Isto não é mais um romance água-com-açúcar escrita por Vanessa Sakata


Capítulo 13
A lua e as trevas


Notas iniciais do capítulo

Hohoho, feliz Natal! Excepcionalmente hoje, capítulo novo de presente a todos os meus leitores, espero que gostem!



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Tsukuyo chegou ao beco, a fim de se encontrar com o autor daquele bilhete que tanto mexera com ela. Ao chegar lá, encontrou-se com ele, o “Kuroyasha”. Longos e ondulados cabelos negros como a noite, presos em um rabo de cavalo, olhos penetrantes, vermelhos como sangue e a sua inseparável katana embainhada à cintura. Era alto, esbelto e vestia um quimono preto. Aparentava ser um homem frio e calculista, do tipo que retalharia qualquer um sem qualquer remorso e sem alarde.

Curiosamente, era o oposto de Gintoki, o “Shiroyasha”. O albino era o tipo de pessoa que vivia falando besteira atrás de besteira, tinha sangue muito quente e não era o tipo assustador, apesar da alcunha de “Demônio Branco” que tinha no passado.

Aliás, não duvidava que Gintoki pudesse descobrir seu paradeiro. Era questão de tempo. Ele era estúpido, mas não era burro.

— Há quanto tempo, Tsukuyo. – o homem a arrancou de seus pensamentos. – Você está ainda mais deslumbrante do que naquele dia.

— O que quer comigo, Ryo? – ela perguntou, mencionando o primeiro nome do homem por trás do apelido de Kuroyasha.

— Você sabe muito bem que eu quero você, nada mais.

*

Gintoki saiu apressadamente dali, procurando o tal beco mencionado no bilhete que Tsukuyo largara ali. Não seria fácil, pois ele não conhecia tão bem Yoshiwara como conhecia Kabuki. Mas, diante do que Hinowa narrara sobre o tal Kuroyasha, poderia não ser tão complicado achá-lo. Ela lhe disse que, curiosamente, ele era como se fosse seu oposto exato. Era levemente mais alto que o Yorozuya, tinha longos cabelos negros ondulados, olhos vermelhos e frios e portava uma katana. Seu nome era Kawana Ryo e também lutara naquela mesma guerra em que o lendário Shiroyasha era o centro das atenções.

O Kuroyasha, como era chamado, não tivera tanto destaque na guerra. Sua atuação era tão comum quanto à dos demais samurais daquela época, mas sua fama foi construída no pós-guerra. Tornou-se um ronin, que, desde que bem pago, matava a sangue frio a vítima escolhida por quem o contratasse.

Segundo Hinowa, que de certa forma era confidente de Tsukuyo devido à grande amizade que as duas possuíam, a loira tivera um rápido romance com Kawana. Era apenas uma ficada, um momento em que Tsukuyo cedera. Ao terminar esse caso é que o Demônio Negro se revelou um homem possessivo e que não hesitaria em eliminá-la só para que ninguém se aproximasse dela.

Esse conseguia ser pior do que o tal Jiraia, com o qual tivera um confronto extremamente sangrento por ele também ter sido possessivo com sua pupila.

Pressentia que com esse reencontro entre Tsukuyo e Kawana, a kunoichi corria um grande perigo.

Precisava encontrá-la e evitar o pior.

*

— O que está feito, está feito, Ryo. Nós acabamos nosso envolvimento há anos e não pretendo reatar.

— Se o seu argumento é a renúncia à sua feminilidade, isso não me convence, Tsukuyo. Eu estive te observando durante esses últimos dias. Você está abandonando essa renúncia, que eu sei.

— Você esteve me espionando?

— Prefiro dizer que eu estive a acompanhando de longe, para você voltar a me pertencer.

A loira estreitou o olhar:

— Quer dizer que...

—... Eu sei que você está com outro.

— Então não precisa mais me seguir. Não tem espaço pra você.

