Julie estava sentada no chão do curral e ficava olhando para fora achando que sua mãe iria aparecer para lhe pedir desculpas, mas nada. Quem chegou com o típico chapéu de cowboy de sempre foi Brad.

— Oi, eu vim aqui cavalgar não achava que te veria aqui, Julie. – Ele disse, sentado ao lado da amiga que ainda olhava para o nada à sua frente e não demonstrava emoção alguma.

— Ah Brad, nem te vi. – Ela finalmente disse. – O que disse mesmo?

— Eu disse que não imaginaria ver você aqui. – Ele respondeu e para tentar animar a amiga, disse: – Quer andar a cavalo? – Ele sorriu – Pode ficar com o Earl pela segunda vez. - Ela riu e se levantou.

— Eu topo, mas nada de aposta. – Ela falou seriamente e correu para seu cavalo negro enquanto Brad foi para seu cavalo marrom.

Os dois resolveram apenas cavalgar observando a paisagem. Eles pararam em um lugar calmo com uma árvore no meio, então desceram dos respectivos cavalos, os amarram em qualquer lugar e andaram em direção aquela árvore.

— Julie, eu tenho uma coisa para te falar – Ele disse, meio aflito.

— Eu também, mas vou deixar você ir primeiro. – Ela resolveu se levantar e ir até o lado onde ele estava para sentar-se ao lado dele.

— Julie, eu vou me mudar. – Ele disse rápido e de olhos fechados, e isso o impedia de ver a reação de Julie ao ouvir a notícia.

— Brad, diz que isso é mentira – Ela colocou as mãos nos ombros dele e o balançou.

— Não – Ele respondeu. – Infelizmente não. Você sabe, eu sou órfão de mãe e só tenho minha irmã Molly de 9 anos e um pai que é do exercito.

— E para onde você vai ? – Ela perguntou, se levantando e ficando de frente para Brad.

— Columbia, no Missouri. –Ele respondeu – Meu pai me contou hoje e essa é minha ultima semana aqui no Texas.

— Missouri é tão perto do Texas, mas somos crianças não vamos poder nos ver por um bom tempo.

— Por favor, vamos esquecer este assunto, por enquanto? – Ele respirou fundo, dava para notar que estava chateado – E seu problema, qual é? – Ele estava querendo mudar de assunto de qualquer jeito.

— Bem, acho que o meu é mais chocante. – Ela respirou fundo e antes de falar, ela travou.

— Julie, você tá ai? – Brad balançou a mão na frente dela e nada, então ele apelou para as cócegas.

— Aiaiaiai para! – Bateu na mão dele – TONY STARK É MEU PAI! – Ela disse rápido e em tom de voz alto

— Repete.

— Tony Stark,  o Homem de Ferro é meu...

— ELE É SEU PAI DEMAIS! – Brad parecia estar mais feliz do que Julie, e estava. – O GRANDE HOMEM DE FERRO É SEU PAI.

— Ué, pensei que preferisse o capitão América – Ela falou em um tom meio descrente.

— O homem de ferro está vivo Julie, se toca. – Ele balançou ela pelo ombro – E como você soube disso ?

— Juntei algumas pistas, mas prefiro não comentar. – Ela falou, lembrando-se da discussão com a mãe.

— Tudo bem se prefere assim. – Ele sorriu – Mas e Tony Stark já sabe?

— Claro que não, nem eu sabia. A mulher que sabia nunca teve coragem de abrir o bico e falar a verdade. – Ela sentia vontade de chorar mais, mas se forçou a não fazer isso em público. – E pior, ela ainda teve coragem de colocar o sobrenome dele em mim e mesmo assim não contou a verdade e eu fui burra em nunca ter desconfiado. – Julie encostou-se na arvore que tinha uma madeira tão lisa que ela se escorregou até cair no chão.

— E como pretende falar para ele?

— Falar para ele quem, Brad Tyler Cooper? – Ela estava séria, e quando Julie estava séria ela tratava a pessoa por seu nome completo.

— Seu pai, Julie. – Brad respondeu, como se fosse óbvio. – Ele precisa saber que tem uma filha.

— Eu ainda não tinha pensado nisso. – Ela sussurrou - Mas Brad, mesmo que eu quisesse não poderia.

— Por quê?

— Eu não tenho como.

— Tem sim e sua mãe nem precisa saber. – Ele sorriu maleficamente.

— COMO? – Julie estreitou os olhos na direção dele – Eu não posso fazer nada disso que você tá pensando.

— Pode e vai. – Ele se aproximou dela – Você vai fugir. – Ele só precisou dizer isso para Julie ficar zangada e correr para seu cavalo. Brad correu atrás dela e a alcançou, a pegando pelo braço.

— BRAD NÃO – Ela gritou saindo do controle dele – Eu não vou fugir, Tony Stark vive em Nova York e eu no Texas é muito longe e, além disso, seria....seria... – Julie não conseguia achar palavras, pois no fundo era exatamente aquilo que ela queria fazer. – Eu não tenho dinheiro nem para passagem de ônibus e para uma de avião ai você quer muito.

— E que disse que você vai de avião? – Ele perguntou – Julie, andar com você desde pequeno me ajudou a ter uma cabeça mais logicalística.

— Essa palavra não existe – Ela disse.

— Claro que existe – Brad deu de ombros.

— O que tem em mente?

— Nesse sábado, você vai escondida comigo no carro para o Missouri, de lá você pega um ônibus para Chicago e de lá você faz o mesmo, pega um ônibus para Indianápolis. Lá tem uma rodoviária que te levará até a Filadélfia e Filadélfia é praticamente colada com Nova York e você pode ir até de Taxi – Ele explica seu plano muito orgulhoso, e realmente Brad nunca foi de colocar tanto sua cabeça para pensar.

— Nossa, belo plano. – Julie até bate palmas em forma de ironia – Minha mãe recebe 5.000 dólares por mês como enfermeira e não me dá mesada e este seu plano custaria uns 1000 dólares.

— Eu te dou. – Julie já estava pronta para recusar. – Meu pai me dá uma mesada de 400 dólares desde que eu tinha 8 anos e eu sempre economizei para um carro quando fizer 16, posso te emprestar 1000 dólares, Julie. Fazendo as contas eu tenho....ahn. – Ele começou a contar de 1 a 10 nos dedos – 12 mais 7 mais 3 ahn acho que me perdi.

— Você tem 17 mil e 200 dólares seu pateta. – Ela falou, parte divertimento, parte impaciência.

— É isso, eu acho. – Ele riu, nem ligando para o comentário.

— Não sei, eu vou pensar e amanhã nessa hora no curral te dou uma resposta.

Julie subiu em cima de Earl e saiu correndo no cavalo negro para qualquer lugar que não fosse sua casa. Sua mente não parava de rodar toda a logística e possibilidades que poderiam acontecer caso ela aceitasse e seguisse a ideia de Brad.

O dia nem havia terminado, mas já estava anoitecendo, as crianças já estavam indo para o parque a noite com seus pais. Ela avistou Brad brincando com sua irmã, os Cooper eram em sua maioria loiros de olhos azuis. Julie agora sabia que, além da ascendência latina por parte de mãe também havia a européia de seu pai.

— BRAD! – Ela praticamente pulou em suas costas.

— O que, quem morreu? – Ele se assustou.

— Brad, eu aceito. – Brad pareceu entender o que ela disse e sorriu. Era agora que a aventura de Julie começaria.