Born to Die escrita por Agatha, Amélia


Capítulo 24
A primeira impressão geralmente é a que fica


Notas iniciais do capítulo

Não gostamos muito de nomes de capítulos grandes, mas esse tem a ver com o que acontece no capítulo.
Não estamos seguindo os acontecimentos da série, mas no capítulo utilizamos um diálogo de "30 Days Without an Accident".
Gostaríamos de agradecer novamente aos leitores.
Boa leitura!



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*Narrado por Gabriela Hopper

– Não gostei daqueles garotos – Avery falou.

– Por quê? – perguntei.

– O filho do Rick se acha muito superior. Acha que pode dizer o que as pessoas são – ela respondeu com desprezo. – Ele se acha mais velho só porque já matou muitos errantes e finge que é adulto.

– Deu pra notar tudo isso?

– Não muda de assunto! Não vou voltar lá!

– Tem tantas pessoas aqui! Você não precisa falar com ele.

– Tudo bem, eu vou pra biblioteca. Talvez tenha um livro legal lá. Pelo menos o Patrick é legal... Posso conversar com ele.

Depois que minha filha disse isso, ouvi passos atrás de mim e olhei para trás.

– O pessoal já está indo para a cerca – Daryl falou.

– Claro, já estou indo.

– Até logo – Avery se despediu enquanto eu saía da cela.

Fui seguindo Daryl até o lado de fora. Pela primeira vez prestei atenção em sua aparência. Ele era naturalmente maior que eu, tinha cabelos castanhos um pouco grandes e totalmente fora do corte. Seus olhos eram azuis com um aspecto frio. Em uma palavra, ele tinha uma aparência rebelde.

Enquanto andávamos, comecei a pensar sobre o trabalho na cerca. Tudo que eu mais queria agora era ser útil para as pessoas da prisão, mostrar que eu podia fazer a diferença, que valia à pena me deixarem viver lá com a minha filha.

– Vai limpar a bagunça que vocês fizeram? – ele começou a falar.

– Como? – falei assustada.

– O tiro que vocês dispararam lá fora, ele atraiu esse bando aí – Daryl falou apontando para a aglomeração do lado de fora. Eram muitos walkers, muito mais do que quando eu havia chegado à prisão.

– Desculpe, mas eu só me lembro de alguém querendo deixar meu namorado lá fora para morrer – falei erguendo a sobrancelha, irritada.

– De qualquer jeito, ele morreu – Daryl retrucou. Por alguns segundos, não soube o que responder.

– Mas Josh teve uma chance – disse.

– Tudo bem, começamos com o pé esquerdo – ele mudou de assunto. – Daryl Dixon.

– Gabriela Hopper – falei apertando sua mão.

– Então... Qual é a do poncho indígena?

– Poncho indígena?! Você chamou o casaco que a minha mãe fez de poncho indígena?! – falei indignada.

Eu usava aquele casaco para me lembrar de minha mãe. Era óbvio que ele estava no fundo da mala, mas eu resolvi usá-lo porque não fazia isso há muito tempo. Lembrar da minha mãe, afinal era por isso que eu tinha colocado o casaco na mala desde que tudo isso havia começado.

– Tudo bem, ele é feio, mas só eu posso falar mal dele!

– OK, já vi que você é meio estressada, então que tal quebrar uns crânios para se acalmar? – Daryl falou indicando as pessoas na cerca. – Pode escolher uma arma – ele apontou para algumas armas, que estavam penduradas na grade.

– Obrigada, Dixon – falei pegando um facão e indo até o primeiro caminhante.

– Se precisar de alguma coisa, eu estou por aí – Daryl falou e foi embora.

Comecei a fincar o facão nas cabeças dos errantes. Não era uma tarefa muito difícil, talvez fosse bom para me acalmar um pouco. Por mais que eu tentasse, não conseguia interpretar aquilo como uma vingança. Aquele walker não tinha culpa de ter mordido o Josh, ele não estava vivo e não podia controlar suas ações. Quanto mais eu pensava, as coisas pareciam ser mais aceitáveis e o luto diminuía.

*Narrado por Avery Hopper

Eu e Scott passeávamos pela grade enquanto falávamos sobre assuntos variados. Sentei-me num canto para descansar um pouco e Scott fez o mesmo. De repente, Carl apareceu na nossa frente.

– Bem... Acho que eu te devo desculpas – ele falou meio sem graça e eu olhei para Carl que baixou a cabeça.

– Olha, eu nunca pensei por esse lado da adoção. Eu tive ótimos pais e nunca passou pela minha cabeça que outras pessoas não tivessem isso. Eu só não me imagino tendo outra mãe, eu não conseguiria substituí-la.

– Então você assume que me tratou mal? – falei aproveitando que ele estava se desculpando, o que parecia um grande feito para ele.

– Sim. Eu não queria te magoar, me desculpe – Carl disse.

– Carl Grimes fazendo um pedido de desculpas? – Patrick falou se aproximando e jogando uma bola de futebol em Carl, que a agarrou.

– É, vocês podem parar me zoar agora? – ele falou e nós rimos. – Pedido aceito?

– Sim – falei sorrindo.

– O que é aquela movimentação? – Patrick nos interrompeu apontando para umas crianças perto da grade exterior.

Havia três garotas e um garoto mais novo próximo a grade mais externa que acenavam e falavam algo para alguns errantes que estavam aglomerados. O que eles estavam fazendo? O grupo de crianças gritava os nomes Nick e Wayne muito alegres e pareciam se divertir muito com os walkers. Sem dúvida aquilo era algo estranho. Como monstros poderiam ser diversão?

– Deram nomes a eles? – Carl perguntou quando nos aproximamos.

