– Er... Carrie? – falei com ela no meio da aula – Você tá entendendo alguma coisa? Acho que sou uma negação em poções...

– Estranho. – ela murmurou – Vocês da Sonserina são bons em poções e em...

– Feitiços das trevas? – brinquei com ela, mas ela permanecia quieta e se encolheu um pouco, parecia com medo de mim – Fica calma, eu não sou do mal.

– N-não estou com medo. – Ela murmurou (de novo) voltando a prestar atenção na poção – É bem simples, é só você pegar três lascas de unha de dragão e... NÃO ESSA SÃO LASCAS DE UNHA DE TRO...

Mas ela não conseguiu terminar a frase. A poção explodiu na nossa cara. Quando eu digo que sou péssima com poções, é porque sou MESMO. Mas uma explosão dessas não passa despercebida (principalmente porque eu estou sentada na frente) e o professor – que a propósito se chama Marcus – veio em nossa direção. Podemos se dizer que eu dei aquele sorriso de criança que fez arte.

– Tisc tisc – ele disse nos olhando em forma de reprovação – Nunca pensei em ver algo desse tipo vindo da mesa de Carrie Sansom. Estou decepcionado.

Ele não me deu bronca? Isso é... Totalmente injusto! Não foi ela que fez a bagunça!

– C-carrie eu sinto muito, eu vou falar com...

– Não precisa. E-eu... Tenho que ir. – então ela saiu correndo, provavelmente pro salão da Corvinal.

– O que eu fiz? – murmurei indignada. Sentei-me de volta na mesa e tentei consertar a poção. Nada dava certo. Todos os alunos saíram e eu estava perdendo meu horário livre, tudo por causa dessa droga.

– Se quiser pode ir, novata. – disse o professor – Você não tem culpa, Carrie não lhe ensinou.

– Ela tentou. E sem querer ofender, achei injusta sua ação. – disse saindo da mesa e indo até o professor – Como dupla, a causa dos atos dela devem se também punidos a mim. E olha que ela não fez nada! Foi eu que peguei as lascas erradas. E estou tentando concertar meu erro que nem doida. Olha pra mim, já arranjei confusão no primeiro dia de aula.

– Olha, olha, uma garota Sonserina que assume seus próprios atos.

– Muitos da Sonserina assumem. – disse estreitando os olhos – Vocês deveriam parar de julgar essa casa pelos que já aconteceu e se concentrar no que acontece. A Sonserina é uma casa como qualquer outra. Nem melhor, nem pior. Eu ainda espero o dia em que os alunos e os professores vão enxergar isso.

Me virei e fui em direção à porta.

– Moreira.

– Sim? – disse me virando.

– Se um dia a senhorita ficar interessada pelo clube de debates, é só falar comigo. – então ele sorriu e eu também.

Saí da sala e olhei no meu relógio de pulso. Só tinha mais 20 minutos livres. E sabe o que eu fiz com eles? Eu procurei a Carrie.

Saí correndo pelos corredores e vi Derick com um garoto de gravata azul. Ele era da Corvinal! (Avá?) Então poderia me ajudar. Fui em direção aos garotos e empurrei o loiro pro lado.

– Não sabe pedir mais licença não? – ele disse socando meu ombro. – O que você quer?

– Não. – disse sorrindo – E pra sua informação, meu assunto não é contigo. E com seu amiguinho aí.

– Comigo? – disse o garoto surpreso – Desculpe se vou parecer grosso, mas eu te conheço?

– Não. – sorri de novo (eu só sei sorrir, meu Deus!) – Mas preciso da sua ajuda. Conhece uma garota chamada Carrie?

– Sim ela...

– Sabe onde ela está?

– Ela não fica muito no quarto, geralmente está na biblioteca, mas por...

– Valeu! – Saí correndo em direção à biblioteca. Mas no caminho esbarrei com um garoto da Sonserina.

– Ãhn... Me desculpe. – disse me levantando – Você poderia me dizer onde é a biblioteca?

– Vai com quem pra lá? – ele perguntou sorrindo maliciosamente.

– O-o que como assim? – então caiu a ficha – NÃO! ECA! Não é nada disso! Só estou procurando uma amiga.

– Phoebe? – ele perguntou.

– Não... Mas como sabe que eu sou amiga da Phoe?

– Podemos se dizer que devemos saber tudo de nossos inimigos.

– Hum... – murmurei olhando desconfiada pra ele.

– Eu só estou brincando! É só que a “Phoe” não nos damos muito bem. A propósito, meu nome é Josh.

– Juliana. – disse sorrindo mais uma vez – Até a próxima!

– Ei! Não quer que eu te mostre onde é a biblioteca?

– Aé né? – disse coçando a cabeça, minha memória é das grandes.

Voltei a correr, mas agora seguindo esse Sonserino de cabelos negros. Ai ai Phoebe, você arranjou um inimigo bem bonito hein? (N/A: Anny me matando em 3...2...1...).

Logo chegamos na porta do local e ele teve que ir pois ia resolver uns negócios do Quadribol. Nem quero pensar em me inscrever. Além do meu medo de altura, tem o meu medo daquelas bolas baterem na minha cara. Tisc tisc, sou uma vergonha pra minha família.

(...)

– EU QUERO LER ESSE! E ESSE! E ESSE! – gritei assim que cheguei na sessão de livros de aventura.

– Shiiii.

– Desculpa. – sussurrei.

Foco Juliana. Foco.

Fui andando pelas mesas e vi os longos cabelos negros da Carrie. Andei na direção dela e me sentei na cadeira do lado.

– Desculpa por hoje. – sussurrei a assustando – Não foi por mal.

– Ãhn? – ela disse olhando pra mim – E-eu não... Não estou chateada com você.

– Mas então por que saiu correndo?

– Er...

– Por que você é tímida? – deduzi e ela assentiu – Você não pode ser assim pra sempre Carrie! Se enturme mais.

– Mas não tem problema em ficar sozinha.

– Não tem problema ainda. Quando você ficar aí com seus 30 anos e seus noventa gatos não diga que eu não avisei! – falei rindo – Olha aqui Carrie, você parece legal. Vamos fazer o seguinte, se enturma só um pouco, pelo menos com suas colegas de quarto. Depois me diga o que achou está bem?

Ela sorriu pra mim e eu dei um “tchau” pra ela. Passei na sessão de livros que eu gostei e peguei um pra ler nos 10 minutos que me restavam de tempo livre. Aluguei e fui pra fora no campo de Quadribol. Os meninos da Lufa-Lufa estavam treinando (viu, nossa escritora não tem preconceitos, ela incluiu essa casa na fic dela hehe).

Me deitei na arquibancada e comecei a ler. Cinco minutos depois eu cansei de ficar naquela posição (cá entre nós, é difícil achar uma boa posição pra ler). Fui andando de volta pra escola, agora eu teria aula de DCAT só com o pessoal da Sonserina mesmo.

Pelo menos agora eu ia conhecer direito os alunos na minha casa.