POV – Elena

A garota que agarrava Lysandre, então, pareceu finalmente notar a minha presença.

– Lys, quem é ela? E por que ela está enrolada no lençol? – Perguntou a garota loira.

Lysandre parecia chocado. Ele não mechia um musculo.

– Acho que sou eu que deveria perguntar quem é você – Falei.

Ela pareceu lembrar de algo, e soltou Lysandre. Ela veio até a minha frente e me deu um tapa na cara.

– Aposto que você deve ser a vadiazinha da Elena, não é? – Colocou as mãos na cintura – Me conte, você foi pra cama com o Lysandre? Pobrezinha, saiba que você não passou de uma diversão para ele, pois comigo, ele preferiu esperar até o casamento. E eu sou a Nina, a namorada dele – Ela deu um sorrizinho cínico.

O que? Como assim? Que papo é esse de “esperar até o casamento”? Então ela é a Nina, de quem ele havia me falado... Não sei o que estava doendo mais: o tapa que ela me deu, ou o fato de Lysandre só ter brincado comigo.

Antes que eu percebesse, algumas lágrimas já estavam rolando pelo meu rosto.

– Oh, não chore – Falou Nina – Tem muitas esquinas para prostitutas nessa cidade, é só você escolher uma, queridinha. E... – Ela se aproximou de meu ouvido, e disse baixinho – Será que dá para você ir embora? Quero ficar sozinha com o MEU Lysandre.

Depois de toda essa humilhação que eu passei, peguei minha roupa que estava no chão e eu iria embora. Mas quando eu fui passar pela porta, Lysandre agarrou meu braço.

– ME LARGE! – Dei um tapa na sua cara – Eu achei, de verdade, que você gostasse de mim... Que nós fossemos dar certo... Porque eu te amava, Lysandre... Mas agora... Já nem sei mais – Eu chorava.

Puxei meu braço de volta e corri até o elevador. Eu estava sozinha, então me troquei rapidamente lá dentro.

Lysandre, como você pode?! Por que essa garota tinha que aparecer?! Eu chorava desesperadamente.

Assim que a porta do elevador se abriu, sai correndo daquele hotel. Eu estava sem dinheiro, sem documentos, sem dignidade. Isso é uma péssima combinação para uma garota desesperada.

Saí andando pela cidade, e vi o tempo de chuva se formando. Vi mães correndo segurando a mão de seus filhos, pedindo para que ele andasse mais rápido, vi casais andando de mãos dadas, perdidos no tempo, de tanto amor que eles sentiam. E também, vi pessoas como eu, desiludidas, magoadas.

Caminhei até o parque, e lá fiquei sentada, pensando na vida. Que situação deplorável, não é? Como eu me odiava nesse momento.

Coloquei os pés no banco e abracei os meus joelhos. Abaixei a cabeça encostando nos mesmo, e comecei a chorar. Até que ouvi alguém chamar o meu nome.

– ELENA!!! – Virei o rosto, e vi um rapaz de cabelos castanhos correndo em minha direção.

– Armin! – Levantei do banco em um pulo, e corri em sua direção, então, o abracei.

Percebi que eu não via Armin há muito tempo. Que saudade que eu sentia dele.

– Armin, me desculpe... – Pedi.

– Pelo quê? – Perguntou confuso.

Me separei dos braços dele.

– No fim, acho que eu acabei me enganando, e te enganando como eu me sentia sobre você... Me perdoe – Pedi novamente.

– Tudo bem, Elena. Eu também me enganei, pois, na verdade, acho que te vejo como uma irmã mais nova – Ele riu um pouco, então ficou sério – Por que seus olhos estão inchados?

Suspirei, então contei tudo o que aconteceu para ele. Armin ficou chocado.

– Nossa! Aconteceu mesmo tudo isso?! – Falou, assenti com a cabeça – Onde você vai ficar agora?

– Não achei, acho que vou procurar um emprego... sei lá – Sorri de leve.

– Eu sei que você vai conseguir, vou estar aqui sempre que você precisar – Ele fez carinho na minha bochecha.

– Obrigada – Segurei as lágrimas – Bom, tenho que ir, porque trabalho não vai aparecer na minha frente, tenho que procurar – Me afastei – Tchau!

– Tchau! Qualquer coisa me procure! – Acenou com a mão direita.

Sai do parque e, novamente, sai andando sem rumo. Meu Deus, o que eu fiz da minha vida? Bom, nada nunca deu certo mesmo, desde que eu era criança. Por que minha mãe teve que ir pra cama com o Henrique? Por que ele teve que me deixar? Se coisas como essas NUNCA tivessem acontecido, talvez eu não estivesse sofrendo tanto agora.

Antes que eu percebesse, eu já estava um beco, e apesar de ser de dia, estava escuro e úmido. Percebe que o beco era sem saída, e quando virei do outro lado, tinha dois caras fortes na minha frente.

– Olá – Disse o alto forte, e careca.

Me desesperei. Tentei sair correndo entre os dois mas não funcionou. Pois o moreno (que estava junto com o careca) colocou a mão em minha cintura e me jogou para trás, me fazendo bater em algumas latas de lixo.

– Droga! O que vocês querem?! Eu não tenho dinheiro! – Falei.

– Gracinha, é com você que vamos ganhar o nosso pagamento – Falou o moreno.

