Uma semana se passou e eu continuava no hospital com August. Quanto a melhoras? É. Não teve nenhuma. Na verdade, ele piorou um pouco e o controle da sua respiração não era mais involuntário e sim por aparelhos. Não sei por que associo a isso, mas acredito que essa piora se deu desde que eu e Regina discutimos. Isso me deixa confusa e eu tento pensar que só é coisa da minha cabeça. Henry, Mary Margaret e David continuavam indo todos os dias me ver, a relação entre eles só crescia e além de tudo, formam um lindo casal. Ruby já nem sempre entrava no quarto quando deixava meu café da manhã lá, muitas vezes ela apenas deixava na recepção e alguma enfermeira ia ao quarto me avisar. Durante a semana fui algumas vezes almoçar com Henry no Granny’s e ele sempre falava de Regina, falava que ela estava diferente e que tinha voltado a ficar triste, isso só fazia meu coração ficar mais apertado, nós não nos falamos desde o dia em que ela saiu de lá. Talvez tivesse sido infantilidade minha toda essa crise de ciúmes, mas eu não estava louca, vi bem os olhares e os comentários que a própria Ruby fez com relação a ela.

Durante a semana decidi procurar outro lugar para ficar. Eu não iria explorar a casa da Mary quando o August acordasse, lá não era uma pousada. Além do mais, acredito que quando August acordar ele precisará ficar em repouso e não vai viajar para casa assim que sair do hospital. Falei com o Gold e ele disponibilizou um dos apartamentos dele para aluguel, disse que acha certo eu conseguir um lugar para me estabilizar já que pretendo passar mais tempo em Storybrooke, Achei um tanto estranho, pois ele não era uma das pessoas acolhedoras que me queria na cidade desde o inicio. Logo assinei o contrato e já estava tudo certo. O apartamento é pequeno, mobiliado e no mesmo prédio em que a Mary mora, isso é muito bom, pois assim não perderíamos a proximidade. Falei com David e começarei a trabalhar a delegacia na próxima semana, esse emprego não é bem o que eu gostaria, mas enquanto não abro uma filial da minha floricultura aqui na cidade eu vou me virar com ele.

Não houve um minuto dessa semana que eu não pensei em Regina. Ela estava nos meus sonhos, nos meus pensamentos quando eu fazia qualquer coisa, apesar de não ter muito o que fazer no hospital. Até conversei com o August sobre ela, acho que se ele lembrar de algo quando acordar ele vai querer me matar, porque todo o assunto dos meus monólogos para ele era: REGINA. Infelizmente o meu orgulho ainda é maior do que o sentimento que tenho e eu não ia baixa a guarda. Eu sabia que estava certa quanto aos motivos que tenho para desconfiar do súbito interesse de Ruby por Regina, mas eu queria que Regina enxergasse isso e decidisse por ela mesma.

Eu ia almoçar com o David no Granny’s para nós conversarmos algumas coisas de como será o trabalho com ele. Eu estava no meu carro a caminho quando vi Regina atravessar a rua e entrar na prefeitura, não tive coragem de parar, nem de falar e acredito que ela não me viu. Mas meu coração batia de um jeito que eu sentia o sangue pulsar no ápice da minha orelha, cheguei no Granny’s ainda meio atordoada e arrependida de não ter ido lá pedir desculpas pelo surto que eu tinha dado e falar para ela que não tinha porque nós ficarmos assim, isso tudo era uma perda de tempo. Vê-la só me fez provar para mim mesma o quanto eu a ... O quanto eu sentia falta dela. Sentei em uma mesa, Ruby me observava, mas ignorei. Me perdi nos pensamentos até que David chegou.

— Boa tarde, Emma!

— Oi Xerife.

— Eu estou atrasado? – Ele perguntou com a cara um pouco confusa.

— Não, acho que eu dirigi rápido demais. – Deu um sorriso.

— Cuidado com as inflações no transito Srtª Swan. – Ele brincou

— Eu tenho Srº Xerife. Apesar do transito de Storybrooke ser um tanto movimentado. – Continuei brincando, é lógico que aquele lugar mal tinha carros.

