Magnus sorriu ao ver o formoso e, aparentemente cansado, caçador de sombras entrar no Taki’s. Acenou para Alec, que sorriu – um pequeno sorriso, era verdade, mas ainda assim um sorriso – e veio em sua direção, sentando na cadeira à sua frente.

– Olá – ronronou.

– Oi.

– Parece cansado.

– Passei a noite estudando na biblioteca do Instituto. – Alec mexeu-se, parecendo desconfortável.

– Se soubesse disso teria marcado esse encontro para outro dia!

O rapaz o encarou, parecendo surpreso.

– Então, não sabia?

– Como eu iria saber?

– Ah... – ele sorriu novamente, dessa vez parecendo aliviado.

Magnus franziu o cenho, desconfiado.

– Vamos pedir alguma coisa? – indagou Alexander, claramente querendo mudar de assunto.

– Claro! O que acha de comida de fadas? – perguntou o feiticeiro, rindo quando o outro empalideceu. – Estou brincando, calma! Creio que eles sirvam comidas mundanas, mas não tenho certeza.

E no fim serviam sim, apesar de o cardápio ser bem menos variado. Pediram rosbife com purê de batatas. Faziam séculos – não literalmente, claro – que Magnus não comia algo assim.

– Então... E agora? – indagou Alec.

– Agora nós comemos.

– Ah, claro – murmurou, corando.

O feiticeiro não pôde evitar sorrir e fazer um comentário:

– Você fica incrivelmente atraente quando está corado. – E riu, deliciado, ao ver o rubor se espalhar por todo o rosto do caçador.

Quando corado, os olhos de Alec ficavam mais vivos e isso Magnus amava!

– Suponho que, sendo imortal, você conheceu muitas pessoas e lugares – começou Alec.

– É verdade. Gostava particularmente do Peru, mas infelizmente não posso mais ir lá.

– Por que não? – indagou, comendo um pouco do rosbife.

– Fui expulso. Se voltar lá tentarão me matar.

– O que você fez de tão grave?

– Nem eu sei! Fiz tantas coisas que não sei exatamente qual delas resultou na minha expulsão e banimento do Peru.

Alec franziu o cenho, parecendo pensativo. Isso deixou Magnus nervoso. Ele estava gostando da conversa e da companhia de Magnus? Ou estaria ansioso para voltar ao Instituto?

Calma, Magnus! Você já fez isso antes, mais vezes do que poderia contar. Por que está tão nervoso?

– Eu estou lhe aborrecendo? – perguntou, por fim, a Alec, estendendo a mão e tocando a do caçador de sombras.

Alec arfou, os olhos se arregalando. Ele não pôde evitar. Era como se mil fios elétricos estivessem ligados a ele.

Apenas aquele único toque de Magnus fora o suficiente para deixá-lo completamente desestruturado.

Alec não pôde evitar inclinar-se em direção ao feiticeiro. Perguntava-se como seria encostar os lábios nos de Magnus. Qual seria a reação do feiticeiro? Ele arfaria? Inclinar-se-ia em sua direção, os braços morenos e definidos lhe rodeando?

Magnus esperou, cheio de expectativa, enquanto o rapaz se inclinava em sua direção. Iria beijá-lo?

Mas é claro que não, pensou ao ver que Alec ajeitava-se novamente na cadeira, o brilho sonhador que invadira seus olhos sumindo. Eles estavam em público, afinal.

– Ham... Poderia me passar o sal, por favor? – indagou Alexander, contraindo os lábios em uma fina linha.

– Claro – respondeu Magnus. Ele precisava ter paciência com Alec, afinal o rapaz não havia se acostumado ao fato de ser gay. Mas iria, e quando isso acontecesse Magnus estaria ali.

***

Alec encarava o teto de seu quarto, ignorando as palavras de Jace e Izzy, que pareciam falar sobre os demônios que mataram, enquanto Alec apenas ficava deitado.

Mas o rapaz não se importava. A única coisa que continuava na sua mente era a imagem de Magnus, majestoso, sarcástico, e incrivelmente...

Atraente. Ele se surpreendeu ao deparar-se com essa palavra. Magnus era atraente?

Sim, decidiu, ele era. Mais atraente do que qualquer outro que Alec já vira.

– Quem é atraente? – indagou Jace, parecendo espantado.

– O quê? – Alec franziu o cenho.

– Você acabou de falar isso, “atraente” – explicou Izzy, também parecendo surpresa.

– Então quer dizer que o frio Alec está interessado em alguém? – impressionou-se Jace. – Quem é a garota? Eu a conheço?

Garota. Alec piscou, tentando espantar as lágrimas, enquanto Izzy mordia o lábio inferior, percebendo a gafe que Jace cometera.

– Jace, deixe ao Alec sonhar acordado. Vamos! Hodge deve estar nos esperando.

E saíram, deixando-o a só com seus pensamentos. Pensamentos dolorosos, por sinal.

Mas, pela primeira vez, Alec não se importou tanto assim. Afinal, ele encontraria Magnus na próxima semana e aquilo sim, importava.