Seeking Shelter escrita por MrsHepburn, loliveira


Capítulo 33
O Que Fazer Quando Ama Alguém


Notas iniciais do capítulo

OIEEEEEEEEEEEEE
demorei um pouco mas aqui eu estou fskdjfhsdkfjh e tenho que avisar que o capítulo tá SUPER romantico e meloso e me desculpa fskdjfhskdjfh mas eu precisava escrever isso eu prometo que isso vai dar uma maneirada depois ta bom enquanto isso aproveitem



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Carter,
Você tem quatorze, Connor, dezesseis e Charlie, dois. Eu não queria estar escrevendo isso, mas acho que é necessário. Eu e o seu pai fizemos o seguro de vida de vocês hoje, e isso me fez pensar sobre... morte. É natural que nós morramos antes de vocês, e eu espero já não estar nesse mundo caso algum dos três parta cedo demais, mas não sabemos o que a vida nos reserva e é minha obrigação de mãe estar preparada para todos os cenários possíveis, e estou escrevendo isso para o caso de alguma tragédia acontecer com a minha vida, com a do seu pai ou de ambos. Caso aconteça, espero que isso ajude. Eu te amo, Catherine, e se estiver lendo isso, espero que esteja bem. Espero que você não esteja perdida, ou sem fé, ou triste e brava. Brava conosco, consigo mesma ou,principalmente, com a vida. Se está lendo isso, quer dizer que morri mesmo. Não posso imaginar como, nem porquê, mas... está tudo bem. Acredito que morrer não é algo frio e sombrio, então depois de morrer, eu vou estar bem conformada, portanto não se preocupe comigo, nem se prenda ao passado: você não vai para a frente. Querida, eu sou sua mãe, me escute. Por favor, não me esqueça. Eu espero que não. Quando meu pai morreu, mesmo que eu já fosse adulta, eu passei tanto tempo tentando fugir da dor que acabei me esquecendo dele, e tem coisas perdidas no tempo agora. Você sabe, eu sempre falei dele para você, e caso algo aconteça, eu quero que você pense em mim, fale sobre mim e guarde as nossas memórias com você, porque quando você crescer e ter filhos (se você já não os tiver) sua performance como mãe terá como base o exemplo que você teve, e eu espero que o exemplo seja eu, então não esqueça. De nada.

Agora, um assunto um pouco mais atual.

PARE DE BRIGAR COM SEUS IRMÃOS.

Se eu morrer, eu quero a família unida. Família é a coisa mais importante do mundo, Carter. Eu quero vocês juntos, e para isso cada um vai ter que crescer um pouquinho, aprender a viver uns com os outros.

Para falar a verdade, não consigo imaginar isso. Nada do que eu estou escrevendo, porque não consigo me imaginar morta. Ainda. Sei que minha hora vai chegar, e vou ter que me despedir de vocês, mas no momento, olhando para você dormindo no sofá e os seus irmãos brincando no quarto, estou presa no presente e não consigo pensar no futuro, pelo menos não o futuro próximo. Tudo que eu consigo pensar no momento, que seja verdadeiramente relevante é que eu preciso que você saiba que eu te amo, e você é a filha mais incrível que alguém teve a sorte de ter. E eu tive a sorte de ser essa pessoa. Eu sou sortuda, filha, e você também, por ter uma vida, uma família, talvez um namorado ou apenas você mesma. Mas você é. Mesmo se eu não estiver por perto.

Seu pai queria escrever uma carta, mas ele começaria a chorar na primeira frase, então ele deixou o trabalho para mim. Caso algo aconteça com ele, leve em consideração tudo que eu escrevi também. Provavelmente, se eu estiver presente, vou repetir esses palavras e não vou ter forças o suficiente para mostrar essa carta. O que me lembra outra coisa, muito importante: seja forte. Eu conheço a sua natureza. Você chora bastante, sim, mas é admiravelmente preparada e forte. Use isso. Seja a luz dos seus irmãos. Do seu pai e vise-versa.

Novamente, eu te amo. E não sei o que mais eu poderia falar. Mas eu te amei desde a primeira vez que eu ouvi sobre a sua existência, na minha barriga, até hoje, com o seu mau humor diário e o tal bafo suspeito de bebida (eu sou esperta, querida)

Ainda te amo, e vou amar para sempre, de onde eu estiver. Lembre-se disso mesmo se algum dia você quiser me esquecer para esquecer a dor.

Lembre-se da dor também, ela é muito importante.

