Paranoia escrita por Yasmim Rosa


Capítulo 6
Lucas and his gifts


Notas iniciais do capítulo

Oie gente, voltamos rapidnho não é?

Queria agradecer aos Reviews que estamos recebendo, estamos muito felizes mesmo pelo apoio que recebemos de vocês! Não sei o que seria de nós sem vocês!

Bom, ai vai o próximo capítulo com muitas emoções!

Bjos Yaya



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Assim que Lucas saiu do quarto, Violetta olhou para a bandeja na mesa. Tinha frutas, pão e suco, comeu um pouco apenas em seguida tomou os remédios e se sentou na cama totalmente tristonha, pois, mesmo estando apenas um dia ali, parecia uma eternidade. Estava sozinha, sem ninguém, e ela se perguntou se era assim com os outros pacientes também.

Ter recebido a visita de Natalia a deixou mais contente, mas foi temporário e logo a tristeza a dominou novamente. Olhou em volta do quarto. A única forma de comunicação com aquele mundo era a janela branca e enferrujada pelo tempo. Sorriu um pouco ao se lembrar de sua infância e como tinha sido repleta de felicidade. Naquela época, ela nunca imaginou que estaria em um manicômio e que perderia o amor de sua vida.

Ela tinha sido muito feliz quando criança, adorava cantar e dançar, sempre seguindo os passos de sua mãe, na qual se inspirou para viver. Mas há cinco anos, numa noite fria assim como a de 13 de agosto, um acidente acabou levando-a embora, deixando Violetta muito triste, mesmo quando se mudou de volta para Buenos Aires. Apenas uma única pessoa conseguiu fazê-la sorrir novamente: Léon. Agora ela se encontrava na mesma situação, não tinha forças para mais nada, nem mesmo para sorrir.

Mas o que mais a havia deixado intrigada foi o fato de Lucas, aquele simples enfermeiro, ter conseguido o mesmo efeito: um sorriso involuntário formou em seu rosto apenas com uma frase dele. Tinha até medo de cogitar qualquer possibilidade para uma explicação e resolveu deixar aquele assunto de lado.

Aquele dia parecia ser o mais lento de toda a sua vida, o tempo não passava. Queria que a noite chegasse logo para poder descansar, pois estava exausta, mas não queria dormir naquele momento. Queria aproveitar o pouco da liberdade que tinha. Saiu do quarto novamente e foi “explorar” mais aquele lugar. Um corredor mal iluminado dava passagem para fora, mas Violetta escolheu seguir o outro lado, onde avistou uma porta dupla de madeira maciça.

Abriu-a com cuidado, totalmente curiosa, e viu uma sala completamente branca com janelas amplas cobertas por cortinas finas. Foi quando encontrou Diego sentado à mesa olhando para ela com um sorriso no rosto. Violetta tentou retribuir, mas um sorriso era o que ela menos conseguia dar nesse momento.

– Está tudo bem? – Perguntou Diego se levantando da cadeira e indo até Violetta.

– Sim, eu não queria te incomodar. Estava dando uma passada e daí vi essa porta que me chamou a atenção, mas percebi que é seu consultório. – Fez uma careta. – Me desculpe, eu já estou de saída. – Mas antes que desse o segundo passo, Diego a agarrou pelo braço com delicadeza.

Violetta encontrou os olhos avelãs de Diego fitando-a com curiosidade, sua respiração quente batia em seu rosto como a de Léon um dia fizera, e ela sorriu de lado, não entendendo o que o médico queria.

– Entre! – Abriu um pouco a porta. – Não tem problema e não me peça desculpas. – Soltou o braço dela e segurou sua mão, guiando-a para dentro da sala.

Violetta, muito a contragosto, acabou aceitando. Sentou-se na cadeira de estofado branco e cruzou os braços.

Ele deu a volta em sua mesa e seguiu até sua cadeira de couro, sentou-se e começou a observar a garota com cautela. Seu olhar era hipnotizante, ela já estava ficando incomodada.

– Tá, o que quer comigo? – Violetta, impaciente, resolveu quebrar o silêncio. Aquilo já a estava deixando frustrada.

– Bom, pensei que podíamos conversar, sei lá, sobre alguma coisa! – Disse ainda mantendo seu olhar fixo nela. – Percebi que ainda não se acomodou direito aqui.

– Óbvio! Este lugar não é nada agradável. – Daria tudo pra estar longe daqui!

– Sei como se sente! Quando comecei a trabalhar em manicômios, também pensava o mesmo, mas acabei me acostumando! Agora faz parte da minha rotina. – Sorriu de leve. – Não me imagino mais sem estar aqui.

– Você é estranho! – Violetta fez careta, o que levou o Doutor a soltar uma gargalhada. – Como consegue trabalhar nesse lugar? No meio de loucos? Por que está aqui? – A menina estava indignada, não conseguia entender essa escolha de profissão.

– Nossa! – Diego riu. – É assim que você vê as pessoas que estão internadas aqui com algum distúrbio mental? Loucos? – A garota fechou a cara, não havia gostado do comentário do médico. – Então... desde pequeno eu sempre gostei disso. Meu pai era psiquiatra também, isso me motivou. Gosto de saber o que passa na cabeça dos outros...

– É, você realmente é estranho! – Violetta disse baixo. – Tudo bem, né? Se você gosta! – Disse convencida.

– E você? O que gosta de fazer? – Diego debruçou-se sobre a mesa, ficando mais próximo da garota

– Eu? – Perguntou nervosa, aquela aproximação não era saudável a ela. – Gosto de cantar, mas meu pai não aprova que eu faça isso. Antigamente, ele até me proibia. – Disse por fim, se afastando.

– Sério? E por quê? – Diego estava curioso para saber de sua vida.

