Cinco Anos Ocultos - Chair escrita por Verônica Souza


Capítulo 14
War




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“Bom dia Upper East Side! Como estão passando essa manhã tão fria? Um ótimo clima para tomar um vinho e ficar deitada na cama, não é Queen B? Mas devo lembrar-lhes que não estamos nos velhos tempos. Nos tornamos adultos e temos responsabilidades a fazer, e uma delas é cuidar de um ateliê.”

– A barra está muito curta! – Blair disse olhando para os vestidos. - E essa está muito longa. – Disse impaciente. – Mas qual é o problema para vocês entenderem perfeitamente o que eu digo? Com certeza ninguém aqui tem nenhum retardo mental porque eu teria visto nos exames médicos que entregaram. Então se não quiserem trabalhar com a maquina de costura da vovó comecem a trabalhar direito!

Blair se abanou com a prancheta que estava em sua mão.

– Aumentem esse ar condicionado!

– Mas está muito frio aqui! – Dorota disse assustada. – As pessoas irão congelar.

– Não interessa, Dorota! Talvez congelados trabalhem melhor! Eu estou com calor!

– Talvez devesse fazer uma pausa e tomar um pouco desse suco que eu preparei. A Senhorita está sem comer a quase cinco horas.

– Eu não tenho tempo para comer enquanto não terminar aquele vestido para o desfile de sábado.

Blair olhou para o vestido feito pela metade.

– Mas tenho tanta coisa para fazer que eu não tenho tempo de termina-lo! Será que é pedir demais um empregado eficiente?

No mesmo instante Jenny entrou no ateliê, sorrindo satisfeita.

– Olá Blair.

– O que você pensa que está fazendo aqui?

– Soube que está com problemas.

– Eu não tenho problemas. Eu tenho desafios.

– Mas parece que não está conseguindo, não é?

– O que te faz pensar nisso?

– Talvez por aquela barra estar baixa demais, e aquela longa demais. Ou talvez pelo vestido que está mal acabado ali atrás, provavelmente um vestido importante para você já que está na sua sala e separado dos outros.

Blair cerrou os olhos e cruzou os braços.

– O que você quer de mim?

– Quero apenas o meu emprego de assistente de volta.

– E acha que o terá de mãos beijadas?

– Vindo de você eu não espero por isso, Blair. E nós duas sabemos que você precisa mais de mim do que eu preciso de você.

Blair ficou em silencio, e então um manequim caiu atrás de si. Todos gritaram e olharam assustados esperando que Blair começasse um ataque a qualquer momento. Ela apenas fechou os olhos e suspirou. Quando abriu os olhos, deu um sorriso forçado para Jenny.

– Seja bem vinda de volta.

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Chuck esperava há quase duas horas. Estava impaciente, e sua impaciência aumentava a medida que ele se lembrava de porque estava ali. Queria poder seguir o conselho de Blair e esquecer-se de tudo aquilo, afinal, seria apenas um hotel a menos. O coração de Chuck lhe dizia aquilo, mas seu corpo clamava por um desafio, e ele não estava nada a fim de perder.

– Senhor Bass. – Um homem robusto trajando smoking branco com a gravata lilás entrou na sala apressadamente, apertando a mão de Chuck após ele se levantar educadamente. – Me desculpe pela demora. Estávamos em uma reunião urgente.

– Eu entendo. – Chuck tentou usar de toda a sua educação.

– Fico feliz por ter vindo, precisamos realmente resolver esse assunto.

– Eu concordo, mas se me permite, eu gostaria de saber o motivo dessa conversa urgente. Achei que já tínhamos um acordo.

– E tínhamos. Mas por motivos de força maior... – Ao dizer a frase, o homem fez um gesto de fortuna com a mão. – Você me entende, não é?

Chuck respirou fundo e usou todo o seu autocontrole para não mandar aquele velho para o inferno.

