61ª Edição: Herança Familiar, ou Não? escrita por AlexandreTHG


Capítulo 15
Capítulo 15 - Perigosa Alegria.


Notas iniciais do capítulo

Oi Pessoal do meu coração!!
Aqui está um cap mais leve para vocês... mas mesmo assim com uns misteriosinhos. Espero que gostem! :D



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O canhão soou. Luigi estava morto e a culpa era minha. Eu estava me tornando um assassino; aquele garoto que ria de qualquer besteira agora está em coma bem longe do corpo deste.

Depois de um tempo, ninguém aparecia e nada acontecia. Fiquei escondido observando Belatriz, mas ela ainda estava no mesmo lugar. Estava parada com as mãos em volta do tornozelo, deve tê-lo torcido.

Aproximei-me dela na beira do lago, em cima do gelo, para não fazer barulho. Eu não devia subestimá-la, ela me ouviu e virou a cabeça.

– Alex! O que você está fazendo aqui? Quem morreu? Por que... – ela gemeu de dor e fechou os olhos, com as mãos ainda apertando o tornozelo.

– Luigi estava tentando te matar com uma flecha. – apontei para o corpo dele a uns metros dali. – Eu o matei antes que ele conseguisse.

– Você... salvou minha vida, porque?

– Realmente não sei. – digo friamente. Estou sério, sem expressão, sem remorso, sem raiva, apenas sério. – O que aconteceu com você?

– Eu estava com Karina, Luigi, Patrick e Létcya na cornucópia. Após o banho de sangue, nos estabelecemos lá separados em dois grupos, eu e Luigi protegíamos nossos suprimentos e os outros iam atrás de outros tributos. – ela fala cabisbaixa. – Eles sempre me trataram como se eu fosse uma intrusa... enquanto ficávamos na cornucópia, Luigi sempre me encarava, pronto para me matar, eu estava mais pronta para lutar com ele do que algum invasor. Depois de matarem Ralf, todos estavam na cornucópia, até que ouvimos explosões. Eu, Luigi e Létcya, saímos para procurar a origem, foi quando o chão começou a se mexer. Létcya foi para outra direção e enquanto estávamos lutando para permanecer de pé, pensei que seria a hora de acabar com Luigi antes que fosse o contrário. Rolamos no chão e ele se esquivava dos meus golpes de faca, e não conseguia preparar suas flechas. Até que paramos bruscamente e eu fui arremessada, ele parou confortável porque estava deitado. Caí aqui e torci meu tornozelo, então aconteceu o que você já sabe.

– Aliados ótimos você tem. – digo.

– Tinha. – diz ela. – Alex, eu estava errada. Você é capaz de me perdoar?

– Porque eu faria isso em vez de te matar agora mesmo ou deixar você aqui? – pergunto encarando-a.

– Porque você não é assim. – ela remexe em suas mãos, com os dedos sobre o seu anel. – Alex, sabe por que eu te ajudei com a gravata?

– Não sei. Só sei que aquela pessoa gentil não era você.

– Era eu, sim. É que você sempre foi parecido com meu pai. Ele também sorria para qualquer um e ria de qualquer bobagem. Mas ao mesmo tempo, era um homem muito forte, corajoso e bondoso. – ela tira o anel de sua mão. O anel de noivado que pertencia à sua mãe. – Pega isso aqui, guarda ele pra mim e entrega pra minha mãe quando você voltar para casa.

– Belatriz, eu...

– Pega logo. – ela grita. Agora sim está mandona e brava como a Belatriz de antes.

– Certo. Se você quer assim. – Coloco o anel no mesmo dedo onde estava o anel de Nataly. Os dois anéis eram finos, portanto não me atrapalhavam em nada.

– Não me lembro de você com esse anel prateado. – diz ela.

– Era da Nataly. – digo, triste.

– Ah. Eu vi a foto dela no céu ontem... sinto muito.

Não respondo ao que ela diz e me levanto. Eu e ela observamos o aerodeslizador pegando o corpo de Luigi e levando embora. Perdi minha outra lança, agora só me resta o tridente. Observo ao nosso redor, nada fazia barulho ou se mexia. Estava tudo calmo.

– Nossa! Você conseguiu um tridente. – diz ela.

– Henri pegou para mim na cornucópia. – digo. – Agora vamos sair daqui, estamos muito expostos.

Ajudei Belatriz a se levantar e ela foi mancando na minha frente para a floresta. Percebi que ela estava com um colete cheio de facas afiadas presas, e mais nada. Ela se sentou encostada a uma árvore e me pediu água. Entreguei-a minha garrafa e ela começou a beber, beber, beber. Não parava.

– Já chega! Assim vai acabar! – tirei a garrafa da mão dela e sacudi. – Olha só, agora só tem um gole! Você não tem mais suprimentos infinitos agora! Tem que economizar!

