Ágata

Depois que Luce entrou na escola com o Caio, eu estava secando minhas lágrimas, e as forças que ainda me sobraram me moviam para dentro da escola também. Eu estava derrotada emocionalmente. Não conseguia olhar nos olhos de meus amigos sem pensar que eles devem estar sentindo pena de mim neste exato momento, e isso me magoava mais.

Eu não consegui andar muito longe, porque Sawa veio e fez algo que me surpreendeu. Ela me abraçou. Um abraço tão forte e tão "Ágata" que eu não pude acreditar naquilo. Quando percebi que eu não levaria um tombo, eu a abracei também.

– Me desculpa... Me desculpa por ter sido tão idiota com você... - Agora era ela quem chorava. - Eu sempre achei que você só falou comigo naquele primeiro dia de aula porque éramos as únicas garotas daquela sala.

– Mas, por quê...?

– Ah, Ágata, tenha dó! - Ela desfez o abraço e me encarou. - Olha pra todos estes garotos idiotas e veja se eles não te admiram! Eles têm fortes motivos para estar ao seu lado. E quanto a mim? Oras, quem falaria comigo senão para zombar? E quando eu estive na sua casa eu... Pude perceber de quem você herdou tantas qualidades. Você tem uma família incrível, Ágata.

– Sawa... Eu... Não pensei que... - mas estava tudo tão óbvio! - Aquelas meninas...? Foram elas que te magoaram?

Ela não respondeu, mas corou levemente.

– Sawa! Você tem que mostrar a elas que é exatamente o contrário do que elas acham que você é! Entendeu?

– Ãããh... Não? Mas olha só... A aula já vai começar e estamos aqui batendo papo.

Ela tinha razão.

Para minha sorte, eles continuaram a vida como se fosse um dia normal, como se eu não tivesse feito todo aquele drama lá no portão só pra dizer que nada é perfeito, que com o tempo as coisas mudam e blá, blá, blá.

É lógico que, de vez em quando, eu percebia que Ogawa estava me olhando, então quando eu corava e o olhava de volta, ele sorria e desviava o olhar. (OMG!)

Quando chegamos na sala, o professor já estava lá - merda. Mas a sala estava uma bagunça, como sempre, e ele nem percebeu a nossa entrada.

– Gente eu... Pessoal eu...

– CALEM A BOCA, SEUS BANDO DE BADERNEIROS!!!

– Ágata...?

– De nada professor.

Assim que tornei a me sentar, o professor, ainda confuso com meu ato gentil, continuou.

– Bem, daqui à duas semanas serão o passeio de férias de vocês. Por incrível que pareça, este ano vocês foram permitidos a participar.

Oh Meu Deuso! Uma boa notícia!

– Então... Até lá, seus bando de baderneiros.

O professor sorriu e saiu da sala.