Além Da Amizade escrita por Esc L


Capítulo 23
Continuação Capítulo 9.




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Conversa vai, conversa vem, sem mais nem menos minha mãe soltou a bomba de que me queria em seu desfile, na passarela, usando uma das peças de sua nova coleção e... Oi? Como assim? Minha mãe pirou? Bebeu café com vodka? O que será que tinha no almoço dela? Essas eram as perguntas insistentes que rolavam em minha cabeça após a proposta de minha mãe. 

— Por favor, amorzinho. - pediu, olhando para mim. 

— Não sei mãe. - a olhei, ainda confusa com sua proposta - Eu nunca desfilei, nunca fiz nada do tipo, a senhora sabe muito bem disso. - ri, ainda surpresa.  

É claro que seria ótimo desfilar para uma das novas coleções de minha mãe e eu adoraria fazer isso, mas eu não tinha experiencia alguma naquilo, e eu sabia que aceitar uma proposta irrecusável daquela era uma responsabilidade e tanto. Eu já havia assistido aos ensaios de algumas modelos, nos desfiles das coleções anteriores, e até desfilava sob as passarelas nos intervalos dos ensaios, quando eu e o Felipe - que raramente ia comigo, e quando ia era para ficar de olho nas modelos, dando em cima das mesmas - brincávamos e eu era a modelo a ser julgada por ele, mas eu nunca, nunca mesmo, havia pensado em levar aquela brincadeira a sério. 

— Prometo que vou pensar, ok? - falei, dando um sorriso para ela que sorria para mim - Agora vou subir para me arrumar, tenho muito o que fazer ainda. - ri. 

— Ok, meu amor, vai lá. - sorriu - E ó - gritou, enquanto eu subia as escadas - pensa com carinho na proposta da mamãe, ta? 

— Ta bom, dona Elisa, pode deixar. - ri, subindo os últimos degraus.  

Corri para o banheiro, entrando no chuveiro. Já se passavam das 18h da tarde, e se eu demorasse ainda mais, me atrasaria mais do que o normal. Depois de um bom banho, vesti minhas roupas íntimas e antes de vestir o vestido, fiz minha maquiagem. Nos olhos eu passei uma sombra branca no inicio da pálpebra de baixo e do meio dela em diante passei uma sombra preta, esfumando a maquiagem, fazendo com que meus olhos ficassem bem destacados. Passei blush, rimmel, alongando os meus cílios e terminei alguns detalhes de toda a maquiagem. Depois que a finalizei, vesti o vestido, e calcei os sapatos, colocando alguns acessórios. Como resultado da hidratação, meus cabelos estavam com as pontas perfeitamente onduladas, eu apenas penteei o penteei, deixando-os literalmente soltos e por fim, passei um batom, ficando finalmente pronta. Olhei-me no espelho, sorrindo, gostando do resultado que via. Não é porque era eu ali na imagem, mas eu estava realmente linda. 

— Ual. - a mamãe falou enquanto entrava no quarto - Você está incrível, filha! - ela sorria, olhando-me de cima a baixo. 

— Ah, tenho a quem puxar, né. - ri, aproximando-me dela - Obrigada. - sorri. 

— Teu príncipe encantado tá te esperando lá em baixo. - ela sorria de orelha a orelha, fazendo-me rir por dentro. 

— Hum, diga ao meu príncipe encantado que já estou descendo. - respondi num tom divertindo. 

— Ok. - sorriu - Você está linda, Bibi. Aproveite a noite, ela vai ser maravilhosa. - sorriu docemente. 

— Pode deixar, mamãe. - sorri para ela, dando uma piscadela.  

Ela saiu do quarto, deixando-me sozinha. Peguei uma bolsa carteira e coloquei apenas o mais necessário dentro, passei perfume, dando uma última conferida em mim mesma, no espelho. Eu estava ansiosa, muito ansiosa. Sai do meu quarto e caminhei pelo corredor lentamente. Nunca tivera acontecido nada parecido em minha vida, eu nunca havia tido alguém que me tratasse com tanto carinho e que fizesse coisas do tipo como o Felipe fazia, e ao recordar-me disso, senti um frio na barriga, sem ter noção do porque.  