Gritei por socorro, mas ninguém me escutava. Os dois gigantes estavam me fechando cada vez mais, até que um (que eu não pude identificar) me deu um soco muito forte no estomago. Eu até cai no chão deitada, com os joelhos encolhidos.

– Isso pode doer um pouquinho – Falou o moreno.

Então ele chutou meu estômago, minha visão ficou embaçada, então, tudo ficou preto.

***

Acordei abrindo os olhos lentamente, então, meus olhos arregalaram instantaneamente ao ouvir uma voz que me causava pavor:

– Boa noite, filha. Dormiu bastante, não é? Acho que os meus capangas não pegaram leve – Disse Henrique.

Percebi que eu estava deitada em uma cama, mas quando eu fui levantar, não consegui, pois minhas mãos estavam amarradas na cabeceira. Com a força que levantei, meu corpo foi parar ao chão, e eu fiquei sentada com as mãos penduradas.

– Onde eu estou?! – Perguntei desesperada.

– Na casa-de-campo da família querida. Sabe o que vai acontecer hoje? – Disse se ajoelhando na minha frente – Hoje vai ter um leilão muito interessante. Sabe, minha empresa está quase falindo, e o meu dinheiro não está dando mais para nada então... Decidi vender algumas coisas, e você é uma delas – Falou rindo.

– O que?! VOCÊ É DOENTE! – Apesar dos meus recursos serem limitados, conseguir dar um chute na cara de Henrique, que chegou até a escorrer um pouco de sangue de sua boca.

– Sua VADIA! - Ele levantou a mão para me bater, e eu já tinha até fechado os olhos esperando o impacto de sua mão em meu rosto, coisa que não veio – Não posso bater em você. Você tem que estar perfeita para os vendores que... – Olhou no relógio – Já devem estar chegando. Se prepare meu bem, pois pretendo te vender por um preço bem alto.

Então ele saiu do quarto.

Comecei a chorar. Ele iria me vender. Como ele pode?! Tentei me soltar de todas as formas, mas minhas mãos estavam bem amarradas.

Depois de meia-hora, os capangas de Henrique chegaram. Um deles ficou me segurando, enquanto o outro me desamarrava da cabeceira. Quando ele soltou a corda, vi como meus pulsos estavam vermelhos. Fiquei aliviada durante pouco tempo, pois logo fui amarrada de novo.

Fui levada até o corredor, e lá pude ouvir a voz de Henrique.

– Agora, vamos para a peça mais cara da noite! Queridos colegas, apresento-lhes minha filha, Elena! – Falou o cretino.

Então, os seguranças entraram me puxando para a sala. Eu recusa olhar para eles, até que Henrique (que estava com o lábio inchado), virou meu rosto com força.

– Uma bela mulher, não acham? Tem apenas 17 anos, pode fazer tudo o que vocês quiserem. Vamos como com os lances? – Então, os velhos nojentos daquela sala começaram a fazer alguns lances – Não sei, ainda está baixo esse valor pelo que Elena é... Já sei, que tal uma amostra? – Então, Henrique rasgou minha roupa, e eu fiquei apenas de lingerie.

– AH!!! – Gritei.

Meu olhos estavam cheios de lágrimas (novidade), e eu sentia muito nojo ao ver todos aqueles velhotes dando números cada vez mais altos para me ter. Eu já havia perdido todas as esperanças, até que o lance mais alto de todos (e duvido que alguém conseguisse cobrir) foi dado, e todos os velhos ficaram chocados.

O homem que havia dado o lance, não era velho como os outros. Devia ter 25 anos, e tinha os cabelos castanhos, olhos verdes e um pouco de barba. Eu diria que ele era lindo, mas devido ao lugar que ele se encontrava, deveria ser um homem asqueroso e nojento.

– Vendido para o cavalheiro ali – Disse Henrique, feliz com a “compra”.

O homem se aproximou e fez o cheque e entregou a Henrique, e logo em seguida, me entregou para ele, e soltou minhas mãos.

Eu tremia de medo, o que ele faria comigo? Eu podia tentar fugir, mas ele era alto... e forte...

Ele segurou em meus braços e me levou para fora, quase me jogando para dentro de seu carro.

Então, ele começou a retirar seu paletó.

– Por favor... não... – Eu pedi desesperada.

Mesmo assim ele continou retirando o paletó. Mas o que me surpreendeu, foi que ele jogou o paletó para mim, para me cobrir.

– Se cubra, pode pegar um resfriado – Falou gentilmente – Eu sou Rodrigo, e fique calma, não vou fazer nada de mal com você.

Comecei a ficar mais calma, mas quem me garantiria que isso era verdade? Me desculpe Rodrigo, mas eu não acredito mais em ninguém.

Dei um soco em seu nariz e abri a porta do carro e sai correndo. Logo ele veio atras de mim, mas nem se deu o trabalho de correr. Eu acabei escorregando em algo, e caindo no chão.

– Ai... – Falei.

– Você é tão desastrada – Disse Rodrigo se aproximando de mim, e me pegando em seus braços, carregando-me como uma princesa – E bem forte, acho que você fez um belo estrago no meu nariz.

Ao encostar a cabeça em seu peitoral, pude sentir o seu perfume. Era tão bom...

Ele me colocou no banco do passageiro e fechou a porta. Logo em seguida ele foi para o banco do motorista e ligou o carro.

Para onde eu estaria indo? Será que eu poderei confiar nele? São perguntar que tive que deixar de lado, pois fui totalmente vencida pelo sono que um dia totalmente confuso me trouxe.