A Canção Permanece A Mesma escrita por Bella P


Capítulo 18
Capítulo 17




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PURGATÓRIO – Agora

O Purgatório não era exatamente como Draco havia imaginado: uma floresta sem fim e desbotada, com feixes de luz passando por entre as copas das árvores, provindos de um sol impossível de se localizar no céu cinzento. Curiosamente o lugar o lembrava a Floresta Negra de Hogwarts, com um pouco menos de cor, mas igualmente mortal.

E era em um lugar desses que ele teria que encontrar Astoria.

Tessa tinha razão: ele levaria mais do que dias para achar a sua esposa.

– Quer um conselho? - disse a Ceifadora. - Siga o seu coração. - e desapareceu deixando essas palavras enigmáticas para trás.

Draco suspirou, pousando a bolsa que tinha trazido consigo no chão, agachando-se em seguida em frente a ela e abrindo o zíper enquanto os seus olhos claros vasculhavam todo o ambiente ao se redor.

Monstros, em sua grande maioria, possuíam sentidos aguçados. Portanto, a presença dele ali deve ter sido detectada no segundo em que ele surgiu no Purgatório. Seria então apenas uma questão de tempo até a caçada começar.

Ele recolheu de dentro da bolsa dois facões e em seguida fechou o zíper, enfiando os braços pelas alças e a transformando em uma mochila. Ergueu-se do chão vagarosamente, ainda avaliando o ambiente a sua volta, e considerando por onde começar a sua busca por Astoria.

O sibilo de algo cortando o ar chamou a atenção de Draco que olhou para os poucos trechos de céu que as folhas não escondiam. Viu que uma nuvem negra cruzava o ar como um meteoro até cair alguns quilômetros a frente na floresta.

Algo comprimiu o peito de Draco. Uma sensação ruim que começava a sufocá-lo e deixá-lo sem ar. Algo que ele sabia estar relacionado à Astoria.

Considerou correr na direção de onde os meteoros tinham caído, mas sabia que não chegaria lá a tempo. E foi então que se lembrou das palavras de Tessa: de seguir o seu coração.

Malfoy fechou os olhos, inspirou fundo e pensou em Astoria. Em estar ao lado dela, em encontrá-la. O peso em seu peito foi substituído por algo que se assemelhou a um anzol que o puxava com cada vez mais força em uma direção especifica. Na direção de onde os meteoros caíam.

Draco relaxou o corpo e inspirou profundamente mais uma vez. E deixando a força que o puxava guiá-lo, ele desaparatou.

A viagem não durou um segundo e logo ele havia reaparecido entre mais árvores, onde uma batalha ocorria. Um homem de sobretudo encardido lutava com um monstro que tinha uma enorme boca no lugar do rosto, e o cara do sobretudo parecia estar perdendo. Isto até que um outro homem girou a lâmina que carregava e em um golpe só cortou a cabeça do monstro fora.

– Astoria! - o grito fez Draco arregalar os olhos e girar sobre os pés. E por um segundo ele ficou paralisado diante do que via:

Astoria, mais à frente, lutando com um monstro com dentes enormes no lugar do rosto.

Ela não tinha mudado nada desde a fatídica noite em que a mansão explodiu. Usava o mesmo jeans velho, a mesma bota de escalada, jaqueta de couro e camisa de flanela de botões. O rosto não tinha envelhecido um dia e os olhos verdes brilhavam determinados.

Mas foi quando o monstro a derrubou no chão que Draco percebeu que apesar de toda a determinação, ela estava perdendo. E então ele finalmente reagiu, sendo movido pelos anos caçando e pela fúria que o apoderou ao ver a criatura sufocando Astoria. Não tinha chegado tão longe para perdê-la mais uma vez.

Malfoy trincou os dentes, cruzando o espaço entre eles em três passadas largas e rápidas. O facão da mão direita foi projetado para frente com força, atravessando o peito do monstro como se fosse manteiga. O da mão esquerda fez uma parábola no ar antes de cortar a cabeça da criatura fora.

O monstro ainda permaneceu de pé por alguns segundos devido a faca no peito que o sustentava, mas quando Malfoy recolheu esta, a criatura caiu como um saco de batatas no chão, revelando o rosto aliviado de Astoria que em uma fração de segundo alterou a sua expressão para surpresa.

