Echo. escrita por nekokill3r


Capítulo 34
Capítulo 34.


Notas iniciais do capítulo

Olá. Alguém viu o trailer de A Culpa É das Estrelas? Ah, que pergunta idiota, é bem óbvio que todo mundo já viu q. Enfim, boa leitura.



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A tarefa era uma das coisas mais simples do mundo: eu e Lavínia devíamos lavar os bizerrinhos que nasceram à duas semanas atrás. Mas, ela decidiu brincar comigo. Eu estava quase terminando o meu trabalho –– e até que eles estavam sendo gentis comigo, pois quase não me mexeram enquanto eu os lavava –– quando ela começou a gritar que alguma vaca estava correndo na nossa direção e eu dei meia-volta, larguei a mangueira e saí correndo também. Claro que Jiraya não ia deixar as vacas soltas enquanto estivéssemos lá, mas não é normal pensar na hora do desespero. E eu não pensei. Fui parar quase perto da casa, porque caí de de bruço no chão com a maior força, batendo o queixo e ralando o joelho. Naruto veio lá do curral até onde eu estava, mesmo que mancando e caindo quase mil vezes. Ainda fiquei sentada no chão, falando que não conseguia andar e ele mandou que Leo me carregasse para dentro, o que eu odiei de verdade pois eu queria que ele me carregasse. Mas depois, Naruto foi quem me levou até o banheiro e cuidou de mim. Fiquei sem graça, e nunca vou confessar que gostei. Fui para o quarto, porque ele decidiu que eu não podia nem tocar o pé no chão mais e Lavínia apareceu depois de um tempo lá, pedindo desculpas. Juro que eu senti uma vontade imensa de bater nela, mas não fiz nada, apenas concordei com a cabeça e disse que não tinha problema nenhum pois essas coisas acontecem.

Pensei em ligar para Gaara hoje ou mandar uma mensagem, mas não fiz nenhum dos dois. Eu sei que ele está sofrendo com essa minha distância do nada, porém é assim que as coisas vão ter que ser, aos pouquinhos até ele se acostumar totalmente sem mim em sua vida. Só que não é pelo simples fato de que eu não vou ser mais a namorada dele que vamos nos afastar, porque ainda quero continuar o ajudando de alguma forma. Gaara também é um garoto sensível, que merece uma pessoa melhor que eu.

Antigamente eu diria que era o meu passa tempo favorito, mas agora posso garantir: ficar o dia todo sentada em uma cama sem ter ninguém por perto para conversar, é um horror. Todo mundo saiu pela fazenda e só eu que fui obrigada a ficar aqui, por culpa de Naruto. E é bobagem ficar só aqui, por calço meus tênis e visto a blusa de frio de novo –– porque esse tempo de fazenda é meio louco e uma hora está calor, e do nada, frio. Fecho a porta atrás de mim e percebo que o céu está nublado; ah, não creio que já vai começar a chover. Por um lado é ruim, mas por outro não, pois não vamos nos esquecer de que Naruto vai estar comigo quando eu ficar com medo. A coisa de Shion ainda não saiu da minha cabeça e às vezes acabo jogando na cara dele o que fez, que mesmo que não tenha sido uma traição, dói um pouquinho mesmo assim. Foi quase como um teste. E no teste “ficar sem ele”, eu nunca vou passar.

Vou encontrá-los depois de alguns minutos andando sozinha sem um destino, e me arrependo por ter saído da cama, porque todos –– até mesmo Lavínia –– estão fazendo o parto de uma vaca. Sinto vontade de dar meia-volta, mas não consigo e continuo lá parada sem nem piscar. Não é uma coisa muito nojenta, só que também não é uma cena legal pra se ver. Sem deixar de dizer que a vaca está chorando de dor, o que eu estou quase fazendo junto com ela. Não posso mesmo com animais, principalmente os que fazem isso bem na minha frente. Naruto para um instante para limpar o suor da testa e depois olhou para onde eu estava, ficando parado assim como eu logo em seguida. Eu não sabia se era certo ou não, se iam gostar ou não, mas me aproximei de lá mesmo morrendo de medo do que poderia acontecer depois. Fiquei do lado dele, porque ali deveria ser a melhor coisa a se fazer e em vez de ajudar, acho que só atrapalhei por ficar o olhando feito uma boba apaixonada. Leo gritou comigo do outro lado, fazendo com que eu quase caísse no chão de susto, mandando que eu ficasse ao lado de Lavínia e fui para lá. Ela estava quase toda suja de sangue e mesmo assim não se importava, disse até que estava gostando de aprender coisas novas. E bem, isso é uma coisa um pouco estranha para se aprender, embora seja um momento bonitinho. Deve ter demorado mais uma hora até que víssemos uma criaturinha saindo ali embaixo, e começou a chover, para a nossa infelicidade. Todo mundo se sentou no chão, praticamente mortos e a bebêzinha ficou tentando andar enquanto cheirava a mão de Naruto.

