Era um belo e ensolarado dia, minha avó e minha mãe fizeram um delicioso e raro peixe assado com um molho de uma flor especial de minha avó, era um prato especial que elas só preparavam em dias realmente felizes. Mas naquele dia, elas estavam erradas.

No período da tarde, anunciaram no distrito que a Colheita seria realizada mais cedo, devido ao mal tempo que se aproximara de Panem e poderia prejudicar algumas colheitas de alguns distritos. Seria naquela mesma tarde, na boca da noite. E todos deveriam comparecer como sempre.

Foi um susto para a família, eu tinha apenas 9 anos, ainda não entendia muito bem os Jogos Vorazes. Para Lays, era o seu último ano na colheita, ninguém esperava o que aconteceu. Ela foi sorteada. Quando chamaram o nome dela, minha avó teve um imediato desmaio. Ela havia perdido a filha, mãe de Lays há muito tempo, quando Lays ainda era bebê e os pais morreram em um acidente na praia, quando de repente foram arrastados pelas ondas para o fundo do mar, e jamais voltaram. Minha avó a criou desde então.

Naquele dia me disseram que Lays tinha que ir para longe, e eu não queria me separar dela, fiquei grudado a ela e apenas os Pacificadores para nos separar.

Ela foi para os Jogos, todos os momentos assistidos por todos, inclusive minha família. Quando ela entrou na arena, era uma arena comum, uma floresta. Minha avó quase desmaiara na contagem dos 60 segundos, mas resistiu e rezava a cada momento para Lays vencer.

Ela foi incrível na arena, começou pegando armas e suprimentos ótimos na cornucópia sem se ferir, se aliou a uma garota do distrito 6 chamada Débora. As duas ficaram escondidas, caçando sorrateiramente e matando qualquer inimigo que investia contra elas. Ela era uma das favoritas para vencer, ganhou um belo e poderoso tridente de um patrocinador, o que ajudou ela e Débora a derrubar os mais fortes. Débora era uma garota órfã que vivera em um orfanato a vida toda, se tornou amiga de Lays por ela entender como era estar sem os pais à vida toda. Lays era sua única amiga, pena que só a conhecera nos Jogos Vorazes...

No oitavo dia na arena, restavam oito tributos, e devido a isso, vieram entrevistar nossa família por Lays ser uma das semifinalistas. Naquele dia minha família ficara ainda mais esperançosa, vendo que os repórteres com o jeito falso da Capital, diziam que Lays com certeza venceria.

Havendo ainda oito tributos vivos durante dois dias inteiros, os Idealizadores dos Jogos decidiram fazer alguma coisa para acabar com a monotonia. Eles enviaram três tipos de bestantes: um gorila gigante e monstruoso que perseguia os tributos em terra, um tubarão feito em lâminas que os perseguiam em água, e um pássaro enorme e veloz que os capturavam e os levavam para serem devorados nos ninhos. Cinco tributos morreram para os gorilas e os tubarões, os outros três, Lays, Débora e um garoto do distrito 10 chamado Tony foram perseguidos por pássaros. Lays e Débora conseguiam matar uns pássaros e se desviar do ataque de outros. Mas quando o canhão da morte de Tony foi ouvido, todos os pássaros investiram contra elas. As duas foram pegas, e quando estavam sobrevoando a arena em direção aos ninhos, Débora ficara quieta, mas Lays se contorcia e conseguiu se soltar. Por azar ela não caiu em solo seguro. Caiu fazendo o sinal com os três dedos médios, que simboliza amor e adeus, para a câmera e quando o canhão soou, minha avó teve um infarto imediato e eu fiquei aterrorizado com os acontecimentos rápidos que se sucederam.

Antes de chegar ao ninho do pássaro, Débora foi levada por um Aerodeslizador e consagrada vitoriosa. Ela perdera a única pessoa que realmente gostou e também gostou dela de verdade. Mesmo com a riqueza e glória de ser uma Vitoriosa ela se afundou no mundo dos morfinaceos para escapar da tristeza desse mundo. Minha avó faleceu e durante muito tempo minha família ficou de luto, até o tempo de pequena folga dada pelo governo do distrito quando alguém da família morre acabar, e todos terem de voltar a suas atividades normais.

E aqui estou eu. Indo para os Jogos Vorazes como minha prima, tendo a mesma mentora que ela e pelo que Mags disse, as mesmas habilidades. Será que terei o mesmo fim que ela? Será que não cumprirei o que meu avô me pediu, deixarei ele e meus pais novamente no mundo da tristeza e do luto?

Não, vou fazer o máximo para isso não acontecer, confiarei em Mags, que parecera tanto com meu avô, em minha avó e minha prima que em algum lugar vão me dar forças.

Depois de contar tudo isso a Mags, já estava tarde e ela me disse:

– Bom, entendo o que passou com sua prima, e pelo que percebi, você tem a mesma energia que ela, foi realmente uma fatalidade o que aconteceu naquela arena, eu fiquei absolutamente abalada com aquilo, quase desisti de ser mentora. Mas assim como ajudei ela a conseguir bons patrocinadores e se dar melhor na arena, decidi continuar a fazer isso e ajudar mais jovens como você. – Diz ela, me olhando bem nos olhos. – Agora vá dormir querido, amanhã cedo estaremos na Capital e vão preparar você para o Desfile dos Tributos, vai ser um dia cansativo. Durma bem.

Dormi tendo um pesadelo horrível em que eu era pego por aqueles tubarões da arena de Lays e eles em vez de me matarem de uma vez, me afogavam e quando estava prestes a desmaiar me levavam de volta a superfície para mim sofrer, faziam isso constantemente. Até que uma guerreira de olhos castanhos como os meus e longos cabelos castanho escuro apareceu, e matou todos com seu tridente. Era ela, olhando para mim, me dizendo que estaria sempre comigo.

Acordei confiante e fui para o café da manhã onde estavam Roslanne, Mags e Belatriz comendo, me sentei ao lado delas e disse ironicamente.

– Empolgadas para nossa estréia meninas? – Todas me olharam com um olhar de “fala sério”.

– Tão empolgada quanto minha amiga Effie indo para o Distrito 12, hahahaha..ha..ha.... – Disse Roslanne achando apenas ela a graça. – O que é? É que é o primeiro ano dela como acompanhante e ela ganhou aquele distrito desprezível, coitadinha.

– O Distrito 12 tem muito mais honra que a Capital. – Disse eu a ela, que fez um giro com os olhos e saiu da mesa me tratando como alguém que falou algo ridículo.

– Olhem, estamos chegando! – Falou Belatriz. Imediatamente fui à janela ver a enorme cidade se aproximando cada vez mais, e a grande competição que decidirá minha vida, cada vez mais perto.