Ao chegar no topo da escada, eu ouvia vozes, certamente era o Felipe e minha mãe, desci lentamente, chamando a atenção dos dois que conversavam animadamente na sala. Assim que o Felipe me viu, fixou seus olhos em mim, acompanhando cada passo que eu dava, enquanto descia os degraus. Ele se posicionou a frente da escada, com o olhar grudado como imã, ao meu. Ele vestia uma calça jeans de lavagem escura, junto de uma camiseta branca e um paletó esportivo por cima. Seus cabelos estavam levemente bagunçados, e um sorriso encantador começava a se formar no canto de seus lábios. Ele estava absolutamente lindo.  

Quando cheguei ao último degrau, sorri para ele que se aproximou ainda mais, segurando em minha cintura, olhando em meus olhos. 

— Você tá linda, amor! - ele sorria feito bobo. 

Eu o olhei com carinho, apoiando uma de minhas mãos em seu ombro, enquanto acariciei seu rosto com a outra mão. 

— Você também está lindo, meu amor. - selei nossos lábios. 

— Tudo isso é só pra mim? - ele riu, fazendo-se o maioral. 

— Ai, ai, tá se achando. - ri, dando um outro selinho nele - Nossa, sabe o que eu pecebi? - o olhei. 

— O que? 

— Que além de linda, estou mais alta! - nós rimos e ele me olhou de cima a baixo - Não me olha assim, sai pra lá com esse recalque. - brinquei, dando um tapinha em seu ombro.  

Ele me abraçou pela cintura, levantando-me com delicadeza e me tirando de cima do degrau onde eu estava, colocando-me no chão e me dando um outro selinho, demorado dessa vez. 

— Agora está mais alta, nanica! - riu, ainda abraçado a mim. 

— Ai, que sem graça você, amor. - fiz bico, encostando-me nele, inalando aquele cheiro maravilhoso que só ele tinha. 

— Ai meu Deus, que coisa mais linda vocês dois! - a mamãe falou, vindo da cozinha. Eu nem havia reparado que ela tinha saído dali. - Deixa eu tirar uma foto de vocês, vai. - pediu.  

Nós ficamos abraçados como estávamos e apenas sorrimos para a foto. A mamãe, que como sempre, não se contentava com uma só, passou a tirar diversas fotos, arrancando risos de nós dois. 

— Tá, chega de fotos mãe. - falei rindo. 

— To me sentindo um super modelo assim. - o Lipe falou rindo também. 

— Vocês fazem um casal lindo. - minha mãe falou com uma voz melancólica. 

— É muito bom saber disso, madrinha. - o Lipe sorriu - Vamos? - olhou para mim. 

— Vamos!  

Nós nos despedimos da minha mãe, que nos ordenou a termos muito juízo e nos cuidarmos, típico de mãe. Ao sairmos de casa, chamamos o elevador, que não demorou muito para chegar ao meu andar. 

— Não quis falar perto da tua mãe, mas... - ele me olhou de cima a baixo, com um sorrisinho malicioso nos lábios - Você tá muito gostosa, amor. 

— Obrigada? - falei em tom de pergunta, rindo - Você também tá gostoso amor, bastante. - dei uma piscadela, seguida de um sorrisinho de canto. 

Ele me puxou para perto, colando meu corpo no seu, envolvendo suas mãos em meus cabelos e iniciando um beijo calmo. Eu pousei minhas mãos em suas costas, deslizando uma delas pela mesma enquanto nossas línguas entrosavam uma com a outra. Fui encerrando o beijo aos poucos, com alguns selinhos, antes que entrasse alguém ali. 

— E ai, para onde vamos? - perguntei, ainda abraçada a ele. 

— É surpresa! - riu, dando um beijo demorado em minha bochecha.  

Assim que o elevador chegou no térreo, saímos e fomos caminhando para fora do condomínio, onde um carro nos esperava na portaria. Ele me guiou até o carro, entrando comigo até ele e abrindo a porta para mim. Sorri agradecendo o ato de cavalheirismo dele. 

— Para onde estamos indo? - perguntei curiosa, olhando o caminho no qual o motorista seguia. 

— Para de ser curiosa, Gabi. - riu do meu jeito e eu revirei os olhos - Daqui a pouco você vê, vai gostar, eu acho. - falou rindo, mas pude sentir o receio em sua voz. 