– Bem, um deles tem crachá – a garota loira mais nova de rosto angelical respondeu.

– Eles tinham nomes – Carl falou. – Estão mortos agora.

– Não estão, não – a loira mais velha disse. – Só estão diferentes.

– Que papo é esse? – falou Carl visivelmente irritado com o rumo de que aquela conversa estava levando. – Eles não falam. Não pensam. Eles comem pessoas. Matam pessoas.

– Pessoas matam pessoas. Eles ainda têm nome – a loira devolveu no mesmo tom.

– Já viu o que acontece? – Carl disse. Há essa hora, ninguém falava. Eu, Scott, Patrick e as três crianças menores olhávamos de um lado para o outro como se assistíssemos um jogo de pingue-pongue. – Viu alguém morrer desse jeito?

– Sim já vi – a garota respondeu dando a entender que isso a tornava superior, mas eu não acreditei.

– Eles não são pessoas e nem animais de estimação. Não dê nome a eles.

– Temos que ir para a leitura. Venham. – a garota disse por fim saindo e as outras o seguiram. Apenas a loira menor ficou.

– Scott você vêm para a leitura de grupo? – a garotinha perguntou.

– Claro, Mika – Scott falou acompanhando Mika para dentro.

Ficamos os três parados olhando para os quatro entrarem no bloco. Eu ainda não acreditava que aquelas crianças realmente achavam que os mordedores eram apenas pessoas diferentes. Como Carl havia dito eles não falavam, pensavam, eles apenas mordiam e matavam pessoas. Claro, pessoas também matavam pessoas, mas elas costumavam ter um motivo melhor do que comer para fazer isso e pensavam como executar essa tarefa, alguns costumavam se arrepender disso.

– Não acha que foi muito cruel com eles? São crianças! – Patrick falou depois que eles se afastaram.

– São crianças, mas precisam entender a realidade. Não estou pedindo nada além disso.

– Senhor Adulto, o que acha de esquecermos isso? – provoquei. – E essa bola? – falei puxando a bola das mãos dele.

– Sabe jogar futebol? – Carl perguntou com tom provocativo.

– Não, mais posso me virar!

– Bem acho que não dá para jogar futebol de três... Se você não tivesse expulsado aqueles garotos – Patrick disse.

– Eu não expulsei, eles saíram por livre e espontânea vontade – Carl se defendeu. – Sabem de uma coisa? Aqui está bem melhor sem eles. Nós somos como um trio.

– Tipo o Trio de Ouro do Harry Potter? Que foi? Eu gosto dos livros! – Patrick disse dando os ombros para o olhar que havia recebido de Carl.

– Ok, sou a Hermione então – falei o óbvio, já que ela era a única garota.

– Se ela é a Hermione eu quero ser o Ron – Patrick disse com um sorriso sugestivo nos lábios e Carl o repreendeu.

– Chega! Vamos jogar! – exclamei pondo fim a conversa.

Patrick sugeriu que jogássemos com uma pessoa no gol e duas na linha, de modo que ele acabou no gol. Carl era ótimo para driblar, me deixando muito cansada. Eu pedi para ficar no gol, o que agradou muito Patrick, que estava louco para mostrar suas supostas habilidades futebolísticas.

Em certo momento, Carl e Patrick dividiram a bola, que quicou até mim. Os dois correram para tentar pegá-la e eu fiquei desesperada. Por puro reflexo eu a isolei com toda a força.

– Avery! – Carl resmungou. – Não dava para agarrar, não?

– Desculpa, mas vocês vieram correndo pra cima da bola! Se eu pegasse ela provavelmente vocês chutariam a minha mão! – me defendi.

– Que tal se você buscasse? Ela caiu do outro lado dessa grade – Patrick falou apontando para o local e eu suspirei.

– Tá bom! – falei observando a bola, entre a grade do meio e a mais interna.

Resolvi ir andando até a abertura da cerca, só para irritá-los. Fui andando entre as grades até encontrar a bola, que estava nas mãos de Daryl.

– Acho que você perdeu isso – ele falou me entregando a bola.

– Você é o cara que conversou com a minha mãe hoje de manhã – disse me lembrando daquilo. – Como ela está?

– Aquela nervosinha? Está bem, desde você não fale mal do casaco dela.

– Você falou mal do casaco da mãe dela? – perguntei com os olhos arregalados. Não sabia como Daryl ainda estava vivo.

– Me lembra um poncho – ele falou e eu ri. – Sabe, você não se parece muito com ela...

– É, já me falaram isso. Na verdade, ela me adotou depois que o apocalipse começou – admiti.

– Legal. Como vocês se conheceram?

– Ela quase me atropelou na estrada, então ela resolveu me dar uma carona. Minha mãe pode parecer estressada e um pouco certinha, mas ela é super legal.

– Muito certinha... Espera só pra ver a cara dela quando eu disser que quase atropelou a filha...

– Não, por favor! – interrompi. – Vai sobrar pra mim! E não acho bom você fazer isso... Além do mais, eu ainda não era filha dela.

– Tudo bem, eu guardo segredo. Acho melhor você voltar, seus amigos devem estar esperando – Daryl finalizou a conversa.

– OK. Foi legal conversar com você. Até mais! – me despedi e voltei correndo para continuar o jogo. Por trás daquela pose de durão, Daryl era um cara legal e muito divertido.


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Notas finais do capítulo

O próximo capítulo será muito importante para o desenvolvimento da fic, mas ainda não há uma previsão de postagem, mas tentaremos postar essa semana mesmo, mas isso depende de muitos fatores, então até o próximo e continuem deixando seus maravilhosos comentários.