A despedida de Gabi foi... foi triste, eu nunca tinha chorando tanto. Gabi ia fazer tanta falta, ela e suas piadinhas, seus conselhos, suas idiotices. Quando Gabi subiu para o avião, eu, Rafa e Nanda praticamente choramos litros, era Gabi, minha linda indo embora.

- Promete que volta ?. - gritei.

- Prometo. - ela respondeu.

Nos despedimos de Gabi novamente e voltamos para minha casa. Rafa queria muito encontrar com Laurinha, só para pega-la no colo. Nanda queria conversa comigo e eu queria ficar ainda mais com eles. 

Rafa estava devorando uma pizza inteira. Eu estava sentada, ao lado de Nanda. 

- O que foi ?. - perguntei. - Sua cara não está nada animadora. 

- Ontem eu chorei. Por tudo que passamos. Por tudo que conseguimos e por tudo que se perdeu. Não é fácil crescer, não é fácil esquecer um amor, não é fácil crescer. Nós perdemos tantas coisas, foram erros cometidos, acertos não comemorados. Tentativas de sobrevivências. Nosso amor derramado. Por nossas culpas... sabe, isso não volta mais. - ela respondeu, ainda triste.

Fiquei em silêncio. Nanda praticamente contou toda nossa história na escola, era engraçado toda aquela praga. Hoje em dia nós somos diferentes, seguimos caminhos diferentes. Rafa agora era chefe de agência, Nanda era médica, era seu sonho e eu... uma modelo famosa que tinha uma filha com Bernardo. Nem sabíamos como aquele tempo era bom. 

- Nós eramos felizes e sabíamos disso. -  voltei da minha transe. - Era uma loucura, mas nós gostávamos.

Nanda começou a chorar.

- Sabe Cris... eu sou tão fraca. Perdi Victor, meu pai já não me quer dentro de casa e eu não tenho para onde ir... Eu não sei aonde vou essa noite. - Nanda soluçava.

- Vem morar comigo. - sorri. - Esse apartamento é enorme, cabe você aqui.

Depois de muita conversa, Nanda aceitou. Eu adoraria ter ela aqui comigo, já que onde ela trabalhava era bem perto daqui, eu ia passar noites conversando com ela, relembrando nosso passado.

[ dois meses se passam ]

Eu já tinha me acostumado com Nanda aqui em casa, ela me ajudava em tudo mesmo. Neide vinha pouco, meu anjo sem asas só vinha com eu realmente precisava. Arthur tinha viajado, fiz mais dois encontros com ele e em um, terminei na cama dele, eu tentava não me interessa muito por Arthur mas de uns tempos para cá, alguma coisa aconteceu. Minha relação com Bernardo não ia nada bem, brigávamos todo tempo, era horrível. Laurinha estava linda, realmente linda, ela mudou muito, estava com quatro meses. Seus olhinhos começavam a ficar claros, seu cabelinho começou a ficar escuro, como sempre era falado, metade Bernardo e metade Cristiana. Minha vida mudou muito, eu recebia milhares toda vez que desfilava. Julieta e Ricardo me ajudavam muito. Julieta era chata, mas tinha um ótimo coração. 

Eu estava mais uma vez no atêlie de Julieta, ela adorava ter aulas individuais comigo. Minha relação com ela era boa, mas dessa vez não estava muito bem. Eu tinha acabado de brigar com Bernardo, ele queria saber da minha vida que já não lhe interessava muito, mas me desconcentrava na aula, deixando Julieta irritada.

- Você está fazendo errado mais uma vez. Cristiana para. - ela gritou.

- Desculpe. - murmurei, sentando no chão.

- Cris... o que foi ? Por que você está assim ?.- Julieta sentou ao meu lado.

- Eu briguei com Bernardo novamente. - respondi. - E toda vez que eu brigo com ele, nada sai com deveria.

- Você nunca contou sobre você e Bernardo... - ela começou.

- Foi rápido, não durou nem um ano. - respondi.

- Conte então... - ela pediu.

Contei toda minha história com Bernardo para ela, era difícil falar daquela relação, não por que me deixou magoada, mas porque foi um tempo bom, muito bom mesmo. Não era fácil descrever. Julieta insistia em dizer que eu ainda sentia alguma coisa por Bernardo e eu, insistia em falar que já não sentia nada.

x-x-x-x-x-x-x-x.

Eu já estava em casa. Nanda também já tinha chegado e com isso, trazendo suas novidades. Ela tava saindo com um carinha, Eduardo - era médico e loiro. - Os dois sempre falavam que era uma coisa mais física, mas rolava um sentimento ali no meio, eu sabia.

-  Fala Nanda... você gosta dele. - brinquei.

- Não, eu não gosto dele. - ela retrucou.

Coloquei um pouco de vinho nas nossas taças e sentei ao lado de Nanda. Já era noite, mas uma vez Laura estava dormindo com Bernardo. A luz tinha acabado e nós estávamos na frente da lareira. 

- Você sabe que está apaixonada por ele, apaixonada ou gostando, mas não revela isso, por que ainda sente alguma coisa por Victor. - entreguei uma taça à Nanda.

- Nada disso Cristiana. Você também é assim, não fala que está gostando do Arthur por que ainda sente alguma coisa por Bernardo. - ela retrucou.

- Eu não sinto nada por Bernardo e outra, só não fico com Arthur por que não quero. Eu sou uma boa amiga, não um bom amor. - respondi.

Nanda começou a rir. 

- E ainda tem mais.... eu sou fria, muito fria. - completei.

Fiquei conversando com Nanda por um bom tempo ate o telefone tocar, era Bernardo, ele contou que Laura estava quente demais e que eu precisava ir na cama dele. Meu coração começou a pular, nada podia acontecer com Laura. Chamei Nanda para ir comigo e fomos ate o apartamento de Bernardo. Débora não estava lá.

- O que aconteceu Bernardo ?. - perguntei.

- Ela está com febre, já mandei preparar meu carro. Vamos para o hospital. - ele respondeu.

Eu apenas assenti com a cabeça.