— Estou com você, só disso estar acontecendo, já estou amando! - eu o tranquilizei, dando um selinho nele. 

Felipe narrando:  

Em todos os anos que tive de amizade com a Gabriella, desde sempre ela comentou do quanto gostaria que um dia, quando namorasse, queria ter um jantar romântico, à beira do mar. Por diversas vezes ela me descreveu como queria tudo, seguido de um pedido para que eu avisasse ao seu futuro namorado, sobre esse desejo que ela tinha. Mal sabíamos que quem iria realizar esse desejo, seria eu. 

Para que tudo isso acontecesse do jeito que ela sempre quis, uma das primeiras coisas que fiz, foi pedir ao meu pai a lancha dele emprestada, para que tudo pudesse ocorrer perfeitamente, do jeito que minha princesa merecia.  

Estávamos no carro a caminho de onde eu tinha organizado a surpresa para ela, e confesso que a cada vez que o carro se aproximava do local onde tudo aconteceria, eu ficava ainda mais nervoso e ansioso. 

— Vai demorar muito pra chegar? - ela falou, completamente impaciente. 

— Não, amor. - ri do jeito que ela se comportava. Estava parecendo uma criança a caminho de um parque de diversões. 

Ela ficou em silêncio por alguns minutos, apenas observando o caminho que fazíamos, parecendo tentar adivinhar para onde íamos. 

— Porque nós estamos indo para o lado do pier? - ela me olhou, ainda curiosa. 

— Não sei. - respondi calmamente, fingindo não saber. 

Ela me olhou com o canto do olho, parecendo desconfiada e encostou ao meu peito, voltando a observar a paisagem, enquanto o Carlos - motorista e quebra galho, lá de casa - ia em direção ao pier. Alguns minutos depois, enquanto eu a distraia, conversando com ela sobre o dia dela, o Carlos deu sinal de que havíamos chegado. Respirei fundo, totalmente nervoso e apreensivo, por não saber o que ela acharia de tudo aquilo. 

— Nós chegamos. - a olhei, com um sorriso de canto. 

Ela olhou ao seu redor, ainda dentro do carro e voltou seu olhar a mim, parecendo não entender o que fazíamos ali.

— No pier? - perguntou confusa - O que viemos fazer aqui? 

Eu abri a porta do carro, sem responder sua pergunta e caminhei até o lado dela, abrindo a porta. Estiquei minha mão para ela, chamando-a para descer e assim ela fez, ainda olhando tudo ao seu redor.

— Vamos comigo até ali? - perguntei, a olhando na imensidão azul de sus olhos. Olha-la me tranquilizava de uma forma surpreendente, e isso fazia com que o meu nervosismo reduzisse. 

Ela assentiu que sim e eu entrelacei nossas mãos, caminhando com ela na direção de onde a lancha estava. 

— Lembra quando éramos amigos, e você me falava para falar ao seu futuro namorado, que lhe desse um jantar romântico à beira do mar? - ela assentiu, parecendo tentar entender o que acontecia - Então - respirei fundo, a olhando - aqui estamos nós... - virei-me de frente para a lancha iluminada e apontei, fazendo com que ela se virasse e visse o que tinha a minha frente. 

A essa altura do campeonato eu estava mais nervoso do que o normal. Ela olhava para a lancha, sem sibilar uma palavra sequer, e aquilo estava me causando um nervosismo ainda maior. 

— Tá falando sério? - ela me olhou e eu assenti que sim, voltando seu olhar para a lancha novamente - Eu... - falou baixinho, ainda sem olhar para mim - Eu nem sei o que falar. - ela levou sua mão livre até sua boca, parecendo surpresa. 

— Fala que gostou? - falei agoniado, dando um risinho.

Ela desviou seu olhar para mim, olhando-me nos olhos e fazendo um sinal negativo com a cabeça, causando-me uma enorme frustração por dentro. 

— Eu amei! - falou baixinho, seguido de um sorriso maravilhoso, dando-me um alívio sem igual - Juro, amor! - ela sorria, levado uma de suas mãos até meu rosto - Eu nem sei o que falar de tudo isso, to surpresa, encantada, apaixonada... - me abraçou, enchendo-me de selinhos. 

