Cigarette Smoke escrita por Mary


Capítulo 12
Merda das Grandes


Notas iniciais do capítulo

Capítulo novo!


Triste porque não ganhei comentários....



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Ele está me encarando. Eu sei mesmo de olhos fechados. Mas ainda não estou pronta pra sofrer as consequências.

– Desde que você era pequena eu sei dizer se você está fingindo ou não.

Talvez se eu me virar para o outro lado... E respirar mais devagar... Quem sabe...

– Vamos lá Sarah. Sei que está acordada.

– Se eu abrir os olhos vou ter que te encarar pai e eu ainda não estou pronta.

Quando ele abriu a porta do meu quarto no hospital foi apenas para me abraçar desesperado e apertar, movimentar e inspecionar todos os meus ossos, olhos e garganta.

– Vai logo Sarah.

Abro os olhos bem devagar e me sento em câmera lenta. Hans está sentado na poltrona cinza que ele subiu da sala. Ele está aqui comigo desde que voltei do hospital ontem à tarde.

– Pronto...

– Não acredito que você ainda mantém a cama desse jeito... Tudo mudou em seu quarto, mas a cama continua do mesmo...

– Eu sei.

A verdade é que esse é o antigo quarto dos meus pais... Antes de minha mãe morrer e meu pai virar um cigano maluco.

– Senti sua falta filha. Foi difícil ficar sem você por perto.

– Pensasse nisso antes de me prender aqui e sair pelo mundo.

Droga. Tudo o que eu não quero é mais um drama na minha vida! Levanto da cama e me sento no braço da poltrona.

–Desculpa pai... Eu não devia...

– Você tem razão Sarah, mas eu tinha que fazer alguma coisa porque se não os pais dela...

Ele não precisa completar a frase. Eu tenho uma boa ideia do que teria acontecido caso Hans não interviesse.

– É por isso que estou aqui Sarah... Parece que toda vez que eu deixo sozinha por um tempo é só pra te encontrar metida em encrenca... Vou levar você comigo dessa vez.

Fico tão comovida que mal sinto o medo que começa a se alastrar pela minha corrente sanguínea.

– C-como assim?

– Você vem comigo para Nova York Sarah.

Me levanto e fico de frente para ele. Estou com raiva por não estar vestida adequadamente para um combate contra meu pai (preferia estar de jeans e camiseta ao invés de shorts e moletom).

– Não... Quer dizer, porque agora? O ano está acabando... Agatha precisa de mim por aqui.

Jeremy precisa de mim... E acho que estou começando a precisar dele também.

– Sarah, filha, como posso te deixar aqui se a única coisa que eu imploro de verdade para que não faça você simplesmente ignora e continua?

– Do que está falando?

– Cigarros... Você prometeu que ia parar.

Droga novamente! Essa me pegou de guarda baixa. Eu sei o que prometi, mas é tão difícil parar quando não se tem um motivo maior do que a morte para me entorpecer. Me jogo na cama, meu corpo todo encurvado pela culpa.

– Desculpa pai...

Hans solta um longo suspiro, como se estivesse segurando há muito tempo. Levanta-se e se senta ao meu lado, os braços para trás dando apoio ao corpo.

– Sarah, por acaso um dos motivos para você não querer ir não é o menino dos Evans, é?

– O que? Não. Não! Como assim? De onde você tirou uma coisa dessas pai?

Não era minha intenção entrar em pânico, nem fazer minha voz subir duzentas oitavas e pior ainda me entregar desse jeito, mas sou péssima em mentir para o meu pai. E agora ele está rindo e não tenho ideia de quem está mais vermelho: eu ou ele.

– Certo, podemos ficar aqui por mais algumas semanas, posso fazer minha reuniões por skype...

– Não vai dar não.

– Por quê?

– Você cortou minha internet, lembra?

– Então eu faço por telefone.

– Você cortou também.

Hans me olha incrédulo e sorrio de lado para ele, me desculpando por seus erros.

