Isto não é mais um romance água-com-açúcar escrita por Vanessa Sakata


Capítulo 2
Presta atenção, distraído!




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Gintoki voltava à consciência e seus olhos procuravam ter um foco logo que se abriram. Porém, a tarefa se tornava mais difícil por estar com a cabeça latejando de tanta dor. Kagura lhe ofereceu uma bolsa de gelo para abaixar o galo provocado pelo último nocaute de Tsukuyo.

Aquela mulher só podia estar ficando doida. Não podia vê-lo chegar perto, que parecia querer matá-lo todas as vezes que os dois estavam perto demais um do outro.

- Gin-san – era a voz suave e tranquila de Hinowa. – Está melhor?

- Nem eu sei... Acho que meu crânio deve ter rachado...! Pelo menos eu tô vivo!

- Ainda bem. Fico mais tranquila com isso.

- Você sabe o que deu naquela mulher? – Gintoki ainda segurava a bolsa de gelo na cabeça. – Não posso nem chegar perto dela, que ela me nocauteia...! Já é a segunda vez seguida!

Hinowa riu discretamente. Realmente ele não havia percebido a razão de Tsukuyo agir daquela maneira tão peculiar e de certa forma violenta. Mas ela já havia notado tudo, então faria questão de ao menos dar uma mãozinha.

- Você ainda não percebeu nada por trás das ações dela, Gin-san?

- Tirando uma intenção muito clara de me matar sem motivo algum?

- No caso dela, não acho que seja assim.

- Não? Sei lá, eu tenho minhas dúvidas...!

Kagura, que estava ainda ali, deu um sorrisinho maroto e disse:

- Gin-chan, a Tsukky tá caidinha por você!

- Não diga bobagens, Kagura! – o Yorozuya desconversou.

- Não é bobagem, Gin-chan. – a Yato rebateu. – A Tsukky esteve lá pedindo ajuda pra gente e aí ela ficou vermelhinha quando te viu. Não é assim que as garotas ficam quando estão apaixonadas pelos garotos?

*

Tsukuyo procurava voltar à ronda de sempre, andando por Yoshiwara e tentando esquecer o que ocorrera mais cedo. Agora temia que, na próxima aproximação que houvesse entre os dois, Gintoki saísse morto. Nem ela sabia por que reagia assim.

Após ver que tudo estava bem ali, decidiu sair e andar pelo Distrito Kabuki, pra quebrar a rotina. Porém, não pensava em passar na Yorozuya. Não queria dar de cara outra vez com o albino e nocauteá-lo de novo.

O sol já estava se pondo, mas ainda não queria voltar a Yoshiwara. Então, sentou-se em um dos bancos da praça e passou a olhar o movimento das pessoas indo e vindo. Raramente ela parava para fazer isso, mas era necessário para espairecer seus pensamentos.

Porém, não ficou sozinha por muito tempo ali.

- Shinpachi-kun e Kagura-chan vão me matar, eu devia ter segurado um pouco da grana... Gastei tudo no pachinko de novo...!

Tsukuyo logo reconheceu a voz de Gintoki, que, completamente distraído, sentou-se ao lado dela. Vez em quando o Yorozuya se sentava ali no banco para olhar o movimento, fosse sozinho ou então jogando conversa fora com Hasegawa.

O ex-samurai olhou para o lado e viu uma Tsukuyo visivelmente incomodada. Parecia sentir-se desconfortável com a sua presença. Olhou para ela, gerando assim mais constrangimento à loira, que ficava cada vez mais rubra.

- Não é muito comum te ver por aqui. – ele disse tentando quebrar o gelo e escolhendo as palavras para não apanhar.

- É, não costumo fazer isso. Precisava quebrar a rotina.

- Fazer isso de vez em quando é bom, deveria fazer isso mais vezes.

Tsukuyo apenas sorriu. Sentiu-se mais à vontade e seu coração se acalmou um pouco. Graças a isso, conseguia controlar sua vontade de sair correndo dali. No entanto, o Yorozuya não se sentia lá muito à vontade, lembrando-se dos nocautes que já levara recentemente. Já se levantava para sair dali, quando sentiu que puxavam a manga do seu quimono. Viu que uma ruborizada Tsukuyo era quem fazia isso.

- Fica mais um pouco, Gintoki.

O albino há algum tempo estranhava as atitudes da loira. Nem parecia que era ela. Por isso, mesmo que depois tomasse uns tabefes, arriscou-se a perguntar:

- Por que você está agindo assim ultimamente?

Tsukuyo ficou ainda mais rubra e o coração faltou saltar pela boca. Por que ele tinha que ser tão direto?

- Eu... Eu me sinto fraca ao seu lado, mas... Ao mesmo tempo, é como se eu me sentisse protegida por você. Eu me sinto segura assim, e...

-... E você quer me contratar como guarda-costas, é? – Gintoki perguntou com o ar mais desligado do mundo, enquanto limpava o ouvido direito com o dedo mindinho.

A loira ficou desconcertada. Como é que ele não entendia aonde ela queria chegar? Ou será que fingia que não entendia?

Não sabia ao certo, mas isso a angustiava. Não aguentava mais aquele impasse.

Foi quando decidiu agir e, num impulso, agarrou o Yorozuya pela gola da camisa preta e sufocou qualquer protesto com um beijo. Queria deixar bem claro para ele o que realmente queria.

Beijava-o com urgência, necessitava daquilo que fazia. Sentiu os lábios dele nos seus, correspondendo à sua iniciativa. Ele era desligado, mas não era de ferro.

Momentos depois, os dois se separaram. Gintoki encarou, surpreso, a loira à sua frente, que parecia não acreditar no que acabara de fazer. Tsukuyo estava assustada consigo mesma, mas parecia aliviada.

Só que eles não perceberam que estavam sendo observados... Ou melhor, “stalkeados”. Era possível se ouvir um estralar de dedos e um rangido de dentes a alguns metros de distância. E, no escuro, um par de lentes de óculos se iluminava perigosamente.


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