–– Como vai se chamar? –– Lavínia pergunta, com alguns fios pregados em seu rosto por causa do sangue. Não era para estar ali, é claro, mas ela ficou passando a mão e o resultado foi esse.

–– Ah, é mesmo, precisamos de um nome... –– Naruto diz, e então se vira para mim sorrindo (nem sujo desse jeito esse garoto consegue ser feio). –– Qual você prefere, Sakura?

–– Eu não sei... Pode ser “Naru”? –– pergunto, me lembrando do dia em que Hinata o chamou daquele jeito.

–– É bonitinho –– Leo comenta, enrolando o “nosso” filhinho em uma toalha porque já deve estar muito frio para ele. É tão pequeno que eu sinto até medo de derrubá-lo ou algo assim quando ele está nos meus braços.

–– Então vai ser mesmo esse o nome dele? –– pergunto, tirando meus olhos do animal e olhando para Naruto, que com um pouco de dificuldade se levanta e vem para o meu lado; o que agradeço, pois Naru está escorregando.

–– Vai sim –– ele responde e sorri. Retribuo o sorriso e ele coloca o capuz na minha cabeça, tomando o maior cuidado para não encostar em mim. –– Não quero que fique doente.

–– Você cuidaria de mim caso isso acontecesse? –– pergunto, levantando as sobrancelhas e sorrindo mais uma vez. Naruto apenas ri um pouco assim que entende em que sentido eu perguntei isso.

–– Cuidaria, como cuidarei até morrer –– ele diz, me deixando surpresa e alegre com suas palavras. Enquanto todo mundo está ageitando as coisas, ele sussurra no meu ouvido: –– Quero tomar banho com você hoje.

Fico sem saber o que dizer depois. É algo arriscado; não por mim, que quer muito dizer sim, mas é por causa da minha vergonha. Eu não sei no que viraria isso, e provavelmente eu daria um jeito de ele bater a cabeça em algum lugar ou eu bateria e tudo se tornaria uma bagunça. E eu pude ver em seus olhos que quando disse isso, não queria mais nada além de se enfiar em um banheiro comigo. E eu continuei calada, sem saber exatamente o que seria melhor para uma resposta boa o suficiente e voltar para dentro. Já está a noite e nós estamos sujos, o que não dá para arrumar uma desculpa para que ele desista. Por fim, confirmando a mim mesma de que não tinha nenhum problema e de que seria problema meu, afirmo com a cabeça. Foi uma resposta um pouco idiota, porque fiquei tanto tempo pensando que ele quase não entendeu sobre o que era aquele balançar de cabeça. Depois, sorriu e disse para que eu fosse primeiro. E o fiz, com Naru ainda nos braços e o segurando com a maior força para que não caísse no caminho ou algo assim. Lá dentro, Lavínia continuava suja, mas preferiu preparar o leite para ele em vez de ir se lavar e fiquei com ele no chão, brincando com o animalzinho que mal me dá atenção por causa do enorme sono que sente. Ah, eu quero um para mim, sério. Eu poderia cuidar dele no meu quarto, e caso ele quisesse passear, a minha casa agora tem um quintal enorme, mas infelizmente sei que é injustiça tirá-lo da mãe tão novo assim –– eu também não gostaria nada de ser separada da minha, mesmo que às vezes pareça que ela continue me odiando.

–– Sakura, você pode subir para tomar banho. Eu consigo cuidar dele sozinha –– Lavínia diz, se juntando a mim e Naru no chão, e percebo que eu quero cuidar dele primeiro. Retruco que ela não consegue não, porque ele nasceu um pouquinho pesado, então ela se vira para mim com uma sobrancelha erguida e começa a rir, dizendo que já cuidou de muitos antes na fazenda de sua família, desde pequena, e que conseguia muito bem. Não tive chances de dizer mais alguma coisa, então subi.

Assim que chego, fico parada na porta, pensando se Naruto vai vir mesmo ou se só estava brincando. Eu soube que agora Jiraya vai deixar nos deixar dormir nos quartos mesmo, e a ordem é essa: eu, nesse quarto que tem uma cama e um banheiro enorme; Lavínia e Leo: no quarto do lado, que tem uma cama um pouquinho mais pequena mas que cabe os dois por serem mais magros do que palitos; e Naruto: que decidiu, para a minha surpresa, dormir no chão, lá na sala, e até agora não entendi o porque. Convindei ele para que viesse dormir comigo, mas ele apenas balançou a cabeça e disse que eu precisava de privacidade. E não, eu não preciso de nenhuma porcaria de privacidade, e sim dele. Que coisa. Espero que hoje ele durma aqui, pois não estou me sentindo muito bem psicologicamente e a coisa piora toda vez em que penso em Gaara sofrendo por minha causa.

