That Isn't A Dream escrita por La
Notas iniciais do capítulo
Cara, que bad
pesado em
Dá até dor aq no core
"Eu queria que eu soubesse antes, o que sei agora. [...] A gravidade machuca, e você tornou isso tão doce, até que acordei no... No concreto." - Katy Perry, Wide Awake
Elas faziam de conta que eu não estava lá, e sério, isso me parecia horrível. O que eu havia feito, afinal? Peguei várias garotas mesmo. Mas não era nenhuma que Laura, ou Amanda, ou mesmo a doce Melissa odiassem. Eram garotas que não fariam diferença alguma para elas, e mesmo assim... Elas me ignoravam.
Eu não aguentava, eu arfava. Saí para o corredor dos dormitórios, suando, a vista embaçada e uma tontura horrível. Fui a um bebedouro, perto do quarto. Bebi água, mas não foi o suficiente. Com a visão cada vez mais turva, eu fui me rendendo a mim mesmo, com o corpo ficando cada vez mais mole. Ouço umas risadas, ao longe, mas não sei ao certo de quem são. Caio no chão e antes de perder por completo a consciência, ouço uma ultima voz, uma ultima declaração, mas ainda bem longe de mim.
–Sabe, eu finjo que gosto dele, mas na verdade.. Queria estar com o...- E apago.
Acordo atordoado na maca da enfermaria. A enfermeira Jullie me olhava,preocupada. Laura dormia em uma cadeira, na enfermaria, e eu não fazia ideia de que horas eram.
Quando se deu conta de que eu tinha acordado, a enfermeira veio até mim.
–Soube que Talis morreu? Ele tinha desmaiado na rua e um carro o atropelou... Achei que era algum surto de alguma doença pelo colégio... Mas pelo que vimos, o seu problema é completamente diferente do dele, não é?
Estremeci, com medo de que ela soubesse da bebedeira de ontem, e contasse a meus pais, eu estaria morto!
–Sua pressão arterial abaixou, por algum motivo. Mas não foi um desmaio longo, apesar de eu achar que se Laura- Apontou coma cabeça para a garota, que cochilava na cadeira- não tivesse feito a respiração boca a boca, pudesse durar mais. Não sei o que levou ela a fazer isso, por que é recomendado apenas em casos de...
–A LAURA FEZ RESPIRAÇÃO BOCA A BOCA EM MIM?- Interrompi seu monologo, deixando-a irritada com meu grito, e acordando Laura.
–Sim, ela fez. E não, acho que isso não conta como um beijo, se era isso que queria, meu caro. Pode sair, os alunos estão se arrumando para o velório... Pobre Talis, tão novo, apenas doze anos...
–Ok, enfermeira. Estou saindo e nós já estamos indo.
–Deixe de ser ingrato, moleque!-Disse ela, batendo forte em minha cabeça.- Vá, e Laura...- Laura, que já estava com a mão na maçaneta, se virou, de um modo tão bonito, que me fazia a desejar tanto... – cuide dele, para que isso não se repita, ok? Caso ele sinta tonturas, traga ele aqui.
Ela concordou com a cabeça, e sua cara de sono ficou acentuada pelo choro. Logo que saímos, percorremos uma boa parte do caminho até o quarto calados, porém, ela decidiu quebrar o silêncio.
–Eu fiz parte dele. Da história dele, se é que me entende, eu...- Ela suspirou, e não conseguiu conter as lágrimas –Lembra que na festa, eu fiquei com um garoto? Bem, não era o Abner, não era o Miguel e bem, era ele. Estávamos muito envolvidos, sabe como é e... Logo depois de ficarmos, quando ele está indo embora... Ah, ele desmaia e morre.
Ela correu nos últimos centímetros que faltavam até o quarto. Entrou lá e tirou as roupas, ficando de roupas intimas, sem pudor algum.
–Que saúde em- Disse, baixinho, para que ela não escutasse.
Mexeu na cômoda até achar uma saia de pregas azul marinho e uma regata preta. Eu já estava de calça jeans, então apenas troquei minha camiseta por uma preta, e seguimos para o ginásio, onde o velório começaria em poucos minutos. Enquanto descíamos as escadas, ela olhou para mim e disse:
–Talvez essa seja a consequência...
Eu não entendi, mas segui sem dizer uma palavra. Atravessamos o pátio central, que dividia os dormitórios dos prédios da escola, e seguimos até detrás dos prédios. O ginásio não estava lotado, até por que ele era gigante. Vi a sala dele inteira chorando, de preto, alguns perto do caixão, outros sentados nas arquibancadas, e alguns no chão mesmo. Realmente, o carinha era importante para eles... Dei tapinhas nas costas de Laura, e ela sorriu de modo falso, enquanto se encaminhava para a lateral do caixão, onde Melissa e João a esperavam, chorando.
Ela devia estar se sentindo perdida. Triste. Eles estavam juntos, e a vida o tirou dela. Eu imaginava se a vida tirasse alguém que eu gostasse de mim, repentinamente, e comecei a pensar na frase que ela disse.
“Talvez essa seja a consequência...” Essa pode ser a consequência de milhares de erros. O sofrimento é a consequência de muitas coisas. Mas... O que ela teria feito para ter que arcar com tal consequência? Teria ela feito mal a ele, ou ele feito mal a ela? Eu não consigo imaginar a doce Laura fazendo mal a alguém...
–Cara, que loucura.- Disse Nicholas, um dos amigos de Laura, chegando ao meu lado.- Eles estavam juntos, e minutos depois da melhor festa desse ano... BOOOM- Ri do gesto que fez com as mãos, abrindo-as, como se fosse uma explosão, e depois arrumando seu cabelo extremamente liso para trás.- Ele morre. Olha, e eu realmente curtia eles juntos, não é por nada sabe... Mas eles tiveram uma briga feia por sua causa,na festa, e ele saiu correndo e desmaiou... Pobre Talis...
Saí correndo. Eu não podia acreditar. A consequência... Eu havia feito aquilo. Por um erro!
–Ei, cara, volta aqui!
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VAI TER CAPITULO TRISTE SIM, N GOSTOU, ME MATA