Fate/Empire Crown (Interativa) escrita por Celestia


Capítulo 2
Destruição (Parte I)


Notas iniciais do capítulo

Eu planejava introduzir no mínimo três personagens e seus servos, mas acabei conseguindo escrever apenas a introdução da Kaede Shimizu, que é uma personagem que fiz junto com a Azmaria, que me deu algumas boas ideias para a fic.



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KAEDE SHIMIZU: O sangue da destruição

O frio estava demasiadamente insuportável naquela noite, fazendo com que adicionasse um cachecol azul-claro à sua roupa costumeira e calçasse meias negras que iam até pouco acima de seu joelho. Ainda que sentisse frio, insistia em usar o vestido branco que muito provavelmente fora feito para ser usado no verão, então a mulher jogou um casaco grosso azul-escuro para que a moça colocasse-o. Mesmo a contragosto, ela retirou o cachecol que antes usava e colocou o casaco pesado, voltando a envolver o pescoço com o cachecol logo depois. Nem mesmo ela conseguiria resistir ao frio que fazia.

Abriu a porta da frente, saindo sem se despedir ou olhar para trás, certa de que se o fizesse a mulher poderia mudar de ideia e puxá-la de volta para aquela casa asfixiante. Respirou fundo antes de retomar a caminhada, a expressão beirando ao encanto enquanto observava a neve cair pelo caminho que seguia. Não era muito normal dela demonstrar expressão qualquer, geralmente usava de uma máscara que afastava qualquer resquício de sentimento que pudesse dominar seus músculos. Sempre foi desse jeito, com um escudo invisível erguido para proteger suas emoções. Acreditava que mesmo que o mundo maculasse seu corpo, jamais macularia sua alma.

As ruas estavam abastadas de neve, pouquíssimas pessoas estavam foras de suas casas quentinhas devido àquela baixa na temperatura dos últimos dias. Kaede em particular, gostava muito mais de quando estava frio e nevando do que quando estava sol. Embora não gostasse muito de usar tantas roupas, ela preferia sentir o frio contra sua pele. Não insistiu muito em discutir com a mulher naquele dia, sabia que ela era irredutível quanto a sua saúde e sabia também que ela tinha razão. A neve fazia barulhos baixos, mas ainda audíveis, contra os seus sapatos rubros. Enquanto alguns flocos caíam sobre seu cabelo, sumindo na imensidão prateada.

Era uma figura tão excêntrica, costumava chamar atenção sempre que saía nos dias em que as ruas estavam cheias de gente. Não que os ingleses fossem pessoas muito normais comparadas àquelas de onde viera. Mas mesmo onde nascera ainda era muito diferente dos outros e, embora sua mãe tenha lhe dito que era especial, ela sabia ser ordinária como qualquer outra pessoa ali presente, sabia ser apenas uma pequena gota de um oceano inteiro. Ergueu a mão direita, fitando a marca vermelha lá presente, parecia-se com duas asas com uma cruz entre elas. Aquela marca era, certamente, algum indicativo de que sua mãe estava certa. Porém Kaede discordava dela, achava que aquilo apenas fazia dela uma pessoa sem sorte, e muitas pessoas eram desprovidas de sorte, portanto continuava sendo ordinária.

Preferia não pensar no que seu pai dizia a respeito dela, não eram palavras agradáveis e não estava disposta a se torturar com aquelas coisas de pouca importância. Suspirou, voltando o olhar para o céu, observando como as estrelas brilhavam naquela noite em particular e como o brilho da lua era parecido com o de seus olhos. Kaede era tão estranha, não conhecia muito bem o mundo lá fora, nem ansiava muito por conhecer, apenas seguia o curso no qual o rio fluía, apenas esperando que sua passagem pela vida fosse tranquila e sem muitos problemas. Era o tipo de pessoa que preferia poupar energia, não tinha muita vontade de fazer qualquer coisa exceto aquelas que realmente lhe interessavam, as quais eram realmente raras.

