Do You Believe In Angels ? escrita por nxzero_fador


Capítulo 2
Please, Don’t Jump


Notas iniciais do capítulo

TEM MUSICA, ENTÃO É BOM OUVIR!



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[Demi]

 

Mais um dia de trabalho acabou. Era assim que levava a vida. “Mais um”. É triste saber que eu chegaria em casa e não teria ninguém me esperando. Mas, eu já me acostumei a viver assim. Era sozinha, estranha e monótona. “Estranha”. Essa era a palavra que mais me causava pânico. Eu sabia que era estranha, diferente, e as pessoas percebiam. Não se aproximavam de mim. Tinham medo de olhar fundo em meus olhos.

Sempre senti aquele vazio e aquela falta de ar. Mas não sentia dor. Eu poderia me cortar que não sentiria absolutamente nada. Isso faz de mim, uma pessoa diferente, mas não especial.

Um ser humano que vivia com um único propósito: esperar seu motivo de estar na Terra. Sua razão pela qual vale a pena viver.

Só que, passou-se vinte anos e ainda não encontrei ninguém, nenhuma razão... Então qual era o meu destino? Ser uma pessoa sem objetivo que faça valer a pena viver? Essa hipótese passava-se todo dia na minha cabeça e de uns tempos pra cá, foi se tornando a mais racional das idéias. Enfim, eu era uma garota estranha e sem ideal de vida.

 

Como em todos os outros dias, a multidão estava eufórica para chegar em suas casas. Eu caminhava com a mesma velocidade da brisa. Observava cada detalhe que me chamava a atenção. Fitei uma criança pedindo esmola no farol e sendo ignorada. Isso me magoou, como sempre. Fui até a padaria mais próxima que havia e comprei um pacote de bolacha. A criança ainda estava no farol. Com um sorriso no rosto, entreguei o pacote com algumas moedas que não me fariam falta.

 

- Muito obrigada, moça! Muito obrigada! – a criança disse-me com os pequenos olhos brilhando e com um sorriso sincero e puro.

 

Apenas assenti com a cabeça e continuei meu caminho até a estação de metrô. Sempre com as mesmas pessoas, os mesmos carros. Tudo igual, porém, hoje, diferente.

            Tinha algo que em questão de minutos parou a cidade. Uma força. Um sentimento. Não sei. Algo diferente de tudo o que senti antes. Parei de caminhar e olhei o movimento das pessoas. Eu era apenas mais uma na multidão. Ninguém olhava para mim... Era como se eu não existisse...

            Respirei fundo e balancei a cabeça, como forma de organizar as idéias. “Nada”. Alguém me chamava. “Impossível”. Olhei para o alto e vi um prédio que era alto, e completamente cercado por vidros e espelhos. Mas não era esse prédio que havia me chamado a atenção. Era um pequeno e antigo ao lado dele. Meu coração bateu mais forte. Ali, havia uma pessoa que estava prestes a se jogar.

 

            Por que eu me importaria com ele?” Uma falta de ar tomava conta de meu interior com todo aquele desespero. Então, a voz dizia-me, mais alto do que nunca, que eu precisava salvar a vida daquela pessoa, mesmo que eu tivesse que dar a minha vida. “Por quê?” Fitei-o por mais alguns minutos até o momento em que minhas pernas tomaram conta de meu ser por completo. Elas me controlavam. Exerciam uma força involuntária. Quando me dei conta já estava subindo a escada de emergência.

             O corredor era escuro, e viam-se algumas tiras de luz sobre o vão da porta. Respirei fundo, o máximo que pude e virei a maçaneta sem fazer barulho...

 

            Abri e olhei de imediato a pessoa que não percebeu a minha presença. Era um homem com cabelos cacheados, ele era alto e tinha as costas largas. Não consegui percebeu muitos detalhes já que não tínhamos luz à nossa disposição.

            Havia algo dentro dele, eu sentia. Algo que me chamava para próximo dele. Pela primeira vez, não me senti vazia. Eu estava no local certo, na hora certa.

            Dei alguns passos em sua direção.

Um imã. Era isso o que melhor explicava o que eu sentia. Uma atração incontrolável.

            “Droga! Ele me ouviu!” pensei. Sentei no banco mais próximo que havia

            Ele se virou para mim e ficou me encarando. Seus olhos estavam fixos nos meus. Era como se ele tentasse ler minha mente. Decifrar um mistério; Ele nada disse nos primeiros minutos. Mostrei um sorriso. O meu mais puro e verdadeiro sorriso. Ele ainda me olhava. Ele me decifrava...

 

PLAY NA MÚSICA: Don’t Jump – Tokio Hotel http://www.4shared.com/file/108975203/c80d020a/05_Dont_Jump.html?s=1

 

“On top of the roof

Em cima do telhado

The air is so cold an so calm

O ar é tão frio e tão calmo

I say your name is silence

Eu digo o seu nome em silêncio

You don’t want to hear it right now”

Mas você não  quer ouvi-lo agora

 

 

Levantei-me e fui em sua direção com pequenos passo. Ali não existiam minutos, nem segundos; não havia problemas, não existia tempo. Era apenas aquele momento. Eu e ele.

Sentei-me ao seu lado. Era alto. Balançava as pernas como criança em um balanço. Fitava o nada, sem pressa. Por um momento eu esqueci o tempo e quem eu era.

 

“The eyes of the city

Os olhos da cidades

Are counting the tears falling down

Estam contando as lágrimas que caem

Each one a promise of everything

Cada lágrima é uma promessa de tudo

You never found”

Que você nunca saberá

 

 

- Aqui é um ótimo lugar para refletir… - eu poderia dizer qualquer coisa, mas resolvi dizer isso. Idiota.

