Over Again escrita por Asuka


Capítulo 3
"Iremos Morrer"


Notas iniciais do capítulo

É óbvio. Todos nós iremos. Mas, claro que iria acontecer algo para antecipar-nos.
"Iremos Morrer"
Boa Leitura ♥



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Ficamos mais algumas horas ali, de modo que, quando saímos, já eram 3:00 da tarde. Tudo que precisávamos agora era um local para passar a noite, que não fosse o casarão. Então, pegamos nossas bagagens e levamos ao Germânia Hotel, no começo da Avenida Caxangá. Era um dos únicos hotéis que ainda estavam intactos. A maioria havia sido destruída. Ali, apenas os elevadores pararam de funcionar.

Depois de nos acomodarmos, saímos dos quartos e fomos para a cobertura.

– Yarin, o que exatamente vai acontecer? – Elizabeth, uma das minhas “braço-direito”, e minha melhor amiga, perguntou.

– Não sei, Eliza. – Falei, me concentrando nas ruínas de um antigo Schomputer. Há muitos anos, eu havia frequentado um desses no meu antigo lar. Era um colégio que não necessitava de papel, lápis ou qualquer outra coisa. Apenas o corpo humano e alguns tipos de computadores.

– Mas, será melhor, sabe? Sair daqui. – Maggie, minha outra “braço–direito” e irmã de Elizabeth, falou.

– Não acho. – Falei, me virando, e olhando para as duas.

Lembrei-me que, antigamente, era um pouco difícil diferenciá-las, pelo fato de serem exatamente idênticas. Gêmeas. Até seus movimentos, escolhas, sentimentos, eram copiados. Mas, desde que Maggie pintara seus cabelos loiros de azul-marinho, havia ficado melhor.

– Escutem-me. Desculpem-me por ter envolvido vocês duas nisso, certo? Se eu não tivesse chamado as duas, estariam...

– Mortas. – Elizabeth grunhiu, com um olhar irônico no rosto.

– Não. Quero dizer, talvez. Não. Não estariam. Sabem se cuidar. – Falei, tropeçando nas palavras. – Poderiam ter ajudado outras pessoas de um dos dois grupos a sobreviver.

– Não começa, Yarin. Faz quatro anos que você diz isso toda semana. – Elizabeth disse, prendendo seus cachos loiros em um rabo-de-cavalo desajeitado. – Falando nisso, em que mês estamos?

– Yarin, venha ver isso! – Ruy gritou, enquanto eu vasculhava alguns dos guarda-roupas do hotel, e me surpreendia encontrando roupas e algumas outras coisas.

– O que foi? – Gritei, enquanto segurava uma mochila cheia de livros antigos. Bem antigos, para falar a verdade.

– Venha ver. Estou no quarto quatro.

Corri ao quarto 4 e me deparei com todo o meu grupo amontoado no centro do quarto. Ao centro do grupo, encontrava-se Ruy e Maggie.

– O que está havendo? – Falei, preocupada.

Ruy saiu da multidão, e veio a mim, sendo perseguido de perto por Maggie, com todos os olhares os seguindo. Ao chegar perto de mim jogou uma mochila aos meus pés, e acenou com a cabeça para eu olhá-la.

Abaixei-me e abri a mochila. Não podia acreditar. Só podia ser daltônica. Eu não estava vendo aquilo.

– Onde acharam isso? – Falei, olhando para cada um dos rostos ali presente. Todos estavam atordoados. Pareciam mais surpresos que eu.

– Aqui. No guarda-roupa. – Rupert falou, vindo até mim.

– Há mais algo lá? – Disse.

Maggie assentiu, enquanto Sandy, uma garota ruiva do meu grupo, dizia pausadamente, e começava a chorar ao mesmo tempo.

– Desculpe, eu estava apenas olhando para ver se havia algum lugar para colocar a comida. E acabei achando. Desculpe, Yarin.

– Te desculpar? Sandy, isso é perfeito.

Todos fizeram caras de espanto.

