Não sou gay!! escrita por Signature Black
Acordei. Felipe estava acordado, assistindo televisão.
Eu: Que horas são?
Felipe: São 8:43. Você acordou cedo.
Eu: Que horas você acordou?
Felipe: Era umas... 7.. 7:30... Por aí. Mas fala ae, gostou de ontem?
Eu: Gostei...
Felipe: Muito?
Eu: Nem começa. Tenho vergonha de falar disso.
Felipe: Ah relaxa... Hoje você viaja né?
Eu: Sim. Meio dia eu estarei no aeroporto.
Felipe: Beleza. Então se arruma, toma café, se troca ou tome banho e boa viagem!
Eu: Vou bagunçar o colchão para parecer que você dormiu nele...
Felipe: Garoto esperto.
Felipe se levantou. Vestiu suas roupas e ia saindo do quarto.
Felipe: Só não vou contigo no aeroporto, porque pode soar estranho.
Dei uma risada leve.
Felipe: Ah! Eu ia me esquecendo. Nada de ficar aprontando com os americanos viu.
Eu: Eu tenho cara de puto?
Felipe riu alto.
Felipe: Desculpa. Te amo viu. Até.
Eu: Também te amo.
Felipe parecia diferente. Um pouco mais carinhoso, talvez feminino. Não sei. Mas não era o de antes. Bom, o que importa é que estamos namorando.
Deixei o colchão bagunçado e fui tomar banho. Saindo de lá, tomei café.
Mãe: A mãe do Luiz mandou boa viagem.
Eu: Quem?
Mãe: A mãe do Luiz.
Eu: Mãe de quem?
Mãe: Do Luiz!
Eu: Que Luiz?
Mãe: O da sua sala!
Eu: A mãe do Luiz da minha sala? De onde você conhece ela?
Mãe: Ela que faz o meu cabelo e as minhas unhas. E parece que as notas do Luiz não foram muito boas... Ele repetiu.
Eu: Sério? Caramba. Que dó.
Se fudeu otário.
Mãe: Pois é... Arruma suas coisas. Vamos logo.
Não falei com Felipe durante a viagem inteira, mas admito que senti a falta. Haviam muitos garotos bonitos e muitos deles ficavam me encarando. Não quis papo com nenhum.
Quando voltamos, 9 dias depois, arrumei a mala em casa.
Eu: Mãe posso sair?
Mãe: Já colocou as roupas no armário?
Eu: Já.
Mãe: Já guardou as malas no meu quarto?
Eu: Já.
Mãe: Em que instante você fez isso?
Eu: Fiz pronto acabou. Saindo beijão.
Sai de casa batendo a porta. Fui para onde? Casa do Felipe é claro.
No portão, seu pai me atendeu. Não conversamos muito, apenas disse que queria ver Felipe.
Subi as escadas e abri a porta do quarto.
Eu: Felipe?
Felipe estava jogando x-box. Deixou o controle na cômoda ao lado e veio me abraçar. Envolveu seus braços na minha cintura e apertou com força. Abaixou a cabeça sobre meu ombo. Eu não tinha visto seu rosto, não sei se estava chorando ou algo do tipo. Abracei Felipe de volta.
Eu: Aconteceu alguma coisa?...
Felipe: Eu senti sua falta.
Eu: Eu também senti a sua.
Felipe: Eu quero terminar.
Senti um impacto no meu coração. Meus braços perderam força. Soltei Felipe. Ele ainda estava na mesma posição, escondendo o rosto. Fiquei olhando fixamente para a parede, totalmente sem reação.
Eu: Você... Quer...
Felipe: Terminar.
Felipe levantou o rosto. Estava um pouco acabado, como se estivesse triste. O rosto de uma pessoa depressiva.
Eu: Felipe...
Felipe: Miguel, por 9 dias eu senti sua falta. Ano que vem vão ter vários meninos bonitos na sua escola, eu vou morrer de ciúme, não vou te ver todo dia...
Eu: Vamos nos encontrar todo dia...
Felipe: Não vamos... Ano que vem, sua escola vai ter aula até as 18 por dois dias da semana.
Eu: Nos outros três eu posso te encontrar.
Felipe: Os outros três são os que eu tenho futebol, e nós dois teremos lição de casa para fazer, além de estudar.
Eu: Felipe...
Felipe: Já tomei a decisão Miguel.
Eu: Não precisa ser tão dramático.
Felipe arregalou os olhos, que por sua vez ficaram vermelhos em poucos segundos. Felipe me soltou aumentando o tom de voz.
Felipe: DRAMÁTICO? EU DRAMÁTICO? FIQUEI NA PORRA DESSE QUARTO POR 9 DIAS ENQUANTO MEU NAMORADO ESTAVA ONDE? EM UM LUGAR CHEIO DE MENINO LOIRINHO DE OLHO AZUL. EU NÃO QUERO MAIS ISSO.
Eu: Relaxa...
Felipe: RELAXA NADA.
Eu: ...
Felipe olhou para a janela. Encostou e ficou olhando a paisagem. Parecia mais calmo, porém, encurvou as sobrancelhas de um modo sério.
Felipe: Você promete que não vai mais falar comigo?
Eu: Não. Felipe você está tomando uma atitude muito... Séria para uma coisa tão boba.
Felipe: Pode ser bobo para você, mas não para mim. Para o meu próprio bem prometa.
Eu: Felipe...
Felipe: Prometa.
Eu: Eu prometo.
Felipe: Foi bom te conhecer.
Sai do quarto. Não fiquei triste nem bravo. Felipe as vezes é um pouco bipolar. Não vai demorar muito até ele mudar de opinião. Voltei para casa, subi para o meu quarto e deitei na cama de barriga para cima, braços estirados.
Eu: Quanto tempo não deito assim... É relaxante.
Dormi.
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