Born to Die escrita por Agatha, Amélia


Capítulo 23
Estou bem


Notas iniciais do capítulo

Para começar, gostaríamos de agradecer pelos 70 comentários, 2 recomendações, 7 favoritos e mais de 1000 visualizações (acabamos de descobrir que temos exatamente 1053 visualizações). Estamos muito felizes por esses números e pelo resultado da fic. Obrigada a todo vocês!
Normalmente, postamos os capítulos 10:10, mas esse ainda não estava pronto, então acabamos ele agora e estamos postando. Nossa mãe confiscou o netbook e ficamos alguns dias sem poder escrever, mas conseguimos recuperar o tempo perdido e tentaremos postar o próximo na quinta, como de costume.
Boa leitura!



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*Narrado por Avery Hopper

When the evening shadows

And the stars appear

And there is no one there

To dry your tears

I could hold you

For a million years

To make you feel my love

Eu estava sentada ao lado de minha mãe, com os fones nos ouvidos enquanto cantava. Eu não fazia ideia do volume da minha voz, mas cantar me ajudava a ficar calma e esquecer um pouco de tudo que estava acontecendo. Além disso, não havia nada para fazer naquela cela, e eu não queria sair de lá, tinha medo de deixar minha mãe sozinha.

De repente, a música parou. Olhei para o MP3 entre meus joelhos. Ele estava desligado. Virei o rosto e olhei indignada para minha mãe, que me olhava como se nada tivesse acontecido.

– Por que fez isso? – falei num tom um pouco alto enquanto retirava os fones. – Era só pedir!

– Eu pedi! Três vezes! – ela falou irritada e eu suspirei.

– Desculpe...

– Você tem noção do que está cantando? – ela disse um pouco exaltada e depois olhou para o chão. – Tudo me lembra ele...

– Desculpe. Eu sei como doi... – falei abraçando-a enquanto ela chorava. Essa cena foi bastante comum nas últimas horas.

– É como se os cacos do meu coração tentassem se reconstruir, mas acabam me machucando mais ainda – ela tentou explicar depois que o choro passou. – Você pode sair se quiser, não precisa ficar comigo.

Por mais que eu quisesse conhecer as pessoas, isso poderia ser adiado. Ficar com a minha mãe era mais importante.

– Quando eu precisei você sempre estava do meu lado, agora é a hora de retribuir o favor.

– Sabe, minha mãe me ensinou uma coisa. As mães não cuidam dos filhos esperando que eles ajudem, as mães cuidam porque amam os filhos e sentem necessidade de cuidar – quando ela falou isso, senti uma vontade de chorar, mas me limitei a sorrir. Era impressionante como eu conseguia imaginar que nós nos conhecíamos há vários anos. Eu poderia jurar que a conhecia a vida toda.

– Tudo bem, mas eu quero ficar aqui. Se quiser eu coloco uma música mais agitada – sugeri mudando de assunto.

– Sem músicas – ela respondeu calmamente.

– Tudo bem. Vamos fazer alguma coisa pelo menos, estou com fome.

– Podemos sair e ir até o refeitório – ela sugeriu. Naquele momento minha fome falou bem mais alto, eu pulei da cama e minha mãe me seguiu.

Fomos até a porta do pavilhão para ir até o refeitório, mas a verdade era que nem eu nem a minha mãe sabíamos onde ficava o refeitório, ou seja, estávamos “perdidas” naquela prisão gigante.

– Posso ajudá-las? – escutei uma voz atrás de mim. Rodei nos calcanhares e olhei para o dono da voz. Hershel, com aquela mesma expressão simpática de quando ele havia cuidado do meu ferimento.

– Hershel! – exclamei. – Estamos meio perdidas aqui.

– Para onde pretendem ir? – ele perguntou.

– Para o refeitório – minha mãe respondeu.

– Posso guiá-las até lá – ele sugeriu e eu concordei com a cabeça. – Gabriela, você está bem?

– Estou bem.

O refeitório era proporcional ao tamanho da prisão, era simplesmente enorme. Algumas pessoas andavam por lá enquanto outras ajudavam a fazer a comida. Sentei-me no canto e minha mãe fez o mesmo. Incrivelmente, fomos servidas com carne. Isso era uma coisa que eu não via há meses e estava louca para experimentar.

