Ágata

 Fiquei sabendo por Luce, que estávamos perto da semana de provas, e com uma sala que só sabe expulsar os professores, é normal adivinhar que nenhum deles terão muito sucesso na prova. Como hoje não tem aula, Luce foi estudar na casa de seu "amigo" Caio, enquanto eu obriguei meus colegas de classe a estudarem na casa de Ran.

 - Sawa não vem... - Disse eu, com meu celular na mão. - Ela disse que está muito atarefada. - Mas na verdade, prefere estudar sozinha.

 Estávamos nos preparando para estudar quando Ogawa finalmente chegou. Eu fui até ele, afim de cumprimenta-lo, mas ele se desviou de mim e passou reto. Me deu tanta vontade de gritar com ele... Até mesmo de perguntar se comeu algo estragado e não estava se sentindo bem.

 Ran foi o único que notou o que Ogawa fez, e por isso me deu um sorriso de desculpas.

 Começamos a estudar.

 A princípio, Denis e outros garotos não levaram muito à sério, mas quando viram que não tinha jeito, estudaram também. Olhei algumas vezes para Ogawa, mas ele continuava quieto, em seu canto. Até Ran ir até ele e conversarem seriamente. Daí ele me olhou, e eu desviei o olhar.

 Mais tarde nos despedimos e fui andando até minha casa.

 - Ágata, espere!

 Olhei para trás, mas não precisava o ter feito para saber a quem aquela magnífica voz pertencia, então continuei andando.

 Ogawa pegou meu braço e me virou, de modo que ficássemos cara a cara.

 - Eu... Me desculpa. - Disse ele, com a mão no rosto, levemente envergonhado. - Por hoje cedo.

 - Tá.

 Mesmo assim continuei andando.

 - Ágata, é sério! O que eu tenho que fazer para me redimir?

 Sorri e parei.

 - Nada. Eu já te perdoei.

 - Não é o que parece - dizia ele, em tom de sarcasmo.

 - Você é muito convencido! E muda de humor a cada segundo! Eu não tenho paciência para isso, Ogawa.

 Ele me encara por quase um minuto, mas permanece em silêncio.

 - Vamos, eu te acompanho até sua casa.

 Então iniciamos uma caminhada lenta e silenciosa.

 - Quer saber por que eu te evitei...?

 - Se quiser me dizer, eu queria sim.

 - É que... Ontem, o Dênis me disse que gosta de você.

 O QUÊ?

 - Não...

 Agora eu estava vermelha, enquanto Ogawa dizia, todo nervosinho.

 - Entende agora? Eu o conheço à minha vida toda, e não queria que ele pensasse que tínhamos algo a mais que amizade.

 Parei. O que ele disse? Ah, não! Não, não, não...

 - Desculpa, Ogawa. - disse eu, enquanto uma lágrima idiota escorria de meus olhos. - Pode ir embora agora.

 Então saí correndo e chorando, me sentindo a garota mais fútil de toda humanidade. Por que eu me importava tanto que ele só quisesse amizade comigo...?

 Não faz sentido... Eu deveria ficar feliz... Não é?