Assassinatos Em América City escrita por A Garota dos Is


Capítulo 2
Reabrindo o caso


Notas iniciais do capítulo

Sinto pela demora, mas fiquei desanimada.



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­−Elizaveta-san, sinto muito pela sua perda. Tenho certeza que Roderich-san era uma pessoa muito boa. – Um moço falou. Vestia um terno preto, que combinava com seus olhos e cabelos escuros.

− Obrigada, Kiku. – Disse a húngara, usava um vestido preto simples, com as mangas cobrindo-lhe os braços.

Encontravam-se no enterro de uma pessoa que Kiku mal conhecera em vida e tinha dúvidas se conheceria em morte.

Ele só viera porque Elizaveta, uma amiga dele, havia pedido para estar ali consigo, dando apoio moral.

Várias cadeiras enfileiradas brancas estavam protegidas por uma lona, também branca, havia um pequeno caminho entre os assentos, todos voltados para a “atração principal.”

Buquês de Edelvais, um tipo de flor, decoravam um caixão feito de madeira, provavelmente mogno, no qual descansava eternamente Roderich. Uma foto residia ao lado, também enfeitada com Edelvais. O rosto do moço na foto parecia sem emoção, todavia seus olhos brilhavam. Até pareciam marejados, como se soubesse que morreria em breve.

Essa não era a foto mais animadora que o nipônico já havia visto do moreno.

−Ele... Suicidou-se? − Perguntou. Havia escutado pequenos boatos sobre a morte do mais novo dos Edelstein, mas nada confirmado.

A garota apenas confirmou com a cabeça.

­−Causa?

Pergunta errada. Elizaveta começou a chorar e tremer. Antes que pudesse se desculpar ou pegar um lenço, ela grudou nele e deixou as lágrimas mancharem o terno.

O garoto corou.

“Liz sabeque eu odeio tanta proximidade, mas agora não é hora para frescuras.” ̶ Pensou consigo Kiku.

Meio relutante, abraçou a maior, tentando consolá-la.

Após alguns minutos, Elizaveta se recompôs e pediu desculpas.

−Você pode me explicar o que aconteceu? Talvez você se sinta melhor. ­– Sugeriu.

A moça inspirou e suspirou de forma pesada antes de começar:

−Ambos meus melhores amigos estão mortos por minha causa. – Revelou Elizaveta. – Havia começado a namorar Gilbert fazia cerca de um mês quando, por intermédio de Ludwig, irmão do meu ex-namorado, fiquei sabendo que Roderich também gostava de Gilbert.

A menção de Ludwig, o “certinho” juvenil da família Beilschmidt, irmão mais novo do albino alemão, o japonês teve vontade de sorrir. Como fora boa a época em que ele, Ludwig e Feliciano, um italiano bastante alegre, saíam e conversavam por horas a fio. Fazia tanto tempo que não se viam.

Enquanto divagava, a moça retomou a fala:

−Então, arquitetei um plano: ia pedir para Antônio, um amigo daquele albino dissimulado, mentir que eu estava traindo-o com outra pessoa. Só não contava que ele realmente gostasse de mim. Quer dizer, nós fomos amigos sim, mas, namorados? Não, nunca consegui acreditar que fosse isso. Quando começamos a namorar, ele sempre dizia que estava tentando impressionar uma garota, então, como uma boa amiga, resolvi ajudá-lo, todavia...

A morena tomou fôlego, sua voz muito embargada.

−Após alguns dias, Roderich chegou estranho em casa. Eu morava com o austríaco porque eu fui expulsa do meu lar.

Lembrava-se dos comentários ácidos da garota sobre os próprios pais ao se lembrar do dia em que teve de ir embora para sempre de casa.

−Estava mais calado do que o normal, comia muito pouco e também havia acordado gritando. Até tinha perguntado se estava tudo bem, contudo ele não me respondia. Quando não me aguentei mais, insisti veementemente até receber uma resposta.

­−Obviamente não foi muito boa.

