Escuridão.

Vazio.

Um mar onde nem a luz da lua alcançava.

"Adrien" Escutava alguém me chamar distante, mas não sabia exatamente de onde vinha aquela voz. Era um homem, tinha certeza, sua voz era grossa, até um pouco assustadora.

"Adrien" O escutei de novo.

Tentei me movimentar, descobrir de onde vinha aquela voz, mas ela parou. simplesmente desapareceu, e poucos segundos depois eles apareceram.

Aqueles olhos.

Vermelhos como sangue. Dês de a minha infância me atormentavam, não me lembro exatamente quando ou por que começaram, foi por volta dos meus dois anos, mas também, não lembro muito bem dessa época, sinto que minha vida só começou de verdade aos 5 quando comecei o treinamento para assumir o trono de meu pai, aulas de tridente, magia, ensinamentos sobre a história de nosso povo, sobre as famílias reais, os inimigos, as raças inimigas, o por que eramos considerados mais fracos, mesmo sendo os mais sábios.

Muito trabalho para uma criança só, admito. Mas dês de cedo me dediquei aos livros e ao estudo, o mais difícil foi o físico, ainda sou o pior lutador de tridentes da família real, porém o melhor estrategista, superando até o conselheiro.

Não que alguém me escute claro.

Me movimentei na direção dos olhos pela primeira vez, tentado a toca-los.

Sentia que estava mais próximo que o normal, até alcançável.

"Adrien" Escutei a voz de novo. Vindo da direção em que estava indo.

Suspirei, e nadei.

O mais rápido que pude para tentar alcançar aquele olhar.

Mas tudo que vi foi uma cauda, grande, comprida, assustadora, vermelha como os olhos, se virando e indo embora.

E o oceano voltou a se iluminar como se nada tivesse acontecido, como se não houvesse nada ali. A luz da lua adentrava lentamente as águas me permitindo somente sentir em mim aquele resquício de quase ter o alcançado.

De quase ter descoberto o que era.

Mas agora eu tinha uma noção.

Possuia uma cauda. E grande.

E linda.

Brilhava como rubis.

Suspirei. E fechei os olhos. Aquilo era muito contraditório.

Quando os abri de novo estava no meu quarto despertando de mais um sonho.

Precisava descobrir o que aquilo significava.

Era perturbador, ver algo em seus sonhos, e não saber o que é sua vida inteira.

Até assustava.

Tenho receio de dormir a noite para não acordar na manhã com aquela vontade de descobrir o que é.

Pfft.

Me levantei, indo em direção a biblioteca real.

Mais um dia onde me enfiarei em livros.