Echo. escrita por nekokill3r


Capítulo 33
Capítulo 33.


Notas iniciais do capítulo

Oi! :3
Queria agradecer MUITO à Luan Saissem pela linda recomendação que me fez chorar. Muito, muito obrigada mesmo



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/425975/chapter/33

Naruto ficou internado o último mês do ano inteiro e sim, eu passei todo o tempo ao lado dele, o que significa que passei o meu natal e ano novo em um hospital –– mas até que valeu a pena. E hoje, no primeiro dia de 2014, ele está finalmente saindo daqui e indo para casa, quer dizer, para a fazenda e é óbvio que eu vou junto. Desde a noite em que vi sua perna –– ou o resto dela ––, fiquei assustada demais para perguntar o que tinha acontecido. Fui saber apenas depois da médica dele que veio me dizer que com a queda, ele tinha prendido a perna em alguma barra de ferro ou algo assim e acabou com ela. Então, no caso, teriam que amputá-la. Foi um momento muito difícil, porque embora Naruto dizia que não tinha nenhum problema, mas mesmo assim eu sabia que ele estava sofrendo e só dando uma de fortão todo o tempo. E no dia da cirurgia, a coisa ficou muito feia; ele se recusava a sair no quarto e se agarrou em mim, puxando o meu braço e chorando, pedindo para que eu não deixasse que o levassem e juro que senti vontade de sair correndo com ele nas minhas costas. Depois da cirurgia, Naruto ficou mais tempo na cama dormindo do que acordado, e o problema por ter vomitado tanto naquele dia foi porque ele estava desidatrado demais. Ainda não entendi essa última parte, mas o importante é que ele vai poder andar. Não sei o que fizeram em relação a perna dele, pois ele saiu quando eu estava dormindo do quarto e ninguém falou se iam ou não colocar alguma prótese no lugar –– eles vão sim, é claro, mas existem outras milhões de pessoas que também precisam de uma e rápido, o que não é tanto o caso dele, que consegue andar quase perfeitamente pulando só de uma perna. E o que dizer em relação a isso? Ele infelizmente não teve a mesma sorte que Kiba.

Eu e Gaara temos enfretado bastante problemas na nossa “relação”; tudo o que eu falo, ele discorda ou acha que é mentira. Uma vez ele me pegou no hospital com Naruto e já veio achando que eu tinha o trocado e gritou comigo, me deixando muito chateada. Para ser sincera, não estou com muita paciência com ele ultimamente. Achei que ele fosse diferente. Entendo perfeitamente sua irritação e desconfiança, mas ele sabe que Naruto é o meu melhor amigo e que eu não trocaria garoto nenhum por causa dele, principalmente por estar mal daquele jeito. Tenho evitado ligar para ele, porque sempre discutimos e ele aprendeu a me xingar, e não ouve sequer uma palavra de explicação antes de desligar na minha cara. A culpa não é dele, eu sei. Encontrei Kankurou esses dias por acaso e ele me disse que Gaara piorou mais e não é mais social como antes –– aqui, se explica como dizer um “oi” ao próprio irmão. Eu me sinto muito culpada por isso, porque sei que ele está sofrendo e que a culpa é minha por não o deixar. Tento dar o máximo de atenção que posso para ele, mas Gaara parece não entender que eu também tenho uma vida e que posso piorar, assim, do nada. E em meio a isso, apenas me pergunto: onde está aquela tal de Matsuri para me ajudar? Eu quase a ceguei, porém ainda seria ótimo se passasse um tempo com o meu namorado.

Leo e Lavínia se casaram –– não de verdade, pois era apenas um papel rancado de um caderno de desenho, o que me lembrou de Sai e do meu compromisso –– e ela agora está indo para a casa dele, para poderem passar mais tempo juntos. Eu não sei o que a mãe dela tem na cabeça! Tipo, a garota é muito nova, e embora eu saiba e até admire o amor maluco dos dois, é cedo para morarem juntos, é muito cedo. Não sei como que vai ser, mas já prevejo brigas praticamente todos os dias e ela não é dessas que falam baixinho ou deixam ser vencidas em discussões. E só espero que se eles quiserem, sei lá, se aventurarem mais a dentro na história e decidirem ser pais, usem camisinha. Minha imaginação não é tão forte ao ponto de imaginar eles como pais –– nem matando uma barata.

