The Lair Of Hell escrita por Jooy Nii


Capítulo 6
Inferno.


Notas iniciais do capítulo

Boa tarde leitores, tudo bem?
Sim, finalmente estou aqui para postar mais um capitulo de The lair of Hell, porem primeiramente peço desculpas por minha ausência nestes quase 3 meses. Tive problemas na escola, em casa, em tudo, mas não iria abandonar a fic ainda mais sabendo que ela chega a final.
Gostaria de agradecer a SannyUchiha que fez um desenho maravilho para a fanfic, e ele estará disponível como capa da mesma.
Desculpe a todos os leitores, e desejo-lhes um feliz natal e um feliz ano novo atrasado.
~Enjoy.



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O tempo parou dês de que pisei naquele covil do inferno, pude ver minha vida passar diante de meus olhos inúmeras vezes, mas ainda sim, durante todos esses anos foi o momento em que mais me senti viva.

...

A manhã gélida chegou, e seus primeiros raios tímidos evitou tocar o chão aquele dia. Lupus ergueu sua mão em minha direção e a segurei, pude sentir certa duvida em seu olhar. Foi quando o choque da realidade me fez despertar de um sonho, e vê-lo o quando ele era real.
Travei meus dentes ao sentir a dilacerante dor em meu peito, e novamente meus ferimentos vieram a sangrar. Lupus suspirou profundamente e me tomou ao colo, foi a ultima cena que pude me lembrar antes da escuridão cobrir a imagem avermelhada do covil.

Vagarosamente meus olhos se abriram e um suspiro abafado ecoou pelas rochas, e por mais angustiante que seja estava novamente naquela caverna. Guiei meu olhar em busca de certo garoto, e quando fixei meus pés ao chão senti como se tivesse sendo dilacerada viva, a dor angustiante tomou meus sentidos e prestes a desmaiar novamente senti dedos firmes segurando-me pelos braços.

– Fique quieta. _ Lupus proferiu as palavras com um olhar sério. Suspirei pesadamente e encostei-me na parede da caverna.

– Isso foi um pesadelo? _ Esfreguei meus olhos irritados com as mãos, antes de deslizar meus dedos pelos cabelos úmidos.

– Seria bom se fosse. _ Retrucou. Ele procurava algo dentro daquela escura caverna, e retirou de um canto minha bolça com curativos. – Não se mecha. _ Seus dedos apertavam meu rosto o contorcendo, não havia compreendido o ato, apenas paralisei.

Ele umedeceu uma toalha com a água que nos restava e levou até minhas bochechas, uma ardência fez-me fechar os olhos com força. Por fim cobriu o corte com um curativo e pude respirar tranquilamente.

– Você fez algo inacreditável. _ Sorriu de canto, e voltou a me encarar com aqueles olhos avermelhados como se quisesse saber da verdade. – Me surpreende ter voltado inteira.

– Sobre o que está falando? _ Perguntei confusa.

Uma risada abafada veio de sua direção, e pude sentir a irritação quando arranhou as rochas discretamente. – Estou falando sobre você quase derrotando Berkas. Sozinha.

Virei meu rosto opostamente ao seu, evitando encara-lo. Como iria dizer a ele do monstro que era?

A ausência das palavras era terrível, não sabia como responde-lo naquele momento. Cravei meus lábios inferiores com os dentes e tentei me levantar novamente, mas aquela dor insistiu e tive de permanecer parada daquele lugar, ao seu lado, sem ter o que dizer.

– Eu já disse para você ficar quieta. _ Dizia friamente. – Você fraturou a perna, e se não quiser me atrapalhar mais, acho bom fazer o que eu digo.

Um arrepio tomou conta de meu corpo. Guiei meu olhar até minha perna e agonizei ao ver o inchaço e um ferimento coberto por curativos, provavelmente Lupus cuidou deles enquanto estava desacordada.

– Temos que sair daqui antes que ele volte. É nossa única chance. _ Lupus se levantou e caminhou até o penhasco. – E agora terei de carregar um peso morto. _ Ele sorriu de canto e voltou até a caverna, rodeando inquieto o pequeno local.

