Paranoia escrita por Yasmim Rosa


Capítulo 28
Madness


Notas iniciais do capítulo

Olá, meus amores! Demoramos, confesso. Lamentamos eternamente por isso, mas a muvuca de sempre não nos permite. De todas as formas, esperamos que vocês gostem desse capítulo. E agradecemos de coração pelos comentários, sei que ainda não respondemos, mas vamos fazer em breve.
Boa leitura e até breve!



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Violetta fechou os olhos com lentidão, deixando que sua visão se perdesse aos poucos, dando lugar a escuridão. A escuridão que sempre atormentara os seus sonhos, dos mais leves, aos mais profundos. Que logo eram seguidos por gritos agonizantes e o barulho ardente de um tiro sendo executado por uma pessoa desconhecida.

— Estou procurando evitar a dose alta de medicamentos — León comentou em um tom muito baixo, enquanto colocava a bandeja sobre a mesa de madeira do quarto da paciente — Infelizmente, Diego parece estar me perseguindo a risca. Quer deixar você em perfeito estado.

— Já estou perfeita — Violetta argumentou com a voz amargurada, ainda de olhos fechados — Jogue tudo isso no lixo, não aguento mais a sensação negativa que eles me trazem.

— Espero que não esteja de referindo as espíritos — o enfermeiro de olhos verdes também parecia incomodado com todo aquela situação — Violetta, por favor, me diga o que está acontecendo.

— Já te falei — abriu os olhos rapidamente — os remédios me trazem alucinações. Nada demais. Só preciso descansar.

León concordou lentamente com um leve balançar de sua cabeça. Qual era o motivo de insistir em tudo aquilo? Sua mente fazia questão de gritar essas palavras como um mantra. Violetta sofria de todos aqueles efeitos por não estar louca. Mas e antes? Por que essas alucinações não existiam?

Afastou essa ideia da cabeça e andou em direção ao banheiro, despejando os remédios dentro do vaso sanitário, para em seguida, dar a descarga.

— Soube que Francesca esteve aqui hoje — ele comentou ainda encarando os remédios fazerem vários círculos em volta d’água, para enfim, sumirem de vista.

— Sim — afirmou com sutileza — Ela veio se certificar que eu realmente estou agora ciente de sua morte. Que as chances de você estar vivo são zero.

León respirou fundo. Seria sempre assim? Todos alegando que ele estava morto? Enterrado, abandonado e apodrecendo em um caixão? Seria esse o veredito eterno de sua vida?

— E você disse sim.

— Claro — passou as mãos pelo cabelo, afastando alguns fios rebeldes que escaparam de seu rabo de cavalo alto — Preciso convencê-los que estou bem e que você, obviamente, está morto. Aliás, até quando vamos guardar essa mentira?

— Tudo tem hora certa de ser revelado, Violetta — pelo seu tom de voz, León aparentava estar uma fera por dentro — E essa não é a melhor hora de dizer a verdade, acredite em mim.

— Estou fazendo o máximo para aceitar seu tempo. Só queria saber o motivo.

— Logo saberá, só quero que fique segura.

— Mais do que já estou? — ironizou — não sei se percebeu, mas estou presa num manicômio sendo tratada como louca.
León suspirou derrotado dando fim àquela conversa, odiava discutir com Violetta. Sentou na cama ao lado da amada e pegou em sua mão. Procurou algum vestígio de medo ou insegurança em seus olhos, mas tudo que encontrou foi paixão e ansiedade.

— Preciso que entenda que está segura aqui... — acariciou sua mão — lá fora você estará vulnerável, pelo menos aqui tem a mim e o Diego para lhe proteger.
Sem pestanejar, Violetta puxou a mão e se deitou, cobrindo o corpo com a manta fina. Duas batidas na porta interromperam o momento. León levantou-se rapidamente da cama quando Diego entrou, observando o enfermeiro enquanto seu sorriso desaparecia dando lugar à uma expressão dura.

— Achei que seu expediente já estivesse terminado, Lucas. — o médico disse ríspido.

— Sim, eu só vim trazer o remédio da Violetta. — sorriu falsamente — já estou de saída.

Dando por fim àquele clima tenso, León saiu da sala, mas não sem antes uma troca de olhares com a amada. Diego aproximou-se da cama quando a porta se fechou, sentou-se aos pés de Violetta e tornou a observá-la.