– É claro que entendo. – Ele forçou um sorriso.

– Maravilha! – Exclamou animado. – Aguarde um momento que vou chamar uma pessoa que eu quero que participe dessa conversa.

Chuck virou os olhos e se preparou para sentar, mas no mesmo instante o homem voltou acompanhado por Louis.

– Senhor Bass esse é Louis Grimaldi, ele é o Prin...

– Já nos conhecemos. – Chuck o interrompeu rudemente.

– Sim, já nos conhecemos. – Ao contrário de Chuck, Louis parecia estar excitado por estar ali.

– Ótimo! Maravilha! Assim a conversa ficará mais interessante. Cavalheiros, podemos?

O homem apontou para as cadeiras, e encarando um ao outro, Louis e Chuck sentaram-se.

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Por mais que o ar condicionado estivesse ligado e Dorota estivesse há vinte minutos com um leque nas mãos a ventilando, Blair sentia um calor insuportável. Já estava exausta de chamar a atenção dos funcionários, e já tentava se conformar de que aquela coleção seria um fracasso. Estava perto do desfile, e suas funcionárias não sabiam a diferença de barra alta e baixa.

– E que tal uma loja de cupcakes? Ouvi falar que estão fazendo muito sucesso em NY.

– Senhorita Blair, por que não descansa ao invés de ficar pensando essas besteiras? – Dorota disse pela quinta vez.

– Você não entende? Eu estou arruinada! Eu terei que arrumar outra coisa para fazer, Dorota!– Se lamentou deitando-se na cadeira e fechando os olhos. – E eu sinto como se eu fosse Roma em chamas!

– Vai dar tudo certo, você vai ver!

– Eu já perdi as esperanças.

– Talvez esteja sentindo a falta do Senhor Henry.

– É claro que estou sentindo a falta dele, mas fico mais aliviada por saber que ele está passando o dia com Serena e Nate.

Ham-Ham.

Blair abriu os olhos e Dorota parou de abaná-la. As duas desviaram sua atenção para Jenny parada na porta, segurando um vestido visivelmente finalizado.

– Não sei se ficou do seu gosto, mas tentei fazer o meu melhor.

Dorota abriu a boca abismada com tamanha beleza. O vestido estava perfeitamente como Blair o desenhou, inclusive nos mínimos detalhes. Jenny sorria satisfeita ao notar a reação de Dorota e principalmente de Blair, que não sabia as palavras para descrever o brilhante trabalho. Ela sabia que no fundo Blair estaria elogiando-a de todos os modos possíveis, mas conhecendo Blair, não ganharia mais do que um “Muito Bom.”.

– E então? – Jenny perguntou animada.

Blair se levantou e andou até Jenny, analisando cada detalhe do vestido. Talvez procurando algum defeito, ao menos uma linha solta para não precisar elogiá-la por completo. Mas sua procura foi em vão. O vestido estava excepcionalmente lindo.

– Não está completamente do jeito que imaginei, mas irá servir. – Blair disse tentando não sorrir demais.

– Obrigada!

– Mas que fique claro, que você ainda está em fase de teste. Você conseguiu terminar um vestido, mas temos que salvar o resto da coleção. Você terá o emprego de volta se conseguir isso até às nove da noite de amanhã.

– Não se preocupe, Blair. Eu tenho tudo sob controle.

Jenny sorriu animada e entregou o vestido a Blair, retirando-se da sala logo depois.

– Senhorita Blair, esse é o vestido mais lindo que já vi na minha vida.

– Não seja exagerada.

– Eu sei que você não gosta nada dessa Jenny Humphrey, mas ela é uma ótima assistente.

– Eu sei disso, Dorota. Eu só não irei admitir isso, nunca. Jamais! Agora desligue esse ar, está muito frio aqui!

Dorota apenas balançou a cabeça, abaixando o nível do ar condicionado.