– Draco... - ela balbuciou e em seguida, em um impulso só, saiu do chão e arremessou-se contra ele, envolvendo-lhe o pescoço em um abraço apertado enquanto lágrimas começaram a rolar de seus olhos.

Draco deixou os facões caírem no chão, muito mais preocupado em sentir a mulher em seus bracos, apertá-la ainda mais contra o seu corpo e nunca mais largá-la.

– Eu vim. - murmurou com a voz embargada. - Como prometi.

Astoria gargalhou contra o pescoço dele. Uma risada de pura alegria e também recheada de tristeza. Draco havia cumprido a sua promessa mas ela, mais uma vez, não seria capaz de fazer o mesmo.

Castiel tinha razão, ela não possuía mais um corpo para o qual voltar e não queria se tornar um espírito vagando pelos lugares mágicos sem poder ter nenhum contato humano com alguém. Queria poder abraçar Draco como estava fazendo agora, graças a ausência de leis da física no Purgatório, queria abraçar os seus filhos, acalentar o seu sono, niná-los em seu colo. Como um fantasma não seria capaz de fazer isso.

Agora ela entendia porque os fantasmas de Hogwarts sempre tinham aquele ar deprimido. Conviviam com humanos, mas não eram capazes de sentir o calor que um simples toque, um gesto de afeto, companheirismo ou amizade era capaz de provocar.

E ainda havia o fato de por não ter cumprido a sua pena no Inferno, ela ainda era uma mulher marcada. Não podia colocar a sua família em risco assim.

– Draco... - disse mais uma vez, afastando-se dele lentamente e acariciando com as mãos as bochechas com a barba por fazer. - Eu... - as palavras ficaram entaladas em sua garganta. Como dizer à ele que o seu esforço havia sido em vão?

– Ei! Eu não quero interromper o momento feliz, mas acho melhor continuarmos andando. - Astoria grunhiu. Uma coisa que tinha aprendido sobre Dean nesses últimos dias era que ele possuía a sutileza de um elefante em uma loja de cristais.

Ela lançou ao primo um olhar cortante por sobre o ombro de Draco e se afastou lentamente do marido. Queria abraçá-lo mais, beijá-lo até lhe tirar todo o fôlego, mas no Purgatório nunca era bom ficar mais tempo do que o necessário em um único lugar. Ainda mais quando eles acabaram de enfrentar leviatãs.

– Quem são os seus amigos? - Draco perguntou curioso enquanto recolhia do chão os facões que tinha dispensado mais cedo em favor de abraçar Astoria.

– Draco... - Astoria deu à ele aquele sorriso que prometia que o que ela estava prestes a dizer iria chocá-lo imensamente. - O desgrenhado e ensanguentado é Dean Winchester, filho da minha prima Mary.

Draco já ouvira falar de Mary das histórias de Astoria sobre a sua família por parte de mãe. Surpresa era ver a esposa encontrar um dos filhos da falecida mulher no Purgatório. Os Campbell realmente não tinham muita sorte.

– O vampiro é Benny e este... - e nisto ela fez questão de ir até o homem que usava uma estranha combinação de pijamas de hospital e sobretudo, pousando uma mão sobre o ombro dele. Ele não estava ferido como Dean, mas estava igualmente sujo. - E Castiel, um anjo.

Draco arregalou os olhos e a mirou como se ela tivesse surtado. Entretanto, o sorriso que ela mantinha no rosto dizia que o que ela estava falando era extremamente sério e verdadeiro.

Um anjo? Bem, se demônios existiam, por que não o contrário, não é mesmo? Mas o que diabos um anjo estava fazendo no Purgatório, e ainda mais naquele estado?

– Eu tenho que dizer Astoria, você estava certa. - Dean comentou. Não tinha a mesma fé que a prima no tal de Draco, não depois das histórias que ouviu sobre ele, mas agora teria que morder a língua porque o homem realmente viera salvá-la, mostrando que a covardia que lhe foi característica na adolescência havia permanecido na adolescência.

O sorriso presunçoso no rosto de Astoria, como resposta ao que ele disse, era tão parecido com os que Dean costumava dar que se em algum momento ele tivesse questionado o seu parentesco com a mulher, a dúvida teria acabado agora.

– Melhor continuarmos andando, temos um portal para encontrar. - Dean falou, já voltando a caminhar e não olhando para trás para saber se estava sendo seguido ou não. Acreditava que os seus companheiros de viagem não seriam tão estúpidos de perder tempo papeando com o recém chegado.

