Essa seria a primeira vez que paulina começaria a dormir sozinha, sem sua mãe perto dela para velar seu sono, e ela teria que se acostumar com esta ausência. O dia estava amanhecendo e a claridade já começava a tomar conta do pequeno quarto que paulina estava dormindo, quando a claridade do sol começou a tocar o rosto dela, com uma certa dificuldade ela abriu os olhos lentamente para se acostumar com a luz natural do dia.

Paulina se sentou na cama, soltou um suspiro e caiu na realidade novamente, sua mãe não estava mais ali com ela, e o momento que não queria presenciar tão cedo em toda sua vida estava prestes a acontecer seria o enterro de sua mãe. Levantou-se e foi até o banheiro fez sua higiene e voltou para o quarto arrumando os lençóis que estavam bagunçados, não iria tomar café estava sem vontade alguma de comer.

—Preciso falar com carlos daniel… - fechou a porta da pequena casa

Saiu rumo a casa de Carlos daniel, só que ela não sabia exatamente o que ela iria fazer lá, talvez ela quisesse apenas falar com ele, ter um ombro amigo ao seu lado, desabafar um pouco, chorar...Em questão de poucos minutos estava parada em frente a casa dele, respirou fundo e apertou a campainha, não demorou muito e Laura abriu a porta.

—Oi, paulina….-comprimentou

—Olá, senhora Bracho...O carlos daniel está??....-perguntou

—Está, vou chamá-lo….-Virou as costas e deixou ela esperando na porta

   Enquanto paulina esperava na porta, a mãe de carlos daniel o chamava em seu quarto avisando que a menina o esperava, não foi nem preciso ela terminar de dizer ele colocou seu calçado e saiu correndo escada abaixo para encontrar sua querida paulina.

Paulina estava com a cabeça baixa e não viu quando carlos daniel chegou.

—Paulina…-Falou sorridente

—Carlinhos…-Sorriu porém triste…-Quer caminhar comigo??

—Claro que sim…-Aceitou imediatamente

 Antes de sair chamou sua mãe para avisá-la que iria caminhar com Paulina.

—Mãe, vou caminhar na beira da praia com a Lina…-Falou quase saindo

—Ok, carlos daniel só não esqueça que você tem que fazer suas malas…-falou

  Carlos daniel não disse nada, apenas fechou a porta atrás de si. O sorriso triste que tinha no rosto de paulina desmanchou-se com o que tinha acabado de escutar.

POV Paulina

 Como assim malas?? Carlos daniel iria embora? mas quando?? como?? por que?? e por que ele não me disse?? será que ele iria embora sem me falar nada?? meu deus e agora??.

  Caminhamos silenciosamente pela beira da praia sentindo as ondas calmas do mar tocarem nossos pés, não sabia o que dizer, não sabia o que pensar exatamente, e por que eu pensaria? eu só tenho 9 anos e já tenho muito com o que meu preocupar, na verdade que eu estou enganando não é?.

— Carlos daniel…-chamei

  Paramos de caminhar, virei de frente para ele e ficamos olhando um nos olhos do outro, procurando algo que nem eu mesma sabia o que era, não aguentando mais pulei no seu pescoço o abraçando com toda a minha força sentindo as lágrimas despejarem pelo meu rosto e molhar sua blusa.

POV Paulina off

POV Carlos daniel

 Quando senti seus braços rodearem meu pescoço não pensei em mais nada a não ser abraçá-la e tentar esquecer que eu teria que deixá-la. Sentia as lágrimas dela molharem minha blusa algo que eu realmente não me importava, mas saber que eu era o causador delas me doía a alma, uma das coisas que eu não suportava e que nunca suportaria seria ver paulina chorando.

 -Paulina…- chamei ela

Senti seu rosto se afastar lentamente ficando de frente para o meu, seus olhos  vermelhos e tristes, passei suavemente a ponta do meu polegar em sua face retirando algumas lágrimas que ainda caiam, seus olhos se fecharam com o toque.

 -Por favor, carlinhos me diz que não é verdade?....-me fitava

—Eu sinto tanto, lina sinto tanto, eu queria dizer que é mentira, mas, não é…- Seu olhar triste me matava

—Por que?..-me perguntou

—Meu pai recebeu uma proposta de expansão da fábrica para a capital do méxico, algo que como ele disse que não poderia e recusar e ele não o fez…-expliquei

  Ela me olhava como se pudesse atravessar minha alma e ler todos os meus pensamentos, tudo o que eu estava sentindo naquele exato momento.

—Quer dizer que nunca mais nos veremos??...-seus olhos voltaram a encher de lágrimas

—Não, claro que não, nos veremos sim, nunca deixaria você..-tomei sua face em minhas mãos

—Mas, você vai ir pra longe e não vamos nos ver mais...-chorava

—Eu nunca vou te abandonar, Lina…-Puxei ela para os meu braços

  A abracei, não queria deixar Paulina, mas infelizmente sou uma criança e não tenho como ficar.  Passado alguns minutos sinto paulina se soltar do meu abraço e olhar para mim.

—Quando?...-pergunta com os olhos marejados

—Depois de amanhã….- fecho os olhos para não chorar.

  Paulina não diz nada, apenas me olha e faz um sinal de concordância. Voltamos a caminhar na beira da praia sem dizer uma palavra, só caminhando, aproveitando os últimos momentos juntos.