Born to Die escrita por Agatha, Amélia


Capítulo 47
♪ I Want To Break Free ♪


Notas iniciais do capítulo

Depois de uma eternidade, o site finalmente voltou e pudemos postar esse capítulo na quarta-feira, como sempre. Não vamos perder muito tempo falando nisso, pois temos outras coisas para dizer.
Fizemos uma pequena mudança e agora todos os capítulos com nome de música, como esse, terão símbolos musicais no início e no fim. Já dissemos várias vezes que Avery é fã do Queen, e nada mais justo do que homenagear a banda com um trecho na música no capítulo. No final das contas, o nome da música combina com os acontecimentos.
Esse foi o maior e último capítulo de uma narração, e o próximo será narrado pelas três protagonistas novamente.
Sem mais delongas, vamos ao capítulo.
Boa leitura!



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*Narrado por Avery Hopper

Acordei tonta e com a cabeça doendo muito. Abri os olhos lentamente e olhei ao meu redor. Eu estava em um lugar estranho e não me lembrava de ter entrado lá. Fechei os olhos, me lembrando de estar na brinquedoteca com Sarah, e nada mais. Eu estava muito confusa e ainda me esforçava entender a situação. Tentei levantar as mãos, mas só então notei que elas estavam amarradas para trás. Estava em uma cadeira no centro de uma sala grande, com as paredes em um tom azul-claro. Na minha frente havia uma mesa com um tabuleiro de xadrez. Eu não conhecia muito bem o jogo, e o máximo que sabia era como movimentar cada peça.

Subitamente, olhei para o lado e vi um homem de tapa-olho lendo uma revista, como se nada estivesse acontecendo.

– Você já acordou? – ele perguntou ao notar que eu o encarava.

– Pode me dizer o que eu estou fazendo aqui? – disse ignorando a pergunta. Por mais que eu tentasse manter o olhar fixo no único olho dele, aquele tapa-olho era estranho de mais para ser deixado de lado e eu não conseguia parar de observá-lo. – Como eu vim parar aqui? Quem é você e o que quer comigo?

– São perguntas de mais – ele deu uma risada. – Irei responder a todas elas, mas só se jogarmos uma partida de xadrez – estranhei essa resposta, mas isso não custaria nada. Eu ainda estava confusa, amarrada, com um homem estranho na sala que queria jogar xadrez, e ainda não sabia como havia parado lá. Se ele responderia as minhas perguntas em troca de uma partida, não tinha como discordar.

– Eu adoraria, mas acho que precisaria usar as mãos – falei com um pouco de ironia e ele riu novamente antes de se aproximar e desamarrar as minhas mãos. Notei que havia um revólver preso na cintura dele, e me assustei um pouco com isso.

– Tudo bem – ele pegou a arma de lado e a levantou antes de colocá-la cuidadosamente sobre a mesa. – Então, quer escolher um lado?

– Quero as brancas, para jogar primeiro – respondi. Meus conhecimentos limitados de xadrez incluíam o fato de saber que as brancas jogavam primeiro. Eu havia aprendido a jogar com os meus avós, mas não gostava muito do jogo. Só havia vencido meu avô uma vez, mas suspeitava que ele tivesse perdido de propósito, porque eu estava prestes a abandonar o jogo de vez.

– Querida, isso não faz a diferença – ele disse sorrindo. Graças a esse comentário pude notar que ele tinha experiência em xadrez.

– Qual é o seu nome? – perguntei ao mover a primeira peça.

– Philip. Quase todos me chamam de Governador, mas meu amigo me conhece como Brian, então pode me chamar assim – ele moveu outra peça.

– Então, Brian, o que eu estou fazendo aqui? – continuamos jogando enquanto falávamos, e eu me concentrava mais nas respostas do que no jogo.

– Essa é uma pergunta interessante. Provavelmente irá responder as outras. Você não se lembra de nada, não é mesmo?