Abaixou o rosto, percebendo que havia parado de andar e que uma pequena camada de neve branca e fofa havia se formado sobre seus cabelos, porém não fazia muita diferença já que ambos possuíam a mesma cor, embora seus cabelos fossem levemente prateados, assim como seus olhos. Herdara os cabelos da mãe e os olhos do pai. Herdara também a apatia da mãe e os maus hábitos do pai. Era uma pessoa realmente detestável quando queria. Não se podia dizer que isso não era esperado, dado ao quanto foi acostumada a ter tudo o que queria em suas mãos, afora que sempre fizeram parecer com que tivesse o mundo em suas mãos e com que com apenas um simples movimento pudesse moldar o seu redor à sua vontade. Era realmente o mau hábito do pai.

Irritava-se sempre que era comparada ou que se comparava ao pai. Porque aquele homem era vil e cruel, um assassino de sangue frio. E não se contentando apenas em destruir todos os seus sonhos e ambições, ele também tirara dela o que lhe era mais precioso: a sua mãe. E Kaede jamais iria perdoá-lo por isso e jamais iria atender aos seus interesses. Não havia pedido aquele papel, mas iria representá-lo por quanto tempo precisasse. Ao menos até que descobrisse a motivação de seu pai para obter o cálice sagrado. O que ele tanto desejava que apenas aquela relíquia fosse fornecer. E então destruiria tudo o que ele mais almejava na frente dele, do mesmo modo que ele fizera com ela. Estava certa de que sofreria uma punição tão severa que provavelmente não viveria para ver os resultados de seus esforços, caso realmente obtivesse o cálice, mas ficaria feliz se a última coisa que visse fosse o horror e a fragilidade nos olhos prateados de seu algoz.

Ao perceber que novamente ficara divagando e que continuava parada com a neve acumulando-se em seus cabelos e ombros, rapidamente sacudiu a neve para longe e continuou a andar por aquela rua tortuosa. Mais a frente, percebeu que havia uma outra pessoa caminhando na direção oposta a sua e que logo se cruzariam. Não deu muita atenção, apesar de ser estranho que uma pessoa estivesse andando naquele frio durante a madrugada enquanto todas as outras pessoas estivessem em suas casas sendo aquecidas pelas chamas das lareiras. Não demorou muito até que alcançassem um ao outro, virando-se ao mesmo tempo e se encarando. Era um homem jovem de cabelos negros, não muito mais velho que ela, que possuía olhos azuis, nos quais estava estampada uma expressão estranha enquanto ele a encarava de volta.

Sem realmente se interessar pelos motivos ocultos pelos quais aquele homem estivesse rondando durante um bairro como aquele numa madrugada como aquela, Kaede apenas continuou em frente, sem nem mesmo olhar para trás ao perceber que os passos atrás dela cessaram e sentia aquela sensação incômoda de estar sendo encarada. Continuou com os olhos prateados na estrada, caminhando lenta e preguiçosamente, apreciando o frio demasiado que fazia na noite inglesa. Levou a mão pequena e delicada até o bolso de seu casaco, sentindo o contorno da relíquia que usaria para invocar aquele que deveria lhe conceder o que almejava.

Depois de um longo tempo de caminhada, chegou ao seu destino, retirando a chave do bolso esquerdo do casaco e colocando-a na fechadura do local cinzento e triste. A porta rangeu ao ser aberta, a luz adentrando o local que possuía um cheiro antigo e desagradável. Deu alguns passos, invadindo aquele lugar que lhe trazia tantas memórias. Fechou a porta atrás de si, permitindo que a escuridão dominasse novamente. Estava tão familiarizada com a escuridão que não se importava muito em ficar naquele lugar abandonado com as luzes apagadas, entretanto, para que seu objetivo de estar naquele lugar fosse completado, precisaria romper a escuridão e permitir que a luz inundasse aquele lugar maldito. Foi o que fez, observando a luz substituir a escuridão habitual a qual nunca deveria deixar aquele terreno sagrado.