Eu sorri em meio aos selinhos, completamente aliviado e feliz por ela ter gostado do início da surpresa que eu tinha preparado para ela.

— Esse é só o começo, vem! - peguei em sua mão, entrando na lancha e a ajudando a entrar.

A lancha era toda branca por dentro, com os bancos revestidos em couro, cor champanhe. Dentro dela, havia uma mesa, não muito grande, embutida na lateral do barco, onde tinha uma vista incrível. Assim que entramos, ela olhava tudo com um sorriso enorme nos lábios, parecendo encantada com tudo o que via, o que me deixava muito feliz e satisfeito. Eu a direcionei até a mesa, onde ela se sentou e eu me sentei ao seu lado.

— Que vista linda, amor! - ela olhava ao seu redor, admirando o que via. 

— Especialmente para você, gatinha. - falei brincalhão, fazendo-me galanteador. 

— Hum, assim que eu gosto. - ela deu uma picadela. 

— Tá afim de uns pegas hoje, gatinha? - cerrei meu olhar para ela, deixando-o mais sedutor possível. 

— Ai, amor. - falou manhosa, encostando sua cabeça em meu ombro - Não me olha assim, fico tímida. - deu um risinho.

Eu a olhei, rindo da forma que ela falou e de como estava se portando. Suas bochechas estavam num to avermelhado, demonstrando o quão envergonhada estava. 

— É só um olhar, amor. - ri, envolvendo-a em meus braços. 

— Não é só um olhar, é O olhar. - deu enfase, olhando-me nos olhos e permanecendo em silêncio por alguns segundos - Obrigada. Obrigada por tudo que está fazendo por mim, você está sendo maravilhoso! 

— Não tem o que agradecer, princesa - sorri, acariciando seu rosto - isso é só o começo do que eu preparei pra você hoje. - sorri, arrancando um sorriso lindo dela - Você merece isso e muito mais. - selei nossos lábios. 

Ela permaneceu com os lábios nos meus, roçando-os e iniciando um beijo repleto de carinho, onde só encerramos, quando sentimos nossos pulmões suplicando por ar. 

  Gabriella narrando:

Eu estava completamente encantada e admirada com a tão esperada surpresa do Felipe. Tudo aquilo que estava acontecendo comigo, nunca havia se passado em minha cabeça tornar-se real um dia, e como sempre, superando todas as minhas expectativas, ali estava ele, surpreendendo-me mais uma vez, com todo o carinho do mundo. 

Eu o agradeci milhões e milhões de vezes, por o que ele estava fazendo por mim, mas não haviam palavras para explicar a felicidade sem tamanho que irradiava de mim.

— Como pode? Como conseguiu não esquecer? - perguntei, referindo-me ao pedido que havia lhe feito. 

— Nada é difícil quando se ama, Gabi. - ele sorriu, acariciando meu rosto - As vezes que você me falou, eu realmente prestei atenção, pra que quando você arrumasse alguém pra namorar - ele fez cara de desprezo, arrancando um risinho meu - eu desse um toque pro mané, mas eu mal sabia que seria eu! - riu, dando-me um selinho demorado. 

— Hum, parabéns Sr. Mistério - ri - conseguiu me impressionar com toda essa surpresa. - sorri docemente.

— E você não sabe o quão feliz eu fico em saber disso, sério. - ele dava um daqueles sorrisos maravilhosos dele. 

Eu fiquei o olhando por alguns minutos, perguntando a mim mesma de onde surgiu tanta perfeição para uma pessoa só. Era impossível de achar uma resposta. Ele era maravilhoso, perfeito e tudo que eu havia sonhado em ter um dia.

— Vamos jantar? - Felipe perguntou, enquanto dava selinhos em mim. 

— Vamos. - sorri, limpando meu batom, que estava no canto de sua boca. 

Ele chamou o garçom que depois de alguns minutos, trouxe uma bandeja com comidas maravilhosas dentro. Arqueei a sobrancelha para o Lipe, mostrando minha satisfação ao ver toda aquela comida em minha frente. 

 Nós jantamos no nosso ritmo de sempre, em meio a brincadeiras, conversas, um cutucando o prato do outro e risos em excesso. Eu poderia dizer que ambos estávamos muito felizes, principalmente por termos um ao outro, bem ali. 