Depois daquela refeição maravilhosa, ficamos lá por um tempo, sentadas observando as pessoas passando. Todas deveriam ter histórias difíceis, marcadas por perdas, sofrimentos e superações.

– Vou conversar com o Scott. Por que não procura alguém da sua idade? – ela perguntou se levantando.

– Vai me deixar aqui sozinha?

– Como eu disse, procure alguém da sua idade.

– Sério? Eles escutam histórias!

– Sei que você passou por muita coisa. Avery, você teve que crescer muito desde que tudo isso começou e eu te entendo. Você só precisa lembrar que estamos seguras agora, você tem uma chance, a chance de ter a sua infância de volta.

– Eu tenho... 13 anos, ou mais.

– Tudo bem, então não perca a sua adolescência.

Ela saiu e eu comecei a andar em direção aos blocos. No meio do caminho, dois garotos passaram por mim e depois voltaram.

– Oi... – o garoto de chapéu falou constrangido. Seus cabelos eram castanhos num tom mais escuro e seus olhos eram azuis, lembrando os de Rick. Além disso, o que mais me chamou a atenção foi o chapéu de cauboi que ele usava, um pouco desgastado. – Você é nova aqui e nós... – antes de completar a frase, ele cutucou o garoto mais alto ao seu lado. Esse usava óculos, tinha os cabelos mais curtos de mesma e tinha olhos castanhos. Era notável que o garoto de cabelos castanho-escuros e óculos era uns dois anos mais velhos que eu. O de chapéu aparentava possuir a minha idade. – Por que eu estou dizendo isso?

– Você é o filho do Rick, então fale o que combinamos.

– Não, você é mais velho!

– Parem de discutir como se eu não estivesse aqui! Falem logo seja lá o que for antes que eu vá embora! – falei pondo um fim na discussão. Eles se voltaram para mim, surpresos.

– É que... Se quiser... Quer dizer, você é nova aqui, então pensamos em te mostrar o lugar.

– Não precisavam enrolar! – falei rindo deles. – Eu aceito. Me chamo Avery Hopper.

– Carl Grimes – ele falou levantando um pouco o chapéu do rosto em forma de comprimento.

– Patrick – o outro respondeu e estendeu a mão para que eu a apertasse e eu o fiz.

Começamos a andar por aquele local. Havia vários blocos enormes, onde muitas pessoas poderiam viver. Passamos entre as três cercas, perto do portão e das torres de vigias. Eles também me mostraram os locais destinados a agricultura e pecuária. O passeio acabou na biblioteca, onde eu pude ver estantes de tamanho mediano com livros. Pude ver várias cadeiras distribuídas pelo local, onde as pessoas deveriam ler. Patrick começou a andar entre as estantes à procura de um título interessante.

– Gosta de ler? – Carl perguntou enquanto passava os dedos pelas capas dos livros e eu o seguia.

– Não lia com frequência, mas confesso que os livros sempre me atraíram.

– E as pessoas que vieram com você? – ele falou mudando de assunto.

– Minha mãe e Scott – respondi sem tirar os olhos dos livros.

– Tem certeza que você não é adotada? – ele perguntou meio distraído.

– Ela é minha mãe – insisti irritada.

– É que vocês não se parecem muito...

– Nos conhecemos quando isso começou.

– Então você conheceu os seus pais. Como teve coragem de substituí-los? – ele começou a se interessar.

– Eu amo ela – falei evitando a pergunta dele. Eu havia jurado para mim mesma que nunca mais iria falar sobre eles.

– E não amava seus pais?

– Quer saber? Eu os amava, mas isso era inútil! Eles nunca ligaram pra mim! Eles morreram e eu pensei que ia ficar sozinha, até que a minha mãe de verdade me encontrou e cuidou de mim, melhor que aqueles dois. Eu jurei que nunca mais iria falar sobre eles, mas agora já era! – quando terminei de gritar com ele, notei que algumas crianças e Patrick olhavam para mim.

