"Some things we don't talk about

Rather do without

And just hold the smile

Falling in and out of love

Ashamed and proud of

Together all the while"

– The Fray

Quando senti-me aquecida, tanto pelo casaco de Zach como pelo ar quente a minha volta. Aproximei o casaco de meu rosto inalando o cheiro agridoce presente nele, o que fez-me sentir inebriada.

Despertei de meu mundo ao sentir minha barriga reclamar pela ausência de comida. Pensei em falar com Zach mas mudei de ideia. Não queria incomodá-lo. Respirei fundo e encostei a cabeça na janela, ouvindo a música da Lady Gaga tocar no rádio.

— O que você tem? - Ele questionou parecendo genuinamente preocupado. Mordi o lábio inferior e respondi, com sinceridade:

— Eu estou faminta - falei respirando fundo. Ele me encarou e disse:

— Darei um jeito nisso - sorri timidamente e ajeitei meus cabelos, corando. Mas porque eu estava corando? Respirei fundo e continuei prestando atenção a música que tocava no rádio. Depois de alguns minutos em silêncio, Zach interrompeu o silêncio e disse:

— Me fale mais sobre você, eu sei muito pouco - ele parecia insatisfeito com tal fato. Franzi o cenho pensando em tudo o que tinha para falar e comecei:

— Eu morava em Miami, cidade que por sinal eu detestava. Decidi vir morar com minhas amigas quando desisti de ter uma boa convivência com minha mãe.

— Você nem é bronzeada, como pode? - Ele questionou confuso. Ri da expressão dele e disse, brincando com meus próprios dedos:

— Eu quase nunca saia de casa, eu preferia ficar lendo, ou vendo televisão - disse o encarando. O olhar dele sobre meu... Causou-me um estranho arrepio. — Eu odeio Sol, e praia - adicionei fazendo uma careta de desgosto:

— Entendi - Zach disse sorrindo. Olhei para frente e fiquei surpresa a ver uma loja da Starbucks a poucos metros de onde estávamos. O destino deve achar isso tão engraçado! Pensei com ironia. Porque tudo que envolvia nós dois tinha que acontecer sob a chuva, ou na Starbucks?

— Eu estou começando a amar a Starbucks? - Zach disse divertido. Sorri ao ver que havia uma vaga fácil para estacionar. Saí do carro, me protegendo com o casaco dele e perguntei, ao vê-lo estremecer:

— Você não quer seu casaco de volta? - Ele apenas negou com a cabeça. Entramos no estabelecimento e fizemos nossos pedidos. Depois de que nossos pedidos ficaram prontos, nos sentamos em um local isolado, apesar de não haver ninguém a nossa volta, eu ainda podia sentir o olhar das atendentes sobre nós.

— Como lida com isso? Quero dizer, como consegue suportar todo o assédio, toda a perseguição?

Ele sorriu, e isso fez meu coração acelerar estranhamente.

— No começo é complicado, mas eu acabei me acostumando... Ser famoso também tem o lado bom... Eu posso ajudar minha família, coisa que eu não podia fazer antes - ele disse olhando para mim. Ele não era tão ruim, eu precisava admitir isso. — Porque você não gosta de mim? - Ele perguntou com o olhar triste de repente. Tive vontade de apertá-lo e não soltá-lo mais. Como alguém podia ser tão irritante e tão fofo?

— Não é isso... Eu - respirei fundo - gosto de você. É que eu só tenho alguns preconceitos com relação a sua banda, mas eu gosto de você! - Eu disse sorrindo. Os olhos dele brilharam e ele disse:

— Fico feliz em saber disso - ele disse carinhosamente. Tomei o resto do meu capuccino, deliciando-me com o sabor, enquanto ele saboreava seu chocolate com leite: — Me conte mais sobre você... Do que você gosta da Irlanda, quanto tempo ficará por aqui...

— Eu amo a paisagem daqui, apesar de nunca ter visto ao vivo e à cores, mas pelo o que vi nos filmes e na internet parece algo lindo - eu disse sorrindo: — Gosto das ruas, do ar puro, da alegria das pessoas... E se eu pudesse, ficaria aqui para sempre.

Zach sorriu novamente e falou:

— Se eu pudesse também ficaria aqui - ele disse olhando para mim. Mordi o lábio inferior e fiquei em silêncio. Ele pigarreou e levantou-se, caminhando na minha direção e puxando a cadeira para que eu pudesse levantar. Zach pagou a conta e saímos do Starbucks em silêncio.

O caminho de volta para mina casa foi estranho. Ele não se pronunciava, eu menos ainda. Várias perguntas dominavam a minha mente, deixando-me zonza. Depois de alguns minutos, paramos em frente à minha casa:

— Boa noite, Valerie - ele disse dando um beijo em minha bochecha. Perdi completamente o ar ao senti-lo tão perto. Ele sorriu e eu disse, com a voz trêmula:

— Boa noite - murmurei saindo do carro. Entrei em casa, fechei a porta e respirei fundo, meu coração batia loucamente contra meu peito. Acendi a luz e quase dei um berro ao ver minhas duas amigas sentadas no sofá.

— Vocês querem me matar do coração?! - Perguntei irritada. Gabi simplesmente negou com a cabeça e Juliet disse:

— Desculpe, mas estávamos curiosas para saber o que rolou no seu encontro.

— Ah, foi normal... Como qualquer outro encontro - eu disse simplesmente:

— Ah, eu esqueci que você janta com um astro pop famoso toda a semana não é Marie Valerie? - Ela disse ironicamente. Revirei os olhos e disse:

— Não aconteceu nada de mais, Ju! Começou a chover e tivemos que ir embora correndo do restaurante. Ele me levou para lanchar na Strbucks, nós conversamos e foi só isso - eu disse simplesmente. Gabi sorriu e disse, suspirando:

— Meu encontro com o Harold tão bom! E ele pediu para sair comigo de novo - a ruiva disse quicando no sofá. Ri da animação de minha amiga doidinha e disse:

— Onde vocês foram?

— Ele me levou ao Marlo´s - arregalei os olhos ao reconhecer o nome. Harold deve ter gastado uma boa grana naquele restaurante. Olhei para Gabi, que entendeu meu olhar e deu de ombros: — E depois nós ficamos passeando pela cidade - ela disse suspirando.

— Entendi... Bem, agora eu tenho que dormir, boa noite.

— Boa noite, Val - as duas disseram em uníssono. Subi as escadas lentamente e fui em direção a meu quarto. Pus meu pijama, pequei meu cobertor, me cobri e peguei lentamente no sono...