– Você poderia me deixar aqui. _ Provoquei-o, mas temi sua resposta.

Ele ignorou minhas palavras. Abriu novamente a bolsa e tirou um cobertor de dentro da mesma. – Como consegue carregar tanta coisa desnecessária por ai?

– É melhor prevenir do que remediar.

Lupus ergueu o cobertor e jogou em minha direção. – Se você ficar com febre ou algo do tipo vai morrer ai. Os humanos têm dessas coisas.

Ele era rígido, mas estava se preocupando, isso me fez pensar que Lupus não era o que demonstrava ser. Guiei meu olhar em direção das montanhas que se perdia diante o vasto campo. Gaon me veio em mente, e ressaltei minha promessa, não poderia morrer ali, não antes de cumpri-la.

– Lin. _ A voz de Lupus tirou-me dos devaneios.

Ergui meu rosto e levei-o em sua direção, ele mantinha aquela mesma expressão séria, e quem me dera desvendar os mistérios dos seus olhos avermelhados. Balancei minha cabeça positivamente e em silêncio esperei-o prosseguir.

– O que é você? _ Ele disse cruzando os braços e encarando-me impaciente. Apenas suspirei e tentei esconder minha hesitação enrolando-me cada vez mais no cobertor.

– Sou uma humana. _ Disse em um tom irônico. – Ou o que deveria demonstrar ser.

– Uma humana não sobreviveria a uma experiência como aquela, muito menos ferir Berkas sozinha. Sozinha Lin. _ O tom de decepção ressoou de sua voz. – Nem mesmo consegui me manter inteiro depois disso. _ Ele sussurrou e ergueu sua mão até seu antebraço e apertou forte por cima do ferimento. Naquele momento percebi que tinha ferido seu orgulho por voltar viva.

– Um monstro. _ Aquelas palavras escaparam em um tom falho, e naquele momento Lupus paralisou e mordeu os lábios discretamente antes de erguer seu olhar vago em minha direção. – Apenas um monstro em um corpo humano.

– Um monstro. _ Lupus sorriu de canto ironicamente.

– Espere, eu digo a verdade. _ Ergui minha mão em sua direção, mas logo hesitei e fitei o chão conformada por sua desconfiança. – É verdade que não pareço um monstro, e se for levar ao pé da letra não sou mesmo. Mas é diferente. Um demônio hospedando em um humano, uma criatura das trevas disfarçada em corpo de uma garota. Nada disso.

– Não sinto energias malignas em você.

– Elas estão em minha alma. _ Serrei os punhos ao perceber o tom ameaçador que emiti em minhas palavras, Lupus apenas deu passos em direção à entrada da caverna.

As rajadas de vento anunciaram que uma tempestade viria em breve, mas isso não fora suficiente para deter Lupus, que tinha intensão de sair daquele lugar sozinho, como disse.

– Espere!

– Você continuará agindo deste modo a noite toda, não tenho paciência muito menos tempo para isso, e você não tem a intensão de dizer a verdade. _ Seu rosto se escondia entre as frechas da caverna, e a escuridão permitiu apenas ver sua silhueta escorada nas paredes, mas foi o raio de luz que percorreu no céu que me concedeu ver seus olhos ruborizados repleto de decepção. – E pensar que confiei em uma humana.

Então Lupus se foi. E me vi novamente sozinha naquele local mortífero, não queria estar ali, se ao menos pudesse voltar o tempo, não teria fugido de Gaon quando a guerra fora anunciada, teria dado meu corpo para proteger cada alma que habitava aquele vilarejo, este era meu dever como sacerdotisa. Se ao menos o lado da luz de Agnecia ainda existisse em meu corpo, o destino seria diferente. Talvez fosse diferente.

– Sim, diferente. _ Mas não teria conhecido Lupus. Por mais que pensasse em como seria se não tivesse fugido, não conseguia me arrepender. Talvez seja as trevas que despertou em meu ser. Não tinha direito de ser chamada de encarnação de Agnecia, pois tal divindade sacrificou sua própria vida pelo bem da humanidade, e como sua hospedeira, falhei em receber sua alma.