Kiba, depois de séculos, finalmente me mandou uma mensagem dizendo que está tudo bem e se desculpando pela demora. Eu contei a ele sobre o que aconteceu com Naruto e, para a minha surpresa, ele pareceu bastante preocupado. Decidi mudar de assunto e perguntar como as coisas estavam na nova cidade, e não gostei nada de quando ele disse que estava saindo com uma garota qualquer. Sim, eu ainda tenho ciúmes dele e espero de coração que essa sortuda caia de cara em alguma poça quando estiver indo para aonde combinaram. E Ino também me deu noticias; fiquei extra-feliz quando olhei para o celular e era ela me ligando, quase cheguei a chorar de emoção, porque na minha cabeça, ela já tinha me esquecido. Decidi não contar a ela sobre a perna de Naruto, pois sei o quanto se preocuparia e eu devo ser a única mais preocupada com ele por aqui. Tirando isso, ela disse que encontrou um garoto por lá, que a conhecia desde pequena e meio que “rolou” uma coisa. Fico feliz por ela. Ela merece.

Meus pais finalmente fizeram as pazes e juntos, pintaram as paredes de brancas novamente. Eu as vi, pois tive que ir na minha casa pegar mais algumas roupas porque estava com a mania de trocar mais de três vezes só para que Naruto não se cansasse de me ver. O meu pai retomou a escrever o maldito do livro que não sei absolutamente nada, mas ele disse que vai ser sobre mim. Senti medo. Sei lá, ele pode colocar que eu tinha medo de palhaços enquanto todos os achavam engraçados, ou pode confessar que a primeira coisa que fiz quando entrei na escola, foi mijar nas calças de tanto medo e depois sair correndo e chorando. E a minha mãe continua no tal emprego e conseguiu fazer uma amiga, e imagine só quem é? A mãe de Lavínia. As duas passam horas no telefone e meu pai está quase o jogando fora, porque a conta tem chegado mil vezes mais cara embora quase não nos lembramos de que aquela coisa continua por lá –– eu, por exemplo, nunca achei esse telefone necessário e tomei ódio dele depois que Naruto ligou falando sobre a escola.

Tenten e aquele tal de Neji –– que ainda parece não gostar de mim –– finalmente assumiram o namoro e ele se mudou para cá apenas para ficar mais perto dela. Soubemos por ele, que Hinata estava apanhando todos os dias na escola que foi lá na outra cidade, porque alguém daqui contou tudo o que ela fazia e então decidiram lhe dar um castigo que nunca esqueceria. Sinto pena dela, pois está sozinha e pelo jeito não vai arrumar uma amiga tão cedo... Pode não parecer, mas eu perdoei ela de coração.

Kurenai foi promovida à diretora e me senti na obrigação de ir em sua casa dar-lhe os parabéns, porque ninguém merece a Tsunade, mas acabei atrapalhando as coisas; sentado no sofá, estava Asuma, o novo professor que chegou há alguns dias e que sempre parecia estar namorando com ela embora ninguém tenha visto os dois se beijando. Ela fez um projeto chamado “Não, Bullying”, onde todas as pessoas que já sofreram que ela conhece fazem um depoimento contando ao menos uma coisa que aconteceu consigo e eu tive que fazer isso também. Foi constrangedor estar na frente de apenas uma câmera e contar o que pretendo esquecer, mas fiz mais por causa dela, por ser essa professora e amiga tão legal –– que até disse que eu fiquei mais linda com o novo penteado, aliás.

