“ -Eu vou terminar o colegial na Austrália.”

- O QUÊ? – Não é ruim como eu pensava, é pior. – Você vai me abandonar. Vai me deixar sozinha e sem amigos. Como você consegue? Não dói nem um pouco? – Comecei a chorar.

-Para, não fala essas coisas. A gente não vai perder contato. E se qualquer coisa acontecer, eu rodo o mundo inteiro pra te encontrar. Eu te adoro, minha morena minúscula com nome de pedra e olhos maravilhosos. Você não vai ficar sozinha, pode contar comigo onde quer que eu esteja. E não foi uma escolha minha, você deve imaginar. – Fui até ele e enfiei em rosto em seu peito ainda chorando. – Nós podemos nos falar todos os dias pelo computador, vai ser quase como se eu estivesse aqui.

-Não vai não, - me soltei dele e fui até o outro lado do quarto. – Eu não vou poder te abraçar, sentir seu cheiro, te visitar e mais um monte de coisas.

-Não mesmo. – Ele correu até mim e me beijou. Eu não sei porque, mas cedi. Uma de suas mãos segurava o meu cabelo enquanto a outra estava pousada em minha cintura. Ele pediu passagem e eu cedi. Não sei quanto tempo ficamos ali.

-Por quê isso agora? – Perguntei encarando seus lábios vermelhos.

-Sei lá. Sempre quis fazer isso, mas como você nunca tinha beijado imaginei que não aceitaria. E agora você tem um motivo a mais pra lembrar-se de mim.- Ele me puxou e me beijou de novo. Então disse que voltaria amanhã e foi embora.

***

Deitei em minha cama e não levantei mais naquele dia. Minha mãe me levou o jantar na cama. Não quis conversar com ela e dormi cedo.

***

No dia seguinte levantei, tomei banho, coloquei uma jeans e uma camiseta e fui pra aula sem comer nada. Assisti a todas as aulas sem muita vontade, quase dormindo.

Saí da escola e fui direto para casa. No meio do caminho senti alguém me seguindo. Aproveitei o sol forte para procurar uma sombra atrás de mim, mas a direção não estava ao meu favor. Os passos foram ficando mais constantes e próximos. Precisava de um reflexo. Uma vitrine, 10 metros a frente. Andei um pouco mais rápido e alcancei o ponto que desejava. Um homem de terno estava a poucos metros de mim. Uma moto preta veio na contramão e os passos atrás de mim cessaram.

Quando coloquei a chave na fechadura senti alguém me segurando:

-Me solta, por favor, me solta. – Batia em alguém com os punhos fechados e lágrimas começaram a correr.

-Mirra, calma. Sou eu! – Abri os olhos e vi Pedro. O abracei com força.

Ele abriu a porta e entramos em casa. Sentamos no sofá:

-O que aconteceu? Por quê está tão apavorada?

-Nada, só... nada, esquece.

-Mirra. – Me repreendeu.

-Esquece, vai.

-ok. Me olhando com essa cara não dá. – sorri. Ele me beijou.

-Pedro, eu acho que isso de namorar a distância não é comigo.

-Relaxa, eu só quero aproveitar o tempo que ainda tenho com a minha melhor amiga. – Ele ficou olhando nos meus olhos.

-Ta, estou com fome.

-Ah, mas não vai sair daqui agora. – Ele me agarrou e me beijou mais uma vez.

-É sério, eu não comi nada ainda. Não vou fazer nada, só esquentar o que tem na geladeira. Já almoçou?

-Já sim.

Comi alguma coisa rápido e subimos para fazer alguma coisa. Decidimos assistir um filme. Eu deitei em seu peito e fiquei sentindo seu cheiro até que o filme acabasse. Assim que o filme acabou fiz o dever enquanto o Sr. Preguiça dormia na minha cama.

Com quase tudo pronto para o dia seguinte dei um selinho nele para acorda-lo. Ele abriu os olhos sorrindo.

-Como vou ficar sem você?

-Para, vai. Um gato que nem você vai se dar bem lá, cercado de garotas cheias de hormônios.

-Isso é um elogio ou ciúme?

-Um pouco de cada.

-Vem aqui, morena. – Ele puxou a minha cintura e me beijou. – Mas agora eu preciso ir pra ajudar meus pais a arrumar as coisas.

-OK. Quando te vejo denovo?

-Amanhã eu passo aqui.

-Vou sentir sua falta. Você tem algo especial, você é especial. Não se esqueça.