Mas ninguém faria o mesmo por mim. – pensamentos egoístas, mas verdadeiros. Está é a verdade dos humanos, são ambiciosos, e pensam em seu bem estar acima de qualquer outro. São criaturas egoístas, e eu sou uma dessas. Mas Lupus não pensou assim. Claro, ele não é humano, e mesmo que refiram a ele como um monstro, não podem ser melhor do que ele.

Ele mentiu para mim, disse que odiava os humanos, mas a verdade é que ele teme em se envolver com eles, são criaturas frágeis de mais para um Haros, e não seria Lupus que desejaria ver a desgraça sendo tomada em nossas terras. Pensamentos bons para quem demonstra ser ruim.

Talvez este seja o motivo de não me arrepender. Talvez não seja culpa das trevas que despertou em meu ser. Apenas talvez... Conhecer Lupus me fez ser tão fria e egoísta á ponto de esquecer minha promessa e aceitar minha morte naquele lugar tenebroso.

“Você não seria tão fraca a este ponto, Lin.” Palavras despertaram no abismo de minha alma, e senti como se um outro ser hospedasse meu corpo. – Está bem assim, se eu puder ao menos escapar deste inferno, aceito minha morte.

“Acha que vai escapar?”

“Este é seu destino”

“Você vai para o inferno mesmo se morrer aqui”

“Você é o mal reencarnado Lin”

“Apenas desastres ocorreram se você morrer”

“Vai fugir?”

“Pessoas morreram”

“Então morra sozinha!”

– Não. _ Ergui minhas mãos até meu rosto e o apertei com força. Aquelas vozes dilaceravam meu cérebro, podia sentir meu interior se aquecer e meus movimentos se enfraquecerem, era como se estivesse sendo arrastada nas profundezas do inferno. – Não quero morrer! Por favor... _ Senti mãos tenebrosas percorrendo por todo meu corpo, mãos em chamas, deixando um rastro por onde percorria. Deslizavam até meus ferimentos e penetravam por ele, rasgando minha carne com os dedos finos e frios. – Lupus... Me...

A dor era maior que minha própria existência, e queria que acabasse logo. Mas era pensamentos como este que me torturavam mais, e foi quando aquelas malditas mãos percorreram até minha perna fraturada que implorei aos céus para me tirar daquela escuridão. Em vão. Então ouvi de longe um gemido, dizendo palavras em um tom temível, ao menos quis entende-las, mas aquelas mãos em chamas seguravam minha perna e torceu-a ao lado oposto da fratura, e pude sentir os ossos furarem minha pele. Gritei, implorei por qualquer coisa, que me tirassem daquele lugar. As lagrimas percorriam pelo meu rosto, mas foi ao sentir aquelas mãos novamente pressionando o osso exposto que entrei em um desespero maior. Eu sei o que iriam fazer!

– Não, não... Não!

Desesperador era a palavra que descrevia aquele momento de tortura que vivenciava. E não eram somente aqueles dedos finos que perfuravam minha perna e queimavam a carne, mas sim dentes! Dentes afiados rasgavam minha pele, e naquele momento tive certeza de que não existia nada pior do que ser devorada viva. Um suspiro ecoou pelo local ao ouvir de longe algo colidindo ao chão, e apavorada de mais para ter certeza levei meus dedos até o osso exposto e me apavorei ao sentir que ela não estava mais lá...

– M-me... Devolva-me... Devolva minha perna!

Risos. Eu fui respondida com risos, e lagrimas desciam como uma cascata pelo meu rosto esfolado, e quando ouvi um barulho de ossos quebrando novamente gritei, e me desesperei.

– Por favor, eu faço o que for preciso... Parem, parem!

“O que for preciso?”

“Faça um contrato”

“Desperte”

“Vamos!”

E foi quando entendi. Fechei meus olhos com força e só pude pensar em algo: Eu queria sobreviver, precisava sobreviver. Eu vou sobreviver!

...

E pelos céus ressoou o segundo trovão, e naquele momento meus olhos se arregalavam e levantei do chão sem folego. Ver o sol radiando ao longe e os pingos da chuva colidindo violentamente nas rochas da montanha me fez sentir o maior alivio que pude imaginar. Aquilo foi um sonho, só podia ser um sonho – ou melhor – um pesadelo.