Me sento no chão mesmo, cruzando as pernas, deixando os braços soltos ao meu redor e fecho os olhos, suspirando em busca de paciência. Revendo tudo o que aconteceu, é demais para Gaara agüentar sozinho. E tem o pai dele, aquela Temari e lhe resta apenas Kankurou, que apesar de ser um ótimo exemplo de irmão, não o entende como eu. Dói me lembrar de todas as promessas que já fizemos juntos e perceber que nenhuma delas vão se tornar realidade, porque eu descobri do nada que amava outro garoto. Não sei nem colocar aqui uma palavra para definir o que eu e Gaara tínhamos –– ou temos, se é assim que ele ainda pensa. E é estranho dizer, mas me apeguei tanto a ele que duvido muito que vá o deixar em meio a isso tudo. Vou continuar correndo atrás dele, resolver seus problemas mesmo que não seja da minha conta e fazer cócegas para que ele ria do nada. Me sinto assim também em relação à Kiba, mas esse se mostrou mais forte e que não precisa tanto de mim; ele está se dando bem na outra cidade, e as cicatrizes estão sarando aos pouquinhos –– aqui, estamos falando das internas, aquelas no coração que quase nunca se fecham de vez. Enganar uma pessoa a esse ponto é horrível, e estou quase chegando ao meu limite, pronta para dizer a verdade ao Gaara quando ele menos esperar.

–– Oi –– ouço a voz de Naruto e me levanto no mesmo segundo, sorrindo sem graça. Ele ri com isso e entra no quarto, fechando a porta. Socorro. –– Está tudo bem?

–– Está sim –– respondo, confirmando com a cabeça. Olho de relance para a cama do meu lado e depois para ele. –– Eu queria te perguntar se... você não gostaria de dormir aqui comigo essa noite.

–– Quer mesmo dormir comigo? –– ele pergunta, rindo. Se aproxima de mim e olha bem nos meus olhos. Ele sempre faz isso. –– Eu mexo bastante na madrugada.

–– Passei praticamente um mês com você, sei se mexe ou não enquanto dorme –– retruco, me arrependendo dois segundos depois por isso, porque já até sei no que ele vai pensar e dizer.

–– Então você ficava me vendo quando eu dormia? –– ele pergunta, rindo ainda mais. Tento continuar com a cara amarrada, mas é impossível. Digo que não, embora não é o que a minha cabeça afirma. Naruto para de rir e olha para mim de novo, mal piscando, o que me deixa com mais vergonha.

–– Não me olhe assim –– peço, sem jeito.

–– Ah, tá. Eu vou tomar banho –– ele diz, dando de ombros, começando a tirar as roupas e indo em direção ao banheiro. Mas como assim? Ele não disse que queria tomar banho comigo? Então, por que está indo para lá sozinho? Quando ele se vira, com um sorrisinho de lado, é que entendo a indireta; ele quer que eu vá para lá também, mas estou com vergonha demais para isso. Não estou preparada psicologicamente para tirar a roupa na frente, totalmente diferente de Gaara naquela vez que estava “doentinho”.

Ao chegar dentro do banheiro, Naruto vai tirando as peças de roupa sem nem ficar um pouquinho vermelho, mas para na hora de tirar a cueca. Ah tá, agora estou entendendo... Ele não quer que eu fique com tanta vergonha, por isso não vai ficar como veio ao mundo. Enquanto ele abre o chuveiro, eu vou me despindo e vou ficar de camiseta, porque sim. Amanhã eu posso tomar um banho melhor. Ele está lavando o rosto quando me viro, e segundos depois me chama com a mão estendida. Vou até lá, e ele me surpreende me abraçando tão forte que eu não conseguiria sair nem se quisesse. Ficamos daquele jeito até o momento em que decidiu me beijar. Após o beijo, ele fica me olhando. Ah, não gosto quando ele faz isso... Mas tudo bem.

–– Viu só? Tomar banho comigo não mata –– ele começa e ri, me apertando ainda mais.

–– É, estou vendo –– digo somente, porque não encontro palavras que sejam boas o suficiente para o momento. É meio constrangedor ficar desse jeito na frente do seu melhor amigo, e estou fazendo isso justamente por saber que ele não é qualquer um.

