Você pode achar estranho ou errado o fato de eu ter aceitado ir almoçar com o Damon, mas... Coloque-se em meu lugar. Estou em uma cidade onde não conheço nada nem ninguém, eu realmente não estou em condições de rejeitar uma amizade. Além do mais, Damon Salvatore deve ser capaz de encantar qualquer pessoa. Ele é definitivamente aquele tipo de cara que sorri e então você tem certeza de que está perdida. Mas isso não funciona comigo, não mesmo.

Estamos na lanchonete que ele havia comentado, próxima ao apartamento. É realmente um ótimo lugar, e Damon parece conhecer todo mundo por aqui. Talvez eu me sentisse um pouco mais confortável se todas as mulheres não estivessem me encarando de maneira crítica... Isso é quase assustador.

Estamos comendo e conversando animadamente. Damon pediu hambúrguer e fritas, bem como um típico Americano não saudável, me pergunto como ele consegue manter a forma. Eu pedi o prato do dia da lanchonete que envolve carne branca, macarrão e algum molho desconhecido.

–Então... De onde você veio e por que veio?

–Agora é um interrogatório? –Pergunto elevando uma sobrancelha.

–Estou curioso sobre você Elena Gilbert. Então sim, é um interrogatório.

–Ok... Eu vim de Boston-Massachusetts. E eu vim porque fui aceita para estudar Artes Visuais na Colúmbia.

–Sério? Isso é demais! Eu estudo Fotografia na Colúmbia, estou no ultimo ano. –Agora seu sorriso é imenso. Ele parece ter ficado realmente animado com o fato de eu estudar na Colúmbia também. E eu não posso negar que fiquei feliz em saber que ele estuda lá. Será ótimo começar o semestre conhecendo alguém.

–Isso é ótimo. –Digo. –E você nasceu aqui mesmo?

–Não... Eu nasci em Louisiana. Mas vim pra cá ainda criança.

–Por quê? –Estou curiosa.

Ele parece pensar se deve responder ou não, e resolve continuar:

–Meus pais se separaram, minha mãe continuou em Louisiana e meu pai veio pra cá. Não foi nem preciso discussão para saber qual ficaria com a minha guarda. Mamãe deixou bem claro que não me queria, então o fardo ficou para o meu pai.

Oh.

–Eu sinto muito. –Digo com sinceridade.

–Tudo bem. Já passou... Isso acontece nas melhores famílias. –Ele sorri.

Quando terminamos vamos até o balcão pagar a conta. Insisto em pagar minha parte, mas Damon diz que é um presente de boas-vindas e faz um drama dizendo que faria mal ao seu ego masculino se eu pagasse. Então eu acabo o deixando pagar.

–Você não me falou sobre a sua família. –Ele comenta quando já estamos na porta de nossos apartamentos.

–Somos apenas meu pai, meu irmão e eu. –Digo.

–E sua mãe?

–Teve Leucemia e faleceu quando eu tinha 15 anos. –Sou simples e curta com esse assunto, pois simplesmente odeio falar sobre isso.

Ele me encara firmemente e há algo diferente em seu olhar, não sei dizer o que, mas ele parece ter entendido a minha dor ao falar.

–Eu sinto muito Elena. –Seu olhar não desvia do meu e ele coloca sua mão sob meu ombro como uma forma de tentar me passar algum conforto. Sinto uma eletricidade estranha com o seu toque. –Sei como isso deve doer, mas tenho certeza de que ela foi uma boa mulher.

–Sim ela foi. –Eu sorrio. -Obrigada por tudo Damon.

–Ao seu dispor senhorita. –Ele faz aquele movimento que os soldados fazem para o seu capitão me fazendo rir alto.

Por algum motivo estranho Damon me traz uma boa sensação. Ele é realmente uma boa companhia e agradeço mentalmente por tê-lo conhecido.

–Onde há uma loja onde eu possa comprar tintas de parede? –Pergunto.

–Algumas quadras depois da lanchonete onde fomos tem um Walmart onde você vai encontrar tudo o que precisa. Eu posso te levar lá se quiser. –Ele se oferece.

–Você não tem o que fazer? –Ergo a sobrancelha.

–Talvez á noite sim... Mas tenho o dia livre, então se quiser me usar, aproveite. –Ele fala sugestivamente e lhe dou um soco no ombro. Logo ambos estamos rindo.

–Tem certeza de que não vou te incomodar?

–Claro que não vai... –Ele revira os olhos. –Meu carro está no estacionamento do prédio, vamos lá.

Vamos ao estacionamento.