Aquela suposição foi desaparecendo junto ao alivio quando abaixei meu olhar até minha perna e percebi que não estava mais lá. Aqueles ferimentos terríveis, o inchaço, nada mais estavam lá, apenas uma pele fina e pálida – até mais do que o normal – permanecia, e totalmente intacta.

Deslizei meus dedos pelo meu rosto e retirei o curativo que Lupus teria feito em uma ferida, e novamente aquela sensação de medo percorreu pelo meu corpo.

– Então é isso. Não foi um sonho. _ Disse em um sussurro. E aquele sorriso irônico brotou em meus lábios. Mas, ainda sim, sentia-me aliviada por estar de volta naquele lugar, que nem de longe é pior que o inferno.

Apoiei-me nas rochas daquela caverna fria e ergui novamente minhas pernas, e de passo em passo meu coração se enfraquecia e sentia que não era mais a mesma. Se existia alguma luz restante em minha alma, se foi pela eternidade.

Ao cruzar a frecha nas rochas senti os pingos gelados percorrendo pela minha pele. E parecia que havia passado décadas que não sentia a brisa refrescante em meu rosto. Pus-me a correr, e despreocupada descia a ladeira daquela montanha. Tinha medo, estava com medo, o medo me guiava. Eu só tinha um desejo, um pedido somente: Não queria mais estar sozinha.

Não havia mais ninguém. E foi este pensamento que me fez desconcentrar e deslizar pelas rochas molhadas aquele maldito covil, mas não foi isso que fez-me desesperar, não sentia mais dor, e por mais que minha pele esfolava ao esfregava nas pedras afiadas das parede, parecia que era apenas um sonho, talvez seja, talvez tudo aquilo era um sonho aterrorizante na qual nunca iria despertar.

Erguia meu rosto ao norte, e apenas os campos distantes permaneciam a vista, e o sol se escondia timidamente por trás das montanhas de neve e iluminava ultimamente as flores avermelhadas que se estendiam até alguns quilômetros do covil. Memórias da primeira vez que vira o “mundo a fora” tomavam minha mente, e não pude deixar de lembrar-me de Sen, meu primeiro e único amigo, e o modo como terminei com sua vida com minhas próprias mãos. Sentia que se tudo continuasse daquele modo, não era apenas a vida de Sen que seria tirada por mim, Lupus também corria perigo.

Ah, Lupus. Quando foi que o inclui em minha vida? Quando foi que comecei a pensar em seu bem estar e em sua opinião? Talvez tenha sido seus sorrisos frios e irônicos que tenha despertado tal interesse, talvez o modo rude na qual tratava-me, seus olhos rubros que fitavam com frieza cada canto que olhava? Ou simplesmente por ser o único na qual consegui me socializar por tanto tempo? Não sei, só sei que buscava por ele desesperadamente entre as encostas, e quando a chuva resolveu dar-me trégua ergui meu corpo à frente e saltei entre uma frecha no chão da montanha, e vi novamente aquela entrada tenebrosa que há uns dias atrás estava manchada por sangue dos paladinos, mas apenas seus corpos escarcalhados jogados ao chão permaneciam, e o odor era forte de mais, como se aquilo me incomodasse tanto quando da primeira vez que pisei naquele maldito portal.

Ao longe avistei. Suas longas crinas negras estavam sebosas, ele deveria estar morrendo aos poucos de fome e sede, mas os cavalos de Gaon sempre foram resistentes. Corri em direção ao Kuro, mas algo imprevisto bloqueou meu objetivo.

Nas sombras do crepúsculo trolls avermelhados ressurgiam das frechas da montanha, eram maiores e mais ameaçadores do que o normal. Ergueram suas toras de madeira para o céu e rugiram enraivecido, talvez aqueles seres tivessem sido incomodados com nossa presença em sua montanha. Os sons de seus pés deformados ecoavam pelas árvores ao correrem, eram lentos porem demonstravam precisão ao tentar atacar-me com suas armas de madeira. Dei saltos para trás e retirei meu leque do bolço e ergui-o junto à espada.

