Foi uma das únicas noites na minha vida que eu não sonhei com nada, nem tive sonhos e nem pesadelos.Acordei, o sol ainda não tinha nascido, olhei no relógio e eram 3:30.

Eu decidi ficar deitado para ver se conseguia dormir de novo, Olhei para Annabeth, tão tranqüila, dormindo, linda como sempre, fiquei admirando-a por um longo tempo e me perguntando o que eu tinha feito para merecer uma namorada tão perfeita, uma pessoa que eu não queria só como companheira pra vida toda, também queria como amiga.

Senti Ann se remexer e abrir aqueles lindos olhos cinza-tempestade diretamente encarando-me.

-Porque está me olhando desse jeito, cabeça de alga?- ela perguntou e fechou os olhos se aconchegando melhor.

-Admirando a perfeição da mulher da minha vida- eu disse e dei-lhe um selinho

-Hmmm, que horas são?- ela perguntou ainda de olhos fechados e com voz de sono

-4:10- eu respondi

-Ainda?acho que vou dormir mais um pouquinho- ela disse e virou-se para o outro lado

E a abracei por trás como se fossemos dormir de conchinha.

-Dormir? Hm...eu pensei que.. talvez poderíamos fazer outra coisa- disse eu sussurando em seu ouvido e beijando seu pescoço.

-Hmm, pensou é?? – disse ela virando-se e me beijando

Bem, vocês podem imaginar o que rolou, não vou entrar em detalhes, afinal privacidade é uma coisa legal! Não acham?

4 meses se passaram, eu já comprara um apartamento, parcelado em suaves prestações, é claro! Meu salário era bom, mas, não podíamos sair gastando tudo, afinal dentro de alguns meses seríamos 6 e não 2, eu estava pesquisando o preço de carros, Ann estava com a barriga enorme e sentia muitas dores, minha mãe nos visitava de dois em dois dias, mas ligava de meia em meia hora, acho que é o stress de ser avó de primeira viagem.

Eu tinha acabado de voltar do trabalho.

-Ann, cheguei!!- gritei eu da sala

-Estou no quartos dos bebês!!- gritou ela de volta

Eu fui andando até o quarto das crianças, o maior quarto do nosso apartamento, Eu já havia pintado o quarto de várias cores, porque todo dia Ann tinha uma idéia diferente, acabamos decidindo pintar de branco e cada um teria uma cor diferente de enxoval.

-Oi sabidinha!- eu disse entrando no quarto e vendo Ann sentada em uma poltrona branca olhando para os cantos, talvez estivesse imaginando como ela quer que fique, o que significa mais trabalho para mim.

-Oi !- ela respondeu e eu dei-lhe um selinho.

Ela voltou a olhar para os cantos, o quarto era enorme e todo branco,havia quatro recuos, onde colocamos os berços, quatro cômodas e um guarda roupa enorme, exagero de Annabeth. Por enquanto os lençóis eram brancos, uma pilha de fraldas estava próxima ao guarda roupa e alguns pacotes em cima do trocador, era tudo branco, afinal decidimos saber o sexo só quando eles nascerem.

Ann estava perdida em seus devaneios e nem prestou muita atenção em mim.

-Ann, eu vou tomar um banho-eu disse e dei-lhe um beijo na testa

-Hmm- foi a única coisa que escutei antes de sair

Depois que tomei banho fui até a sala, liguei a TV e fiquei assistindo baseball, Ann logo sentou-se no sofá e deitou em meu colo.

-Cansada?- eu perguntei olhando-a

-Muito- ela respondeu

- Muitas dores?- eu perguntei e comecei a acariciar seus cachos

-Sim- ela respondeu- Percy! Rápido- ela disse e puxou minha mão, pondo-a sobre sua barriga para que eu sentisse os bebês se mexendo

-Nossa, que chute forte- eu disse, provavelmente com uma cara de bobo

-É, acho que querem ser jogadores de futebol- ela disse e sorriu- E como foi o trabalho hoje?- ela perguntou e me olhou

-Normal, quando se cuida de tubarões, todo dia é perigoso.-respondi- a menos que você seja filho de Poseidon

-Eu recebi uma carta hoje-ela disse fitando-me preocupada

-Carta? De quem?- eu perguntei curioso

-De uma faculdade- disse ela reprimindo um sorriso- eu fui aceita para a turma de arquitetura do próximo ano

-Ann, que bom!- eu disse me ajeitando no sofá- era o que você queria, não era?- eu perguntei e ela assentiu

-Era, mas e as crianças, como ficam- ela perguntou preocupada

-Ann, a faculdade só começa daqui um ano e a gente dá um jeito, eu posso ficar com as crianças enquanto você estuda- eu disse e ela sentou-se olhando para mim

-Você faria isso?-perguntou ela- faria isso por mim?

-Claro que sim! Você ainda tinha dúvidas?-eu perguntei e ela negou com a cabeça- Eu sou capaz de fazer qualquer coisa para te fazer feliz- eu disse e a beijei

Ficamos conversando sobre faculdade, Ann falou tanto de arquitetura que eu fiquei tonto, mas continuei escutando para não magoá-la, pouco tempo depois nó fomos dormir.

No dia seguinte eu acordei com um grito, levantei-me o mais rápido que pude e fui ver o que estava acontecendo, chegando na cozinha vi Ann com os olhos arregalados segurando a barriga.

-Annabeth! O que aconteceu??- eu perguntei desesperadamente

-Eu não sei! Está doendo muito!!- ela disse olhando para mim com os olhos suplicantes

-Temos que ir ao hospital agora!- eu disse e ela assentiu- sente-se um pouco enquanto eu coloco uma calça e uma camisa e já volto- eu disse e ela assentiu novamente

Depois de uns dois minutos eu terminei de me arrumar, estava tão desesperado que nem pensei em que roupa vestir.

Peguei Ann no colo e fomos em direção ao elevador, eu tinha comprado um carro no dia anterior e iria fazer uma surpresa a Ann, mas as circunstancias não eram boas para uma surpresa, fomos caminhando até a garagem.

-Onde você vai?- perguntou Ann- a portaria é do outro lado

-Tem uma coisa que eu não lhe contei- eu disse e tirei as chaves do bolso- eu comprei um carro, era para ser uma surpresa, mas eles não deixaram- eu disse e apontei para a barriga dela

-Que legal Percy! E qual é o caaaAAAH- ela colocou as mãos sobre a barriga novamente e quase se ajoelhou de dor

Eu a peguei no colo novamente e fui em direção ao carro, era um carro grande,prata.

Eu a coloquei no chão abri a porta, ajudei-a a subir e a colocar o cinto.

O caminho até o hospital foi silencioso, a não ser pelos gemidos de Annabeth, chegando no hospital, deixei-a no carro para pegar uma cadeira de rodas e chamar um enfermeiro, ele encaminhou Ann até uma área restrita e disse que logo eu teria notícias.

Eu estava aflito, já haviam se passado quase duas horas e eu ainda não tinha notícia alguma, muitos médicos entravam e saiam chamando os nomes das pessoas, mas nenhum dizia o nome dela e eu comecei a imaginar o pior, como seria minha vida sem Annabeth?como será que ela estava? e meus filhos estavam bem?, essas perguntas iam me consumindo aos poucos, meus pensamentos focavam em Ann e nos nossos filhos, eu orei para todos os deuses que conhecia, percebi que ficar ali ia acabar me matando de ansiedade, então levantei-me e fui beber um pouco de água.