Havia um altar de pedra no canto mais afastado daquilo que um dia fora uma capela, sobre aquele altar descansava um corpo, que dormia seu sono eterno ali há tanto tempo que já deveria restar apenas ossos. Porém a magia que envolvia aquele corpo não permitia que apodrecesse ou que se modificasse mesmo que se passassem séculos. Aproximou-se mais do local, fitando o rosto pálido e sereno, tão parecido com o seu. Os cabelos prateados estavam espalhados pelo altar de pedra, os olhos que eram de um dourado vívido estavam escondidos pelas pálpebras. E Kaede temia que a qualquer momento aqueles olhos se abririam e avançariam sobre ela.

Afastou os temores, afastando-se também do corpo, indo para o meio do salão, onde o chão de concreto, onde antes haviam bancos para se sentar e assistir a missa, agora estava desocupado. Calmamente retirou a adaga prateada, que antes repousava ao lado do corpo, levando a lâmina afiada até seu pulso demasiadamente branco e frágil como o de uma boneca de porcelana. Rasgou a carne com um único movimento horizontal, observando o sangue deixar suas veias para espalhar-se pelo chão de concreto sem nem mesmo encostar-se na sua roupa. Quando constatou que havia sangue suficiente, usou de sua magia para fazer com que o sangue desnecessário parasse de correr livremente e retornassem às suas veias. Sentiu a dor atravessar-lhe ao fazer uso de seu poder, porém não se importava muito com aquela dor. Com a mesma expressão apática em seus olhos, fez com que aquele sangue espalhado no chão movesse para formar o círculo de invocação necessário para realizar a cerimônia de invocação.

Enquanto o sangue adquiria a forma que desejava, Kaede buscou no mesmo bolso em que havia guardado a chave, algumas ataduras. Com alguma dificuldade, envolveu o pulso ferido com as ataduras brancas que foram levemente manchadas de sangue enquanto a moça ainda se concentrava em usar seu poder simultaneamente para fazer com que o círculo adquirisse a forma que queria e o ferimento em seu pulso se estabilizasse o suficiente para que o sangue parasse de jorrar. A dor aumentava conforme usava mais do seu poder, chegava a um nível tão alto que nem mesmo ela poderia negar que era incômoda. Suspirou quando o círculo estava finalmente pronto, ficando ainda mais aliviada quando o sangramento em seu pulso fora estancado.

Buscou o livro em seu bolso direito, os bolsos daquele casaco eram realmente grandes e fundos o suficiente para abarcar o tamanho daquele livro antigo. Era um livro negro de capa dura, com uma estrela circunscrita a um círculo. Debruçou-se sobre o círculo formado, pousando o livro sobre o centro, usando de suas habilidades para que o sangue não maculasse a relíquia. Não era nem mesmo incômoda a dor que aquele desperdício de poder lhe causava, então não deu muita atenção, fazendo aquilo apenas para que não ferisse os sentimentos de seu servo que há muito tempo fora o dono daquele livro. Havia constatado quando lhe foi dado aquele livro que seria fácil controlar seu servo, por dois motivos básicos: o primeiro sendo porque aquele homem era o precursor de sua linhagem, eles possuíam o mesmo sangue; segundo porque ela o conhecia e o entendia, chegando a conclusão que ambos poderiam entrar em um consenso sobre os seus próprios anseios e ideologias.

– Está na hora, meu admirado libertino. Desperta-te do teu descanso nesse momento em que clamo por sua sabedoria e força e vem até mim, para que juntos possamos erguer um império com as cinzas de tuas crenças, para que juntos possamos ser mais fortes por nós e nossas ideologias, para que juntos possamos tomar aquilo que nos é de direito!

O círculo feito com o sangue da mestra brilhava e toda a fraqueza que ela sentia pela perda de sangue se esvaía conforme a mana emergia de sua invocação, conforme ela sentia-o tomar forma à sua frente. Não era nem de perto como havia imaginado que seria, era tão brilhante, vivo, lúcido. Erguia-se com esplendor a sua frente, o homem que foi rejeitado pelo mundo de sua época, o homem que tinha o poder e a sabedoria, aquele da qual descendia. Ainda atordoada, ela o fitava, aquele homem extremamente alto e de feições rústicas e grosseiras, o rosto cheio e a falta de cabelos, as vestes negras e o olhar sério. Ele estava ali, diante dela, enquanto tudo o que podia fazer era fitá-lo com assombro e admiração. E ainda não era suficiente para descrever o que passava por sua mente naquele momento.