– Ele é mandão como a sua irmã. - o caçador ouviu Draco falar atrás de si e Astoria rir. - E vocês sabem onde fica o portal?

– Benny sabe. - Astoria respondeu. - Mas como você sabe do portal?

– Tessa. - foi o que Draco respondeu e Dean quase tropeçou em uma raiz ao virar-se para mirar o outro homem.

– A Ceifadora? - Draco fez que sim com a cabeça.

– Ceifadores têm acesso a todas as vertentes do mundo dos mortos. Invoquei um e pedi ajuda. Dei sorte por ter sido um prestativo. - sorte mesmo, pensou Dean. Geralmente criaturas sobrenaturais não colaboram com caçadores só pela bondade em seus corações, mas Tessa mostrou ser um dos poucos seres que os irmãos Winchester conheceram que poderia ser alguém a quem recorrer na hora de pedir ajuda.

Depois disso a viagem prosseguiu em relativo silêncio, com Benny andando à frente do grupo para guiar o caminho, Castiel emparelhado com Dean e Draco e Astoria fechando a comitiva, com Draco abraçando Astoria pelos ombros contra o seu corpo com medo de que se ficasse longe dela por um segundo, ela sumisse em pleno ar.

Caminharam por pelo menos uma hora e meia antes de novamente uma discussão começar entre Benny, Dean e Castiel. Os dois últimos acusavam o primeiro de talvez ter sido enganado e realmente não saber a localização do portal. Benny rebateu dizendo que tudo o que eles precisavam ter era um pouco de fé.

Astoria quase riu. Um vampiro falando sobre fé à um anjo. Com certeza deveria existir uma piada sobre o assunto em algum lugar.

E então o três pararam, o que obrigou Draco e ela a pararem também. Uma folha havia se erguido do chão, como se sob o feitiço wingardium leviosa, e dançou no ar por alguns segundos na frente do grupo antes de ser sugada na direção de um pequeno círculo de energia que estalava no alto de um monte mais à frente.

– Mas o que diabos... - Dean balbuciou e em seguida virou-se para Benny que lhe deu um sorriso arrogante.

Aparentemente o portal estava reagindo devido a presença de humanos ali e agora era a hora de acordos serem cumpridos. E Benny parecia ter conquistado a confiança do primo durante a viagem, percebeu isto quando viu Dean cortar o braço para realizar o ritual que carregaria a alma do vampiro para fora do Purgatório. E enquanto os outros estavam ocupados, Astoria tomou coragem para fazer o que deveria ser feito.

Era a hora da verdade.

– Draco. - disse, virando-se para ele e segurando-lhe o rosto entre as mãos. - Você não faz ideia de como eu estou feliz por você ter vindo...

Draco franziu as sobrancelhas, não gostando do rumo daquela conversa. Havia um "mas" nas palavras de Astoria e isso estava fazendo a apreensão e o pavor pesarem em seu estômago pouco a pouco.

– Mas eu não vou poder voltar com você. - concluiu e esperou a explosão que estava por vir, mas nada aconteceu. Draco somente franziu ainda mais as sobrancelhas e fechou os dedos nos pulsos dela, tirando as mãos de Astoria de seu rosto.

– Astoria... Que brincadeira de mau gosto e essa? - falou com a voz gélida, apertando os pulsos dela com mais força.

– Draco... - Astoria suspirou. Lidar com Draco quando ele reagia de maneira fria e distante a alguma bomba que ela soltava era mais complicado do que quando ele simplesmente explodia de fúria.

A reação que ele estava tendo agora foi a mesma de quando ela lhe falou sobre ser uma caçadora e sobre o acordo que fez para salvar a vida dele.

Era a reação que indicava que ele ainda não tinha processado direito o que ouviu e quando isto acontecesse, a coisa ficaria feia.

E foi o que aconteceu, pois não demorou nem meio minuto para Astoria ver nos olhos cinzentos a compreensão do que ela tinha acabado de dizer.

– Não! - rosnou, recuando um passo ao soltar os pulsos dela como se esses tivessem lhe queimado.

Astoria não poderia estar falando sério. Ela por um acaso fazia ideia do que ele passou nos últimos anos sem ela? Procurando uma maneira de salvá-la enquanto fugia do Ministério, do demônio furioso por ela ter mudado as cláusulas do acordo, caçando monstros e outros demônios e tentando criar os filhos deles nesse meio tempo? Tentando se manter forte e inteiro todo santo dia para assim continuar a seguir em frente, acreditando que seria bem sucedido. Porque ele precisava ser bem sucedido.