– Me desculpa. – diz. – Eu estava com sede. É só pegar mais, tem um lago enorme bem ali. – ela aponta para o lago congelado.

– Ah, sim. Descongela o lago que eu pego água! – grito, de modo estúpido. Ela fica quieta. Põe as pernas junto ao corpo e tira uma faca do colete. Fica remexendo-a em silêncio. – O que é? Quer lançar essa faca em mim como você ia fazer no seu antigo aliado? – Começo a pensar se isso não era um plano. Pegar a minha confiança me entregando o anel para depois me matar pelas costas.

– Deixa de ser ridículo. Se eu matar você agora vou ficar sozinha aqui sem nada e machucada. – diz ela.

– Então quando eu não for mais necessário assim você vai me descartar? Bom saber. – Giro o tridente nas mãos e encaro-a. Até que um estranho som atinge meu ouvido vindo do céu.

Um pequeno pára-quedas prateado desce e para em minhas mãos. Minha primeira dádiva de um patrocinador.

Enquanto abro, outro pára-quedas desce e para aos pés de Belatriz.

– Ah, que legal. Eu e você recebemos dádivas ao mesmo tempo. – diz ela.

Abro meu pacote e nele se encontra um martelo. De cabo preto e confortável e a parte de aço pesada e brilhando, prendo-o no cinto e olho para Belatriz. No seu pacote está um creme que ela passa no tornozelo e então suspira, provavelmente pelo alívio da dor. Ela se levanta. Exercita seu tornozelo e se põe ereta.

Então outro patrocínio vem do céu, mas dessa vez exatamente no meio de nós. Abro-o e tinha vários pães com um bilhete que leio em voz alta. “Ajudem-se, vocês vão precisar um do outro”. Era de Mags.

– Então. Agora você não está mais machucada e tem comida. Porque não me ataca logo? – digo. Deixo o tridente pronto para o ataque ou defesa em minhas mãos.

– Eu já disse que não vou fazer nada. Você viu o bilhete de Mags e, além disso, salvou minha vida, estou te devendo essa. – diz ela. – Agora, pra que serve isso aí que você ganhou? – Tiro o martelo do cinto e o examino. Era comum, não vejo utilidade para ele.

– Não sei. – digo. Belatriz prende sua faca no colete, lê novamente o bilhete de Mags para si mesma e então olha para mim no fundo dos meus olhos, como quando falamos pela primeira vez no trem.

– Então, Alex. Aliados? – Penso se realmente deveria confiar nela novamente, depois das coisas que ela fez. Penso também no bilhete de Mags, e na dificuldade e provável perigo em ficar sozinho na arena.

– Sim. – respondo fazendo positivamente com a cabeça e com atitude séria.

– Ótimo. Agora vamos, vamos achar um abrigo e comer alguma coisa. – diz ela.

Saímos da exposição de estar bem próximo do imenso território aberto do lago e entramos mais adentro na floresta. Encontramos uma árvore enorme com um buraco no centro e com as raízes longas e afastadas, de modo que faziam um bom abrigo no interior da árvore. Abrigamos-nos ali.

Com suas facas, Belatriz matou alguns pássaros gorduchos no alto das árvores. Pegamos seus ovos e cozinhamos tudo em uma nova panela que eu fiz com uma faca emprestada dela e uma pedra rasa que encontrei. Além de cozinhá-los, derreti mais água para encher minha garrafa, e o resto da panela com água ficou com Belatriz.

Alimentamo-nos e bebemos tudo em silêncio. Decidimos dividir a guarda durante a noite, ela me deixou ir primeiro enquanto dormia. Isso me deixou tranquilizado, se ela não confiasse em mim e estivesse de algum modo planejando algo ruim, não teria aceitado.

A noite chegou, no céu apareceu o rosto de Luigi. 10 tributos ainda restavam na competição.

Belatriz dormiu e eu fiquei sentado em uma raiz na entrada da árvore. A floresta ficou escura, mas a lua estava enorme e iluminada. Ao longe, vi o gelo do lago brilhando e refletindo a luz do luar. Uma tentação de ir até lá percorreu meus pensamentos, mas eu não podia deixar minha aliada dormindo aqui desprotegida.

Tempo depois, minha vez de dormir chegou. Acordei Belatriz, ela bebeu água da panela e se levantou bem disposta. Eu a disse que queria visitar o lago um tempinho antes de dormir, ela assentiu, mas concordou.

Fomos até o lago. Belatriz se encostou a uma árvore e eu fui até a borda do lago. Olhei ao meu redor e não vi nenhum movimento, Belatriz concordou e então me senti seguro. O gelo do lago brilhava em um tom azul e prateado da lua, a paisagem estava linda. Toda a água abaixo do gelo parecia maravilhosa; pensar em me sentir feliz na água novamente, mesmo sendo na arena, me deixa feliz.