E não vamos nos esquecer de falar de Sai, que estava mais educadinho quando fui o visitar e me deu seu fone. Eu fiquei muito feliz e sorri vencedora, mas ele disse que se eu conseguisse o estragar em menos de três meses, iria me matar, porque estava me dando uma das coisas que mais conseguia o fazer pensar em momentos bons. Ele ainda não saiu e não entendi, pois era para ele estar fora há muito tempo. Não sei se é porque Sai não tem lugar nenhum para ir, ou se é porque ele não quer se virar sozinho. Se algum dia ele sair e quiser a minha ajuda, eu vou ajudar sem dúvidas. E passei o meu número para quando ele quisesse dar uma palavrinha comigo... Me arrependi amargamente; Sai me manda mensagens quase todas as manhãs mandando eu levantar e ainda tem coragem de colocar isso no final: “^_^” Achei irônia da parte dele e deixei meu celular desligado por um bom tempo depois disso. Sai não tocou no assunto “Shin”, mas eu o garanti mais uma vez que começaria a procurá-lo o mais rápido que conseguia.

–– Você está tão linda que se eu pudesse, te beijaria agora –– Naruto diz no meu ouvido e me viro, assustada e com o coração acelerado. Quando ele chegou e nem o vi ou ouvi? Tento não olhar diretamente para sua perna.

–– E aí, Naruto! Já está se acostumando com a nova perna ou nada ainda? –– meu pai pergunta e não deveria estar aqui, porque deixei muito claro que queria estar sozinha quando Naruto saísse, mas parece que ninguém nunca me ouve ou me leva a sério.

–– Nada ainda! Creio que vai demorar muito tempo até que eu comece a me acostumar com essa belezinha aqui –– ele responde, batendo a mão na perna e eu juro que minha respiração parou quando fez isso.

–– Nova perna? –– Me faço de desintendida, mesmo que todos saibam que eu fui a primeira a saber sobre a cirurgia. É inevitável não me abaixar e levantar a calça dele, encarando o pedaço de ferro que está substituindo a carne. Tentei parecer o mais tranqüila possível quando me levantei, mas simplesmente não dava. Ele tinha perdido a perna e parecia feliz, eu não perdi nada e estou quase chorando por ele.

–– Então, eu vou ter que ir. Se divertam lá na fazenda e cuidado, isso serve para os dois. –– Olhei para o meu pai com um pouco de raiva. Aquilo era uma indireta ou o quê? E o que ele acha que eu vou fazer quando chegar na fazenda? Me enfiar no mato com Naruto e desaparecer? Francamente. Com a pressa, ele apenas diz que me ama e vai embora mandando beijos. Naruto começa a rir e meu olhar vai para ele. Ai, meu Deus, agora estamos sozinhos.

–– Temos tempo para fazer alguma coisa antes de irmos para a fazenda –– ele diz, e o meu sorriso só aumenta. Não me diga que ele está pensando em ir comigo na... –– O que acha de irmos na praia? –– Como resposta, apenas sorri mais uma vez e pulei em seu pescoço, o abraçando muito forte. Sei que ele ainda não está totalmente recuperado, que precisa de ajuda para andar e tudo o mais, mas Naruto Uzumaki sempre está ótimo para retribuir um abraço meu.

Depois de muito insistir que eu fosse a pé e ele de táxi –– o que recusou até eu falar chega e concordar ––, fomos andando devagar para a praia. Para nossa sorte, fica perto. Naruto quase caiu uma ou duas vezes no caminho, porque está tão desacostumado a andar que as duas pernas parecem ficar moles do nada. Perguntei como é a sensação de ter uma prótese, e ele me respondeu que é quase como estar andando em cima de um sorvete, fazendo eu rir pela miléssima vez. Assim que chegamos, ele quis sentar bem pertinho do mar e tive que ir junto. Naruto apoiou os braços no chão e me sentei ali no meio, mesmo que estivesse sem graça com isso. E ficamos calados, apenas olhando e ouvindo o mar. Foi torturante porque, eu queria que ele falasse alguma coisa, desde que fosse a maior bobeira do mundo; queria que ele tocasse no assunto “nós”. Estou com medo. Medo que ele se esqueça de tudo o que aconteceu entre nós dois e se afaste, achando que a amizade não vai mais dar certo como antes. E eu quero que quanto a amizade tanto o amor dê certo para nós. Quero fazer dar certo também –– e olhe que eu não sou de querer algo, mas ultimamente a única coisa que eu quero muito, é ele do meu lado. Ele sabe como me sinto e entende, ouve e ajuda; por que eu não ficaria com um garoto assim?