Com amor, mamãe.

~

É engraçado que quando você tem momentos bons, você não quer ter momentos ruins. Você fica com medo e como se captassem isso, as coisas ruins voltam pra te assombrar.

O começo da semana é difícil. Não tão difícil na escola, ou com os testes ou com a competição chegando. Isso tudo é muito fácil de se lidar. A verdadeira batalha que eu ainda travo é quando eu chego em casa e é um total silêncio. Ensurdecedor. É quieto e ao mesmo tempo tão, tão alto que eu não consigo dormir. A escuridão ajuda a tornar isso assustador, mas sei que assim que o dia chegar, eu volto a ficar bem e é como se os meus medos nem existissem mais. Não contei isso pra ninguém, porque eu não quero que fiquem se preocupando comigo, mas Harvey e Fletcher (que vêm me alimentar todos os dias e me fazer companhia sempre que podem) e Max perceberam minhas olheiras e os olhares cansados e sei que estão preocupados, mas mantém distância, esperando que eu me voluntarie para contar o que está acontecendo.

Meu objetivo era não contar até que eu pudesse aprender a lidar com isso, mas Max me faz uma pergunta muito alarmante na terça feira a tarde, depois do clube de música. Ele me faz sentar em uma das poltronas do auditório e fala, com clareza e convicção, em pé na minha frente.

–Você está vindo com olheiras pra escolha, parecendo um zumbi, você não sai de casa depois da aula, está com as pupilas dilatadas e começou a roer a unha de novo. Das duas, uma: ou você está tomando remédios, ou começou a usar drogas de novo.

Eu não voltei a usar drogas. –Falo entredentes, desesperada por ao menos ele pensar nisso, mas vejo que ele tem razão. Os sinais podem indicar isso, e a julgar pelo cenho franzido dele, Max está se remoendo em preocupação.

Eu sempre tenho esse efeito nas pessoas? O desespero nos seus olhos se esvai, mas ele ainda me olha exasperado, procurando uma resposta, ou uma pergunta, uma pista, que ele possa encontrar, decifrar e entregar para mim caso eu ainda não tenha achado.

–Você está tomando remédio? -Faço que sim com a cabeça. -Pra quê, querida? -Ele senta na poltrona do meu lado. Fecho os olhos. Sei que o que eu vou falar a seguir vai mudar alguma coisa. Max vai se sentir responsável de alguma maneira e vai querer me ajudar e por mais que eu queira sua ajuda, sinto como se eu estivesse tirando todo o tempo dele.

–Eu não consigo dormir a noite. -Ouço seu corpo afundando na poltrona e me viro para vê-lo. Sua cabeça está virada para o teto, e ele está... perdido. -Com o remédio melhora. Eu durmo em dois segundos e está tudo bem. Não se preocupe comigo desse jeito, de dia está tudo bem. Na escola, com Harvey, com você eu estou bem.

–Mas?

–Mas é tudo tão quieto. É tão estranho e sufocante. Quando meu irmão dormia lá também era quieto, só que agora eu sei que eu estou sozinha. De alguma forma isso torna as coisas piores. -Ele faz um sim com um movimento de cabeça, sem se mexer, e depois vira a cabeça em minha direção. Encolho os ombros e tento dar meu melhor olhar solidário. -Eu estou bem. Não se preocupe comigo.

–Eu passo a minha vida toda me preocupando com você.

–Aí é que está o problema, Max. Eu não quero que você passe a vida toda se preocupando comigo. Não é justo com você.

Desde o casamento, Max e eu temos nos falado mais e mais abertamente, embora não acho que estejamos em um relacionamento concreto ainda. Eu sei que somos mais que amigos, porém nós estamos entrando nessa corrida na velocidade de uma tartaruga, e é bom, porque se pulássemos de cabeça, o impacto mataria nós dois. Tem muita coisa que nós precisamos conversar. Coisas que ainda não foram ditas. Mas sou esperta o suficiente para interpretar e descobrir algumas delas sem que ele precise dizer em voz alta. Sei que Max quer me proteger, sei que se sente responsável pela maioria das coisas que aconteceram comigo e sei que ele está pronto para lutar com quais sejam os meus demônios, mas ele não pode, porque eles são meus.

Uma parte de mim tem certeza que ele vai tentar de qualquer jeito, e isso me deixa meio feliz.

Justo quando ele está prestes a responder alguma coisa, Jill grita da porta do auditório.

–É HORA DE IR PRA CASA, POMBINHOS.

