A vida continua. Louise volta para casa, almoça e logo retorna para o colégio, pois precisa terminar o trabalho de biologia.

- Mas onde pensa que vai? – a mãe pergunta enquanto a garota sai apressada.

- Terminar o trabalho, oras. É pra amanhã! – ela responde pegando a mochila e saindo.

Assim, ela vai para a biblioteca mais uma vez. Ao entrar, tudo está como no dia anterior. As mesmas pilhas de livros, estantes fora do lugar, desorganização total e falta de um bibliotecário no momento. Mesmo com a desordem, a loura pega um livro, o folheia e acha o conteúdo de que necessita. Ela copia alguns parágrafos sentada no chão e apoiando o livro e o caderno em uma cadeira. Distraída, Louise sequer nota a presença de alguns garotos.

- Ei, mãe, tudo bem? – uma voz levemente familiar pergunta.

- Hã? – ela se vira e percebe que Daniel está escondido no outro canto da biblioteca, falando ao celular. Ela se levanta e decide percorrer o restante da sala, percebendo que lá também estão Ittan e Hidd, sendo que o segundo, por ser muito alto e desajeitado, acaba se batendo em algumas pilhas de livros. Ele se desequilibra e se segura em uma estante cheia de livros mais grossos que um punho fechado, e justamente quando Louise iria assustá-lo, a estante se desprende da parede e cai em cima dela, que grita e sucumbe ao peso dos livros e da madeira.

- Senpai! – Hidd consegue levantar rapidamente a estante – Ittan... Pega ela... Eu não vou aguentar muito... – o albino faz um bom esforço.

Ittan pega a loura por baixo dos braços e a carrega para fora. Meio tonta por causa da batida na cabeça, ela olha para o rosto do moreno e balbucia:

- Itachi...

Com o nome, um estalo percorre a mente do maior, mas logo tudo se esvai.

- Você está bem? – ele pergunta, fazendo ela se sentar.

- S-sim... Mas o pessoal da escola vai ficar uma fera conosco... Bem agora que eles finalmente prenderam aquela estante... – ela leva uma mão ao local onde fora atingida.

- Você se preocupa mais com uma estante do que com sua própria cabeça? Está doida? Dane-se a estante, você podia ter se machucado! – ele exclama, levantando e ajudando Louise.

- He... Parece que tem alguma coisa de errado nisso tudo. Já é a terceira vez que você tá comigo numa enrascada... – ela se levanta e vai voltando para dentro da biblioteca.

- Onde vai? – ele indaga.

- Terminar minha pesquisa. Queria o quê? Que eu traumatizasse? Ou que eu te chamasse de “meu herói!” – ela faz uma pose de donzela agradecida.

- N-não, e não... Mas... Bem... Eu... Quando me chamou por aquele nome, Itachi, certo...? Bem... Parece que eu te conheço de algum lugar... – o rapaz gagueja.

- É... Vai que a gente se conhece, né... – ela entra de vez na biblioteca, e sem que o moreno perceba, ela sorri de orelha a orelha, e pensa: “Sim, eu sei que nos conhecemos...”

Ao final da tarde, a pesquisa finalmente está pronta. Com capa e tudo. Antes que os professores deixem a escola, Louise entrega a pesquisa para a professora de biologia, e assim pode voltar para casa tranquilamente. Só que não. No meio do caminho, várias coisas estranhas acontecem. Em um intervalo de apenas quatro quadras, Louise quase é atropelada, cai em um buraco aberto pelo jardineiro da escola em frente à sua, fica encharcada pro causa de uma mangueira descontrolada na casa de um vizinho, rala o joelho, tropeça no meio fio e ainda termina por pisar em um cocô (eca).

- Minha filha, o que foi que te aconteceu? Passou um caminhão em cima de ti? – a mãe pergunta assustada ao abrir a porta para a loura e vê-la no estado em que está.

