A nova geração marota escrita por Victória


Capítulo 26
Obliviate




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Haviam se passado dois meses desde que Alice se foi, e eu reagi muito bem quando eu soube comparando ao que estou sentindo agora. Parece que a ficha finalmente está caindo, e aos poucos vou percebendo que esse pesadelo nunca vai ter fim.

Eu nunca havia de fato me apaixonado por Alice, até aquele beijo. Foi algo fora do normal, totalmente diferente de tudo o que eu havia provado nessa vida. Muito mais inexplicável que a própria magia que nos cerca.

Engraçado mesmo é o amor. Nunca havia de fato acontecido, e quando ocorre, acaba da pior forma possível. Não que eu acreditasse em "final feliz", muito pelo contrário, eu nem sequer havia parado pra pensar nisso, mas também não esperava que terminasse dessa forma.

Quando perdemos alguém que amamos, nunca mais voltamos a ser completos novamente, sempre vai faltar um pedacinho, nem que seja mínimo. A falta que essa pessoa faz, o cheiro, o toque, o olhar, exatamente tudo.

Eu so queria esquecer que tudo aquilo havia acontecido, que Alice havia nos deixado de forma tão cruel, mas tudo o que eu conseguia era lembrar. Principalmente do beijo, do nosso elo, apesar da distância, durante todo aquele tempo afastados. E era como se ela ainda estivesse viva, esperando por uma carta minha.

Depois da segunda semana daquele acontecimento, eu entrei num estado depressivo tão severo, que meus pais quase surtaram, sem falar nos meus amigos. Ninguém sabia como me ajudar.

—Cara, você tem que levantar daí - Fred disse pela centésima vez.

—Cala a boca, Fred - pedi

Fred levantou as mãos até o cabelo e os bagunçou nervosamente, bufando.

— Olha, você está deitado à dias, não come e à três dias você não dorme. Você ta indo pro fundo do poço e está levando todo mundo com você, Thiago. Você precisa reagir, cara!

Haviam exatamente três noites que eu nem sequer pregava o olho. Desde que eu soube do que tinha acontecido com Alice, eu sonhava com ela todas as noites dizendo que estava ali, comigo. E parecia tão real, mas so me torturava mais e mais, então eu finalmente desisti de dormir.

Valentina teimava em me procurar apesar de eu não demonstrar interesse algum nela. Ela ia até o dormitório todas as noites com algum agrado, seja um beijo ou doces, e eu nem sequer comi um. Depois de quase um mês eu simplesmente perdi a paciência que me restava e passei a trancar a porta do dormitório todos os dias.

Meus amigos já haviam feito de tudo para mudarem meu estado, e Fred já tinha trago quase toda a loja de seu pai para mim, além de dedicar todo seu tempo para me fazer companhia. Apesar de me sentir sufocado as vezes, eu me sentia bem perto dele.

Eu não conseguia frequentar as aulas, e qualquer chá que a Madame Pomfrey preparasse para meus nervos, não resolvia meu problema. O que eu sentia era muito pior que a tortura que eu havia sofrido. Tudo o que queria era que alguém lançasse um Obliviate sobre mim, e que eu nunca mais me lembrasse do que havia acontecido.

Eu estava cada vez pior.

— POV Victoire Weasley

Depois do que eu havia acabado de ouvir logo nas primeiras horas da manhã, eu não tinha forças para nada. Eu havia acabado de perder minha melhor amiga, Alice Fox. 

Quando somos crianças, nem entendemos a morte direito. Quando somos adolescentes, raramente acreditamos que isso pode nos acontecer a qualquer momento e nos achamos imbatíveis, os donos do mundo, quando na verdade, a vida é um sopro. 

Somos apenas uma velinha no meio do universo, e com um sopro, essa velinha se apaga.

Eu jamais imaginava que perderia alguém tão próxima, nunca estamos realmente preparados para perder alguém, quando na verdade, essa é nossa única certeza. Naquela noite eu não dormi, so conseguia chorar. Não podia ter Teddy comigo a noite toda, e ja não era próxima de Valentina a ponto de chorar nos seus braços.

Sofia fizera de tudo para me confortar, esquecendo até mesmo da própria dor e pegando a minha um pouquinho para si. Mas a madrugada chegou e o cansaço a venceu, fazendo-a cair num sono profundo.