— Estou satisfeita! - falei, apoiando meus talheres na borda do prato e limpando minha boca com o guardanapo.

— Somos dois. - riu, fazendo o mesmo que eu.

— Satisfeito tão rápido assim? - perguntei, fazendo-me surpresa - Deixa eu ver uma coisinha. - esquivei-me, olhando para o céu - É, tomara que não chova, que o tempo permaneça assim. - ri, zombando dele. 

— Rá. Rá. Rá. - fingiu rir - Muito engraçadinha, né, dona Gabriella. - deu um risinho irônico, me achegando em seus braços. 

— Muito obrigada, já me disseram isso! - empinei o nariz, rindo. 

— Gracinha. - riu, dando um beijo estalado em minha bochecha.

Nós ficamos conversando durante um tempo, até o Felipe chamar o garçom e pedir para que ele tirasse uma foto de nós dois e o garçom fez como pedindo, tirando mais de uma, como garantia de que ficasse boa. Logo após, começou a tocar uma música romântica, a qual o Lipe teve a ideia maluca de chamar-me para dançar. 

— Dançar? - arregalei os olhos, surpresa - Eu não sei dançar, amor. - falei com manha, enquanto ele me puxava pela mão, fazendo com que eu ficasse de pé.

— Claro que sabe. - riu - Eu te conduzo, vai! 

— Ai, meu Deus. Não acredito que to tendo direito a um jantar romântico e até a dança romântica. - ri. 

— Isso de dança é meio antigo - fez careta - mas é romântico, então faz parte da nossa noite. - envolveu os braços em minha cintura, abraçando-a. 

Eu coloquei minhas mãos em seu ombro, enquanto ele me guiava na dança. Olhávamos um nos olhos do outro, como se estivéssemos enxergando a alma de ambos, e soubéssemos tudo o que se passava por dentro de nós. Seu olhar estava fixado ao meu, como imã, ele desviou o mesmo de meus olhos para minha boca, olhando-me novamente. Estávamos com os rostos tão próximos que eu podia sentir sua respiração acelerada. Ele deu um sorriso com o canto dos lábios, fazendo com que eu me perdesse. Iniciamos um beijo calmo, com perfeita sincronia. Tudo que eu queria era que aquele momento não acabasse nunca, e que ficássemos ali, somente nós dois e nada mais. Encerramos o beijo no fim da música, sorrindo um para o outro.

Ao terminarmos de dançar, o Lipe me pegou pela mão, levando-me até uma parte da lancha onde não era coberta. Ali havia um estofado médio e branco, com algumas almofadas espalhadas por ele. O céu estava absurdamente estrelado e com uma lua cheia nos dizendo "olá". Nós nos sentamos no estofado, e sem muita demora o folgado se deitou, olhando para o céu. 

— Gabi. 

— Oi?

— Não quer deitar aqui do meu lado? - ele fez um bico lindo, olhando para mim.

— Tem como resistir? - fiz uma voz de bebê, deitando-me em seu lado e dando um selinho demorado nele. 

Ele me aconchegou-me em seus braços e me deu um beijo na testa. 

— Já te falei que você está linda hoje? - sorriu. 

— Já. - sorri - E com a maior cara de bobo! - ri.

— E tem como não ficar? - riu. 

— Ao teu lado, não. - sorri.

— Muito menos ao teu! - deu-me um beijo carregado de carinho.

Ao pararmos o beijo, ele me encarou sério, e respirou fundo, parecendo estar nervoso.

— Ér... - passou a mão nos cabelos. Bingo! Ele estava nervoso - Eu tenho um negócio meio sério pra te falar. - ele se sentou.

— O que? - perguntei, sentando-me também. Senti um calafrio invadir-me por inteira. Ele estava muito sério.

