[ 2 meses se passam ]

Finalmente meu último dia ali, eu iria embora, embora da vida de Bernardo. Não foi nada fácil, ficar aguentando as  indiretas de Heloísa, ver Bernardo e Débora voltarem, ver meus amigos se formando  e indo começar uma nova vida, longe de mim ou eu longe deles. Quem quis engravidar ?. Mas a felicidade deles era tão grande com Laura, me mimavam feito loucos, davam tudo que eu precisava, inclusive Lília, que não desgrudava da neta. 

- Cris, por favor, não vai embora. - Bia entrou correndo do quarto.

- Eu preciso meu amor. - sorri. - Mas eu volto e volto com a Laurinha pra você mimar muito ela tá ?. 

Bia assentiu com a cabeça.

Arrumei algumas coisas, preparei as malas. enorme e pesadas malas. Deixei alguns presentes prontos para serem levados e fui me arrumar. Seria duas horas de viagem ate uma antiga casa de meu pai, eu já tinha terminado os estudos e podia arrumar qualquer trabalho ate Laurinha nascer. Pô, Laurinha, ela estava crescendo tão bem, tão perfeita. Minha barriga de quatro meses era tão atraente e interessante de acarinhar, uma bela atração para Rafa, que já se dizia padrinho de Laurinha e Gabi como madrinha. 

- Tá pronta ?. - Meu pai entrou no meu quarto.

- Só vou me despedir de Lília e Jorge. - respondi.

Seria a última vez ou não que eu entra-se naquela mansão, a última vez que viria a cara de Bernardo e aguentaria as caras e bocas de Débora e Heloísa.

- Ah, você tem que ir ?. Fica, fica só mais um pouquinho, minha neta precisa conhecer mais coisas. - Jorge acariciou minha barriga.

- Não dá. - sorri.

Abracei Lília. Como ela iria fazer falta. Ela estava chorando, pior que eu, bem pior, ela chorava descontroladamente e acariciava minha barriga. Bernardo desceu, finalmente sem Débora e Clarinha também, ela e Bia faziam tanto planos de cuidar de Laurinha que ficarão tão triste quando contei que iria embora, mas sabe, a vida é assim. 

- Tchau Laurinha. - Clarinha veio me abraçar.- Promete que volta ?. -  

- Prometo. - 

Olhei para Bernardo, ele não demonstrava nada e muito menos veio se despedir, era melhor assim, a gente já andava brigando tanto que tentar se despedir seria a pior coisa do mundo.

Eu estava entre a porta do carro e o portão da mansão, eu iria deixar tudo para trás. Meu pai, Bia, amigos, Lília e... e Bernardo. Não era nada fácil, mas eu precisava, precisava muito, eu não queria ver Bernardo rejeitando sua própria filha e muito menos aguentar Heloísa e Débora no meu pé, eu só queria ter minha filha em paz. Acenei para todos e entrei no táxi, era difícil deixar aquele povo, muito difícil, não cheguei à chorar ou qualquer coisa do tipo, eu apenas sorri, sorri pelas lembranças que todos ali me provocaram.

Cheguei, a casa era bem bacana, tinha 3 cômodos, casa de solteiro. Ficava na roça, escondida de tudo.  Minha antiga vizinha me ajudou a arrumar tudo, a tirar pó de tudo e lavar cada coisa, agora ela seria minhababá e babá de Laurinha, Dona Ciça era bem legal, tinha seus 52 anos e suas loucuras engraçadas. O muro que separava cada casa era bem pequeno então ela sempre tava lá, na minha casa, entregando algumas roupinhas das suas filhas. Rafaela e Gabriela, gêmeas.

- E o pai ?. - ela perguntou.

- Um completo idiota. - respondi.

[ 4 meses se passam ]

Minha barriga estava grande, totalmente grande, Laurinha estava em constante briga dentro da minha barriga, sempre se mexia lá, parecia jogar futebol. Ciça me ajudou muito, muito mesmo, meus oito meses de gravidez eram cansativos. O único lado bom era que eu conheci um cara, Flávio Passion, fotografo gay que tirava fotos minhas que faziam muitos sucesso na cidade, eu ate que ganhei um belo dinheiro e fui indicada para outros fotógrafos que também me aceitaram. Eu mandava dinheiro todo mês para meu pai, eu queria muito ajudar ele, já que ele me ajudou muito. 

- E a pequena ?. - Ciça apareceu no muro.

- Brincando de futebol como sempre. - respondi alisando minha barriga.

- Hum, Calma só falta um vez, daqui a pouco sua princesinha vai tá ai no teu braço. - ela sorriu.

- Espero. - sorri de volta.

- Eu também espero. - Uma voz surgiu no portão. Era uma voz conhecida e muito doce, era a voz de Lília. 

Lília correu e veio me abraçar, com um pouco de cuidado. À abracei com força, sentia tanta falta dela.

- Vai voltar ?. - ela perguntou sentando-se no sofá.

- Eu não sei... não sei como todos ficaram. - respondi.

- Eu vou adiantar. - ela sorriu. - Seu pai e Bia só falam em você, Clarinha e Jorge compraram milhares de brinquedos para Laurinha e Bernardo... bom Bernardo voltou a vida de vagabundo e casou-se com Débora, uma vadia por completa digamos assim.

Obrigado, Obrigado mesmo Deus, por me dar uma ex-sogra tão maravilhosa quanto essa.

- E... Bernardo tinha um pé na vida de gente e outro na vida de vagabundo. - murmurei.

- Mas você está de quantos meses ?. - Lília mudou de assunto.

- oito meses. - respondi. - Falta pouco para essa princesa aqui nascer. 

Lília e eu acariciávamos minha barriga e sentimos Laura chutar, um chute bem forte. 

- Uau, nossa princesa está animada hoje. - Lília exclamou.

- Ela gosta de gente que tem presença .- respondi.

Era bom ter Lília lá, ela acabou me contando o que a vadia da Heloísa fez, fez Bernardo se afastar dela e de muitos ali, ele só sabe andar com Beto e Débora... Bom, falando sobre Beto ele curtia Laura, certo dias desses ele estava conversando comigo, incomodando na verdade e falou o quanto sentia minha falta. Sim, eu fazia falta a Beto, um idiota. É, ele também fazia falta, muita, com suas palhaçadas.