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– Então Senhores, pedi para termos essa conversa porque estamos tendo um pequeno problema. Ambos querem fazer a compra do mesmo hotel.

– Desculpe interromper, mas eu não entendo porque essa conversa é tão necessária, já havíamos fechado um acordo. – Chuck disse tentando controlar sua raiva.

– De fato tínhamos sim, Senhor Bass. Mas por motivos maiores teremos que revisar a proposta.

– É claro, já que todos nós sabemos quais são os propósitos de Chuck Bass na compra de um hotel. – Louis o alfinetou.

– E qual seria o meu propósito, Majestade? – Chuck perguntou irritado.

– Prefiro ter essa conversa com minha advogada presente.

– É claro, é claro. Hoje viemos apenas para uma conversa civilizada. Marcaremos uma reunião mais formal com os advogados presentes para fecharmos um acordo. Mas de princípio, eu gostaria que me apresentassem os projetos que tem para o futuro do hotel que está à venda.

– Como havia lhe apresentado antes, o meu propósito é ampliar as redes de hotel na cidade, já que é uma cidade que atrai bastantes turistas. Pretendo ter um hotel para cada cultura diferente, para que os turistas sintam-se em casa.

– De fato Senhor Bass é uma grande proposta. Eu gostei muito.

– Do contrário do Senhor Bass, o meu intuito com o hotel não é para benefícios pessoais. Pretendo transformá-lo em um lugar para acolher crianças órfãs, para que tenham um lar digno do qual nunca tiveram direito.

– Maravilhoso Senhor Louis! Maravilhoso!

– E desde quando as crianças órfãs precisam de um hotel? Elas não precisam de... Uma família?

– Claramente eu não posso adotar todas as crianças órfãs que existem.

– E por que não? O seu castelo não é grande o suficiente?

– Senhores!

O homem percebeu que o clima ficava pesado à medida que Chuck se aproximava da mesa, como se a qualquer momento fosse avançar para cima de Louis.

– As duas propostas são fantásticas, mas eu precisarei analisar com mais cautela. Podemos marcar uma reunião para a próxima semana, com os advogados presentes?

– Como quiser. – Louis disse ajeitando sua gravata e sorrindo.

– Ótimo! Então os Senhores estão liberados. – O velho se levantou, mas Chuck e Louis continuaram sentados.

– Se não for impertinente da minha parte, o Senhor poderia nos deixar conversar a sós por um instante? – Perguntou Louis.

O homem demorou um instante para ter certeza de que não se matariam ali, mas pensou que não fossem tão loucos para chegar a esse ponto.

– É claro! É claro! Fique a vontade. Se precisarem de alguma coisa, peça a minha secretária, eu estarei na minha sala.

Assim que o homem saiu da sala deixando os dois a sós, uma nuvem grande e pesada pairou sobre a mesa em que os dois sentavam de frente para o outro.

– Nós dois sabemos por que está fazendo isso. – Chuck disse rapidamente.

– É mesmo? – Louis parecia se divertir.

– Por que não aceita a sua derrota de uma vez? Nós sabemos que você não quer realmente fazer caridade.

– Uma pena você pensar assim, Bass, porque o meu intuito verdadeiro é dedicar um hotel às crianças. Mas se você quer pensar assim, por mim tudo bem.

– Por que não diz logo o que você quer? – Chuck se aproximou da mesa, dando um leve soco fazendo-a balançar.

– Está nervoso, Bass? Então acho que ficará ainda mais nervoso, se eu disser que se você ficar no meu caminho, eu posso destruir o seu casamento e a sua família.

– O que está dizendo?

– Eu corri atrás dos meus direitos. Minha família foi humilhada depois do meu divórcio com a Blair, e tivemos que enfrentar a mídia fazendo piada com nossa coroa. Acha que eu deixaria tudo por isso mesmo? Eu corri atrás dos meus direitos, e adivinhe só? Descobri que se eu quiser entrar com um inquérito, eu posso reatar o meu casamento com a Blair. E para melhorar, ela não poderá pedir um divórcio legítimo dentro de um ano. Como você se sentiria se sua esposa voltasse a pertencer a mim?

