Cigarette Smoke escrita por Mary


Capítulo 11
Convenção


Notas iniciais do capítulo

Imagina minha cara quando eu entrei hoje no Nyah, como quem não quer nada, e encontrei adivinha o que? Isso mesmo, uma recomendação!!! Quase dividi minha cabeça ao meio de tanto sorrir!

Obrigada buchuds (?) /u/298328/... Sinta-se abraçada!



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Não acredito em onde estou. Não devia estar aqui e pior, não devia estar tão confortável.

Mas não existe meio de ficar desconfortável perto dele. Mexo os dedos dos pés apenas para descobrir que cochilei de botas e que estou enrolada no cobertor até o pescoço... Só espero não estar com os sapatos sujos. Sinto uma pontada repentina no peito, mas relevo.

O cheiro de Jeremy impregna meu nariz e estou torcendo pra ele não ser do tipo que precisa ser acordado pela mãe todas as manhãs, porque se não ferrou. Isso me lembra de olhar o relógio no celular dele: três horas da manhã... Preciso ir pra casa, mas não sei como vou fazer isso. Ele se mexe ao meu lado, meio dormindo meio acordado.

– Ei, pode dormir, mais tarde dou um jeito de te tirar daqui.

– Não Jemy...

Ele se ergue escorado no cotovelo e me encara de um jeito engraçado. Outra pontada, dessa vez na cabeça. Pisco e tento me orientar.

– Que foi?

– Você me chamou de “Jemy”

– Não posso?

– Só meu pai me chama assim. Ele diz que é mais fácil do que falar “Jeremy”.

Dá um sorriso de lado e volta a se deitar. Ele tirou a camiseta para dormir e colocou uma calça de moletom azul. Não sei explicar o quanto ele está lindo todo desgrenhado e sonolento. De repente ele se vira e se enfia dentro do meu cobertor.

– Ei! Eu pedi um só pra mim por um bom motivo!

– De que adianta você dormir na minha cama se eu não posso encostar em você?

– A ideia é justamente essa.

Nem minha jaqueta eu tirei para não correr o risco de sucumbir ao pecado e agora aqui está ele, todo grudado em mim, as mãos na minha barriga por baixo da regata.

– Tira as mãos daí!

– Você está quentinha...

– Tira. A. Mão. Daí. Se não vou chamar sua mãe e dizer pra ela que você me drogou!

– Você é a fumante, lembra?

Droga. Sempre soube que ser viciada em alguma coisa ia me levar pro buraco!

– Sarah... É sério, você está muito quente. Está sentindo alguma coisa?

Como vou dizer a ele que estou sentindo sim, estou sentindo uma vontade louca de beijá-lo. E uma tremenda dor no corpo...

– Estou ótima Jeremy.

– Tem certeza?

– Uhum.

Aproveito que ele já está enfiado no meu cobertor e me enrosco nele.

– Não quer tirar a jaqueta?

– Humm...

– Ei Sarah, vamos lá, tira as botas também.

– Jeremy... Se eu tirar qualquer um dos dois nunca mais vou conseguir levantar daqui.

Ele suspira e se levanta. Tento dizer a ele para ficar paradinho, mas estou com tanto sono... Sinto-o puxar meu corpo para cima, me segurando como um bebê.

– Xiu... Vou levar você para sua casa.

O balançar de seus passos me faz ninar em dois segundos.

POV. Jeremy

Imaginava que seria um pouco mais difícil carregar uma garota para fora de casa. Atravesso o portão e entro na casa dela. Subo um lance de escadas gigantesco e a coloco deitada em sua cama incrivelmente branca.

Posso ver só pela pele avermelhada que ela está ficando muito doente. Tiro suas botas e um sorriso babaca toma conta do meu rosto quando vejo que tem um furinho em sua meia, por onde o dedinho escapa. Puxo a jaqueta e ela se encolhe, vejo seus braços se arrepiarem.

Ela não é nenhum exemplo de beleza americana enquanto dorme e nem é a garota mais linda que já conheci na vida, mas não deixa de ser bonita mesmo de boca aberta e babando.

Quando a encontrei, uma semana atrás, deitada nas folhas, foi a visão mais irresistível que já tive em toda a minha vida. Nunca fiz questão de esconder meu fetiche por mitologia e quando a vi quase perdi o controle que aprendi a ter nos últimos anos. Mas então ela falou e eu, quase, perdi o encanto.

Não pensei que ia me interessar tanto por Sarah, ainda mais por ela ter esse jeito irritante de rainha escolar... Então percebi o quanto ela levava isso a sério e a história que ela me contou me faz pensar agora que talvez não tenha sido legal brincar desse jeito.

Quer dizer, não que eu não goste dela, mas a perspectiva de me apaixonar de novo me deixa enjoado. Não quero passar por isso de novo e mais importante: não quero passar por isso com uma garota tão instável quanto ela.

Eu realmente não me sinto confortável com tudo isso e quando ela acendeu aquele cigarro foi como um clarão dentro de uma caverna. Sarah não mentiu pra mim em nenhum momento sobre quem ela é... Diferente de Amélia: que além de mentir, me manipulou até meu último fio de cabelo.