–Você tem um Camaro? Sério? –Estou chocada, o carro dele é incrível. Um Chevrolet Camaro azul.

–Você não gosta?

–É incrível, meu irmão coleciona miniaturas de carros e tem uma miniatura do seu. –Sorrio. –Você tem grana para um Camaro, por que mora aqui?

–Na verdade o Camaro foi um presente da minha mãe. Ela me deu assim que eu fiz 18, em uma tentativa de tentar se desculpar por não ter me visitado nem que fosse uma vez nos anos em que passei morando com meu pai.

–E você a perdoou?

–Não... Mas não pude negar o carro. –Ele ri.

–Entendo. –Sorrio e reviro os olhos. Ele é impossível.

Chegamos ao Walmart, e estamos andando pelos corredores procurando o setor de tintas. Damon está carregando o carrinho. Na verdade ele parece uma criança se arrastando no carrinho.

–Por que você vai comprar tintas mesmo? –Ele pergunta.

–Quero pintar meu apartamento, a cor dele me dá vontade de vomitar.

–Oh, havia esquecido que minha nova vizinha é uma artista. –Ele diz me fazendo sorrir. –Eu também não gosto da cor de parede em que eles nos deixam o apartamento, mas eu arranjei uma solução diferente ao invés de pintar. –Ele diz com um ar de mistério.

–E o que você fez?

–Em outro momento você verá. –Ele pisca.

–Por favor, me diga que você não está apenas querendo me atrair a entrar no seu apartamento.

Ele gargalha.

–Você apenas espera coisas ruins de mim Elena. Eu sou um cara legal, é sério, provavelmente o cara mais legal que você vai ter a sorte de conhecer.

Reviro os olhos com sua frase. Convencido.

–Olha ali, achei as tintas. –Ele aponta para um corredor onde estão várias latas de tinta, tem todas as cores imagináveis. Ótimo.

Pego todas as tintas que vou precisar e coloco no carrinho.

–Você não deveria comprar comida também? Digo, creio que você não vai querer comer fora o tempo todo. –Damon comenta.

Merda eu estava esquecendo que preciso de comida.

–É acho que eu devo comprar comida.

Já que Damon está carregando o carrinho das tintas, pego outro carrinho para ir colocando os alimentos. Pego tudo o que acho que vou precisar para me alimentar por um bom tempo. A grande maioria dos alimentos saudáveis e leves. Damon está olhando feio para o meu carrinho.

–O que foi? –Pergunto.

–Você está de dieta? –Ele pergunta.

–Não é uma dieta, apenas prefiro manter os hábitos saudáveis.

–Isso está errado. –Ele me encara feio. –Agora você é minha vizinha, como vou poder me alimentar no seu apartamento se você só tem coisas saudáveis?

–Até onde sei, eu não te convidei para se alimentar no meu apartamento. –Reviro os olhos.

–Ainda não convidou. –Ele sorri. –E não é como se eu precisasse de convite certo? Olhe como fazer compras em New York.

Após a última frase, Damon anda pelo Walmart pegando toda porcaria que enxerga e jogando no carrinho. Chocolates, salgadinhos, balas, refrigerantes e etc.

–Pronto, agora está tudo certo. –Ele sorri ao ver as porcarias cobrindo as coisas saudáveis do carrinho.

–Você não devia ser diabético ou obeso?

–Eu malho para manter a forma. –Ele dá de ombros. –Não sou gostoso assim atoa Elena.

–Você não é lá essas coisas, Damon.

–Ouch! –Ele coloca a mão no peito como se estivesse sentindo dor, me fazendo revirar os olhos.

Depois de passarmos no caixa levamos as coisas para o porta-malas do carro. Logo chegamos de volta ao prédio.

Damon me ajuda a carregar as coisas até minha sala de estar. Ele se oferece para me ajudar a guardar as compras, eu nego a ajuda, mas quando olho ele já está guardando algumas coisas na geladeira.

–Missão cumprida. –Ele diz após guardarmos tudo.

–Obrigada Damon!

–Não foi nada. Sabe, sou o vizinho mil e uma utilidades. Posso ser eletricista, motorista... Travesseiro.

Dou risada. Idiota.

–Eu te ajudaria na pintura, mas, isso não está dentre as minhas habilidades... Mas se quiser, posso ficar aqui lhe fazendo companhia enquanto você pinta.

–Não é necessário, gosto de privacidade enquanto pinto. Mas é sério, obrigada mesmo Damon, se não fosse você eu estaria perdida aqui.

–Não fiz nada demais. Então... Nos batemos pelo Campus amanhã?

–Definitivamente.