Tomando muito cuidado para não serem vistas, as três caminharam em direção aos dormitórios masculinos. Enquanto andavam, eram encaradas pelos olhares curiosos dos meninos, que mesmo estranhando a presença delas, não disseram nada. Emma parou um moreno alto e musculoso, bem vestido com jaqueta de couro preta, e boné de aba reta. Ela disse:

– Oi. Sabe onde posso encontrar o Fellipe?

– Sei sim. – disse o rapaz – Mas ele está ocupado em uma festinha no momento.

– Alguém falou em festinha? – disse Charlote, e Emma a interrompeu:

– Que festinha? – disse Emma, arregalando o olhar.

– No quarto do capitão do time. Por isso não estranho a presença de vocês aqui. Várias meninas já passaram pra lá. Eu tenho um encontrozinho lá fora. Tenho que ir. - E o garoto se retirou da vista das meninas.

– Bem, acho que realmente estamos precisando nos divertir um pouco. – disse Rebecca – Uma festa clandestina até que cai bem.

– Vamos! – disse Charlote puxando as duas pelo braço.

Não demorou muito até ouvirem o som, que praticamente fazia vibrar a porta do quarto de Marcus. Elas entraram. O quarto era meio grande, e havia várias luzes coloridas. Garrafas de bebida alcoólica espalhadas. Casais conversavam em cima das camas, e cerca de quarenta e cinco pessoas dançavam. Era meio que uma pequena multidão de estudantes, quebrando regras. Charlote logo foi pegar bebida e deu para Rebecca. Emma fez sinal, dizendo que não queria. Rebecca e Charlote ficaram perto da porta. Emma foi andando entre as pessoas, e achou Fellipe. Mal ela o viu, e ele já foi puxando ela para si. Ela gritou no ouvido dele:

– Fell, eu vim devolver o seu casaco!

– Esquece o casaco, vem cá! – ele ia beijando ela, quando ela sentiu o cheiro de bebida.

– Fell, está bêbado?! Olha calma Vou tirar você daqui. – ele não parava de puxar ela. Emma o arrastou entre as pessoas, e fez sinal para as amigas que estava saindo. Elas certamente ainda iriam ficar na festa. Com muito esforço, Emma sentou Fellipe no chão do corredor:

– Meu Deus, Fellipe! O que fizeram com você?

– Não foi nada, princesa. – ele falava meio inconsciente.

Emma não teve escolha, a não ser levá-lo para seu quarto. Agarrou o braço dele, e colocou-o em volta do seu pescoço. Fellipe estava adormecendo. Chegando ao quarto, com muita dificuldade, ela abriu a porta, e o arrastou, colocando-o sobre a cama. O cobriu, e ficou olhando para ele um tempo. Fellipe era muito bonito. Era impossível não admirá--lo. Emma sentiu uma vontade enorme de beijá-lo, mas no estado que ele se encontrava, não era o melhor momento. Emma abriu a janela. Ficou olhando a lua um tempo, e de vez em quando, olhava para Fell, para ver como ele estava. Emma estava cansada e sonolenta. Mas não pregou os olhos a noite toda.

Quando o sol estava surgindo, Emma percebeu que Fellipe estava acordando. Ele tossiu um pouco. Emma levantou-se do chão e ele disse:

– O que eu estou fazendo aqui? Morri e vim para o céu? – Emma sorriu.

– Não, Fellipe. Mas você quase morreu mesmo.

– Como eu vim parar aqui?

– Eu te trouxe pra cá. Você estava muito bêbado. Eu não sabia que essas festas aconteciam.

– Acontecem, de tempos em tempos. – Ele tossiu de novo.

Emma limpou uma gota de suor que escorria lentamente da testa de Fellipe.

– Emma, me desculpe. Eu te dei muito trabalho.

– Não tem importância. Somos amigos. Não foi nada.

Fellipe se levantou e disse:

– Vou tomar um banho. Infelizmente ainda tem aula hoje.

– Certo. Vai lá.

Quando Fellipe abriu a porta, Rebecca e Charlote entraram rindo muito alto. Ao ver os dois juntos, Charlote disse:

– Opa, perai! O que houve por aqui?

– Loirinha, antes de você pensar besteira eu to caindo fora. – disse Fellipe – Emma, conversamos depois.