David perguntou do August, conversamos sobre as coisas que eu faria no trabalho e ele explicou que eu iria revezar os plantões com ele e acrescentou outros detalhes. Falamos sobre Mary e eu sondei as intenções dele, sempre brincando, claro que eu sabia que David é uma ótima pessoa e que ele realmente estava apaixonado por ela. Quando estávamos terminando de almoçar, eu senti um cheiro familiar invadir o ambiente logo após ouvir o barulho da porta de entrada do Granny’s se abrir. Aquele cheiro me fez virar em direção a porta automaticamente. Era Regina. Ela não olhou para nada, nem ninguém, apenas seguiu em direção ao balcão e chamou a Ruby. Aquilo me deixou tão irritada e mesmo assim não consegui parar de olhar, será mesmo que Regina estava jogando conversa pra essa garota? Então é por isso que ela passou a semana toda sem me procurar? Regina falou com Ruby, deu um sorriso, aqueles sorrisos educados e sem humor que ela sempre dava, a garota retribuiu e Regina trocou uma ou duas frases com ela. Eu não estava encarando-as, observava com minha visão paralela e lateral, mas percebi quando Ruby fez algum gesto mostrando a Regina que eu estava ali. Notei que ela ficou imóvel e disse uma palavra para Ruby, que saiu de perto dela. Ela parecia ansiosa, mexia o pé rapidamente como se quisesse sair rápido dali. A garota voltou com um pacote, acredito que era o almoço dela, provavelmente deveria está cheia de trabalho e iria almoçar na prefeitura. Regina ia saindo sem olhar quando se assustou com David.

— Prefeita! – Ele chamou sua atenção. Ela respirou fundo e virou-se para nossa mesa.

— Sim? – Ela não me olhava. Encarava apenas David, notei seu esforço para fazer isso.

— Estou em um almoço de trabalho com a Srtª Swan e ela aceitou o emprego. – Ele falou sorrindo como se tivesse cumprido uma missão.

— Parabéns Srtª Swan. – Ela me encarou, seus olhos não mostravam aquilo que sua voz fria dizia. Pelo jeito Regina estava chateada com o jeito que eu agi, que eu estava agindo e se ela for orgulhosa como eu, não vai ceder nunca.

— Obrigada. – Falei desviando o olhar para David que continuou a falar. Eu estava curiosa sobre o que ela e Ruby tinham falado, ou seja, eu também estava chateada.

— Bem Xerife, eu preciso ir. Depois passe no RH e acerte a questão do contrato. Tenham uma boa tarde. – Regina se virou antes que pudéssemos falar algo mais e se foi.

David precisava voltar para delegacia e eu para o hospital, então pedimos a conta. Ruby veio trazer em nossa mesa. Enquanto David, depois de insistir muito, pegava o dinheiro na carteira para pagar a conta Ruby falou que precisava falar comigo, que eu não fosse embora antes disso. Acenei que sim com a cabeça. Me despedi de David e fui atrás da garota, quando a encontrei ela fez um gesto e a segui, fomos para o estoque do restaurante.

— Não tenho muito tempo, espero que seja breve. – Falei um pouco ríspida.

— Você está parecendo com ela. – Ruby riu. Eu fiquei mais irritada ainda.

— Parecendo com quem?

— Regina. – Ela continuou sorrindo. Aquele sorriso debochado e tentando ser sensual estava me irritando completamente, ela queria me provocar.

— Fale o que quer comigo.

— Bem, eu não aguento mais ser informante da Regina para falar sobre o que você fez, como você está , se você comeu, se bebeu, se dormiu e etc... – Aquilo me fez sorrir. Ela procurava saber sobre mim? – Então, eu não tenho ideia do que aconteceu para vocês ficarem sem se falar, até porque a amizade de vocês me pareceu uma coisa muito sincera. Só acho que vocês deveriam se entender e voltar a ser amigas novamente. – Ela falou virando os olhos. – Regina todos os dias dessa ultima semana veio aqui para saber sobre você, a única coisa que ela falou foi que vocês tinham se desentendido. Não sei por que ela me deu satisfação, mas tudo bem, eu não ia negar um pedido dela. – Franzi a testa apertando os olhos com depois da última frase dita. – Mas eu tenho notado que ela está triste depois que vocês se distanciaram. Se que não é da minha conta, mas aqui vai um conselho: - Ela respirou fundo. – Vá conversar com ela e se resolvam. Você não tem ideia de como ela ficou quando eu falei que você estava na mesa de trás, ela só veio aqui para saber de você e ia almoçar normalmente, mas logo depois que eu falei ela pediu o almoço para viagem. – Ela balançou a cabeça negativamente. – Estou falando isso para você, por que Regina não me dá abertura para nada, muito menos para opiniões. – Fiquei feliz em saber que Regina não estava de conversa com esse projeto de galanteadora mirim. – Então, por favor, me tire dessa vida de informante e resolva-se.

