O som estava agradável e o pavilhão da escola recebia dezenas de jovens e adultos. A decoração enchia o recinto com luzes brancas, abóboras acesas em casa canto, e grandes candelabros no tecto. As paredes tinham morcegos gigantes e fantasmas. Teias de aranha cruzavam o tecto do salão por entre os candelabros e colunas de som. No centro havia uma pista de dança, e o Dj estava no topo de uma torre de um castelo assombrando feito em esferovite preto.

O bar era comprido. Serviam diversos cocktails caprichados e decorados ao tema em especial.

Aos poucos, o pavilhao enchia-se de gente assustadoramente disfarçada.

-Engraçado, nunca pensei que houvesse mutias pessoas residentes aqui na aldeia. - comentei observando cada detalhe no inicio da festa.

-Na verdade, sao os estudantes daqui, mas convidam gente de outras cidades mais proximas.- Syaoran conduziu-me até uma mesa para dois.Tirou-me a capa dos ombros e ajudou-me a sentar na cadeira. Na mesa havia uma abóbóra iluminada ,que sorria maléficamente para mim. - O que queres tomar?- perguntou.

-Não faço a minima, honestamente.- encolhi os ombros corada.- Eu nao bebo alcool.- mordi o lábio. As bebidas presentes na carta do menu eram nada mais nada menos que  alcoolizadas.

-Eu sei e ainda bem.- sorriu.- Assim levas o carro para casa.- e piscou-me o olho, provocando-me.

Era tão excitante.

-Vou mandar preparem-te algo especial. Afinal, és a princesa da festa.- argumentou, ainda sorrindo.

-Não sou nada, ha pessoas mais bonitas que eu.- comentei olhando para a pista de dança.- E não sou uma princesa.

-Para mim és.- e levantou-se , caminhado até ao bar.

Com os diabos. Syaoran ultimamente estava diferente comigo.

Está a revelar-se. Ainda nao percebeste isso?

Voltei a encolher-me no assento. Estavamos afastados da pista de dança e do dj que ficavam no andar de baixo. As pessoas juntavam-me para dançar sem cerimonias. Do tecto, caíam tecidos de organza cremes e cor de laranja. Entre eles milhares de luzinhas centilavam.

Na mesa à nossa direita, um casal enrolava-se perdidamente.

Credo, arranjem um quarto.

Aquela visão fez-me ficar atenta. Quem me dera beijá-lo.

 Levantei a cabeça e ele ainda estava lá, no balcão improvisado. O rapaz à sua frente dançava ao ritmo da musica ,jogando copo de inox para o ar e agitando-o facilmente sem o deitar ao chão. Depois, puxou um copo de vidro e deitou um perfeito cocktail magenta no fundo e laranja no topo.

Como é que eles faziam aquilo?

Syaoran pagou-o na hora e voltou-se para a nossa mesa, com dois copos. O meu era certamente com um morango na beira fina e com uma palhinha.

-O que é isso?- perguntei surpresa. Nunca bebi um cocktail na minha vida.

-Prova e saberás.- entregou-me a bebida.- Não tenhas medo, não tem alcool.- finalizou rapidamente depois da minha reação assustada.

Provei com a palhinha. Era mesmo bom.

-É bom! 

-Consegues sentir o sabor?

-Sabe a morango?- olhei para ele com uma sombrancelha levantada.

-Sim e tem mais dois frutos.

Claro que têm, a cor de laranja sobresaía no vidro.

-Laranja? E ... ananás!- voltei a bebericar. Era mesmo doce. Doce como Syaoran.

-Vês? É facil descobrir os sabores.- deu um gole na sua bebida. Cheirava a álcool.

-Não pensava que bebias alcool.- sussurei.

-Nao costumo beber, sinceramente. Mas hoje preciso de um bom copo.- gargalhou.

Pudera, melhor opção para esquecer os problemas familiares e a bruxa da prima dele.

Ri juntamente com ele. Ela é que era a verdadeira bruxa de toda aquela festa.

-Não penses nisso.

-Não, mesmo. Hoje a noite é nossa.- e brindámos os dois. Como um casal de namorados.

-A decoração está fantástica. Um pouco assustadora, mas perfeita.