Eu estava sozinha naquela madrugada, ao lado de uma cama vazia que jamais seria preenchida por sua verdadeira dona. Eu não podia acreditar. 

Dois meses depois, todo mundo estava seguindo suas vidas normalmente, enquanto nós, amigos de Alice, tentávamos.

As notícias ruins continuavam frequentes e a cada morte de alguma jovem, reviviamos a infeliz notícia da morte de Alice.

A situação de Tiago estava cada vez pior, o que estava deixando meus tios - e o restante da família - preocupados.

Fred andava cabisbaixo, e se reparassemos bem, ele e Tiago haviam até perdido alguns quilos. As bolsas escuras embaixo dos olhos de Thiago chegavam a espantar. Ele estava horrível.

Fred havia até se esquecido um pouco de Sofia e quase nunca conversavam. O tempo dele era totalmente destinado à Tiago, cuidando para que ele não fizesse nenhuma besteira no estado em que está. 

Naquela noite, eu soube que Fred havia tido uma conversa com Tiago durante a manhã, mas a única coisa ele havia respondido foi: "Cale a boca, Fred". Nós não sabíamos mais o que fazer. 

 É bizarro acreditar que todo esse caos se instalou em nossas vidas em pleno terceiro ano, parece impossível vendo a situação de fora, mas não é, é a realidade. Infelizmente. 

O restante daquele ano passou da forma mais depreciativa e monótona possível, nada de extraordinário acontecendo. 

As fférias de Natal finalmente chegaram e eu pensei seriamente em ficar em Hogwarts, mas acabei descartando a possiblidade horas depois.

— Você não vai arrumar seu malão? Temos que estar com tudo pronto até amanhã de manhã - Sofia me lembrou, enquanto pegava alguns objetos pessoais e os guardava. 

— Acho que vou ficar em Hogwarts para o Natal - respondi, me sentando na cama e retirando os sapatos. Sofia parou de arrumar sua bagagem e se sentou ao meu lado.

— Sabe, Vic, durante esses três piores meses de nossas vidas, eu tentei ao máximo me distrair, e continuar seguindo minha vida da forma como ela sempre foi, mesmo que de moletas, entende? O que eu quero dizer é que, você tem que tentar seguir sua vida, e ficar aqui sozinha relembrando tudo o que vivemos com a Alie não vai te ajudar a superar isso. Você tem que seguir em frente, mesmo incompleta. 

Depois de ouvir cada palavra de Sofia, com aquela voz terna e preocupada, me fez chorar desesperadamente de saudades de Alice. Tudo o que Sofia disse é verdade, eu preciso seguir em frente. 

Depois de alguns longos minutos, me recompus e sorri

—Você tem razão! - Então finalmente peguei meu malão e comecei arrumá-lo.

Antes mesmo que eu terminasse de arrumá-lo, Sofia já havia dormido e Valentina nem sequer havia chegado no dormitório. Quando terminei, me deitei e cai num sono profundo e sem sonhos.

 

Tiago não tinha nem avanço, nem regresso, continuou na mesma até mesmo nas férias, com a família reunida para a ceia de Natal. 

Essa data também foi dolorosa, primeiro porque é Natal, e segundo porque, ao lembrar que no ano anterior estávamos todos juntos fazendo planos para o próximo ano, sem sequer imaginar o que estava por vir. 

— Não vai descer para jantar? - Entrei no quarto de Tiago e o avistei de pé em frente a janela do seu quarto, com a vista para Londres coberta de neve. Ele simplesmente balançou a cabeça negativamente sem nem sequer olhar para mim.

Me aproximei do meu primo e coloquei a mão em seu ombro, virando-o pra mim.

— Você não pode continuar assim, Tiago! 

A iluminação do quarto estava fraca, mas pude enxergar os olhos encharcados do meu primo que, até então, se demonstrava forte o suficiente para não chorar na frente de ninguém. 

Puxe-o até mim e o abracei forte, porque eu sabia o que ele estava sentindo, e naquele momento eu soube que Tiago a amava.

E não, não é aquela paixão infantil que você sente na pré adolescência, é bem mais que isso.

 


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