–– Você é perfeita demais –– ele diz e respiro fundo. Queria continuar com a cara amarrada, mas não dá, então começo a rir.

Naruto olha para mim mais uma vez e é como se tudo ao nosso redor parasse, porque nem ele ou eu conseguimos olhar para outro lado. Gosto também de passar horas admirando a cor dos olhos dele e a mensagem que eles conseguem passar, mesmo que você seja a pessoa mais complicada do mundo, vai dar para entender que ali está praticamente escrito “Meu nome é Naruto Uzumaki, e embora eu esteja sofrendo, vou te ajudar”. Queria que as pessoas pudessem enxergar isso em mim, mas a mensagem que está nos meus olhos deve ser bastante diferente da dele.

–– Você está diferente –– ele diz, cerrando os olhos. –– O que fez?

–– Acho que engordei –– respondo, já sabendo que essa era a razão da minha diferença de uns dias para cá.

–– É, você está um pouco gordinha... –– ele diz, e isso me magoa de um jeito inacreditável, tanto que me desgrudo dele, pego as minhas roupas, uma toalha e saio, trancando a porta do banheiro até que eu decida que hora ele pode sair de lá. E agora estou vendo como ele é bipolar, pois me chamou de perfeita e depois disse que eu estava gordinha. Eu sei que engordei, porque enquanto estava no hospital com ele passava a maior parte do tempo comendo e ele dormindo. Mas eu tenho culpa disso? Ok, eu não quero ficar nervosa com isso, só que não consigo acreditar que eu ouvi aquilo mesmo.

Trato de trocar de roupa e depois destranco a porta do banheiro, mas quando ele sai, estou deitada de costas para ele e de frente para a parede. Naruto parece sem jeito e fica lá parado perto da cama, sem saber o que deve ou não dizer. Queria que apenas descesse de vez, sem nenhuma palavra que fosse dirigida à mim. Mas então me lembro que o convidei mais cedo para dormir comigo. Oh, não. Que arrependimento disso.

–– Sakura, ainda quer que eu durma aqui com você? –– ele pergunta e é difícil não me virar.

–– Você que sabe –– respondo, com a maior falta de educação do mundo.

Ele não diz nada depois disso e acho que ficou me olhando por um bom tempo. Então, antes de sair, apenas deseja:

–– Boa noite.

Mas que coisa! Eu quero sim que ele ainda durma comigo, mas meu orgulho está no limite e não vou ser capaz de dizer uma coisa dessas. Tenho que parecer que estou morrendo de raiva, mesmo que seja um pouquinho verdade. Ele disse que me amava, então por que não se deitou mesmo assim? Balanço a cabeça e jogo a cabeça no travesseiro, bufando e com vontade de chorar.

Não sei quando que consegui dormir, mas assim que fiz isso, desejei ter ficado acordada todos os segundos; tive pesadelos com Hinata de novo, e eu pensei que eles já tinham terminado há muito tempo, porque os únicos que tive foi quando entrei naquela escola. Acordo com o meu grito e percebo que estou chorando. Ouço passos nas escadas e não quero nem imaginar se quem estiver subindo for Jiraya, pois ele com certeza vai brigar comigo por estar atrapalhando seu precioso sono. E a pessoa é, na verdade, Naruto. Ele quase caiu quando chegou na porta, por causa da perna que estava batendo em todos os lugares possíveis. Ele olhou para mim todo preocupado.

–– O que foi? –– ele pergunta, vindo até a cama e se sentando ali sem a minha permissão. Ainda estou chateada com o que ele disse.

–– Nada, só um pesadelo –– respondo como se fosse uma coisa normal e me deito novamente. Ele deita do meu lado e fico sem entender. –– O que está fazendo?

–– Vou ficar aqui com você –– ele diz, ajeitando a cabeça no travesseiro e olhando para mim.

–– Não precisa, vai deitar –– digo, praticamente mando, mas não adianta nada.

–– Vou ficar aqui com você –– ele repete e percebo que começar uma briga por causa disso, é algo muito estúpido.

–– Tá, mas eu dúvido que você esteja aí daqui há duas horas –– digo, erguendo as sobrancelhas de um jeito desafiador. Ele ri pelo nariz com isso.

–– Eu ainda vou estar. –– E fim de papo, porque me deito de novo do mesmo jeito que estava, tentando não me importar com ele ali.

Como se eu fosse um relógio, acordei depois de duas horas –– vi no celular, apenas para ter certeza –– e me virei, tendo a certeza de que Naruto não estaria mais do meu lado.

Mas, para a minha surpresa e alegria ao mesmo tempo, ele continuava lá.


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