Cabeças voavam e chocavam violentamente ao chão. O banho de sangue fora suficiente para atrair mais e mais trolls da escuridão, e a situação ficava impossível de controlar - foi o que pensei – porem meu corpo se movia com mais agilidade e precisão, e me sentia mais poderosa do que nunca. Então, aquela era a sensação de poder, eu aclamava por mais. E a cada braço que colidia ao chão, e cascatas de sangue voava pelos ares, um sorriso brotou em meus lábios, um sorrido doentio, sedento por sangue, poder.

E foi presa na própria loucura que falhei. Não vi os trolls se aproximarem em minha retaguarda e fui apunhalava varias vezes em meus ombros por suas toras, e ao perceber que seus ataques não me afetavam diretamente, um dos trolls ousou agarra-me pelos braços. Fechei meus olhos vagarosamente preparando para o pior, mas aquele sorriso sínico ainda permanecia em meus lábios. Não sabia quem era, não controlava aquele corpo. Eu estava morrendo pelas trevas.

Abaixei meu olhar e fitei a grama húmida. Mordi meus lábios e cerrei meus punhos, estava pronta, porem aquela não era minha hora. Sons familiares ressoavam por aquele campo de guerra, e o troll ajoelhou ao chão derrotado.

– Ah, é você... _ Disse em um tom sarcástico, e fitei aquela pistola que segurava em seu único braço intacto. De longe exterminou todos os trolls que restava. Um, dois, três... Quatro. E foram caindo ao chão um atrás do outro, em menos de dez segundos.

Ele não respondeu. Apenas me fitou com um olhar de indignação, e inconformado caminhou até mim e me levantou pelo braço violentamente.

– O que raios você esta fazendo aqui em baixo, Lin? Eu lhe disse para esperar._ A raiva pairava em seus olhos vermelhos, e jurava que podia vê-los brilhar como dois rubis, mas ele era péssimo em manter a mesma expressão, e logo aquela raiva foi tomada por um olhar de preocupação.

Eu não pude respondê-lo. Não eu, Lin. Mas apenas os Deuses saberiam as palavras que sairiam deste corpo que não pertencia mais a mim. E com as últimas forças que ainda tinha, abracei-o mais forte que pude, estava tremendo de medo, mas as lágrimas que escorriam eram de alivio. Lupus não soube o que fazer, apenas arregalou seus olhos e manteve seus lábios secos entreabertos.

– Lin, o que ouve? _ Disse em um tom que mal passava de um sussurro. Em uma tentativa falha de abraço, deslizou seus dedos sem jeito, percorrendo por minha pele fria e fina. Não sentia mais dor, porem aquilo fez-me arrepiar.

– Não sei mais quem sou. _ prossegui aquelas palavras vagarosamente. Ele apenas assentiu e afastou-se de mim. Seu olhar percorreu por todo meu corpo, e por mais que esperava, ele não me olhou com aquela expressão interrogatória, apenas fitou-me, em silêncio.

– Como não? _ Ele sorriu de canto e segurou minha mão, puxando-a até um lugar entre as rochas. – Você é Lin, aquela garota inútil e irritante que teve a sorte de me encontrar.

Apenas me permitir sorrir. Estar com Lupus fazia com que minhas preocupações se afastassem de minha mente, e meu corpo queimava como fogo. – Sim, eu tive sorte.

Ele parou de caminhar. Virou seu olhar até o meu – surpreso - e pela sua reação conclui que não era a resposta que esperava. E deixou escapar um sorriso. Lupus parecia nervoso, indignado, ele balançava a cabeça de um lado para o outro, buscando algo que somente ele sabia, e ao erguer minha mão até seu rosto fui impedida por um tapa em meu braço – de leve – mas o suficiente para me afastar dois passos dele.

– Desculpe. _ Abaixei meu olhar e fitei o chão frio. Eu havia esquecido que Lupus odiava os humanos, odiava sua presença, tudo – ou melhor dizendo – temia-os. E lembro-me claramente da história que havia me contado uma noite atrás, e era compreensivo o motivo que ele não desejava criar laços, não com um ser da mesma espécie que roubara seu pai anos atrás. – Eu não farei de novo. Desculpe Lupus.