-Sim é verdade, eles organizam bons eventos por cá. É a melhor coisa que fazem nesta vila. De vez em quando, ha sempre festas na praça. É bom para aliviar a tensão, certas vezes.

-Acredito. Nem todos têm uma clareira com um baloiço para passarem lá as tardes inteiras, com os amigos.- desta vez fui eu que pisquei-lhe o olho, sedutoramente. 

Syaoran cuspiu repentinamente para dentro do copo.

-O que foi?- perguntei inocente.

-Na-nada.- ele tossiu e abriu um sorriso.- É só que... estás lindissima. Eu não consigo parar de olhar para ti. E esses olhos...- baixou o tom de voz na ultima parte, mas mesmo com o som alto da musica consegui perceber.

Ele recuperou e olhou-me lascivamente. Os olhos caramelo brilhavam pela luz da abóbora e lambeu o sabor que tinha  nos lábios.

Respirei fundo.

Vá, deixa-te de coisas e joga-te para ele. Gritou a minha mente. 

Nem pensar, estávamos num local publico. 

Mas os outros nem se importam de andarem aos beijos.. Apressa-te ou irás perder o comboio.

Mordi o lábio e contorci-me na cadeira.

-D-desculpa, eu preciso ir à casa de banho.- levantei-me e peguei na bolsa.

-Mas está tudo bem?- perguntou preocupado.

-Sim, eu já volto. Até já.- e virei-me para descer as escadas.

O andar de baixo estava lotado de pessoas. Pedi licensa várias vezes ao passar entre elas e procurar a casa de banho urgentemente. Sem esperanças. Estava perdida no meio de imensa gente e não sabia como voltar para trás. As pernas tremiam e jurei que ia desmaiar. No entando encontrei um cartaz na parede que apontava para os lavabos. Corri desesperadamente.

Entrei no recinto e fui me aliviar. Depois saí e lavei as mãos no lavatorio. Estava demasiado vermelha. Parecia uma maçã encarnada e doce, para fazer uma tarte. Estar apaixonado trazia novas consequências para mim. Desejar uma pessoa, era um nível bastante elevado.

Retoquei a maquilhagem e fui embora. 

Mergulhei no mar de gente disfarçada. Vampiros, lobisomeis, fadas, bruxas, esqueletos... uns fatos mais assustadores que outros. 

A musica deu uma viravolta e começou a bombar a sério.Sem perceber, fui empurrada para a pista de dança. Gritei para saír, mas empurravam-me cada vez mais. Estonteada com o barulho e o calor humano, ia desmaiar. No entanto, fui amparada por um vulto com uma máscara de coelho e com grandes orelhas brancas na cabeça.

-Cuidado!- era um jovem

-Desculpe, foi sem querer.- ajudou-me a ficar de pé e tirou-me da pista.- Obrigada. Com licensa.- afastei-me mas senti-o puxar novamente para ele.

-Oh, eu conheço-te? És a Sakura, sobrinha da Sra. Maki- falou.

Fiquei gelada em segundos.

-Sou eu, o Yukito.- tirou a máscara. Eu relaxei.

-Oh! Yukito...-sussurei

-Também estás por aqui?- perguntou.

Não é obvio? O rapaz iluminou-se quando me viu. Parecia um pobre coitado.

-Sim... -comentei.

-A festa está ótima e estás maginifica!- olhou-me de cima a baixo. Por instantes e sem saber porquê, corei.- Adoro o teu disfarçe! Vieste sozinha?

-Ah... não!- lembrei-me imediatamente de Syaoran. Raios, ele devia estar à minha espera no andar de cima.- Estou acompanhada.

-O quê?- ele aproximou-se.

-Estou acompanhada!-aumentei a voz. O som da musica alteava cada vez mais.

-Não te oiço!- ele aproximou-se mais e mais.

-Estou acompanhada!- voltei a gritar e dei um passo atrás. Estávamos muito perto.

-Anda cá, não fujas.- ele sorriu e percebi que estava bêbado. Oh não!

Puxou-me pelo pulso e senti-me jogada até ele. Depois segurou a minha bochecha.

-Estás linda, Sakura.

Eu fechei os olhos à espera do pior, no entanto senti um empurrão para trás, afastando-me dele e um perfume irristivelmente conhecido pairou-me nas narinas.

-Algum problema, amigo?

Syaoran.