– Isso nunca vai acontecer! – Chuck disse com os dentes cerrados de nervosismo. – Se você se atrever a tocar em Blair, ou no meu filho, eu não respondo por mim.

– Pelo visto o tempo de casado fez bem a você, não é? Então é o seguinte... Desista desse hotel, e dos próximos que me interessarem.

– Por que se interessa tanto por hotéis?

– Digamos que é... O meu novo hobbie. – Ele sorriu e Chuck teve vontade de arrancar todos os seus dentes, um por um.

“Pobre Bass. Terá que escolher entre abrir mão do seu reino, ou de sua rainha.”

– Boa noite, Jenny!

– Boa noite!

Quando a ultima funcionária saiu, o ateliê ficou em completo silencio. Jenny analisou cada detalhe do vestido em sua frente. Tinha terminado o seu trabalho antecipadamente, e estava ansiosa para ver a reação de Blair ao chegar ao ateliê no dia seguinte. Todos os vestidos estavam terminados, da maneira que Blair havia pedido.

Jenny deu uma ultima olhada nos vestidos e apagou as luzes, saindo e trancando a porta logo depois.

“Há um ditado que diz: Se conferir uma vez confira duas. Se conferiu duas, confira três. Qualquer precaução é pouca, principalmente quando se trata de uma competição, da qual voce não saiba que está participando.”

A porta do ateliê voltou a se abrir, mas as luzes não acenderam. Uma pessoa adentrou, analisando tudo ao seu redor, como se estivesse conhecendo o lugar pela primeira vez. Ao se aproximar de um dos vestidos, abriu sua pochete, tirando um estilete de dentro. Colocando o estilete frente a frente ao vestido, sem pensar duas vezes, começou a rasga-lo.

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– Então acho que entramos em um acordo. – Louis se levantou. – Te vejo na próxima reunião, para me ver assinando os papéis do meu novo hotel. – Louis sorriu satisfeito. – Tenha uma boa noite, Bass.

Chuck conseguia apenas encará-lo com uma raiva profunda. Não se moveu, permanecendo sentado enquanto Louis se retirava da sala, com ar vitorioso. Obviamente Chuck jamais abriria mão de Blair, mas teria que pensar em um plano para derrubar Louis. Aquela guerra poderia ter apenas um vencedor, e Chuck não estava disposto a ser derrotado.

Louis entrou no elevador e as portas se fecharam. No mesmo instante ele pegou seu celular do bolso e discou um numero.

– Mamãe? Sim, está tudo dando certo. É claro que vou conseguir, mamãe, jogar com Chuck é mais fácil do que eu pensei. Não, eu não pretendo ficar brigando por hotéis. Uma das poucas coisas que sei sobre Chuck Bass é que ele se preocupa com o legado que seu pai lhe deixou, e ele não vai querer perder isso. Mesmo que isso signifique abrir mão do seu casamento com a Blair. Nós iremos reatar a nossa dignidade mamãe, eu prometo.

“Oh-oh! Parece que alguém aprendeu as estratégias desse jogo. Estaremos aguardando ansiosamente quem irá carregar o troféu mais precioso, e não estamos falando de hotéis.”

Xoxo,

Gossip Girl


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Notas finais do capítulo

Enfim demorei mas postei, haha. Pessoas, eu sinto muito pela demora, mas como havia dito antes, é bem difícil atualizar essa fic. Um pouco pelo tempo que me falta, e um pouco pela criatividade que as vezes fica bloqueada por causa do cansaço. Mas por favor, não desistam dela. Não irei abandoná-la, e pretendo terminá-la ainda esse ano!

Muito obrigada pelos comentários e elogios.

Xoxo ♥