– Só me lembro de estar em uma sala com uma amiga, então algo acertou a minha cabeça.

– Vamos do começo. Eu tenho uma espécie de rixa com o seu grupo, é algo pessoal que começou há muito tempo. Houve um tempo em que eu era o líder de uma comunidade, então Rick chegou, aquele desgraçado, e simplesmente destruiu tudo junto com algumas pessoas do seu grupo que insistem em permanecer vivas. Passei muito tempo tentando me vingar, de todas as maneiras. Sabe aquela prisão? Não foi uma simples manada, foi a manada que eu atraí até lá.

Fiquei chocada com essa revelação, e isso nunca passaria pela minha cabeça. Parecia uma simples e grande invasão, não algo proposital, planejado. Várias pessoas inocentes morreram porque Brian queria matar algumas outras que ele considerava culpadas pelo que ocorreu com ele. E Brian falava com frieza, como se isso não mudasse nada nele, nem em mim. A primeira impressão que tive foi de um homem simpático, mas depois de ouvir o começo da explicação ele parecia ser um monstro muito amedrontador.

– Mas isso não foi o suficiente para matar quem deveria morrer, e eu continuei seguindo vocês. No caminho eu conheci James, um homem que estava procurando a esposa, e ele acabou se juntando a mim. Então seu grupo encontrou um lugar seguro, o hotel. Decidi mudar de estratégia, eu sabia que precisava ir até Rick, mas não podia chegar lá sem algo para ameaçá-lo. Ficamos um bom tempo observando vocês, decoramos a sua rotina, e eu encontrei o ponto fraco do Rick, uma forma fácil de pegá-lo pessoalmente. Ele tinha uma mulher. E, por sorte, essa mulher era a esposa perdida do James. Essa era uma forma fácil de ajudar meu amigo e atrair Rick. Ele sabe que se me atacar nós podemos fazer alguma coisa com a mulher dele, e isso o torna inofensivo. No final, só tive que deixar um capanga para trás, e agora ele trará Rick até mim.

– Se eu estou aqui, onde a Sarah está? – perguntei preocupada. Pelo pouco que ela havia dito, eu entendi que seu ex-marido não era uma pessoa boa, principalmente por estar com Brian e tê-la sequestrado, pois eu tinha certeza que ela não iria por livre e espontânea vontade com ele para ser usada como refém.

– Os dois se reencontraram. Não é bonito? – Brian falou com ironia. – James é só meu parceiro. Ele me ajudou bastante esse tempo todo, mas quando isso tudo acabar, cada um seguirá a sua vida.

– Onde eu entro nessa história? – até agora não conseguia entender o que eu tinha a ver com aquilo tudo.

– Você estava com ela, então eles te pegaram. Tenho certeza que Rick não dormirá bem sabendo que tem uma garotinha indefesa nas mãos do “terrível Governador”. Ele ainda acredita que existem pessoas boas e ruins, mas isso acabou há muito tempo. As pessoas mudaram, as leis também. Nós fazemos as nossas próprias regras agora. Não há bem ou mal, apenas opiniões divergentes. Eu não vou medir esforços para matar Rick e qualquer pessoa que entrar no meu caminho.

Senti um enorme calafrio quando ele finalizou a conversa de forma tão fria. O jogo seguiu calmamente, e Brian era muito superior a mim. Eu não duraria muito, mas o jogo pouco me importava, eu só precisava de mais tempo para pensar em qualquer coisa para passar por ele. De repente ouvi um som vindo do andar de cima. Pareciam batidas fortes em uma porta, acompanhadas de alguns gritos de Sarah. Então o som cessou e tudo voltou a ficar silencioso.

– Você parece assustada. Tem alguma coisa para dizer? – ele perguntou e eu continuei séria, observando o tabuleiro. Até que pensei em algo.

Num movimento rápido, peguei o revólver preto que Brian havia deixado sobre a mesa com a mão direita, enquanto a esquerda empurrou a mesa por cima dele, que caiu no chão com ela em cima dele.