O tom de voz de Tsukuyo não dava margem para dúvidas. Sua voz era firme e decidida, talvez mais do que o normal. Não, ali não tinha espaço para Kawana Ryo. Aquele espaço junto a ela já fora preenchido por Sakata Gintoki.

Porém, o Demônio Negro estreitou seus olhos vermelhos. Aqueles olhos vermelhos eram muito diferentes dos olhos vermelhos do Yorozuya. Eram olhos que, apesar da cor, eram extremamente gélidos e cheios de rancor. Eram olhos que a amedrontavam só de encarar.

Seus olhos de cor violeta se arregalaram quando viram Ryo desembainhar sua katana. E logo sentiu o terror percorrendo seu corpo ao ouvir sua voz fria dizer:

— Se eu não posso ter a luz da lua para mim... Eu prefiro apagá-la com a minha escuridão, para que apenas eu tenha o privilégio de desfrutá-la enquanto durou. E não vou deixar nem mesmo aquele homem estúpido me tomar de você.

— Ele não está me tomando de você! – Tsukuyo já empunhava algumas kunais nas duas mãos, se preparando para o ataque iminente. – Fui eu quem o quis!

Kawana ignorou o argumento de Tsukuyo e partiu para atacá-la. Desta vez, ela não cometera o mesmo erro de antes, tinha condições de se defender. Com agilidade, a loira se esquivou do primeiro golpe de espada e arremessou várias kunais contra ele, que rebateu várias delas e escapou de tantas outras. Ele avançou, porém a kunoichi contra-atacou, abusando de sua agilidade e com mais uma saraivada de kunais. Mesmo com o ronin recebendo três ou quatro kunais, ele acabou sendo ainda mais rápido e conseguiu chegar até ela, que conseguiu bloquear o ataque de katana com duas kunais cruzadas.

Porém, sua defesa acabou caindo por terra, quando Ryo lhe deu uma rasteira e a derrubou no chão, fazendo com que Tsukuyo caísse e deixasse cair as kunais. Entretanto, ela não se rendia. A loira não iria se render de jeito nenhum. Não deveria se intimidar com aquele homem. Ele não era nada para ela. Ela não era posse de ninguém. Amar e ser amada por alguém era muito diferente de ser um objeto de alguém.

Conseguiu rolar para o lado, escapando da lâmina ameaçadora que a tinha como alvo. Logo que conseguiu ficar agachada, Tsukuyo, num movimento muito rápido da mão direita, arremessou quatro kunais contra Ryo. Este conseguiu rebatê-las num rápido reflexo e, quando ela já se preparava para fazer mais um contra-ataque arremessando mais uma vez aquelas armas pontiagudas com as duas mãos, o Kuroyasha foi ainda mais veloz e a superou antes.

Tsukuyo apenas sentiu a pele de suas costas se abrir em um golpe só, fazendo com que ela caísse de bruços no chão e sentisse uma dor muito cruel no local em que fora atingida. Calmamente, Kawana Ryo andou até se aproximar da loira, que tentava se levantar e resistir. Porém, ela não conseguia se sentir em condições de se defender. Sentia o sangue correr em suas costas e ensopar seu traje preto, ao mesmo tempo em que via aquela katana ensanguentada.

— Minha querida Tsukuyo – o moreno segurava com força o queixo da Cortesã da Morte. – Vou lhe dar mais uma chance... Volte a ser minha ou você não será de ninguém. Brilhe apenas para mim e você continuará viva. Caso contrário, vai ser com muita tristeza que eu te matarei.

Ela apenas riu. Não se sabia se era por nervosismo, por confiança ou até mesmo pelo pavor. Mas isso fora o suficiente para que aquele homem se enfurecesse a ponto de erguer sua katana, visando decapitá-la.

Se ela não seria sua, não pertenceria a mais ninguém! Nem mesmo ao homem com quem ele a vira.


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