Sai do meu quarto vagarosamente, Liam devia ter saído com Débora, pois não havia sinal de nenhum dos dois pela casa, fiquei em paz a manhã toda.

Aproximei-me do quarto de Khadija, enquanto ia para a cozinha, estava morrendo de fome, ela discutia com Kaytor.

- Qual o problema dela saber sobre Ashley? A Ashley era apenas uma criança.

- Crianças também representam perigo

- E você acha justo esconder isso dela?

- Não é questão de justiça, é questão de segurança!

- Kaytor, fala logo a verdade a menina, até quando você pretende esconder isso dela?

Kaytor demorou um pouco para dar a resposta

- Até minha mãe morrer – havia tristeza em sua voz

- Você acha que ela vai nos perdoar depois de tanto tempo? Nós já escondemos a verdade por todos esses anos, já é demais. – sua voz era calma.

- Não Khadija, não é! Ela vai ter que esperar, e se realmente ela nos amar, vai perdoar.

- Você acha que vai ser fácil assim? Na primeira oportunidade que eu tiver conto tudo a ela!

Eles continuavam discutindo, mas meus ouvidos não captaram mais nada, tinha em mente apenas o nome daquela desconhecida que sabia tudo sobre mim. Só agora percebi que estava chorando, não me importei com isso. Fui para meu quarto, a fome que sentia já não era nada junto aqueles estranhos sentimentos.

Fiquei horas deitada sobre a cama, pensando, mas meus pensamentos começaram a se embolar dentro da minha mente, a confusão me fez ter dor de cabeça e assim adormeci.

Meu sonho era vazio e escuro, assim como meu coração, e às vezes apareciam reflexos confusos, assim como minha mente estava.

Não sei ao certo quanto tempo passei ali, dormindo, só sei que quando acordei já era tarde, muito tarde.

Levantei rapidamente e senti uma leve tontura.

Meus tios já haviam chegado e provavelmente não tinham me procurado.

Olhei o relógio que já marcava 8 horas.

Estava descendo para comer algo, parei já na sala vendo que minha tia estava lá, não podia voltar, a fome me fazia me sentir mal, a dor de cabeça só tinha piorado depois do longo sono.

Segui até a cozinha tentando ignorar sua presença. Mas sabia que não conseguiria.

- Olá Sakura! – ela falou animada

- Oi

- Lembra-se que dia é hoje?

Não tinha parado para pensar nisso desde que acordei. Ela mesma respondeu a pergunta.

- Domingo, dia 24/9

Ainda não sabia onde ela queria chegar

- O que te faz tão feliz nesta data?

- Sakura, um dia tão importante na sua vida!

Dia importante? Não era meu aniversário, ele só era dali a uma semana, não sei o que poderia ser hoje.

- O que tem hoje? – perguntei ainda sem entender

- Foi nessa data que você veio morar comigo aqui no Japão.

A ta, essa data deveria ser considerada a mais triste não só da minha vida, mas da minha existência.

Fingi felicidade, já que minha vida toda era uma farsa, uma a mais não faria diferença

- Que legal tia, devíamos ter dado uma festa em homenagem a isso!

E assim me virei e fui atrás do que eu queria agora, comida.

Logo depois fui dormi, apesar de ter dormido a tarde inteira me sentia cansada.