— Ela só vem aqui para perguntar sobre mim?

— Pois é. Você é o único assunto que ela tem comigo. – Ruby pareceu perceber minha felicidade.

— Obrigada. – Meu humor estava de volta. Agradeci a garota e sai.

Entrei no meu carro e com um sorriso enorme decidi que iria até a prefeitura, eu não tinha motivos para ter orgulho com Regina, eu realmente estou errada em pensar algo de uma pessoa que já demonstrou tanto carinho por mim. Dirigi até a prefeitura rapidamente, os degraus até chegar ao gabinete dela pareciam eternos. Assim que cheguei pedi para a secretaria anunciar minha entrada, mas Regina estava numa reunião. Mesmo assim decidi espera. Em uma hora e meia de espera no hall do gabinete eu tomei quase toda a água e comi quase todos os biscoitos que tinham ali. Me assustei quando a secretaria de Regina me chamou.

— Srtª Swan?

— Sim?

— Pode entrar. – Ela abriu a porta do gabinete gentilmente.

Regina estava de costas, olhando pela enorme janela que tinha naquela sala. Estava tão linda com um sobretudo cinza. Fiquei alguns a observando e logo ela se virou para mim.

— Veio acertar as coisas sobre o trabalho? – Ela andou até um sofá preto que existia na entrada da sala, mas não sentou.

— Não. Eu vim acertar as coisas sobre nós.

—Hum... – Ela resmungou e me olhou nos olhos.

—Eu sinto muito. – Falei indo na direção dela.

— Sente?

—Me desculpe, Regina. Eu não quis ser grossa com você.

—Eu não tenho nada com aquela garota. Nem nunca teria. – Ela soltou a respiração me parecendo entediada.

— Eu sei. Mas você me faz perder a cabeça às vezes. – Nós estávamos nos olhando nos olhos, eu estava com tanta saudade disso. – Você não tem noção de como foi uma tortura ficar sem falar com você durante essa semana toda.

— Mas seu orgulho é maior do que seu sentimento e por isso você não veio falar comigo. – Ela simplesmente afirmou. Parecia ler minha alma.

— Mas você também não falou comigo. – Desconversei.

— Não fui eu que estava errada. Eu realmente não fiz nada demais.

— Eu sei. Eu sei. Me desculpa? – Falei acariciando sua face.

— Não sei... – Senti o tom de brincadeira na sua voz. Eu já estava perdoada. – Não sei se você merece. Acho que vou ficar com a Ruby mesmo.

— Você é idiota. – Falei rindo, mas tentando fazer uma cara brava. Puxei-a pela cintura e a beijei. Regina tinha no beijo a mesma saudade que eu, parecia que fazia anos que estávamos sem nos ver. Encostei-a na lateral do sofá que estava próximo de nós, as suas mãos exploravam meu corpo enquanto nos beijávamos. – Eu estava com saudades disso...

— Então, é só disso que você sentiu falta, Swan? – Ela falou parando de me beijar e me segurando pela jaqueta. Eu apenas ri e olhei o jeito que suas mãos estavam cravadas na minha jaqueta me prendendo perto dela. Depois olhei em seus olhos novamente, Regina estava segurando seus lábios inferiores com os dentes, ela realmente sabia me provocar.

— Você não precisa fazer isso para me prender, eu já sou sua. – Os olhos dela brilharam.

— É só uma questão de segurança, caso você queria escapar. – Ela deu um sorriso safado. Eu a beijei, enquanto ela tirava minha jaqueta e eu com certeza não ia fazê-la parar.