–– Lavínia também vai conosco dessa vez –– ele diz, me fazendo levantar a cabeça. Naruto continua olhando para o mar enquanto fala. –– Vê se não briga com ela. Ela ficou muito sensível depois do que aconteceu.

–– Sensível como você? –– pergunto, rindo logo em seguida. Agora ele olha para mim confuso, mas não consegue disfarçar um sorriso.

–– Você me acha sensível? –– ele pergunta, levantando as sobrancelhas.

–– Não, não é isso. Acho que você é apenas um garoto que expressa mais os sentimentos do que os outros –– digo, encolhendo os ombros e os soltando. Ele ainda parece confuso com a resposta, então acho melhor mudar de assunto. –– E eu não vou brigar com a Lavínia.

–– Espero que não mesmo –– ele diz, todo brincalhão e beija o meu nariz, fazendo eu fechar os olhos por alguns segundos. –– Deus do céu, Sakura! O que você faz e como consegue ser assim? Parece que a cada dia você só fica mais perfeita. –– Sinto vontade de bater nele, porque já cansei de dizer que não sou perfeita coisa nenhuma, mas parece que ele nunca entende e sente prazer em dizer isso a quase todo segundo. E mesmo que eu não diga, eu gosto de quando fala assim de mim.

–– Por que você nunca disse que gostava de mim antes? –– pergunto e me levanto, pernas cruzadas a sua frente e nossas mãos acariciando uma às outras. Naruto parece indeciso sobre o que dizer ou por onde começar, e fica me olhando por um bom tempo. Faço a mesma coisa, olhando bem no fundo de seus olhos, esperando por uma resposta; uma resposta que valha a pena ouvir.

–– Você estava namorando e às vezes, parecia que não precisava tanto de mim, então eu achei que seria melhor não dizer nada. Tentei esquecer, falar com outras garotas como os caras nos filmes fazem, mas não deu certo, porque eu posso estar em qualquer lugar e com qualquer garota que a minha preocupação e meu coração vão estar sempre apontados para você –– ele diz, e sorrio um pouco envergonhada, abaixando o olhar para a areia. Ele levanta o meu queixo com uma das mãos e se aproxima mais. –– E eu queria muito que você soubesse, que não há nada nesse mundo capaz de me separar de você. E que não importa o que aconteça para frente, eu nunca mais vou te deixar sozinha. Isso é uma promessa para toda a minha vida, e sabe o quanto sempre cumpro com o que prometo.

Fiquei sem palavras, com a boca aberta pela surpresa e os olhos cheios de lágrimas. Ele sorriu e foi aí que eu percebi que também estava chorando. Ah, meu Deus! Que momento lindo. Será que não posso mesmo pegar o celular e mandar ele repetir tudo de novo? Não, não posso. Porque o que acabou de dizer, vai ficar muito bem guardado na minha cabeça por toda a eternidade, mesmo que eu ainda não saiba o que venha a acontecer conosco a partir de hoje. Totalmente emocionados, aproximamos os rostos e nos beijamos. Eu vou estar totalmente ferrada se Gaara decidir sair de casa hoje e estar por perto ou alguém que o conhece, mas não me importo muito com isso agora. Somos apenas eu e ele aqui, nesse exato segundo e nada mais.

–– Aí, casal lindo! –– uma voz grita e a reconheceria até se estivesse no fim do mundo: Leo. Me separo de Naruto, rindo para disfarçar a vergonha e olho para ele por cima do ombro; não acredito que Jiraya deixou que ele levasse Lavínia no colo! Tipo, isso é uma das melhores oportunidades de se acontecer um acidente. Vou fazer ela sair de lá assim que eu entrar.