– Bom, minha mãe era a cantora Maria Saramego. Já ouviu falar? – Diego apenas assentiu, lembrou-se desse nome, era a cantora da qual sua mãe era fã. – Então, sempre cantei e dancei, meu pai sempre me apoiou em relação a isso. Mas, há cinco anos, minha mãe acabou falecendo durante um acidente em seu show e, desde então, meu pai tentou me manter longe da música.

– Ah, entendo... E você continua com a dança e a música? – Diego estava atento à história de sua vida.

– Sim, ele não gosta que eu cante, mas como já sou maior de idade, não preciso da autorização dele.

– Ah, tá. Percebi que você passou por muitos momentos difíceis na sua vida.

– Sim, muitos! – Violetta abaixou a cabeça. – O pior de todos foi quando meu pai resolveu voltar para Buenos Aires.

– Não gosta de Buenos Aires?

– Claro que sim, adoro! Ainda mais depois que entrei no Studio, mas no começo foi difícil.

– Studio é onde estudava música?

– Sim, foi onde conheci meus amigos, onde reencontrei minha tia e onde conheci o... – Seus olhos se encheram de lágrimas. Diego, então, percebeu que tinha chegado ao ponto onde queria.

– O Léon? – A garota assentiu. – Então, quer dizer que ele também cantava?

– Sim! Era o melhor do Studio! Sempre cantávamos juntos! Formávamos o par perfeito! Era pura sintonia! – Violetta levantou a cabeça e seus olhos brilhavam radiantes. Recordar-se de Léon era muito emocionante para ela.

Violetta estava tão perdida nas lembranças que nem percebeu quando Diego se posicionou ao seu lado, encarou-a sorridente e lhe estendeu a mão. Mesmo sem entender nada, pegou nela. O médico a guiou até a porta e em silencio, a abriu.

– Onde está me levando? – A menina parecia assustada.

– Fica tranquila, só estou te levando de volta para o quarto. Já tivemos muita conversa por hoje. Precisa descansar.

Violetta não disse mais nada, apenas deixou ser guiada pelo corredor.

– Bom, está entregue! – Diego abriu a porta do quarto e deu espaço para que a jovem pudesse entrar.

– Obrigada, Diego! Foi muito bom conversar com você! – Ela não sabia de onde criou coragem e nem porquê, mas o abraçou. Sentiu que precisava fazer isso.

– Não foi nada! Apenas fiz o que tinha a fazer! – Diego sorriu. – Até amanhã! – Saiu sem mais delongas, deixando-a para trás.

Violetta se virou para o quarto mal iluminado. Ter saído dali aliviou um pouco sua tristeza, mas assim que entrou uma dor dominou seu coração. Mesmo estando cansada, não estava nem um pouco disposta a dormir. Abriu a bolsa que tinha feito pela manhã e viu as peças de roupa que, com certeza, Esmeralda tinha colocado ali. Isso a fez se lembrar de seu pai.

Ainda que tenha perdido sua esposa, ele seguiu sua vida e não ficou louco como Violetta. Até tinha encontrado outra pessoa, Esmeralda, mas Violetta nem teve a chance de conhecê-la e, consequentemente, ela deve ter pensado que a filha de German tinha problemas sérios e que aquele manicômio era a escolha correta. Mas por que Violetta não conseguia seguir sua vida como German? Amar novamente?

Nesse momento, Lucas lhe veio à cabeça. A expressão preocupada que ele demonstrou assim que veio medicá-la, aquele olhar era parecido com algum que ela já tinha visto, mas não sabia como distingui-lo. Retirou aqueles pensamentos da cabeça, pegou na bolsa um pijama qualquer e foi diretamente para o banheiro do quarto.

Tomou um banho tranquilamente. Fechou os olhos com força e, como de costume, lembrou-se de Léon, mas em vez de encontrá-lo à sua frente quando abrira os olhos, havia apenas a parede fria e branca do banheiro

Terminou o banho e vestiu uma camisola simples, de tom rosa perolado. Penteou os cabelos castanhos, as ondas logo se formaram e notou seu reflexo no espelho por um momento. O cabelo escuro estava rebelde e tinha crescido um pouco, olheiras estavam se formando e aquele brilho que antes possuía em seus olhos já não existia mais. Foi quando a imagem do velório de Léon lhe veio à cabeça.

– Todos aqui estamos muito tristes com a morte de Léon Vargas. Ele era um ótimo músico, um excelente filho e, principalmente, um grande namorado, mas alguém se atreveu a destruir essa pessoa e a família que ele possuía. Todos aqui têm uma história que o envolva. Léon tinha sonhos, iria fazer a sua faculdade de música e pretendia se casar, mas seus sonhos agora estão aqui nesse caixão... – O Pastor continuou falando, mas Violetta obrigou-se a fechar os olhos e retornar ao presente, desejando que tudo aquilo fosse um pesadelo.

Quando abriu seus olhos de volta, respirou fundo. Aquele dia tinha sido um dos mais tristes da sua vida. As palavras do Pastor sempre ficaram em sua cabeça e, desde aquele momento, Léon aparecera.

Escutou batidas na porta do quarto antes que Lucas a abrisse trazendo seu jantar. Violetta sorriu ao vê-lo, mas ele não retribuiu e a olhou com preocupação.

– Estava chorando? – Perguntou colocando a bandeja na mesa e se virando para ela.

Violetta não disse nada, correu para os braços do enfermeiro e se pôs a chorar. Sentiu a dor em seu peito ceder quando braços quentes e firmes a abraçaram com ternura, fazendo-a se lembrar dos de Léon naquele momento. Eram como os de Lucas, totalmente reconfortantes.


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Notas finais do capítulo

E ai, o que estão achando???Queremos reviews hein!
Bjos!



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