Narr.Paulina ON

 Ficamos um bom tempo ali, apenas sentados na areia sem falar nada, só olhando aquela imensidão á nossa frente. Eu não sabia mais o que pensar, na verdade não sabia nem em que pensar. Carlos Daniel não falava nada apenas me acompanhava em meu silêncio, ele sabia que eu não estava bem e que não queria falar nada, ele sempre me entendeu e eu sempre entendi ele.

 - Carlos Daniel acho melhor sairmos da beira da praia, vamos acabar resfriados, e isso não é bom. – falei tentando dar o meu melhor sorriso, mas foi um fracasso

— Tudo bem, lina. Vamos. – levantou-se e ficou frente a mim

 Olhar aqueles olhos castanhos fazia eu me sentir bem, me fazia pensar em como tenho sorte de ter um amigo, não,  um melhor amigo como ele.

  Carlos Daniel chegou mais perto de mim e colocou seu braços envolta da minha cintura e me puxou para o seu peito, envolvi meus braços envolta do pescoço dele e escondi meu rosto ali, ele tem um perfume bom, abraço dele é tão bom, me faz esquecer tudo.   

 Depois de ficarmos um tempo abraçados, me afastei e sorri para ele, um sorriso triste, em troca recebi dele o sorriso mais lindo do mundo, isso fez com que eu sentisse uma coisa boa dentro do peito...

— Sua mãe está na sacada...- apontei para a casa dele

— Acho melhor irmos...- disse sem animo

 Colocou seu braço sobre meu ombro e seguimos em silêncio até a frente da casa dele, acho que a mãe dele não gostou muito dele ter ido até a beira da praia me ver, ela está nos olhando séria, que estranho.

— Bom, acho que vou indo...- falei triste

— Esta bem, se cuida e qualquer coisa que precisar é só vir me chamar, okay?.... – disse carinhoso

— Okay, obrigada Carlinhos...- sorri para ele

  Antes de ir dei um abraço e um beijo em sua bochecha que foi retribuído. Comecei a caminhar em direção a minha casa que não era tão longe da dele, sempre olhando para trás para ver se ele ainda estava me cuidando, e sim ele estava.

  Assim que cheguei em casa voltei a sentir aquele vazio enorme no meu peito, olhei para a pequena cama onde minha mãe dormia e não a vi ali, foi como se uma faca atingisse meu peito e partisse em mil pedaços, ela não estava mais ali, não estaria nunca mais, estou sozinha não tenho ninguém, ela era tudo o que eu tinha e eu era tudo o que ela tinha nessa vida.

 Me aproximo da pequena cama que ainda esta desarrumada e me deito, me enrolo nos lençóis que até pouquinho tempo minha mãe usava, puxo seu travesseiro para perto de mim e o abracei com força, afundando meu rosto ali sentindo o perfume dela, perfume que nunca mais irei sentir. Começo a chorar me lembrando dos momentos felizes que passamos juntas.

  Flashback

“-Paulina, filha onde você está? Não te encontro em lugar algum...-Dizia enquanto me procurava.

—Paulina Martins, se você não aparecer aqui em 2 segundos, vai ficar de castigo..-falou num tom brabo

 Resolvi sair do meu esconderijo, mesmo sabendo que ela não iria me colocar de castigo, mas é sempre bom obedecer, não é?!...Sai de fininho do meu esconderijo e parei atrás dela, bem devagar coloquei meus pequenos braços envolta de sua cintura e abracei bem apertado, fazendo ela se assustar.

—Paulina, que susto minha filha, onde você se escondeu?..-perguntou

—Ah, mamãe não posso dizer é secreto....-fiz beicinho

—Secreto?...-me perguntou

—Aham...-dei um sorrisinho

—Ta bem…. - sorriu

    Já era noite, e estava na hora de dormir,  minha mãe arrumou minha cama e me deitou nela,  cobriu-me com um acolchoado e me deu um beijo na testa.

—Boa noite,  minha pequenina.  -  disse acariciando meu rosto

—Boa noite, mamãe. - beijei seu rosto

Dormi sentindo sua mão acariciando meus cabelos, era tão bom”.

  Fim FlashBack

Enrolada nos lençóis e com a face molhada das lagrimas pego no sono. Amanhã será um dia diferente, ela não vai estar mais aqui comigo, vou estar sozinha, será que vou aguentar?.