Em uma voz sombria, Elizaveta revelou:

−Ele está morto. Essas foram as palavras dele. − A húngara piscou como se tentasse afastar o choro. ­– Confesso que demorei a entender que Roderich se referia a Gilbert. Ele começou a me pressionar, como se eu tivesse culpa de tudo. Realmente, eu sou culpada. Porém, por ser culpada, não quer dizer que eu não me irritei profundamente. Isso chegou ao ponto de eu perder a paciência e ir embora. Deixei uma carta, falando mais ou menos como estava a nossa convivência...

−Há mais alguma coisa?

−Sim, após um período de tempo, cerca de nove dias, voltei para me desculpar e...

A garota escondeu o rosto com as mãos, incapaz de continuar.

Colocando uma de suas mãos em seu ombro, tentou consolá-la.

−Está tudo bem. Você poderia me dizer onde descansa Gilbert no momento? Acho que Francis gostaria de por algumas flores no túmulo.

−Essa é a questão. Não sei onde Gilbert está enterrado!

−Você tem certeza que ele está morto?

Elizaveta afirmou com um movimento.

−Roderich sempre afirmou que o alemão estava morto. Além disso, por que ele se mataria? Não, aquele austríaco sempre foi manhoso, fraco para corridas, tinha asma e bronquite, mas sempre gostou muito de viver e a partida de Gilbert é a única coisa que talvez explique seu suicídio.

O moreno ainda estranhava. Apenas Roderich tinha tais informações, e, agora, não havia como confirma-las. Ou será que havia?

­̶ Elizaveta, necessito ir, ou acabarei por me atrasar para um encontro com meu colega.

Mesmo em clima fúnebre, a dama sorriu, divertida.

Kiku reconheceu bem esse sorriso, era o mesmo de quando eles ficavam lendo mangás juntos.

O rubor tomou conta da face do moreno novamente. Não que isso fosse muito difícil.

̶ N-não é nada disso! Eu apenas me encontrarei com Alfred!

̶ É aquele policial que você me comentou outro dia?

̶ Sim. ̶ Kiku ia comentar algo como: “ele pode nos ajudar no caso!”, mas preferiu guardar as suspeitas para si.

̶ Ok, depois nos falamos. Até.

O moço acenou com a mão e andou pelas cadeiras até a saída, onde, por ali, encontrou seu carro.

É um modelo meio antigo, mas Kiku prezava-o de uma maneira que ninguém conseguia entender.

Entrou e já saiu dirigindo pelas ruas. Aproveitou e ligou o rádio, onde estava passando Girl in your dreams.

Não havia um único momento em que o nipônico pegasse o volante e não pensasse em Feliciano, um moço um tanto desmiolado que dirigia feito um louco, com perigo de bater em tudo e todos a cada cinco segundos.

Por esse mesmo motivo, jurou que nunca mais ia pegar carona com ele.

̶ Céus, que imaginação tem Elizaveta! ­̶ Comentou o garoto.

Ao chegar no escritório de Alfred, sem muita demora por mal achar trânsito ou faróis vermelhos e o local ser até perto, estacionou. Andou pelo estacionamento e foi de escada para o departamento.

A porta da escadaria ficava ao lado da abertura do elevador, então tinha-se a mesma visão.

Portas de madeira enchiam os lados do estreito corredor. Se você olhasse pela janela, veria vários computadores, mesas com cafés de cafeteiras locais e fichas, tanto criminais quanto de desaparecidos, cadeiras espalhadas ou derrubadas, pessoas falavam ao telefone, das salas ouvia-se também gritos e choro, uma verdadeira bagunça.

E o moreno sabia o quanto aquilo fazia parte do cotidiano de Alfred.

Andando até a segunda à esquerda, bateu com delicadeza. Apesar do barulho, alguém ouviu e gritou um: “entre!”

̶̶ Bom tarde. ­̶ O japonês cumprimenta.

̶ Kiku! Que surpresa! ­̶ Os olhos azuis de Alfred brilham por trás da armação retangular preta. Usando calças jeans, tênis com a estampa da bandeira dos U.S.A., uma camiseta escrita: “I´m a hero.” *. Mal parecia um policial, apenas um garoto cursando a faculdade ou um ídolo pop qualquer.