Em uma tentativa boba, enfio o tridente no gelo em vão, e também piso com toda força, tentando quebrá-lo, mas nada adianta.

– O que você quer fazer? – indaga Belatriz.

– Quebrar o gelo. – digo.

– Não vejo no que isso pode nos ser útil. – ela diz me observando ainda tentando quebrar o gelo. Tempo depois ela exclama:

– Nossa! Como você é burro! Usa o martelo que você ganhou! Com certeza pode quebrar.

Prendo o tridente no chão e pego o martelo do meu cinto com as duas mãos. Com toda força, choco ele contra o gelo, que se trinca com o impacto.

Continuo batendo, mas apenas rachaduras invadem o lago.

Tempo depois, várias rachaduras estão feitas, mas nenhuma rompe. Desisto disso e com Belatriz voltamos para nosso abrigo. Lá, deito no meu saco de dormir dentro da árvore e durmo.

No meu sonho, vejo Nataly e Lays conversando na beira de um lago. Elas não param de rir. Fico com uma imensa curiosidade sobre o que estão rindo, e quando chego perto delas e às pergunto, elas apenas olham para mim e riem ainda mais. Começo a rir junto com elas e acordo com Belatriz me sacudindo.

– Alex, acorda! Vem ver isso, rápido! – Levanto-me ainda sorrindo depois do sonho. Lays e Nataly sempre vão estar em meu coração me fazendo sorrir com suas lembranças.

Belatriz vai até a borda do lago e aponta para o outro lado.

– Está vendo? Eu vi a ponta lá da árvore... outra idéia dos Idealizadores.

Sim, eu estou vendo. O chifre da cornucópia na base de sua duna, ou será que devo dizer montanha? Porque a pequena duna que era no início cresceu, e agora é uma montanha enorme com a cornucópia no topo.

Voltamos para nosso abrigo, e durante o caminho, ouvimos explosões. Elas pareciam vir de longe, muito longe. E assim que elas pararam, um canhão soou.

– Explosões iguais as que eu e os Carreiristas ouvimos antes. – diz ela. Encaramo-nos pensativos e voltamos para o nosso abrigo. Estremeci ao pensar que o canhão podia ser Henri. E também qual era a causa dessas explosões.

Logo depois o dia amanheceu. Permanecemos no mesmo lugar o dia todo, conversando sobre nosso distrito e nossas vidas, Belatriz era o tipo de garota difícil de lidar, percebi isso nas histórias que ela contou de sua vida, e também em minha trajetória com ela até hoje. Quando era aproximadamente três da tarde, nossos estômagos estavam dando sinais de fome. Minhas sementes acabaram e a carne dos pássaros também. Comemos metade dos pães recebidos dos patrocinadores e guardamos o resto. Sendo assim decidimos caçar mais para já garantirmos a próxima refeição.

Saio para procurar algo e Belatriz fica próxima à nossa árvore procurando mais pássaros gorduchos para abater com suas facas. Não encontro nada na floresta, nenhum animal. Assim, me aproximo do lago com o intuito de ao longe do seu território, avistar alguma coisa. Mas, ao olhar para ele, me surpreendo. As rachaduras que fiz com o martelo durante a noite estavam muito maiores agora. Cobriam o lago todo.

Tiro meu martelo do cinto e bato contra o gelo. Um segundo depois, o gelo todo se rompe e eu caio em cheio na água. Percebo que a água está morna, mesmo depois de estar abaixo de tanto gelo, e o clima na arena ser frio e neve.

Saio encharcado da água e observo o lago, o gelo todo parece ter sumido em um passe de mágica, agora ele esta ondulando normalmente com uma água pura e morna. Chamo Belatriz e ela arregala os olhos ao ver o que aconteceu. Ela me adverte que podia ser algum truque perigoso do Idealizadores, mas não me importo.

Tiro a camisa molhada e deixo-a esticada no sol; que acabei de notar, está esquentando. Pulo na água e também tiro a calça e os sapatos, deixo-os junto com a camisa na borda e me divirto na água. Penso em Nanda me assistindo agora, fico feliz em saber que eu a ensinei a também gostar da água como eu, fico feliz ao pensar nela alegre na água como eu nesse momento. Uma vontade imensa de estar com ela aqui percorre meu corpo, mas eu sei que estou na arena, e a qualquer momento posso morrer.

Sei que o que estou fazendo é loucura, mas eu não consigo parar de sorrir ao brincar pela água e lembrar de Nanda. Se eu morresse agora, morreria até feliz.


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Notas finais do capítulo

O que acharam?? Comentem a opinião de vocês!! :)
Logo vem o próximo!