Isso de ela cuidar de mim é estranho... Fez algumas questões se intensificarem: meus pais confiam nela, então eu também posso confiar? O mais importante é: porque ela aceitou cuidar de mim? O que ela vai ganhar com isso?

Não saber a resposta pra essas duas perguntas fundamentais foi o que me levou a beijá-la. O mais importante agora é descobrir essas duas coisas... O principal fator é que uma se conecta a outra: se eu descobrir que ela se aproximar de mim é total interesse em algo em particular, consequentemente não posso confiar nela.

Claro, essa pequena investigação não significa que eu não possa aproveitar um pouco da situação. Me sento na cama ao seu lado e coloco a mão em seu rosto. A única coisa que eu não esperava era esse sentimento que me invade.

– Sarah? Sarah acorda!

Puxo seu braço para que ela se vire para mim e seu corpo está mole. Aproximo meu rosto do seu e quase não sinto sua respiração, sua temperatura agora está mais alta do que antes. O mesmo sentimento transborda de mim novamente e consigo identificá-lo: medo. Um desespero enorme.

Desço as escadas muito rápido e tropeço no último degrau, caio de joelho e num impulso me levanto e volto a correr. Entro na minha casa e subo até o quarto dos meus pais. Batendo na porta chamo minha mãe e nem espero ela me dizer para entrar.

– Que foi filho? O que aconteceu?

“Você sabe que horas são?”

“Desculpa pai.” – Mãe, tem algo errado com a Sarah.

PVO – Sarah Harue

Sinto algo pinicar meu braço e quando tento puxá-lo, algo me impede: uma mão. Abro os olhos e uma claridade horrível me cega. Volto a fechar.

– Sarah?

Jeremy... Droga, onde é que estou? Tento abrir os olhos novamente e dessa vez consigo mantê-los entrecerrados o suficiente para ver os cachos de Jeremy.

–Ei.

– Caramba, nunca mais faça isso, está entendendo Sarah? Nunca mais.

– Mas o quê?

Tento formular uma frase de efeito, mas estou com muita sede e minha língua parece uma almofada dentro da minha boca.

– Você, sua idiota! Como alguém pode ser tão estúpido?

– Jeremy, não fale assim com ela.

Olho ao redor e encontro Agatha sentada no canto. O que raios aconteceu? Porque estão aqui comigo? E porque ninguém me dá água para que eu possa fazer essas perguntas em voz alta?

– Me diz Sarah! Porque alguém que fica doente desse jeito passa tanto tempo sem ir ao médico? Me explica!

– Eu... Argh... Preciso de água.

– O que?

– Água.

Forçar a voz desse jeito faz minha garganta latejar. Olho desesperada para Jeremy esperando ele fazer o pavor de me dar um pouco de água, mas ele não se mexe e continua me encarando como se eu fosse louca. Então Agatha se levanta, enche o copo e me ajuda a beber. A sensação é tão boa que nem sei explicar.

– Pronto Sarah. Como está se sentindo agora?

– Bem melhor Agatha. Obrigada.

Ela dá um olhar maléfico para Jeremy, como que brigando mentalmente com ele. Olho de um para o outro tentando me situar, mas ainda estou desorientada.

– Vou dar uma volta... Seu pai Sarah, está vindo.

– Meu pai o que? Vindo? Aqui?

– Ele ficou preocupado e, você sabe, ele não vai sossegar enquanto não te ver.

Que ótimo! A coisa deve está feia pra ele resolver vir me ver... Agatha acena e sai da sala, olho para Jeremy e sinto vontade de gritar para que ela volte. O olhar que ele me lança me faz gelar.

– Vai me explicar agora?

– O que você quer que eu diga sendo que eu nem sei o que aconteceu?

– Você praticamente morreu por dez segundos por que tem um problema muito sério de pneumonia! Causada adivinha pelo o que? Vamos, adivinhe!

– Não grita comigo... Por favor... Eu não sei Jeremy, pelo o que?

– Ah, não sabe?

– Não.

– Uma gripe muito forte que não foi tratada corretamente e muitos, mais muitos cigarros!

Ele está com um olhar assustador e não sei o que me dá mais medo: Jeremy ou essa doença que ele diz que eu tenho.

– O médico te encheu de remédios Sarah... E faz tempo que você nem abre os olhos... Eu...

Jeremy coloca a cabeça no meu pescoço e um arrepio desce pela minha espinha. Que droga, por que me sinto tão bem com ele aqui? Porque não posso achá-lo chato, mesquinho ou imaturo?

– Jeremy, eu...

De repente a porta se abre e um homem alto e de cabelo grisalho entra no quarto de supetão, o rosto corado como se tivesse acabado de correr uma maratona. Jeremy ergue a cabeça assustado pela súbita mudança.

– Sarah?!

Ai que legal isso. Perfeito, o quarto virou uma convenção de “Vamos matar a Sarah do coração”

– Oi pai.


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Notas finais do capítulo

Como eu prometi:
Jeremy - Simon Nessman
Sarah - Não tenho ideia do nome dela, apenas achei perfeita.
Obs: é apenas a minha ideia, se vocês acharem outras pessoas que se encaixem melhor me avisem! (Uma leitora gosta do Jamie Campbell como Jeremy)

Comentem, né? Beijos o/



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