O americano praticamente deu um pulo de sua cadeira com rodas para cumprimentar o recém chegado, fazendo com que seu casaco marrom meio felpudo balançasse perigosamente no apoio em que estava e sua mesa andasse alguns centímetros para o lado.

Apertou as mãos do moreno e questionou o que estava a fazer ali.

̶ Posso te pedir um favor, Alfred-san?

̶ Claro, amiguinho.

Revirou os olhos, mas nada comentou sobre a fala do loiro.

̶ Você poderia procurar sobre um tal de Gilbert?

̶ Que Gilbert?

­̶ Amigo do Francis.

̶ Nem comente naquele animal! Ontem mesmo, veio me encher o saco, reclamando que deixei-o falando sozinho.

̶ Porém, você realmente deixou?

̶ Talvez, mas isso não vem ao caso. Por que quer saber sobre a vida pessoal de Beilschmidt?

̶ Você conhece-o?

̶ Um pouco. Francis me apresentou há anos, mas lembro-me do sobrenome por causa do irmão. Agora, responda minha pergunta.

­̶ Um cara se matou e uma amiga minha está a se culpar.

Alfred assobiou baixo.

̶ Ok, eu vou investigar. ̶ Sentou-se novamente, apontando para uma cadeira em sua frente. Kiku acomodou-se, agradecendo, enquanto Alfred se curvou para frente e digitou no teclado. Quando terminou, colocou as mãos na nuca e jogou a cabeça ligeiramente para trás; hábito próprio.

̶ Desaparecido. Faz cerca de um mês desde o boletim de ocorrência.

̶ Mas, aí diz morto?

̶ Não.

O nipônico pulou, feliz.

­̶ Há mais alguma coisa?

̶ Você quer a ficha inteira? Ótimo! Gilbert Beilschmidt tem vinte e sete anos, cabelos quase brancos, nasceu albino, olhos vermelhos, natural de Bona, Alemanha, cerca de um metro e setenta e cinco de altura, a mãe era uma drogada e o pai tinha câncer. A mãe faleceu de insuficiência pulmonar e o pai se casou de novo, na época o garoto deveria ter quinze anos. Um ano após o casamento, o irmão dele nasceu.

̶ Ludwig.

̶ Isso aí! Nunca mais entro naquela casa! Tomei uma garrafada na cara por culpa dele.

­̶ Ele quis te acertar?

̶ Não, estava a mirar em outra pessoa.

“Lovino!” ­ ̶ Seu pensamento fora ágil.

̶ Depois que o pai morreu, viveu com o avô até os dezenove anos. Foi preso por tráfico de drogas dois anos depois, no entanto não havia provas o suficiente e foi solto. Virou garçom e foi preso novamente, agora por dirigir bêbado. Como as leis são parecidas com a dos U.S.A., ele ficou preso por um ano. Voltou ao emprego e, após alguns meses, não foi visto mais. Os policiais falaram com todos, mas nunca conseguiram encontrar provas sobre seu paradeiro.

O menor ficou a absorver todas essas informações.

̶ Kiku, você acha que pode ter sido assassinato?

̶ Como assim? Você diz, no caso de Roderich? Não, mas eu quero achar Gilbert.

Alfred engasgou.

­̶ Policiais procuram por ele, mas ninguém conseguiu.

­̶ Eles fizeram isso há um mês atrás. E não tinham você.

O americano sorriu, convencido.

̶ Certo, começaremos por onde?

­̶ Pela família, obviamente.


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Notas finais do capítulo

Reviews, please! Fiquei realmente desanimada.

Traduções: * Girl in your dreams é uma música que provavelmente não fará muita importância no futuro, apenas escrevi para adicionar detalhes. Link para quem ficou curioso: http://www.vagalume.com.br/m2m/girl-in-your-dreams-traducao.html

** I'm a hero. Tradução: Eu sou um herói.



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