Antes de me virar, observei Carl por alguns instantes. Corri pêra fora da biblioteca tentando segurar o choro, mas não consegui. Cheguei ao lado de fora da prisão, perto da grade mais interior, e me sentei no chão. Comecei a pensar em tudo que eu ouvi, nas coisas que eu falei, na promessa que quebrei.

*Narrado por Gabriela Hopper

Voltei para dentro, onde estavam as celas. Fui andando pelo corredor enquanto olhava para os lados tentando encontrar Scott. Em certo momento, ouvi umas vozes vindas de uma cela. Empurrei a cortina e vi quatro pessoas.

Scott estava sentado ao lado de uma garota loira de olhos azuis, que segurava um bebê. Maggie estava ao lado deles. Os três conversavam enquanto brincavam com o bebê.

– Desculpem incomodar. Eu estava procurado o Scott – falei.

– Sem problemas – Maggie respondeu. – Você conhece a minha irmã, Beth?

– Não, muito prazer – disse forçando um sorriso.

– Igualmente – Beth respondeu sorrindo.

– Scott, podemos conversar?

– Claro – ele falou se levantando. Andamos pelo corredor em direção à saída, sem um destino exato.

– Eu só queria saber como você está – disse depois de um tempo.

– Estou bem, e você? – essa pergunta começava a me irritar. Todos sabiam a resposta e eu sempre mentia.

– Estou bem – respondi pela terceira vez. – Eu só vim conversar um pouco. Você e a Avery são as únicas pessoas que eu conheço aqui.

– Talvez você devesse conhecer as pessoas, ajudar um pouco nos serviços... Se distrair – ele completou. – Foi assim que eu aceitei a morte do meu pai.

– Pode ser uma boa ideia – falei depois de pensar um pouco. – Então, o que você fazia lá? – mudei de assunto.

– Sabe, gosto de bebês. A Judith é muito fofa.

– Judith? Ela é filha do Rick – falei me recordando da conversa que tive com ele.

– Sim. A Beth costuma cuidar dela e a Maggie estava com ela, então começamos a conversar. – ele explicou. - Vai seguir meu conselho? – Scott mudou de assunto.

– Sim É bom saber que você e a Avery já estão conhecendo as pessoas. Eu pedi para ela procurar alguém da idade dela para conversar.

– Agora é a sua vez – ele respondeu. – Vou para a biblioteca. Acho que a Carol deve começar a ler logo.

Scott voltou e eu saí de lá. Comecei a andar do lado de fora à procura de Rick, que poderia me ajudar. Depois de alguns minutos de caminhada, o vi perto de um cercado com porcos.

– Eu estava de procurando – falei me aproximando dele.

– Como você está? – ele perguntou. Pela primeira vez, parei para pensar sobre essa pergunta e a resposta que eu deveria dar.

Pensei em tudo que tinha acontecido. Dizer que eu estava bem era uma mentira, porém, dizer a verdade só geraria mais perguntas e talvez pena por parte de algumas pessoas. Eu não queria que sentissem pena de mim, mas as minhas ações deveriam estar proporcionando isso.

– Melhor do que ontem – respondi. Pelo menos era a verdade.

– Você vai superar isso – ele falou sorrindo.

– Eu pensei um pouco e... Eu queria fazer alguma coisa para ajudar, ser útil.

– Você não precisa fazer isso agora, talvez precise de um tempo.

– Eu preciso me ocupar com algo, vai me ajudar.

– Tudo bem, se você insiste... – ele cedeu. – Talvez possa ajudar na cerca.

– O que eu tenho que fazer?

– Matar os walkers que se juntam na cerca, para evitar muito peso.

– Obrigada – falei com um sorriso.

– Você pode começar amanhã – Rick disse. – Hoje você pode descansar, pensar um pouco, conhecer as pessoas.

– Obrigada, mais uma vez. Por tudo. Você está sendo um ótimo amigo.


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Notas finais do capítulo

Para quem se interessou, a música do começo do capítulo é "Make You Feel My Love" da Adele. Não escolhemos a música pela letra, só queríamos uma música mais antiga da cantora.
Gostaríamos de avisar que a fic vai ganhar uma nova capa, que será apresentada no capítulo 26. Na nossa opinião, ela ficou simplesmente perfeita, mas não vamos revelar maiores detalhes.
Até o próximo, e deixem a sua opinião!



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