Tento me levantar, mas percebo que a minha blusa acabou ficando presa na prótese de Naruto e eu começo a puxá-la, quando uma onda vem e molha nós dois por trás. Olho para ele com cara de quem vai começar a rir e chorar ao mesmo tempo, porque assim que estivermos de pé novamente, vai parecer que fizemos “pipi” nas calças e isso com certeza será muito constrangedor. Leo, Lavínia e até mesmo Jiraya começam a rir de nós dois lá de dentro do carro, mas nenhum tem piedade e vem nos ajudar. Então Naruto tem que rasgar um pouquinho da minha blusa para que possamos levantar. E mesmo agora, estando de pé com ele segurando as minhas mãos de um jeito quase como se dissesse “Por favor, não me solta ou eu vou cair” e estando com a parte de trás toda molhada, não consigo encontrar defeitos nele. Ele sim que é o perfeito da história, e ele tem esse jeitinho todo brincalhão e alegre de ser, o que faz com que eu na maioria do tempo sinta vontade de o encher de beijos. Entramos no carro, sendo obrigados a sentar em outra peça de roupa para não molhar o banco e me grudo a ele. Lavínia se recusou a sair do colo de Leo e eu não liguei muito, pois pouco importa. À esse ponto, todos aqui dentro sabem que estamos juntos embora Jiraya diga que já sabia disso a muito tempo, e eu me sinto mais uma vez muito burra por não ter percebido antes.

Quando saímos da cidade e começo a mexer no celular, sou surpreendida com Naruto beijando o meu rosto e as três pessoas irritantes lá da frente dizendo “Hum...”, o que saiu muito malicioso e tentei ignorar. Faço ele se deitar no banco e deitar a cabeça no meu colo mesmo que esteja dizendo que não está cansado –– uma mentira que Leo, uma das pessoas mais lerdas que já conheci, iria descobrir. Ele fica mexendo no meu cabelo até dormir de vez e continuo o olhando, enquanto passo a mão em seu cabelo. Para a minha infelicidade, não estou com sono como antes e me recuso a olhar para fora da janela, pois sei que muitas coisas vão vir a minha cabeça e vou me desesperar. O celular dele –– que eu mesma fiz questão em comprar –– vibra em seu bolso e com o maior cuidado, pego ele, vendo uma mensagem de um número estranho e decido abri-la por pura curiosidade:

Você sumiu... Aconteceu alguma coisa? Saudades. Se possível, me ligue hoje à noite.

Li aquilo mais umas dez vezes, só para confirmar para mim mesma de que sim, o que acabei de ler é verdade. Que história é essa de “saudades”? E “se possível, me ligue hoje à noite”? Todas as garotas, exceto Ino, passam pela minha cabeça quando olho para ele, mergulhado no sono demais para ver como estou. E se for Hinata? E se for Shion? E se for, até mesmo, Karin? E se for, para acabar comigo, Temari? E se for Tenten? Essa primeira me parece mais convincente de acreditar que acabou de mandar isso. Ele sempre me deixou mexer no celular, mas depois de receber notícias de Hinata, mal deixava eu tocar nele. Então é com ela que ele está saindo enquanto me engana, hein? Muito, muito legal. Sei que esse escândalo mental não é para tanto, que eu devia ao menos o escutar, mas como vou fazer isso depois de uma mensagem dessas? E a garota é tão esperta que não responde quando pergunto quem é, porque sabe que ele sabe quem ela é. Eles devem estar sendo bastante discretos, pelo jeito. Ah, que raiva de mim mesma por ter acreditado nele agora. Ele precisa ter uma desculpa que seja convincente o bastante e que mostre que não há nada para que eu possa acreditar. Ainda tremendo um pouco por raiva, coloco o celular dele de volta e nem me importo mais de ficar olhando para a janela.

Não sei se fiquei muito tempo pensando naquela porcaria de mensagem ou se a viajem dessa vez foi mais rápida, mas só fui acordar quando Leo bateu no vidro, me fazendo levar o maior susto. Naruto acordou com isso e sorriu para mim, e pela primeira vez, não consegui retribuir esse sorriso. Não vou descansar a cabeça nem entender que não há nada enquanto ele não me disser quem mandou aquilo. E não tem jeito de eu ficar calma com tudo isso, entende? Porque eu me apeguei tanto a ele, que a ideia de alguém estar provavelmente o roubando de mim mesmo que tenha dito aquilo na praia, já é o bastante para me destruir. Tento negar, mudar a minha cabeça ou o coração, mas eu não consigo mais viver sem ele. E não vai ser nenhuma garota que conseguirá o tirar de mim.