– Yarin, isso é equipamento dos Stones. É proibido. Tudo que era dos grupos envolvidos na Guerra é para ser exterminado. – Daniel, um garoto loiro, falou, com os olhos vidrados na mochila.

– Não importa. Imaginem o quanto seria bom termos isso conosco. – Gritei, erguendo a mochila no ar, para todos poderem vê-la.

– Eles iriam matar-nos. – Alguém gritou, do fundo da sala.

Todos começaram a reagir diante daquela frase. Discutiam um com os outros. O fato é que, celulares, tablets, talkinotes e computadores portáteis não poderiam ser passados em branco, diante daquilo tudo. E aquela mochila estava cheia deles. Enquanto meu grupo discutia, um plano era formulado na minha cabeça.

– Prestem atenção por um momento, por favor. – Falei, fazendo todos calarem-se. – Pensem comigo. Eles irão nos separar.

– Claro, porque isso é pior do que sermos mortos. – Jordan, berrou, com um olhar aterrorizado.

– Pessoal, apenas me ouçam, ok? – Continuei. – Vamos para lugares diferentes...

– Certo. Agora só precisamos escolher se vamos vivos ou mortos. E, como sempre, está em sua mão, Yarin. – Carly disse, fazendo Christian segurar seu braço, como sempre fazia quando queria proteger a irmã.

– Dá pra vocês calarem a boca, apenas por um minuto? – Ouvi alguém gritar. Não me surpreendi ao ver que havia sido Karen. Claro. Como sempre, aceitava tudo.

Todos se calaram, e eu continuei.

– Certo. Eu conheço Jhonatan. Ele não irá apenas nos colocar para procurar pessoas desaparecidas. Há mais coisa nos planos. Mais coisa que ele não queria falar. Imaginem a seguinte cena. Ele nos separa. Duas pessoas de cada grupo para cada lugar diferente. Não teremos muitas alternativas, certo? Mas, e se conseguíssemos nos comunicar com o resto do grupo? Se conseguíssemos avisá-los se algo ocorrer? – Falei, e percebi que muitos rostos se suavizaram ao ouvir aquilo. Mas, a maioria ainda estava tensa.

Alguns minutos em silêncio. Alguns rostos pensativos. Algumas pessoas se encaravam, trocavam olhares. Até que finalmente alguém falou. Jheniffer.

– Eu acho uma boa ideia, pensando desse modo.

Depois disso, várias pessoas concordavam. Mas Sandy e Daniel não aparentavam ter gostado da ideia.

– O que há de errado com vocês dois? – Rupert falou, alto o bastante para todos ouvirem. – Não querem sobreviver?

– Há algumas falhas no seu plano, Yarin. – Sandy falou, calmamente.

– Me diga quais são, então. – Falei, segurando a mão de Ruy. Ele pode perceber. Sabia que sempre que eu segurava sua mão, assim, de repente, eu estava nervosa.

– Primeiro, Como vamos levar isso tudo? – Daniel continuou. – Segundo, como vamos usá-los sem ninguém perceber? E, o mais importante...

Daniel não continuou. Todos sabiam o que viria a seguir. O que aconteceria se nos pegássemos com aquilo?

– Primeiro, tudo ficará no nosso jato, e, se vocês não lembram-se, os grupos são proibidos de entrar em transportes de grupos diferentes do seu. – Falei. – Segundo, fácil. Usaremos em momentos em que estivermos sozinhos. No banheiro, nas tarefas individuais, em tudo em que passarmos sozinhos.

Todos olharam de relance para Daniel e Sandy, esperando alguma outra coisa.

– E a outra pergunta? O que vai acontecer? – Sandy disse. – Quero dizer, se virem.

Não respondi. Apenas peguei a mochila e distribui os equipamentos para cada um do grupo, depois sai dali. A ideia do meu grupo sendo exterminado era irritante. Mas, depois de todas as regras que havíamos quebrado, era inevitável. Eles apenas não sabiam daquilo. Ainda.


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Notas finais do capítulo

Deixem reviews se gostarem. ^^