Nos levantamos, e vamos até ela sem dizer nada. Ela ergue uma sobrancelha quando vê minha expressão cansada e eu só levanto um dedo, indicando que não é para ela falar nada. Jill me abraça, depois Max dá um beijo na minha testa, apertando minhas bochechas.

–Se cuida.

–Não vou ter uma overdose de pílulas, eu prometo. -Faço minha melhor cara de inocente.

–É melhor mesmo. -Depois que eles vão até o carro, sigo em direção ao meu. Isso é outra coisa que me deixa nervosa e me impede de sair de casa, como Max mencionou.

Eu fico paranoica quando estou dirigindo. Penso em milhares de maneiras que o carro pode bater, cair, explodir, atropelar alguém e de repente parece que eu sou a candidata número um para morrer a qualquer hora.

Mas eu vou de qualquer jeito, porque não quero ir andando até em casa. Para ajudar, eu boto meu CD do Black Files e respiro fundo, parando em cada sinaleiro e respeitando até demais todas as regras de trânsito.

Só percebo que eu comecei a cantar quando eu paro. Espero para sentir aquela onda dolorosa de melancolia, mas eu só acho...

Bem, eu não acho nada.

Isso me deixa um pouco mais feliz. (Eu consegui! Cantar sem chorar ou sentir qualquer emoção poderosa demais para que eu não consiga controlar!) Com a minha realização, minha vontade é de ficar dirigindo por aí e cantar o CD todo, mas o medo ganha e eu acabo subindo para o apartamento.

Harvey fica comigo a tarde. Diz que Fletcher está trabalhando num projeto super secreto dele e que vai vir para o jantar.

–Tenho uma surpresa para você. -Ela diz.

–Sério? -Harvey joga minhas cartas do correio no meu colo e me olha, com expectativa. Três são de faturas/propaganda/etc, uma delas é do SAT e a última, da universidade local. Abro furiosamente a carta do SAT e quase caio da cadeira quando eu percebo que consegui a pontuação necessária.

–Eu consegui! Eu consegui! -Dou gritinhos e o sorriso dela fica maior.

–Abre a outra! -Rasgo a outra carta, e leio rapidamente.

–EU ENTREI! -Não sei o que exatamente eu vou estudar, mas saber que eu passei já me deixa feliz.

–PARABÉNS! -Me abraça.

–Ai meu Deus!

–Eu sabia que você ia conseguir! -Harvey aperta minha mão, forte e passamos o resto da tarde fazendo bolinhos e planos para a minha faculdade. Ela me conta sobre como é a vida universitária e me dá dicas sobre como sobreviver. Depois, quando estamos sentadas comendo nossos cupcakes, ela muda de assunto:

–Connor conversou comigo antes de ir. Ele disse que você precisa encontrar um emprego.

–Mas... -Ela revira os olhos.

Um emprego? Eu não tinha pensado nisso, até agora.

–Você vai precisar de sustentar, principalmente quando o verão acabar e a faculdade começar. O seguro de vida dos seus pais paga a escola, mas comida e roupas e contas são outra coisa. Sei que você não estava apta pra isso alguns anos atrás, mas precisa pensar nisso agora que está... se recuperando.

As suas palavras ficam na minha cabeça e eu me dou outro tapa mentalmente, porque minha cabeça ainda está no modo adolescente de dezesseis anos pra essas coisas. Decido que ela está certa (meu irmão está certo) e é hora de procurar um emprego. Quando Fletcher chega, vem acompanhado de... Max.

Eu já devia imaginar.

–Me mantenha informado sobre isso, cara. -Diz, antes de puxar Harvey para o seu lado e dar um beijo. Sinto que os dois não vão ficar para o jantar.

–Informado sobre o quê?

–A música dele.

–Enviamos algumas demos pra algumas gravadoras e estamos mantendo contato com algumas bandas e cantores locais. -Max explica.

–Sério? Algum feedback?

–Ainda não. Mandamos só ontem.

–Se vocês não se importam, eu e minha bela namorada vamos nos retirar.

–É uma parede fina! Não exagerem! -Faço piada. Max reprime o riso e Harvey fica chocada. Fletcher... morre de rir. Esse é o Fletcher: sempre feliz.

–Vamos nos comportar, mamãe.-Os dois saem e me viro para Max, com uma sobrancelha erguida, mas sem conseguir manter o sorriso fora do meu rosto. Ele também não, porque sabe que estou tentando ficar brava com ele e falhando nisso.