Pego a minha mochila e a dele, e sigo para dentro da casa. É algo impressionante, pois me sinto quase que na minha casa quando estou aqui. Queria poder ficar aqui por pelo menos uns três meses, para poder admirar o que a natureza tem de perfeito a nos oferecer. E não, eu não estou virando hippie e nem nada disso, mas gosto de natureza e todas essas coisas. Em Konoha, a coisa é diferente; cheia de carros passando de um lado para o outro com aquela barulheira irritante, pessoas andando de um lado para o outro desesperadas para chegar, na maioria das vezes, a lugar nenhum. E eu sempre vejo pessoas, mas nunca, humanidade –– se é que me entende. Subo para o quarto e Naruto fica lá atrás no sofá, o que agradeço de certa forma. Deixo tudo arrumadinho e desço, arrumando o rabo de cavalo que está caindo.

–– Então, nós vamos ou não passear? –– Leo pergunta, já se levantando de mãos dadas com Lavínia. Não preciso olhar para Naruto para saber a resposta, porque quando vejo, estou do lado de fora enquanto ele praticamente me arrasta.

Seguimos Leo e Lavínia, e ela está começando a me irritar, pois não pode ver um bichinho qualquer que quase pula em cima dele. Ela é legal, muito, e também me ajudou, mas não sei o porque de estar achando isso dela agora. Isso é resultado da minha raiva. Vai passar, penso, tentando convencer a mim mesma de que isso é verdade. Ele tem uma explicação. Leo desvia para outro caminho, onde tem umas laranjeiras e ele pega uma para Lavínia, que a abre perto dos olhos e quase fica cega. Ela pega um gominho e o parte no meio, mordendo o da esquerda primeiro e fazendo uma careta tão engraçada que me esqueço da mensagem e começo a rir. De repente, sou puxada para o outro lado e quase caio. Sinto vontade de parar e perguntar a Naruto o por que de estar me puxando desse jeito e o por que dessa pressa toda, mas fico sem palavras quando ele pega uma coroa feita com alguns galhos de árvore. Eu fico emocionada e brava comigo mesma, pois ele me deve uma explicação e não merece a minha admiração.

–– Na primeira vez que veio aqui, ainda não estava pronta –– ele diz, a colocando na minha cabeça. Fico com uma das mãos sobre ela, encantada demais até para agradecer. Ele chega perto de mim e pergunta bem baixinho no meu ouvido: –– Quem vai ser o seu príncipe, minha princesa? –– Mas não é óbvio? Ele só pode estar brincando com a minha cara por fazer uma pergunta idiota dessas. Ao perceber que ele queria uma resposta e precisava ser agora, eu o beijei. Ultimamente, tenho o beijado depois ou antes de praticamente qualquer coisa. E não é só pelo simples fato que nos declaramos um para o outro, mas sim porque essa criatura precisa saber como ele é perfeito e que tem uma garota meio sonsa que o ama demais bem em sua frente.

–– Pode ser o meu príncipe se me explicar que mensagem estúpida é aquela que você recebeu hoje –– digo, também em seu ouvido e ele não perde tempo em pegar o celular. Assim que termina de ler, olha para mim desesperado. E bingo, eu estava certa mais uma vez!

–– Não é nada disso do que está pensando! –– Por que sempre a mesma desculpa? Esses garotos estão muito mal atualizados. Deveriam arrumar uma melhor, essa já está muito velha e não dá para acreditar mais nela. E é exatamente isso o que eu faço.

–– Ah, não? –– digo, cruzando os braços, mas me recuso a tirar a minha coroa tão perfeita, simplesmente jogar ela no chão e sair correndo; não sou tão má a esse ponto. –– Só me responde uma coisa: é uma garota?

E ele fica calado, para aumentar a minha raiva. Tenho que me controlar para não o pegar pela camiseta e o balançar até que fale que tem e quem é. Se estiver ao meu alcance, vou dar um jeito de fazer uma visitinha para a tal garota assim que possível.

–– É –– ele responde depois de séculos e não sei se agora estou chorando de tristeza ou ainda de raiva.