Yukito piscou os olhos e virou-se para ele. Estava à minha frente, protegendo-me.

-Desculpe, não sabia que ela estava acompanhada.-falou, embriagado.

Ah claro, eu propria tinha dito três vezes que estava acompanhada.

-Da próxima vez, tenha atenção por onde anda e as moças que encontra.- falando isto, o rapaz de cabelos cinzentos virou as costas cheio de medo e entrou no mar de gente.

Syaoran voltou-se para mim. As sombrancelhas estavam franzidas e o seu olhar era frio. Mortal.

-Ele fez-te alguma coisa?- perguntou ripismente.

-Não, estou bem.- encolhi-me, pela primeira vez senti medo de Syaoran Li.

Ele pegou-me no braço e afastamo-nos mais da pista de dança para um canto vazio. Depois largou-me e mexeu nos cabelos, revoltando-os.

-Caramba, Sakura. Fiquei preocupado, muito. Não aparecias , então fui á tua procura. Não te afastes mais de mim. Quem era aquele?- perguntou agitado.

Eu senti a boca seca. Precisava de ar.

-Era o Yukito..- falei num fio de voz.

-Quem? Tu conhece-lo?- admirou-se.- Suspeitava que não conhecesses ninguem daqui.

Ok, respirei fundo. Cá vai.

-É.. ele foi lá a casa um dia.- estava tenebrosa á espera da sua reação.

-O quê?!- gritou. -Aquele idiota? 

-Ele apareceu lá em casa, para deixar umas caixas da tia, no celeiro.- apressei-me a desculpar.

-E tu estavas sozinha?

-Bem...

-Estavas, Sakura?- gritou e agarrou-me nos ombros. Syaoran preocupado, era assustador.

-Sim, estava. Mas eu depois fechei-lhe a porta! Não aconteceu nada, ele nao me fez nada e foi embora.- respondi.

-Não faças mais isso Sakura. Nunca abras a porta a estranhos. Sobretudo aqueles que têm sempre segundas intenções.- respirou fundo e relaxou a face.- Se alguma coisa te acontecesse contigo eu...- interrompeu a frase e ficou em silêncio.

Oh, aquilo significava muita coisa.

-O que?

-Nada, esquece. Vem, vamos dançar . A festa está otima.- pegou-me na mão e conduziu-me novamente para o centro do salão.

-A minha capa?

-Está no carro.- Oh meu deus, ele foi lá fora à minha procura.

-Desculpa por te preocupares. Não volta acontecer.- murmurei triste.

-Esquece lá isso, anda.

Estavamos bem no centro da pista. As pessoas dançavam e bebiam . O som ecoava por todo o recinto e as luzes piscavam com tons brancos roxos , verdes e azuis.

Um grupo de fantasmas passou atrás de nós e um deles assustou-me de repente que sem pensar lançei-me aos braços de Syaoran. Senti o coração na boca.

Num giro de 360º graus, a musica ficou mais calma e os casais juntaram-se para dançarem. A minha mente estava pior que uma tempestade de inverno.Não sabia o que fazer e tremi nos seus braços. Ele puxou-me as mãos para o seu pescoço e depois segurou-me na cintura.Eu escondia a face no seu ombro quanto mais podia.

-Relaxa Sakura.

Envolvemo-nos os dois. O meu corpo amoleceu nos seus braços e não ouvi mais a musica. Nem senti as pessoas à nossa volta. Aquele momento era só nosso. Abanavamos os corpos devagar e depois Syaoran soltou-se de mim e fez-me girar debaixo do seu braço. O meu vestido levantou todo pela voltinha que dei criando um efeito mágio  e ouvi alguns espantos das pessoas. Voltei para os braços dele. Apertei os dedos no seu casaco.

Syaoran inclinou-se para mim e encostamos as testas uma na outra. Eu fechei os olhos.

É agora, não fujas. Deixa-te ir.

-Sakura..

-Sim?- continuei de olhos fechados, à espera de sentir algo diferente nos meus lábios.

-Eu..

Estavamos tão perto. Tão próximos, a milimetros de nos tocarmos.Senti a sua respiração quente e pesada, juntamente com o seu perfume.Porém tudo aconteceu muito rapido e segundos depois eu estava dele.

Fim do Capítulo.