela. Sempre irei acreditar.

Nos primeiro metros que davam com o portão do sobrado, cobri o chão com margaridas. O caminho se estendeu pela sala de estar, escadas até por fim alcançar a sacada.

A porta se abriu e como sempre, involuntariamente, meu sorriso também. Ela tem milhares de efeitos sobre mim e eu adorava cada um.

Finnick me passou a cadeira de rodas, exalando seu perfume enjoativo.

– Eu gosto dele. – Clove disse. – Tirando é claro quando ele decide beijar minha bochecha. Odeio esse tipo de ato.

– É o jeito de ele ser tão... Demonstrativo. – sussurrei para Clove

Clove ajeitou o par de all star’s em seus pés. Essa parecia ser a primeira vez em que a doutora “faça o que eu faço, faça o que eu digo, por favor” a deixou se vestir no jeito Clove de ser.

Apressei o passo e chegamos ao carro. Coloquei a cadeira de rodas no porta malas e Clove do meu lado, no banco do passageiro.

Liguei o rádio em uma estação pertencia à faculdade que frequentei. Após uma musica que toda-garota-minada-de-dezesseis-anos-ama terminar, Temptation, do New Order começou a tocar.

– Gosto dessa música. Você gosta? – perguntou Clove.

– Talvez, sim. – respondi.

– Por que ‘talvez’?

– Porque a maioria das coisas é um talvez. Já parou para pensar nisso? – olhei rapidamente para Clove. Ela balançava a cabeça enquanto mexia no porta-luvas.

– Talvez não. Ultimamente minha cabeça anda cheia demais.

– Você precisa relaxar. – eu disse.

– É, acho que sim.

Ela passou o braço sobre o meu e entrelaçou minha mão direita com a sua. Apertei sua mão e sorri.

Pensei: falta pouco.

[...]

Depois que chegamos a casa, a cabeça de Clove passou boa parte do tempo pendida para o lado esquerdo. Suas sobrancelhas mantinham-se franzida e algumas vezes, ela murmurava palavras incompreensíveis. Subi a escada com ela em minhas costas.

– Era dessa casa em que eu estava falando. Eu tenho certeza. – Clove disse, olhando em volta.

– Eu sei. Está como antes? – perguntei.

– Sim! – ela gritou. – Cato, está tudo igual. Dê uma olhada no mar. Ele continua o mesmo. Dê uma olhada em tudo, continuam o mesmo. Menos as flores que você jogou no chão.

– Ah, espertinha! Não gostou?

– É claro que gostei. Quem não gostaria de flores?

– Algumas garotas não. Elas gostam de coisas mais modernas.

– Mas não é assim que vocês homens gostam?

– Exceções existem. Elas são sempre bem vindas.

Um silêncio pairou pelo ar. Ao contrário de todos os momentos em que a única coisa em que se ouvia era a respiração minha e de Clove, esse foi calmo. Os arrepios que percorriam meu corpo quando um de seus braços tocava nos meus já são instantâneos.

Queria tirá-la logo dali. Mas sabia que no agora, esse era o lugar certo para estar com Clove.

– Cato, você sabe dançar? – a voz de Clove saiu fina e cansada.

– Acho que sim. – respondi. Não. Eu não sei dançar.

– Eu quero dançar! – ela forçou seu corpo para cima. – Mas as minhas pernas... elas não funcionam.

Murmurei um ‘já volto’ para Clove e sai à procura de um radio.

Meus pais pareciam ter vivido em pleno século XIX. A enorme prateleira era repleta de discos e não conseguia encontrar nenhum cd que tivesse algum tipo de música dançável. Fui até o escritório e a única coisa visível eram pilhas de papeis e livros. Bufei frustrado.

Caminhei até Clove com as mãos sobre o peito. – Você se incomodaria de dançar sem música? – perguntei.

– Desde que você não pise nos meus pés, tudo bem por mim.

Balancei a cabeça e peguei Clove em meus braços. Segurei suas costas e coloquei seus pés em cima dos meus. Ela apoiou a cabeça em meu peito, entrelaçando seus dedos aos meus.

– Eu já fui naquela praia. – ela disse.

– Sim.

– O que faz da vida? – Clove perguntou, me encarando. Era impossível não rir com a sua cara de duvida.

– Eu sou professor de Química, gosto de pinta e cozinhar... sabe, me acho bem bonito também.

Clove socou meu peito, revirando os olhos. – Acho que é narcisista.

– Só estou falando a verdade. Na real, nunca sei o que falar quando me fazem uma pergunta assim. Acho que isso serve.

– Entendo. Mas, agora, o que você faz? – seus olhos continuavam brilhando em expectativa.

– Eu cuido de você. – respondi.

[...]

O caminho de volta para o hospital com Clove foi agradável. Ela parecia irrita com o vidro do carro, já que não parava de abrir e fechar.

Clove não conseguia calar a boca. Messes atrás, talvez, eu reclamaria. Mas hoje, meu peito explodia de felicidade. Ela já mostrava confiança em mim. Parecia não agir mais com medo e nem desdém. Estava a vontade.

O avanço razoável de Clove na fisioterapia aquática foi fundamental para na próxima semana ela começar a fisioterapia na esteira. Clove precisaria andar sem ajuda para finalmente sair do hospital. Pelo o que Gloss e Annie comentaram, essa era a fase mais importante do tratamento.

Então, essa era a grande questão, que, as vezes, me deixava em um estado de insanidade quase que incontrolável: Quando Clove sair, como as coisas irão ficar?

Boa parte das lembranças está jogada a tona e talvez agora fosse de fato o tempo certo para acertar tudo.

Estacionei o carro no estacionamento exclusivo para médicos do hospital de LA. Um beneficio, ao menos.

A coloquei sobre a cadeira de rodas e entrei no cubículo mentalizado. Cashmere estava escorada ao lado da porta.

– Hey! Cato, leve Clove ao quarto. Depois, você já pode ir. – ela disse, sorrindo de canto.

Guiei a cadeira de rodas até o canto esquerdo próximo a cama e observei Clove se arrumar sobre o colchão. Nos últimos dias ela progrediu e já conseguia fazer isso.

Me sentei ao seu lado na cama.

– Obrigado por me fazer companhia hoje. – falei.

– De nada – diz ela. – Sempre faço companhia pra você. E bom, eu gosto.

– Mesmo assim, muito obrigado. – beijei a maça de seu rosto. Clove se virou, ficando mais próxima.

– Você volta amanha?

– Vou vim até se não quiser. – respondi.

Deixei Clove com um último abraço do dia. Era como se eu passasse por aquela porta e um pedaço de mim permanecesse ali. Fixo e estático. Ninguém poderia tirá-lo.

No caminho para o estacionamento assim como para casa e a noite toda foi inexplicável.

Um misto de nervosismo e frio na barriga provocava-me arrepios da cabeça aos pés. A sensação é boa, não posso negar. Meus olhos se franziam e minha boca se abria toda vez em que minha mente vagava pensando nela.

Quando o despertador tocou sua música irritante, a sensação estranha continuava presa em mim, funda e pesada, como uma âncora.

Estava ansioso. Iria ver ela.

Sempre via.


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