Ele recomeça a falar que não é o que estou pensando e tenta explicar, mas já comecei a andar de um lado, com as mãos na cabeça, desfazendo qualquer penteado bonitinho que tinha ali e estou chorando de olhos fechados. A minha maquiagem está indo embora, aquela maquiagem que fiz para ele mais cedo. Ele vem para o meu lado e tenta me acalmar, mas isso não adianta e parece que eu piorei um pouquinho, porque aperto os olhos ainda mais e solto um grito cheio de ódio. Naruto vem novamente para o meu lado, e agora estou no chão. A cena deve estar muito dramática, quer dizer, eu já sou muito dramática.

–– Quem? –– pergunto, a minha voz quase irreconhecível.

–– Eu disse que é uma garota –– ele diz, e o olho em meio as lágrimas.

–– Eu já sei disso. Mas eu quero saber quem é –– peço, quase imploro e ele parece se dar por vencido. Olha de um lado para o outro, e sem saída, me responde:

–– Shion.

Shion. Eu sabia que um dia ou outro, ela e talvez até Karin iriam o procurar, mas só não pensei que fosse tão cedo assim e justo no momento mais feliz da minha vida depois de tudo o que já me aconteceu. Continuei olhando para ele, indignada demais com o que tinha acabado de ouvir. É por uma garota como ela, que maltratava outras, que ele me troca? E eu não duvido que estejam se falando bem antes de ficarmos juntos. Eu não sei o que falar nem fazer, e também não sei por que fiquei nervosa a esse ponto e triste do nada como agora. Assim que é ser bipolar? Pois então eu só digo uma coisa quanto isso: é mesmo um horror. E a melhor coisa que posso fazer nesse instante, é ficar calada.

–– Eu e ela nunca tivemos nada, Sakura!–– ele dizia sem parar e achei que era justo o olhar enquanto o fazia. –– Ela me procurou depois do dia do aniversário do pai de Hinata, pedindo ajuda. E em momento nenhum disse que gostava de mim ou algo assim. Eu falava com ela apenas por mensagens, porque ela achava que se eu fosse vê-la, iria pegar mal para mim. Shion sempre desabafava comigo e eu tentava a consolar do melhor jeito que sei, e na maioria das vezes, não funcionava. –– Ele se sentou mais perto de mim, mesmo que estivesse muito envergonhado. –– Você a entende, não é? Ela só queria esquecer, Sakura.

Viro o rosto para o lado, totalmente com vergonha de mim mesma. Eu não sei exatamente o que está dando em mim por o julgar e fazer o maior piti desse jeito sem antes ouvir o que ele tem a dizer, mas já era. Naruto também está sem graça, porém mesmo assim se senta no chão e me coloca no meio, fazendo eu encostar a cabeça em seu peito. Se ele fosse menos bonzinho com todo mundo, eu confiaria mais nele. Ainda estou indecisa se coloco Shion como uma traidora ou não, mas não quero pensar nela por –– e que ela nem esteja pensando em tentar roubá-lo de mim ou vai ter guerra. Ele tem sim o direito de conversar com outras garotas, só que pelo jeito vai ser difícil para mim, pois até mesmo quando ele está perto de Lavínia agora parece que ela vai sair correndo com ele e nunca mais aparecer. E não é ciúmes e nada disso, é apenas preocupação com o que é meu.

–– Você já pensou em tudo que podemos ter juntos? –– ele começa, e passo as mãos pelo meu rosto de um jeito impaciente. Estou começando a me cansar de chorar. E eu não respondo nada. –– Olha só quantas coisas: podemos ter um castelo grandão...

–– E verde –– o interrompo, citando a minha agora cor favorita desde que me mudei para a nova casa.

–– Um castelo grandão e verde –– ele corrige. ––, um monte de cavalos e príncipes e princesas. –– E para terminar, sorri. Estou balançando a cabeça negativamente e sorrindo de lado, muito embora ainda tenha lágrimas escorrendo. –– Podemos ter qualquer coisa, desde que estejamos juntos.

Balanço a cabeça de novo e me ajeito, ficando de frente com ele dessa vez. Não gosto quando estamos longe, porque assim, de pertinho, consigo ver exatamente como ele é. E eu já devo ter dito isso mais de um milhão de vezes, mas ele é perfeito demais.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Echo." morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.