- É. – respondeu o rapaz que já não me olhava. Ele observava as pessoas lá embaixo.

- Não pula. Não vale a pena.

- Você não sabe de nada.

- Realmente... Não sei muita coisa, mas sei que fugir dos problemas não é a solução.

- Eu já tentei de tudo. Não há mais nada que eu possa fazer.

- Talvez não, Você deve ter tentado de todos os modos fugir. Já parou para pensar que é melhor enfrentar e lutar, do que fugir?

 

Ele ficou pensando por alguns minutos.

 

- Você não tem idéia de como é viver a minha vida. Cansei de viver nesse mundo. Só quero ter paz.

- Não é desse jeito que você vai conseguir paz. Mas, se fosse pular, eu pulo com você.

 

“I scream into the night for you

Eu grito durante a noite por você

Don’t make it true

Não torne isso real

Don’t Jump

Não pule

The lights will not guide you throught

As luzes não vão te guiar

They’re deceiving you

Elas estão enganando você

Don’t Jump

Não pule

Don’t let memories go of me and you

Não deixe as lembranças irem embora de mim e de você

The world Is down there out of view

O mundo está lá em baixo fora de vista

Please, don’t jump”

Por favor, não pule!

 

 

- Não! Você nem sabe quem sou eu! Por que faria uma coisa dessas?

 

Boa pergunta. Suspirei sutilmente pensando em uma boa resposta, mas nada encontrei em minha cabeça:

 

- Não sei. Não sei por que estou aqui. Não sei de muitas coisas... Mas, sei que preciso impedir que você pule, mesmo que isso custe a minha vida.

 

You open your eyes

Você abre seus olhos

But you can't remember what for

Mas não consegue lembrar porque

The snow falls quietly

A neve cai lentamente

You just can't feel it no

Você apenas não a sente mais

Somewhere up

Em algum lugar lá em cima

You lost yourself in your

Você se perdeu na sua própria dor

You dream of the end

Você sonha com o fim

To start all over again”

Para começar tudo de novo

 

Ele congelou. Apenas me olhava, assustado e surpreso. Seus olhos castanhos, nem tão claro, nem tão escuro, analisavam cada milímetro do meu rosto. Sua face era perfeita. Mesmo na noite escura com algumas luzes batendo sobre nós, eu descobri aquele rosto com seus detalhes. Parecia esculpido. Seus lábios estavam vermelhos e eram carnudos. Cada centímetro de seu rosto parecia se encaixar e combinar-se.

 

- Você é louca, garota?

 

Apenas ri com sua pergunta. Ele estranhou minha atitude.

 

- Não sou eu quem está prestes a se jogar, hm. – disse, rindo e olhando para baixo.

 

“I don't know how

Eu não sei por quanto tempo

I can hold you so strong

Eu posso te segurar tão forte

I don't know how long

Eu não sei por quanto tempo

Just take my hand

Apenas pegue a minha mão

I'll gave you the chance

Eu vou te dar uma chance

Don't jump”

Não pule

 

- Sinceramente… - sentou-se ao me lado e fitou o nada com um suspiro – Eu não sei o que estou fazendo aqui...

- Finalmente.

- Mas isso não significa que eu não vou me jogar.

 

Suspirei mais uma vez. Teimoso. Ah droga! Isso vai levar mais tempo do que eu imaginei.

 

- Você já parou pra pensar nas pessoas que realmente te amam? Pensou nas coisas simples que valem à pena viver?

- Já. Já pensei na minha família e se não fosse por eles, eu não estaria mais aqui.

- Então. Fique por eles. Sua vida pode estar ruim, mas ainda tem como consertar.

- Por acaso, você é uma psicóloga enviada pelos meus pais?

- Não – ri baixo – Eu não sou ninguém, pode acreditar.

- Você não é ninguém. Pela primeira vez, estou desabafando com alguém. Sou eternamente grato.

 

“Don't jump

Não pule!

And if all that can't hold you back

E se nada puder te fazer voltar atrás

I'll jump for you”

Eu pulo por você

           

Corei. Sei que corei. Minhas bochechas estavam quentes, mas ele não percebeu, já que estava escuro.

Tinha vergonha de olhar para ele. Aquela beleza era tão perfeita. Ele era um sonho. O mais belo dos sonhos.

 

- Então... Isso me levar a pensar que eu fiz você mudar de idéia.

 

Ele não me respondeu, mas sabia que eu tinha conseguido faze-lo mudar. Ficamos alguns minutos sem dizer uma palavra sequer. Quando decidi me levantar, ele ergueu-se primeiro e estendeu sua mão para me ajudar.

Ao toca-la, senti seu calor correr pela minha pele. Um leve arrepio percorreu meu corpo como um choque. Descemos a escada de emergência e quando chegamos no térreo, era hora da despedida.

 

- Bom, agora eu preciso ir... Já é tarde.

- Por favor, antes, diga-me seu nome.

- Demi.

- Muito obrigado, Demi – abraçou-me, sem eu esperar tal ato.

 

Fiquei surpresa. Senti seu perfume entrando e percorrendo meu corpo. Era bom, era forte, era um aroma que eu nunca havia sentido antes. Era viciante...

 

- Não é justo. Eu preciso saber o nome da pessoa que eu salvei a vida, certo? – disse com o rosto enterrado em seu peito.

- Muito justo. Sou Joe – respondeu agora me soltando e olhando em meus olhos.

- Então a gente se vê por aí, Joe.

 


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