Precisava de Astoria com a mesma importância com que precisava de ar para respirar e depois de passar anos sufocando, achou que finalmente estaria salvo apenas para ela lhe tirar o oxigênio de novo dessa maneira violenta.

– Não! NÃO! - gritou, o desespero tomando conta dele pouco a pouco.

Astoria era a sua vida, ela lhe deu a vida em momentos em que ele pensou em desistir de tudo. Foi a ideia de que iria salvá-la, que logo estariam juntos de novo, que o fez continuar firme e forte. Isso e os seus filhos. Porque se não tivesse nenhum deles talvez não estaria aqui hoje, mas sim no Inferno sendo mais uma das almas torturadas. E agora ela vinha e lhe apunhalava no peito dessa maneira?

– Draco, por favor...

– Não! Eu não quero ouvir. Você virá comigo nem que eu tenha que te arremessar daqui mesmo naquele portal!

Astoria trincou os dentes e contou até dez, pedindo por paciência e força. Entendia o desespero de Draco, o compartilhava em igual proporção. Não queria ficar a eternidade no Purgatório, mas também não queria voltar e destruir tudo pelo que ela lutou, deu a vida, literalmente, para proteger. E Draco precisava entender isso, ela o faria entender.

– Não! Você precisa me ouvir! - disse em um tom firme e que não admitia discussões, e deu um passo largo na direção dele, segurando-lhe o rosto novamente entre as suas mãos. Draco tentou fugir do aperto dela, mas Astoria apenas o agarrou com mais força, permitindo que os seus dedos marcassem a pele clara sob eles. - Eu não tenho mais um corpo para o qual voltar e me recuso a ficar vagando por aí como um dos fantasmas de Hogwarts, podendo ser vista, ouvida, mas nunca tocada. E mesmo que eu tivesse um corpo, a minha alma ainda possuí a marca do Inferno. Eu não cumpri a minha pena, portanto, ainda estou condenada. E eu me recuso a colocar vocês nesta posição de novo. Me recuso!

Disse com firmeza, mantendo os seus olhos verdes fixos nos cinzentos.

– Diga que você entende. Me diga que você entende! - exigiu e Draco comprimiu a boca em uma linha fina.

– Eu não posso perder você. - ele disse por fim em uma voz quase sumida.

Astoria suspirou, colocando-se na ponta dos pés e apoiando a sua testa na dele.

– Você me deu os dez melhores anos da minha vida Draco. Me deu dois filhos lindos, me deu amor, e eu sempre serei grata por isso, por tudo que você me deu. E é por causa disso que eu não posso permitir que tamanho presente seja tirado de mim. Prefiro ficar no Purgatório sabendo que vocês estarão bem, estarão vivos, do que ter a companhia da minha família no Inferno. - lágrimas começaram a rolar pelas bochechas dela. - Por favor, me diga que você entendeu. - falou em um soluço, com as suas convicções fugindo de si a cada segundo em que o marido permanecia calado, sem lhe responder.

Draco resistiu. Não queria ceder, não queria concordar com Astoria. Da última vez que fez isso foi para vê-la pisar sobre o sigilo que seria o gatilho do feitiço que explodiu a mansão Malfoy com ela ainda dentro da casa.

– Eu... - um bolo entalou na garganta de Draco, sufocando as suas palavras. - Entendo. - disse por fim e Astoria sorriu, um sorriso tão melancólico que fez o coração dele partir em milhares de pedaços.

– Cuide dos nossos filhos. Não deixe eles esquecerem de mim. - implorou, afrouxando o aperto no rosto dele e agora acariciando as bochechas pálidas, traçando cada linha de expressão com as pontas dos dedos, querendo gravá-las em sua mente, em seu tato, em todos os seus sentidos. Ter a lembrança dos olhos cinzentos carregados de tristeza e do calor do corpo de Draco para o resto da eternidade.

– Nunca. - declarou, inclinando a cabeça e tomando os lábios dela com os seus em um beijo longo e sofrido. Havia esperado tanto tempo para beijá-la de novo, somente para ser outro beijo de despedida. - Tome. - falou quando se separaram, tirando a bolsa de suas costas e estendendo para ela. - A munição das armas não durará muito, mas há facas, um machado e os dois facões aí dentro.

