Não sou gay!! escrita por Signature Black


Capítulo 33
Nove Malditos Dias




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Acordei. Felipe estava acordado, assistindo televisão.

Eu: Que horas são?

Felipe: São 8:43. Você acordou cedo.

Eu: Que horas você acordou?

Felipe: Era umas... 7.. 7:30... Por aí. Mas fala ae, gostou de ontem?

Eu: Gostei...

Felipe: Muito?

Eu: Nem começa. Tenho vergonha de falar disso.

Felipe: Ah relaxa... Hoje você viaja né?

Eu: Sim. Meio dia eu estarei no aeroporto.

Felipe: Beleza. Então se arruma, toma café, se troca ou tome banho e boa viagem!

Eu: Vou bagunçar o colchão para parecer que você dormiu nele...

Felipe: Garoto esperto.

Felipe se levantou. Vestiu suas roupas e ia saindo do quarto.

Felipe: Só não vou contigo no aeroporto, porque pode soar estranho.

Dei uma risada leve.

Felipe: Ah! Eu ia me esquecendo. Nada de ficar aprontando com os americanos viu.

Eu: Eu tenho cara de puto?

Felipe riu alto.

Felipe: Desculpa. Te amo viu. Até.

Eu: Também te amo.

Felipe parecia diferente. Um pouco mais carinhoso, talvez feminino. Não sei. Mas não era o de antes. Bom, o que importa é que estamos namorando.

Deixei o colchão bagunçado e fui tomar banho. Saindo de lá, tomei café.

Mãe: A mãe do Luiz mandou boa viagem.

Eu: Quem?

Mãe: A mãe do Luiz.

Eu: Mãe de quem?

Mãe: Do Luiz!

Eu: Que Luiz?

Mãe: O da sua sala!

Eu: A mãe do Luiz da minha sala? De onde você conhece ela?

Mãe: Ela que faz o meu cabelo e as minhas unhas. E parece que as notas do Luiz não foram muito boas... Ele repetiu.

Eu: Sério? Caramba. Que dó.

Se fudeu otário.

Mãe: Pois é... Arruma suas coisas. Vamos logo.

Não falei com Felipe durante a viagem inteira, mas admito que senti a falta. Haviam muitos garotos bonitos e muitos deles ficavam me encarando. Não quis papo com nenhum.

Quando voltamos, 9 dias depois, arrumei a mala em casa.

Eu: Mãe posso sair?

Mãe: Já colocou as roupas no armário?

Eu: Já.

Mãe: Já guardou as malas no meu quarto?

Eu: Já.

Mãe: Em que instante você fez isso?

Eu: Fiz pronto acabou. Saindo beijão.

Sai de casa batendo a porta. Fui para onde? Casa do Felipe é claro.

No portão, seu pai me atendeu. Não conversamos muito, apenas disse que queria ver Felipe.

Subi as escadas e abri a porta do quarto.

Eu: Felipe?

Felipe estava jogando x-box. Deixou o controle na cômoda ao lado e veio me abraçar. Envolveu seus braços na minha cintura e apertou com força. Abaixou a cabeça sobre meu ombo. Eu não tinha visto seu rosto, não sei se estava chorando ou algo do tipo. Abracei Felipe de volta.

Eu: Aconteceu alguma coisa?...

Felipe: Eu senti sua falta.

Eu: Eu também senti a sua.

Felipe: Eu quero terminar.

Senti um impacto no meu coração. Meus braços perderam força. Soltei Felipe. Ele ainda estava na mesma posição, escondendo o rosto. Fiquei olhando fixamente para a parede, totalmente sem reação.

Eu: Você... Quer...

Felipe: Terminar.

Felipe levantou o rosto. Estava um pouco acabado, como se estivesse triste. O rosto de uma pessoa depressiva.

Eu: Felipe...

Felipe: Miguel, por 9 dias eu senti sua falta. Ano que vem vão ter vários meninos bonitos na sua escola, eu vou morrer de ciúme, não vou te ver todo dia...

Eu: Vamos nos encontrar todo dia...

Felipe: Não vamos... Ano que vem, sua escola vai ter aula até as 18 por dois dias da semana.

Eu: Nos outros três eu posso te encontrar.

Felipe: Os outros três são os que eu tenho futebol, e nós dois teremos lição de casa para fazer, além de estudar.

Eu: Felipe...

Felipe: Já tomei a decisão Miguel.

Eu: Não precisa ser tão dramático.

Felipe arregalou os olhos, que por sua vez ficaram vermelhos em poucos segundos. Felipe me soltou aumentando o tom de voz.

Felipe: DRAMÁTICO? EU DRAMÁTICO? FIQUEI NA PORRA DESSE QUARTO POR 9 DIAS ENQUANTO MEU NAMORADO ESTAVA ONDE? EM UM LUGAR CHEIO DE MENINO LOIRINHO DE OLHO AZUL. EU NÃO QUERO MAIS ISSO.

Eu: Relaxa...

Felipe: RELAXA NADA.

Eu: ...

Felipe olhou para a janela. Encostou e ficou olhando a paisagem. Parecia mais calmo, porém, encurvou as sobrancelhas de um modo sério.

Felipe: Você promete que não vai mais falar comigo?

Eu: Não. Felipe você está tomando uma atitude muito... Séria para uma coisa tão boba.

Felipe: Pode ser bobo para você, mas não para mim. Para o meu próprio bem prometa.

Eu: Felipe...

Felipe: Prometa.

Eu: Eu prometo.

Felipe: Foi bom te conhecer.

Sai do quarto. Não fiquei triste nem bravo. Felipe as vezes é um pouco bipolar. Não vai demorar muito até ele mudar de opinião. Voltei para casa, subi para o meu quarto e deitei na cama de barriga para cima, braços estirados.

Eu: Quanto tempo não deito assim... É relaxante.

Dormi.


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