– Xeque-mate, “Governador”. Philip, Brian, quem quer que seja! Eu venci e você perdeu! – falei apontando a arma para ele enquanto o encarava.

Falei isso tentando mudar a impressão que ele tinha de mim. Eu não estava mais tão assustada, eu estava com raiva por tudo que ele havia feito contra mim e as pessoas que eu conhecia. Eu precisava que ele soubesse que eu havia ganhado, e tentava esconder o medo que ainda tinha. Não queria atirar, muito menos matá-lo, mas se isso fosse necessário, eu o faria.

– Você não faria isso – ele ficou parado, ainda sem reação.

– Nunca subestime o seu adversário – falei num tom superior. – As leis mudaram, mas eu acho que a sobrevivência ainda está de pé.

– Ela não seria tão louca – ouvi uma voz atrás de mim, e antes que eu pudesse me virar para olhar senti um objeto metálico tocar a minha cabeça. – Não é mesmo?

Fiquei por um tempo parada, mas não havia outra solução. Abaixei o revólver lentamente e suspirei com derrotismo. James o puxou de minha mão e entregou para Brian.

– Acho que você já deu muito problema por hoje. Brian, se me permite, acho que ela vai gostar do sótão.

– Faça isso James – ele se levantou me fitando.

James, ainda com a arma na minha cabeça, me puxou pelo braço até o lado de fora da casa. Estranhei isso, já que eu iria para o sótão, e todos que eu conhecia tinham a entrada na casa.

– Mas não íamos para o sótão? – questionei.

– Quando encontramos essa casa, descobrimos que o antigo dono era um cara muito prevenido, ou medroso. Há várias trancas nas portas, cadeados, saídas de emergência... – continuamos andando, até virarmos na lateral. – E esta é uma delas. Vai te levar direto para o sótão.

Havia uma escada de mão fina feita de metal enferrujado, que levava até a parte de cima. No final tinha uma pequena porta, que deveria levar ao sótão. Fiquei parada observando a escada, até que James me empurrou e eu tomei coragem, ou medo, para começar a subir. Quando cheguei ao topo, puxei a porta e dei uma última olhada para ele, que continuava a me olhar com a arma nas mãos.

– Por que parou?

– Posso saber como a Sarah está?

– Ela e o Joseph estão bem.

– Joseph? – perguntei confusa e James pareceu se irritar.

– Meu filho.

– Seu filho? Ele não é seu! – disse incrédula com a incapacidade dele de pensar. – Você não sabe fazer contas? É óbvio que não é seu! O bebê é do Rick e da Sarah.

– O que você está insinuando?

– Você quer mesmo que eu te explique? Ela perdeu o seu filho e depois engravidou de novo. Do Rick, não de você.

– Pare de dizer asneira garota, entre logo aí – ele falou num tom levemente alterado.

Resolvi acabar com a conversa e me voltei para a entrada nada convidativa do sótão empoeirado. Bati a porta com tanta força que a tranca e fechou sozinha do lado de fora. Entrei no local e comecei a analisar cômodo escuro, poeirento, espaçoso e feito de madeira. Havia alguns móveis cobertos por panos brancos, mas o centro estava vazio. Acomodei-me no local, próximo à pequena janela redonda.

A primeira coisa que veio à minha mente para relaxar por alguns instantes e esquecer esse dia estranho foi uma música, uma das minhas favoritas da minha banda favorita.

I want to break free

I want to break free

I want to break free from your lies

You're so self satisfied I don't need you

I've got to break free

God knows, God knows I want to break free


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Notas finais do capítulo

Queríamos poder compensar a semana perdida, mas esse sábado, que seria o único dia para postarmos, será impossível. Teremos um dia bem cheio com uma competição de handebol, treino e compromissos. Então, semana que vem, postaremos na quarta, como de costume, e no sábado.
Esperamos que tenham gostado. Deixem a sua opinião.