Astoria recebeu a bolsa em silêncio e deu mais um beijo em Draco, tentando prolongar o contato por um tempo indefinido, mas sabendo que não seria possível. Em seguida se afastou dele e lançou um olhar para Dean ao lado de Castiel e que observava a cena em silêncio. Benny há muito já havia desaparecido dentro do ferimento no braço do primo.

– Cuide deles para mim Dean. - o homem quis abrir a boca, protestar como Draco fez, havia dito que ninguém seria deixado para trás e arrastaria Astoria para o outro lado se dependesse dele. Mas o olhar da mulher dizia que ela tinha tomado a sua decisão e ela era uma Campbell. A família vinha em primeiro lugar e era isso o que ela estava fazendo. Arriscando a sua liberdade pela segurança de sua família.

Em dois passos Dean aproximou-se dela e a abraçou fortemente por longos segundos. Conviveu por tão pouco tempo com Astoria, o que não era justo, mas desde quando a porcaria da vida era justa para um Winchester/Campbell?

– Eu vou. - sussurrou a promessa no ouvido dela e se afastou.

Astoria recuou, achando melhor permanecer onde estava ao invés de acompanhá-los até o topo do monte onde o portal oscilava, prestes a fechar a qualquer momento. Dean e Castiel começaram a se mover, mas Draco hesitou por um segundo, como se considerando novamente se ia ou ficava.

– Vá. - ela ordenou, recuando mais ainda, colocando uma distância maior entre eles. Só não sabia dizer para benefício de quem. Dela que tudo o que queria era jogar tudo para o alto e arriscar cruzar o portal para ver no que ia dar, ou dele que também tinha um olhar de que queria jogar tudo para o alto e arrastá-la para o portal.

No fim, foi Dean quem tomou a decisão por eles ao fechar os dedos no pulso de Draco e puxá-lo para longe de Astoria que ficou parada no lugar observando eles desaparecerem entre as árvores para minutos depois reaparecessem sobre o monte.

Um sibilo cortou o ar e o olhar de Astoria acompanhou a nuvem negra que foi na direção do monte. Ela ofegou, tirando a espada de lâmina curta de sua cintura e correndo para auxiliar o trio, torcendo para chegar a tempo.

Dean, Draco e Castiel já estavam perto do portal quando os leviatãs tomaram a forma humana e partiram para o ataque, inutilizando Dean e Draco de maneira rápida e em poucos golpes e indo para cima do anjo.

Astoria forçou-se a correr mais rápido, escalando com dificuldade as pedras, escorregando uma vez ou outra, até que finalmente conseguiu alcançar o topo do monte a tempo de cortar fora a cabeça do leviatã que Castiel empurrou para longe de si. O outro monstro Dean fez as honras de decapitar assim que o anjo o imobilizou.

– O portal! - Astoria gritou, apontando para a energia crepitando de maneira instável. Draco lançou um longo olhar para ela, como se reconsiderando mais uma vez, e novamente Dean tomou a decisão por ele ao empurrá-lo para o portal, por onde ele desapareceu.

Em seguida, o próprio Dean pisou dentro do círculo de energia, estendendo uma mão para Castiel que quase rolara barranco abaixo devido a batalha com o leviatã.

Astoria apenas observou de longe a sua família desaparecer e arregalou os olhos e ofegou quando poucos segundos antes do portal se fechar, Castiel deliberadamente soltou a mão de Dean cujos gritos ecoaram no alto do monte até o círculo de energia desaparecer de vez.

– Castiel... - Astoria ofegou. - O que você fez? - perguntou chocada.

Dean havia varrido aquele Purgatório inteiro por um ano atrás do anjo que no último segundo soltou a mão dele para ficar para trás.

– Fiz isso para o bem do Dean, da mesma maneira que você decidiu ficar para o bem da sua família. - Astoria desconfiava que não seria bem assim que Dean veria as coisas, mas preferiu ficar quieta. - Venha, melhor continuarmos nos movendo.

– Como?

– Não vou deixar você aqui sozinha. Se ficaremos a eternidade aprisionados aqui, ao menos faremos companhia um para o outro.

Astoria deu de ombros. Era uma parceria justa e poderiam até formar uma nova dupla dinâmica:

Ela, a alma fugida do Inferno e Castiel, o anjo banido do Céu.


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