– Como você sobreviveu?

– Nem tenho ideia. Mas a gente tem que viver com o que tem né.

– Está certo filha e o que você tem?

– Na real? Nada... Já até li todos os livros que você me mandou da última vez. E vi todos os filmes também. Resumindo: restou apenas meu espírito para assombrar a casa, porque morri de tédio um tempinho atrás.

Meu pai para de rir certo tempo depois e me encara, de repente me abraça tão apertado que minhas costas estalam, mas ele parece nem se importar com isso.

– Você está livre por agora Sarah, mas te imploro: não apronte mais nada. Talvez eu não seja capaz de te salvar dessa vez.

– Não vou pai...

Abraço ele também e depois de alguns segundos ele se levanta e sai do quarto dizendo que vai me deixar tomar um banho por que estou exalando cheiro de doença.

Olho para minha parede espelhada e vejo uma garota descabelada me encarando, e como sempre, mesmo toda bagunçada e doente, ela ainda sabe que é bonita. Não do jeito convencional, mas ainda bonita.

Vou para o banheiro e deixo a água me lavar por longos minutos, que mesmo depois que eu desligo o chuveiro, parece pouco. Eu deveria estar na escola... Deveria estar trabalhando... Mas, o que eu faço agora? Estou livre, mas ainda tenho responsabilidades. Seguro a toalha bem firme em volta do corpo tentando decidir se me arrumo para trabalhar ou se volto a dormir.

Decido colocar uma roupa normal e dar uma passada na escola ver se Agatha precisa de algo. Penteio o cabelo e desço para a sala. Quando vou abrir a porta para sair sinto um cheiro ótimo que faz algo maligno acordar dentro de mim. Ando robotizada até a cozinha onde encontro um prato forrado de panquecas com calda. Antes que eu possa expressar qualquer coisa já comi metade.

Sento na banqueta e só então noto o papel debaixo do prato. Desdobro e encontro um recado de Hans: “Fui até a cidade atrás de alguém que instale uma linha telefônica e internet, volto mais tarde... E tenta não engasgar. Beijos, HH.”

Chego à última panqueca e começo a ficar triste... Acho que ainda estou com fome, mas não tenho certeza...

– Toc toc!

Me viro no banco e encaro a porta. Os cachos chegam antes dele e sorrio ao ver seus olhos brilhantes. Jeremy entra na cozinha segurando um prato coberto com papel alumínio.

– Oi.

– Oi, te trouxe uma coisa.

Ele coloca o prato no lugar do outro vazio e tira o papel. Minha boca saliva e quase despenco de cabeça na pilha de panquecas. Mas meu senso de educação volta no último segundo, então desço e encontro um garfo na gaveta. Dou a ele e começamos a comer juntos.

– Porque não está na escola?

– Minha mãe me deixou ficar aqui com você.

Mastiga, engole, corta, mastiga... O que eu falo agora? Hum... E se eu não disser nada e apenas avançar e beijá-lo? Certo... Melhor não... Engole.

– Sarah? Ei, estou falando com você!

– Heim?

Minha cabeça gira rápido quando percebo que ele está com o rosto a centímetros do meu. Meus olhos (malditos) desviam de seus olhos para sua boca e de volta a seus olhos.

– Senti falta dos seus olhos.

– Que coisa mais gay de se dizer.

– Eu sei.

Ele então passa uma mão pelo meu pescoço e encosta nossas testas... Quero dizer a ele que me beije logo, mas outro lado meu, que eu nem sabia que existia, berra para que ele prolongue o máximo possível.

– Sabe...

– O que?

– Sei lá... Esqueci.

Jeremy ri e quando penso que desistiu do nada ele me beija. Me esqueço de tudo: do meu pai, do meu castigo e das minhas panquecas. A única coisa que não consigo esquecer é que sei que isso vai dar merda... E uma merda das grandes.


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Notas finais do capítulo

Preciso de cometários para viver! Sou movida à eles... E vou parar de implorar.
Boa leitura o/



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