— Como está se sentindo?

— Bem... — Violetta respondeu fracamente.

— Não senti firmeza na sua resposta. — Fitou-a com curiosidade — Lucas lhe fez algo?

— Não! — apressou-se em dizer — eu só estou um pouco cansada... — suspirou — de tudo.

— Logo isso se resolverá — pegou em sua mão — seu tratamento está sendo um sucesso — o jovem lhe deu um sorriso confortante.

— Não precisa mentir Diego — seu tom ficou amargo — Francesca veio me visitar e como todos os outros, me olhou estranho. Eles acham que estou realmente louca. — deu um soco na cama — Eu só queria voltar a ser normal... — soluçou — voltar a cantar e dançar no Studio com os meus amigos, com o León... — tampou a boca imediatamente tentando cobrir a falha.

— León? — Diego suspirou — Violetta, pra você voltar a ter uma vida normal precisa aceitar que...

— ... ele está morto — revirou os olhos — já sei, e falei aquilo por impulso.

— Tudo bem — entrelaçou seus dedos nos dela e sorriu.

Violetta se viu perdida nos olhos do Doutor. Um brilho especial surgiu no rosto dele quando sorriu. Seu coração acelerou e sua respiração falhou, tinha medo do que estava acontecendo com ela, essa sensação era intimidante e ao mesmo tempo reconfortante. Ela sentia-se segura com ele.

Um lampejo de dúvida cruzou seu olhar quando Diego se aproximou mais, quase colando seus corpos. Violetta sentiu seus braços adormecerem e o perfume suave dele entrou em seu organismo deixando-a hipnotizada. Ela queria acabar com aquele espaço que havia entre os dois. E quando pensou que ele a beijaria, fechou os olhos. Mas a unica coisa que sentiu foi os braços dele ao seu redor.

Amaldiçoou a si mesma pensando que seria beijando quando na verdade fora abraçada. É claro que Diego não faria isso, era errado. Ela pertencia a León, não podia sentir aquilo. Ela não podia traí-lo depois de tanto tempo. Preferiria morrer a perdê-lo novamente, e quando pensou se deveria brigar com Diego ou questionar-se por deixá-lo mexer desse jeito com ela, acabou adormecendo nos braços do mesmo. Sonhando com um jardim florido, dois rapazes e sangue.

***

— Ainda estou tentando entender como consegue esconder tudo isso — Pablo apontou para vários papéis amontoados em cima da mesa de carvalho já desgastada.

— Ninguém nunca vem aqui, e duvido que Diego sequer se lembra da existência dessa cabana. — León procurava algo entre os documentos na estante, iluminando cada prateleira com a lanterna.

— Isso parece errado... — olhou por cima do ombro, ainda receoso.

— Errado? — León vociferou, jogando uma pasta vermelha velha em cima da mesa — Vou lhe dizer o que é errado Pablo — semicerrou os olhos — Errado é dois assassinos estarem soltos enquanto tenho que manter Violetta presa nessa bosta de Manicômio perto de um médico idiota para a segurança dela.

Pablo permaneceu em silêncio enquanto observava o rapaz a sua frente se acalmar. Pegou a pasta em suas mãos, com medo do que encontraria.

— Pode ficar com a pasta, mas preciso que prometa que irá cumprir sua palavra. Terá que me ajudar na vingança.

Pablo apenas assentiu, quando abriu a pasta bem devagar, como se esperasse que uma bomba fosse saltar dos papéis dentro dela. Sua respiração falhou quando encontrou duas fotos, bem familiares a ele. Não podia acreditar que aquelas duas pessoas poderiam ser capazes de cometer tal ato.

— Isso... isso não pode ser verdade... — sua voz soou abafada.

— Mas é a verdade, eles tentaram me matar e estão atrás de Violetta para fazer o mesmo. — E eu sei o porquê.

O homem deixou a pasta cair no chão e botou as mãos em seu rosto tentando se recuperar do choque. Não seria possível que dois de seus ex-alunos teriam feito aquilo. Ele os havia praticamente criado.


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Notas finais do capítulo

Esperamos que vocês tenham gostado! Não se esquecem de comentar e até maissss