– Cale-se! _ Vociferou ferozmente, havia irritado de alguma maneira.

– Mas...

– Já disse. _ Ergueu a costa de sua mão esfolada até seus olhos esfregando-os, e novamente aquela expressão vaga pairou em seu olhar.

– Eu deveria ter lhe contado sobre mim. _ Minha voz soou fraca naquela frase, temia pelo o que poderia acontecer. – Eu...

– Por que não faz o que eu digo? É tão difícil assim? _ Sua expressão havia mudado, olhava-me com mais ferocidade, e dava passos firmes em minha direção, só pude evita-lo dando passos igualmente para trás, até ser limitada por uma parede lisa que naquele momento emitia calor, talvez pelo fato de estarmos próximos ao centro do vulcão. – Eu disse para ficar quieta. _ Lupus ergueu sua mão aproximou-a velozmente em minha direção, e fechei meus olhos esperando receber o impacto, porem apenas senti o tremor de seu braço ao socar a parede na qual me escorava.

Olhei-o assustado e engoli seco. Lupus tremia, era como se estivesse perdendo o controle de seu próprio corpo, e eu pude apenas observar aquela cena angustiante. – Sabe o que é mais irritante do que estar neste inferno? Estar com você neste inferno.

Ele aproximava mais seu rosto do meu, pude sentir sua respiração ofegante em minha pele.

– Há, isso me irrita. O que estou fazendo? _ Ele sorriu cinicamente. – Acho que começo a entender meu pai.

Aquelas palavras me deixaram curiosa o bastante para desobedece-lo. – Entende-lo?

Lupus suspirou fundo, e aos poucos deslizava seus dedos pela rocha detrás de nós, aproximando-os lentamente, até poder senti-lo segurando meu rosto firme. – Sim. Entender seus malditos motivos para ter me abandonado. Vocês são criaturas ordinárias e perigosas. Por mim, morreriam todos.

– Você diz isso da boca para fora, Lupus. _ Atrevi-me a falar, mas ele apenas sorriu e guiou seus olhos até os meus, encarando-me profundamente por segundos que mais pareciam horas.

– Tem razão.

E novamente senti meu interior queimando como brasas e meu peito apertar-se contra meu tórax, e preocupou-me se ele podia ouvir os batimentos violentos de me deu coração. Mas nada disso foi notado, ou ao menos Lupus não demonstrou ligar, sua respiração estava igualmente descontrolada, e só pude senti-la queimar minha pele quando se aproximou mais de meu rosto, diminuindo a distancia de nossos lábios. Naturalmente meus olhos foram fechando-se, como se estivesse me preparando para ser atacada novamente. E fui, mas de uma maneira totalmente inimaginável, e não pude deixar de abrir meus olhos novamente após sentir seus lábios roçarem aos meus, e sua língua pedir passagem para um beijo. Eu me perguntei o porquê, mas aos poucos meus pensamentos desnecessários foram afastados ao sentir Lupus percorrer sua mão por todo meu corto, e apertar minha cintura intensamente enquanto aprofundava mais o beijo, com ferocidade. O tempo parou naquele momento, e apenas pude sentir minhas bochechas arderem quando Lupus afastou seus lábios lentamente dos meus, e encostar seu rosto em meu ombro, suspirando aquelas palavras que me fizeram arrepiar, e ao mesmo tempo sorrir.

– Se eu pudesse Lin... Daria um fim nesta sua triste vida, só por gentileza. _ Então ele se afastou, virando as costas e enfiando sua mão no bolso de seu casaco vermelho como se nada tivesse ocorrido nesses últimos minutos. E ali permaneci, apenas admirando-o de longe, e tentando entender o que passava em sua mente, quando Lupus proferiu as palavras “– Acho que começo a entender meu pai.”.

...


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Notas finais do capítulo

Como Grand Chase é um jogo, a história dos personagens não são muito aprofundadas, isso vai de cada jogador, e geralmente quem curte fanfics já conhecem cada personagens e suas histórias, porem quem não entendeu o despertar da Lin neste capitulo indico a todos a darem uma olhada em sua história.
Espero que tenham gostado, bye ~



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