As Cartas Malditas escrita por urbaninha


Capítulo 6
Capítulo 6




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- Excelente jantar lady Daidouji – Eriol portava-se a inglesa – estava esplêndido!

- Domo arigato Eriol-san – e levantou-se – Desculpem-me, mas estou exausta. Tenho certeza que Tomoyo terá prazer de fazer-lhe companhia, pois a minha hoje deixa a desejar – e saindo da sala, fez uma reverencia e fechou a porta – Oya Assuminassai (*boa noite)...

- Oyasuminasai !

- Sua casa é muito bela Tomoyo-chan – Eriol esperou a mãe de Tomoyo sair.

-Arigato Eriol-san. Aceita tomar chá na sala principal?

-Hai. Arigato.

Foram até o aposento. Havia um sofá grande e várias poltronas. Uma mesa de centro, onde estava a bandeja com o chá. Uma música suave ao fundo.

- Pode ir, estamos bem.

- Hai.

Tomoyo serviu o chá, enquanto Eriol notava a beleza dos jardins.

- Quem cuida de seu jardim? É muito bonito.

- Eu mesma.

Ele se virou. Ela estava sentada, tomando o chá. Ele se aproximou e pegou a xícara, com um olhar interrogativo.

- Você? Neste caso receba meus cumprimentos... – e olhando novamente as flores, comentou – você tem um dom de ver a beleza em cada planta, Tomoyo... está tão bem disposto, tão harmonioso.

Tomoyo assustou-se. Ninguém reparava em seu jardim, exceto sua mãe. Ela trabalhara arduamente para deixá-lo perfeito. Mas pouquíssimas vezes recebeu elogios.

Agora recebia um, de Eriol. Bastante sincero.

- Domo arigato, Eriol-san...

Mas não foi só isso que reparara.

Notou que ele a estudava, desde que entraram no carro. Não quis dar atenção a sua insistência nisso, mas que ele tinha mudado seu tratamento com ela, isso tinha... Estava diferente... Tratando-a de forma mais madura. Até tinha lhe chamado pelo primeiro nome! E ela se sentia tão... viva. Embora ainda estivesse dispersa, percebeu que tomara todos os cuidados para fazer tudo certo perto dele. Por quê?

- Não precisa chamar-me de maneira tão formal, Tomoyo...Me chame apenas de Eriol.

- Ha-hai...

Odiava gaguejar. Ele percebeu e sorriu. Belo sorriso. Isso não a tranqüilizou.

- Eu estou cansado. Agradeço pelo chá – e saiu - Oya Assuminassai Tomoyo...

- Oyasuminasai Eriol...

Quando ele saiu, ela não se conteve mais... Começou a chorar. Suavemente. Ele mexia com ela. Mas ela não queria... Não queria sofrer...

 

Quanto a Eriol, subia as escadas pensativo.

Quando viu Tomoyo, sentiu o frio em sua alma imediatamente. Os demais talvez não percebessem bem...

E pensou que Tomoyo fosse o que ele precisava. Não queria ficar só, queria uma família também, queria amar e retribuir amor também. Ela era linda, refinada e sensível. Ele poderia ser feliz, e mais ainda, tiraria a jovem daquela tristeza. Parece um sentimento calculado, e era de fato. Sobretudo quando viu seus modos tão sérios, sua falta de expressão.

Até ele fitar os jardins. Sensível as palpitações da natureza, viu um profundo amor. As plantas a amavam muito. Ela amava as plantas também.

Aquilo o comoveu. Se não encontrava entre os homens alguém para depositar amor, tinha ela escolhido as plantas, as flores, que felizes retribuíam seus agrados. O amor daquelas plantas invadiu sua alma. Ele viu a bela moça, se concentrando para esconder seus sentimentos. Ela adorara o elogio. Num rompante, decidiu-se. Ela seria sua.

Subiu cheio de idéias para uma música. Há quanto tempo não tinha vontade de fazer uma música de amor?

Ficou cantarolando, por um bom tempo, olhando as flores, anotando os pensamentos.

Não ia se controlar. Precisava de som. Precisava tocar alguma coisa.

Foi até o espaço fora da casa. Lá, dentre os jardins, uma sala. A sala de música. E de lá vinha um som... de piano...

Tomoyo...” Eriol foi até a sala, vendo a moça tocar e cantar.

Não conhecia a música. Mas a voz de Tomoyo, tão profunda e emocionada, deixou-o paralizado. Quanta dor... Por que esse sofrimento todo?

Prestou atenção na letra... Uma música de amor...

Anata no namae wo mugon de tsubuyakeba

(Quando, silenciosamente, sussurro seu nome) 

 

Suki na kyoku mitaini mune no naka refrain suruno 

(Ele se repete em meu peito como se fosse minha música favorita)

 

Anata ni autabi kodou ga takanaruno 

(Toda vez que me encontro com você, meu coração bate forte) 


Marude kaze ga piano hiku mitai ni 

(como se fosse o vento tocando piano)


Nandomo osarai shitemo umaku narenai 

(Não importa quantas vezes eu pratique, não melhoro) 


Setsunasa no kaze ga crescendo suru bakari... 

(O vento da solidão apenas continua o seu crescendo)


Hitomi ni hoshi kokoro ni anata korewa... koi?

(Em meus olhos uma estrela, em meu coração você... Será isso... Amor?)**

 

Ela errou. Não conseguiu conter o choro. Bateu as mãos nas teclas, com raiva.

Eriol ficara imóvel. O sentimento que brotara dela invadira todo o espaço. Penetrou em sua alma. Embargou seus sentidos.

“Eu...não vou permitir...ela sofrer assim...Tomoyo...eu...”

Sentia-se estranho. O que agora sentia era vontade de abraçá-la, protegê-la.

A música dizia: “Em meu coração você, será isso?”. Era.

Que ironia. Ele tinha calculado, mas o coração já tinha definido. Ele estava apaixonado.

CONTINUA...

 

**Soyokaze no Sonatine - Sonatina da Brisa

Letra : Yuriko Mori 
Trilha do anime Guerreiras Mágicas de Rayearth

 


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