"Rain is what the thunder brings

For the first time, I can hear my heart sing

Call me a fool but I know I'm not"

– Madonna

Não posso negar em falar que ele estava lindo, pois Zach estava muito lindo mesmo. Seu cabelo estava penteado de um modo desgrenhado, que lhe dava um ar de descolado, sua barba por fazer, mesmo me dando uma imensa vontade de pegar um gilete e raspa-la até fazer com que o rosto do garoto ficasse lisinho igual bumbum de bebe dava-o um toque tão charmoso que me deu até falta de ar.

Nós ficamos o caminho inteiro até o restaurante apenas ouvindo o barulho dos carros ao nosso redor e do rádio do carro. Eu balançava lentamente a cabeça conforme a musica Doom And Gloom do The Rolling Stones.

– Gosta deles? - ele quebrou o silencio e eu levei um leve susto, me recordando que ainda estava dentro do carro com ele.

Dei de ombros e olhei para ele parando de respirar ao notar aquelas orbes castanhas me observarem.

– É legal - consegui dizer me martirizado por dentro. Por que eu fiz isso quando ele me olhou?

– Estamos chegando - ele sorriu voltando sua atenção para o transito. E realmente estava, pois não demorou cinco minutos para Zach estacionar o carro.

Ele saiu do mesmo, dando a volta e abrindo a porta para mim como um cavalheiro. Fiquei apenas observando-o com a mão estendida para que eu a pega-se e saísse do carro, mas diferente do que ele queria eu simplesmente sai do carro sem sua ajuda, indo em direção à entrada do restaurante.

E posso dizer que o lugar era simplesmente lindo, na sua sacada havia o nome do restaurante em dourado com letras grandes, uma porta de vidro onde dava-se para ver um homem engravatado como recepcionista.

Zach rapidamente já estava ao meu lado, ele me guiou para dentro do restaurante e quando entramos meu queixo caiu ainda mais. O lugar era iluminado apenas por velas, e possuía um cheiro tão agradável de comida francesa que senti meu estomago implorar por aquela comida.

Vários casais estavam sentados nas diversas mesas redondas, que eram iluminadas por velas redondas e de diferentes cores.

– O senhor possui reserva? - o homem engravatado disse olhando para Zach, que sorriu e segurou minha mão. Franzi o cenho e olhei para nossas mãos querendo me afastar dele, mas por algum motivo eu não consegui, o toque de sua mão na minha fez com que meus dedos formigassem.

– Sim. Zach - ele disse e o homem assentiu nos guiando para um lugar diferente do que os outros estavam.

Apenas acompanhei o homem, junto a Zach. E à cada detalhe que eu notava me sentia uma mendiga naquele lugar.

Entramos em uma área diferente, ela não possuía teto, o que facilitou nossa observação à lua, que brilhava no céu, e as paredes do lugar eram de samambaias com alguns enfeites pendurados nelas. Resumindo o lugar era perfeito.

Haviam poucas mesas no lugar, o que me deu a impressão de que Zach teria de pagar muito mais caro do que se tivéssemos apenas sentado dentro do restaurante.

Me sentei quando o homem engravatado afastou a cadeira da mesa e sorri para Zach, que tinha os olhos brilhantes. Respirei fundo me controlando para não surtar.

Outro homem, também engravatado se aproximou de nós se apresentando ser nosso garçom daquela noite. Ele nos entregou dois menus um para cada e disse que já estaria de volta para anotar nosso pedido.

– Como você achou esse lugar? - eu perguntei com os olhos arregalados olhando para Zach, que riu gostosamente.

– Tenho minhas fontes - ele deu de ombros e eu tive a impressão de que ele já havia levado outras pessoas lá, mas então lembrei que ele era da Inglaterra, não da Irlanda, que seria impossível ele levar uma ex namorada para aquele restaurante antes.

Não demorou muito para que o garçom voltasse para anotar o que desejávamos beber, ele se virou a mim esperando que eu respondesse, mas como nunca havia estado em um restaurante tão chique quanto aquele, dei um leve chute em Zach por debaixo da mesa, que resmungou algo, mas sorriu para mim entendendo o que havia acontecido.

– Uma garrafa de vinho, por favor - ele disse e eu sorri aliviada vendo o homem sair andando - Você bebe?

– As vezes - dei de ombros e fechei o menu já sabendo o que pedir, ele fez o mesmo e sorriu para mim mordendo os lábios logo em seguida, o que me fez ficar com falta de ar.

– É... Vai voltar para Inglaterra, quando? - perguntei tentando desviar o assunto e não olhar fixamente para aqueles lábios tão vermelhos.

– Estamos de férias, então daqui a dois meses - ele sorriu animado com o assunto e começou a falar sobre a turnê que havia acabado ha poucos dias atrás, mas eu não estava prestando atenção nem em metade do que ele falava, apenas assentindo e sorrindo para ele nas horas certas.

Rapidamente o garçom trouxe o vinho.

– Este está bom, senhor? - ele perguntou à Zach que olhou para o nome escrito na garrafa, logo assentindo. O garçom colocou um pouco em cada taça e começou a anotar nossos pedidos.

– Vou querer um Quiche Lorraine - disse sorrindo e logo em seguida bebericando da taça de vinho. O gosto de uva e álcool impregnaram minha garganta e eu fiquei tonta com tanto sabor.

– E um Omelete com cogumelos - Zach disse e o garçom retirou os cardápios.

Zach voltou a falar sem para sobre como fora sua turnê, mas eu não estava nenhum pouco interessada nela, pois continuava achar que eles eram marqueteiros e que não sabiam cantar ao vivo. Tive uma imensa vontade de perguntar se eles usavam playback nos shows, mas acho que seria muito rude.

Segundos depois do garçom sair de perto da nossa mesa senti uma gota pintar nas costas da minha mão, que repousava sobre a mesa. Olhei para cima ignorando de vez a existência de Zach agora e sentindo mais uma gota pintar na ponta de meu nariz.

Não demorou nem cinco segundos para que a chuva começasse e eu e Zach estívessemos ensopados. Saímos correndo do restaurante ignorando os gritos dos garçons dizendo que arrumariam uma nova mesa para nós, mas nós dois não prestamos atenção nenhuma no que eles falaram, apenas riamos descontroladamente um da cara do outro, enquanto corríamos para perto do carro.

Entrei no carro e me encolhi sentindo somente agora o frio da chuva. Respirei fundo e olhei para o lado, onde Zach havia acabado de se sentar. Ele ainda ria de mim e meu cabelo ensopado.

– Precisamos parar de nos ver de baixo da chuva - ele disse girando a chave na ignição do carro.

Eu estava tremendo de frio, mesmo que o aquecedor do carro estivesse ligado. Meus lábios não paravam de tremer e eu me sentia uma criança de cinco anos que havia sido arrancada do parque de diversões por causa da chuva. Eu realmente estava gostando do restaurante, e estava com fome.

– Você está tremendo de frio - ele disse. Nossa, se você não tivesse falado, nem teria reparado, gênio!

Revirei os olhos e olhei para ele. O carro estava parado à frente do farol vermelho. Zach em um movimento rapido retirou o sobretudo que estava usando e colocou sobre meus ombros, mesmo molhado o sobretudo estava quente, e o perfume de Zach estava impregnado nele, o que me deu uma imensa vontade de rouba-lo para mim.

Sorri de lado com a gentileza que ele fez e disse:

– Obrigada.

Ele sorriu para mim e voltou sua atenção para o transito, pois o farol havia ficado verde mais uma vez.