–O que você está fazendo aqui?

–Me preocupando com você. -Responde, como se fosse óbvio. Talvez seja. Max olha de relance para a porta, depois para mim.

Então para a porta e para mim de novo. Cedo e abro espaço para ele entrar no apartamento.

Ele entra, meio hesitante. Senta no sofá. Tão incerta quando ele, me sento do seu lado, puxo as pernas para perto e fico meio encolhida, sem saber o que fazer.

–Vamos esclarecer uma coisa. -Começo. -Culpa é uma merda. Eu não quero que você sinta isso e você não quer que eu sinta, também. Mas se você devotar sua vida a mim, ao que eu preciso para melhorar ou sei lá, eu vou me sentir culpada. -Ele vira com o corpo todo em minha direção.

–Eu já me sinto culpado. Isso é minha tentativa de mudar isso.

–Mas você tem uma vida.

–Isso não quer dizer que eu não estou vivendo.

–Espero que você esteja falando a verdade. -Encosto a testa no seu ombro, desistindo de brigar contra a vontade dele. -Eu só não quero que você se arrependa depois.

–Não vou. Prometo. -Ele brinca com os meus dedos enquanto o céu lá fora começa a ficar escuro. Em silêncio, fazemos a brincadeira das mãos, em que eu fujo da mão dele enquanto ele tenta pegar a minha. Solto uma risadinha quando ele desiste.

–Por que você veio? De verdade? Estou feliz por você estar aqui, só...

–Me deu vontade de dormir aqui no sofá hoje. -Olho para ele, desconfiada.

–Interessante.

–Eu sei. -Ele diz, com o tom de voz animado. -Não é o sofá mais confortável do planeta?

–Cala boca.

–Estou falando sério!

–Engraçadinho. -Ele levanta do sofá, fingindo que está ofendido. Vai até o meu quarto e sai de lá com travesseiros e cobertas. Depois senta de volta e me olha, com as sobrancelhas erguidas, inocente.

–Você não quer me deixar sozinha. -Concluo. Seu rosto fica mais sóbrio, sério.

–Quero te contar uma história. -Ele me estende um travesseiro e uma coberta e eu fico em um canto do sofá, e ele fica de frente para mim, ambos deitados em direções contrárias. -Não é uma história de verdade. É mais... um relato. -Engulo seco e assinto. Ele parece tenso, de repente. -Foi no dia treze de outubro, dois anos atrás, que isso aconteceu.

Ah, Deus. O acidente.

–É engraçado, sabe? Você não acha que aquilo pode acontecer com você até acontecer. Acha que as coisas ruins não podem te atingir, porque você está tão feliz... enfim. Aquele dia foi um completo choque. Primeiro, eu terminei com você.

Oh. Direto ao ponto.

–Agora eu sei que foi um ato idiota e que eu devia ter perguntado sobre o que eu vi naquela festa antes, mas eu estava com raiva. Eu não penso direito quando eu estou com raiva. Pra piorar, eu estava com o coração partido. -Desvio o olhar, incapaz de olhar para ele. -Então eu terminei com você. E estava puto da vida. Com você, por ter feito aquilo e comigo por não querer terminar com você, já que eu estava apaixonado. Mas eu fiz, porque era o que eu achava certo. Eu não vi você voltando pra casa, eu fui direto para a minha, com medo de que se eu olhasse para trás, eu mudaria de ideia. Assim que eu cheguei, chamei a banda para um ensaio, porque isso ia me fazer... arejar a mente um pouco.

–Sei como é. -Sussurro, levantando o olhar e ele assente, concentrado.

–Estávamos na garagem e eu gritava mais do que cantava, eu só queria... chorar. Nesse momento, minha mãe veio correndo até nós. Ela estava pálida, com lágrimas nos olhos e disse "você tem que ver isso", então nós quatro fomos correndo pra sala. E boom, lá estava a reportagem. Tinha uma jornalista daqui a alguns metros do carro todo amassado e eu senti uma onda de frio e pânico correr em mim. Então ela falou que acharam três corpos mortos e eu tinha certeza de que você era um deles. Mas não era só isso. Eu pensava nos seus pais e eu sabia que eles estavam mortos também. Pela tevê, eu observei uma maca levar um corpo, então eu vi você. Na maca, sendo levada para a ambulância. Os outros... eles estavam naquelas sacolas pretas.

Não chore.