- Quase. Vou tomar um banho... – ela pendura a mochila ao lado da porta e segue para o banheiro. Depois de mais ou menos quarenta minutos lá dentro ela sai, já de pijama. Porém, logo que abre a porta, ela escuta a mãe gritando lá de baixo:

- Louise! Tem uns amigos seus aqui! Perguntaram se você quer sair e dar uma volta!

- Ah! P-pera! Eu me arrumo em um minuto! – sorrindo, ela realmente se arruma rápido, desce as escadas correndo, e ao sair, dá um beijo no rosto da mãe e fala que volta em duas horas. Lá fora, os colegas da escola a aguardam, sendo que Ittan está destacado dos demais.

- Hey, senpai! Viemos te chamar pra sair, já que o medroso aí não dá conta! – Hidd fala alegremente, dando um tapão nas costas de Ittan.

- Cale a boca! – o moreno grita em resposta.

- C-como assim? – a loura pergunta, enquanto todos vão andando pela rua.

- Bem, não sei o que deu nele, mas disse que precisava estar ao seu lado esta noite – Daniel afirma.

- Já mandei que se calassem! – o moreno tenta bradar.

- É sério...? – Louise fita o moreno.

- B-bem... – ele cora – Há algo no meu peito que me manda ficar perto de você. Como se já te conhecesse... – ele revela.

- Bem, isso todo mundo sente quando se apaixona à primeira vista! – Konny ri – Mas pensando bem... Até eu tenho vontade de ficar um tempinho com você... Parece mesmo que a gente se conhece!

- Verdade... – RedKat concorda – Tenho a impressão de que convivi muito tempo com você...

Os demais terminam por concordar. Por fim, o grupo chega ao centro da cidade. Konny corre para uma loja arrastando RedKat e Yahiro. Scorpion, Daniel e Ozzy correm para uma confeitaria. Hidd, Shark e Kan vão até uma lanchonete. Ittan fica sozinho com Louise.

- Ittan, pensei que você fosse mais frio e racional... Mas está agindo como uma criança assustada... – a loura diz, lembrando de como foi complicado até que ela se entendesse com Itachi.

- E eu sou assim. Mas não consigo quando estou perto de você. Você me deixa... Estranho – ele desvia o olhar.

- Mas vocês entraram hoje de manhã no colégio. Como pode ter ficado tão abalado comigo?

- Eu não sei. Vim de uma família tradicional, onde todos usam apenas da razão para existir. E justo quando eu poderia aplicar essa racionalidade na prática, venho parar nessa cidade, com você...

- O que quer dizer? Que eu e a minha cidade te deixamos sentimentalista e esquisito?

- Não. Quero dizer que há algo de errado com tudo isso. Eu sei que te conheço, mas também sei que me precipitei em simplesmente te convidar para sair, sendo que sequer nos falamos direito. Sei também que quando te puxei e você caiu em cima de mim, eu deveria ter logo te soltado, mas não consegui. Você tem algo que está me puxando e que eu não posso, não consigo conter... – Ittan revela.

- Bem, eu tive uma experiência parecida... E, se estiver acontecendo com você o mesmo que aconteceu comigo, é agora que iremos descobrir – ela fala corajosamente. Depois disso, como se toda a razão deixasse de existir, Louise sela seus lábios nos de Ittan. Um estalo trás à tona todas as lembranças do moreno, que se solta imediatamente da garota e grita:

- TAKEO!!! – em seguida, o sharingan do maior se ativa e desativa sozinho, e ele volta completamente a si – Takeo... Finalmente te encontrei... – ele começa a chorar, e nesse instante, todos os demais vêm voltando de seus passeios. Abismados com as lágrimas, todos perguntam o que acontecera, e Daniel, Hidd e Kan tocam no ombro de Louise.

- Takeo! – os três exclamam em uníssono.

- Hidan?

- Deidara?

- Kakuzu?

- Kakuzu!

- Hidan!

- Deidara!

Os três também recobram as lembranças instantaneamente, e percebendo isso, a loura toca um por um nos demais desmemoriados. Por fim, todos recuperam as memórias. Mas já é hora da garota voltar para casa, o que obriga todos a deixarem as explicações para o dia seguinte.