– És tu aquela que chamas por mim? – A voz era misteriosa e profunda, combinava com a figura enigmática que estava diante de seus olhos.

– Sim. – Respondeu, com voz fraca, observando-o apanhar o livro do chão e segurá-lo entre seus dedos másculos. Não conseguia formular uma frase, estava muito assombrada para tal. Não era um homem bonito, muito longe disso, mas era um homem de presença impactante.


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Notas finais do capítulo

Foi um capítulo nem muito longo nem muito curto, embora eu queria aumentar os capítulos. Fora a Kaede só aparece de relance o Akio. E, bem, ainda tem muitas coisas sobre a Kaede que tem de ser esclarecidas. E eu acho que a ideia que a Az me deu é bem interessante, então vou seguir com ela por enquanto. Espero que no próximo capítulo eu consiga introduzir pelo menos mais dois personagens.
Espero que tenham gostado ♥
EDIT: Esqueci de colocar a ficha da Kaede, aqui está ^^

— Geral
Nome: Kaede Shimizu
Idade: 18
Dia e mês de nascimento: 1 de Maio
Filiação: Nenhuma
Classe do servo: Caster

— Descrições físicas
Aparência geral: Possui rosto pequeno, com traços infantis e delicados, olhos prateados, longos cílios prateados. Possui cabelos prateados que chegam até pouco abaixo do busto, levemente ondulados nas pontas e uma franja que vez ou outra cobre seus olhos. É demasiadamente magra e baixa, tem uma aparência delicada e infantil.
Altura: 1,52m
Peso: 42kg
Detalhes marcantes: Possui uma longa cicatriz em sua coxa direita, que permanece quase sempre coberta por ataduras.
Selos de comando: Duas asas com uma cruz entre elas.
Roupas: Um casaco pesado azul-escuro sobre um vestido branco de alças, meias negras até pouco acima do joelho e sapatilhas negras.

— Descrições psicológicas
Personalidade: Geralmente demonstra-se apática, exceto por alguns momentos em que está sozinha ou na companhia de pessoas com quem se sinta a vontade para demonstrar mais sentimentos. Ergueu um tipo de barreira invisível que impede com que vejam sua personalidade verdadeira, que é vulnerável e infantil. A única coisa que demonstra claramente é seu desinteresse pelas coisas. E, algumas vezes, deixa transparecer sua inocência.
Objetivos: Descobrir os interesses de seu pai no cálice sagrado, para que então possa destruí-los como vingança pelo que ele fez a sua mãe.
Qualidades: É gentil e amável com algumas pessoas, é inocente até certo ponto e é inteligente.
Defeitos: É mentirosa, manipuladora e desinteressada. Embora também seja extremamente vulnerável, podendo ser facilmente destruída se confiar na pessoa errada.
Gostos: Aprecia muito a neve, um bom chá com leite, livros, animais de estimação, música.
Desgostos: Coisas amargas, azedas, sol, superproteção.

— Descrições quanto a magia
Tipo de magia: Magia de sangue
Habilidades: É capaz de controlar sangue, ossos e carne tanto de si mesma quanto dos outros. Pode alterar o modo como uma pessoa pensa através da alteração de seus cérebros e áreas sensitivas, podendo usar as pessoas como marionete quando bem entender, embora lhe custe um pouco mais de energia.
Pontos fortes: É boa em combates a distância ou em quais esteja escondida. Em casos extremos é muito habilidosa ao manipular a adaga prateada que herdou do avô por parte de pai.
Pontos fracos: É fraca em lutar corpo-a-corpo, por possuir o corpo fraco, embora consiga utilizar uma adaga com agilidade e precisão.

— Família e História
Família: Informação confidencial
Parentes: Informação confidencial
Inimigos: Informação confidencial
História: Informação confidencial
Local de nascimento: Alemanha
Local atual: Inglaterra