–Eu comecei a chorar na hora e liguei para Connor. Eu não sabia se ele estava lá. Não sabia que era o Charlie no carro. Ele atendeu e eu contei o que estava acontecendo e ele ligou a tevê. Aparentemente, ele estava em casa. Ele desligou na minha cara, provavelmente correndo pro hospital, eu não sei. Algumas horas depois, ele me ligou de novo. Ele estava chorando histericamente, mas conseguiu me dizer que você estava viva. Eu só conseguia pensar graças a Deus, graças a Deus, graças a Deus... mas eu percebi que o pesadelo ainda não tinha acabado, porque a sua família estava... morta. E eu tinha certeza de que aquilo ia seriamente foder com a sua cabeça. Connor não me ligou mais e não atendeu as minhas ligações, mas a minha mãe conseguia informações com a amiga que é enfermeira de que você estava bem. Connor me contou alguns meses atrás sobre o que aconteceu naqueles quatro dias no hospital, todos os detalhes, mas minha mãe só falava que você estava bem naquela época, e eu comecei a acreditar. Eu queria ir lá e abraçar você e dizer que ia ficar tudo bem, mas não podia, porque tínhamos terminado e minha mãe sempre dizia que você estava bem, então achei que minha presença só ia piorar. Faltei a escola aquela semana toda. Foi um pesadelo. Minha última esperança era de ver você no funeral. Então eu ia conseguir falar tudo aquilo que eu queria dizer, te abraçar e ficar daquele jeito até você melhorar.

–Mas eu não fui. -Minha voz fraqueja.

–Não. Depois do funeral, Ashley me encontrou e disse que vocês estavam indo embora. Porque você escolheu ir. Foi um inferno. Por dois anos, eu fiquei paranoico. Eu queria que você voltasse, mas eu tinha medo de você me odiar por ter feito aquilo com você e medo do que isso poderia causar comigo. E quando você voltou... não era o que eu estava esperando. Eu esperava ódio, demonstrações de ódio, você sempre demonstrou suas emoções externamente muito bem. Mas você só estava... triste. Tão triste. Eu podia ver em cada movimento seu. Você mal conseguiu olhar pra mim. A garota que eu amava estava parada ali, envolvida em tristeza e eu não parava de pensar que eu tinha que fazer alguma coisa. Isso sou eu, Carter. E isso é amor para mim. É isso que eu faço. Se eu te amo, eu vou carregar a dor com você, eu vou sentir com você, chorar, rir e te proteger de perigos maiores da maneira que eu puder. Se eu te amo, eu faria qualquer coisa pra te fazer feliz. E eu te amo, então essa é a única coisa que eu sei fazer.

–Você consegue amar a antiga Carter e a nova?

–Só tem uma Carter com vários humores diferentes. -Ele sorri um pouquinho. -Lembra do que você disse? Que me amava como uma pessoa? Isso também se aplica a você. O que você passou, as coisas que você presenciou e viu... eu não consigo imaginar. E você está aqui, ajudando minha irmã, ajudando todo mundo e eu só consigo pensar: quem vai ajudar ela? Eu vou te ajudar. A última coisa que você pode estar agora é sozinha. Você nunca está sozinha, querida. Eu vou sempre estar aqui, porque você merece. Você merece ser amada e cuidada e ter gente se preocupando com você, e eu fico feliz ao fazer isso. Porque é a única coisa que eu posso fazer por você.

Obrigada.–Falo, me aproximando dele. Envolvo seu corpo com meus braços e aperto-o contra mim.

–Fim da história. -Sorrio, sem saber se é seguro falar sem chorar. Ele me bota do seu lado e me segura, enquanto arruma o cobertor. Quando termina, percebe que eu estou olhando para ele e junta os lábios nos meus. Nos beijamos por um longo tempo. -Então, o que você quer assistir?

–Eu queria assistir o DVD do casamento dos meus pais, mas eu vou chorar horrores.

–Videos da Carter bebê, então. Estou morrendo de vontade de ver você de fralda correndo atrás do Connor. -Solto uma risada.

–Só me garanta que não vai ter pesadelos depois.

–Eu prometo. -Ele diz, solene. Sorrio e boto os DVDs pra rodar, mas eu não passo muito tempo assistindo. Tenho certeza que durmo bem rápido, do lado de Max, escutando a voz dos meus pais falando comigo através do DVD.


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Notas finais do capítulo

o que acharam? a carta do começo do cap vai ser mais aprofundada depois mas nada muito zzzzzzzzzzz prometo só precisava botar ela na fic nesse momento bye