— Bom... - deu uma pausa, olhando-me nos olhos - Você está ao meu lado desde sempre, sabe. Você nunca deixou faltar comigo, sempre me guiou, me deu carinhos, conselhos, broncas! - deu um risinho, fazendo-me rir também - Sempre esteve comigo quando eu mais precisei e não mereci, sempre, sempre - deu ênfase - foi a melhor amiga que alguém pode ter. - sorriu - Mas de alguns meses pra cá, eu notei o quanto você havia mudado e me fazia bem, eu percebi que foi sempre ao seu lado que eu passei os meus melhores momentos e que somente. Em todo lugar que eu ia, tudo que eu fazia, sempre tinha um pouquinho de você, sempre tinha você em tudo. Conforme o tempo foi passando, eu via você com outro e notava o quão idiota estava sendo por deixar a dona do meu mundo, motivo da minha vontade de existir, estar nos  braços de outro e isso me doía tanto, mas tanto, que você nem imagina. - ele bagunçou os cabelos novamente, demonstrando total nervosismo - Naquele dia, quando nós nos beijamos pela primeira vez - ele sorriu, parecendo lembrar do dia em que tudo aconteceu, deixando-me embasbacada com suas palavras - eu nunca senti algo tão bom, quanto senti naquele dia, nunca me senti tão completo como eu me sinto ao seu lado, e quando você correspondeu aquele beijo, foi como se tivesse aceso toda e qualquer esperança dentro de mim. - prendi os lábios, sentindo a emoção me invadir por inteira - Depois que você me deu essa chance, em todos esses dias que nós ficamos juntos, você só me deu mais certeza de que o que eu sinto é puro e completamente verdadeiro, você só me certificou de que o que eu queria e quero é você,  só me deu mais certeza que o que eu sinto por você, vai muito mais além da amizade, me fez notar que eu te quero muita mais do que minha melhor amiga. Por isso, eu quero saber uma coisa. - ele soltou todo o ar de seus pulmões e tirou do bolso de seus paletó uma caixinha vermelha, fazendo meu coração acelerar em disparado - Você quer namorar comigo? - ele sorriu, abrindo a pequena caixinha, onde tinha um lindo par de alianças. 

Nem preciso dizer que a essas horas eu já estava mais do que emocionada e com os olhos transbordando em lágrimas, né?! A emoção que eu sentia, além das borboletas agitadas em meu estômagos eram indescritíveis. Eu jamais imaginei que aconteceria algo tão parecido em minha vida, todas as palavras de Felipe, aquele momento, aquele lugar, pareciam ser um sonho. Seria algo que eu lembraria eternamente, por mais que milhões de anos se passassem!  

O olhei, com um enorme sorriso em meus lábios, enquanto ele me olhava nervoso e completamente ansioso e apreensivo por minha resposta. Abri ainda mais meu sorriso, secando algumas lágrimas que persistiram em escorrer de meus olhos. Eu estava feliz, muito feliz! 

— Você sabe que tudo que eu sempre quis, foi alguém assim, como você. - acariciei seu rosto, e ele deu um beijinho breve em minha mão - E tudo que você me disse e tem feito por mim, só me mostrou ainda mais que vale a pena lutar por nós, e que eu seria maluca se eu não aceitasse namorar você, amor. - sorri, sendo retribuída com aquele sorriso só del - É claro que eu aceito namorar contigo! - senti meus olhos lacrimejarem novamente, e as lágrimas que escorreram foram secadas por ele, seguido por um sorriso de ambos.  

Felipe aproximou nossos rostos, e por alguns segundos, senti meu corpo estremecer com seu toque. Era incrível o turbilhão de sensações e sentimentos que ele me causava. Encaramos-nos profundamente por alguns instantes, trocando sorrisos repletos de alegria, e sem mais demora, ele colou nossos lábios com urgência, iniciando um beijo doce e intenso. Ele esboçou um leve sorriso em meio ao beijo, levando-me a dar uma mordiscada em seu lábio inferior. Meu coração disparava a cada segundo, parecia que a qualquer momento explodiria de tanta felicidade. Nos envolvemos naquele beijo completamente apaixonado, encerrando-o com muitos selinhos. 

— Eu juro - deu-me um selinho - que vou te fazer a pessoa mais feliz desse mundo! - deu-me um outro selinho. 

— Você já me faz a pessoa mais feliz do mundo, meu amor. - sorri, enchendo-o de beijinhos por todo seu rosto.  

Ele riu e me olhou nos olhos, dando um sorriso inteiro. 

— Então, falta isso. - arqueou as sobrancelhas. 

Ele pegou uma das alianças da caixinha e pegou minha mão direita, colocando-a em meu dedo anelar, dando um beijinho no mesmo e sorrindo logo em seguida. Eu peguei a outra aliança e coloquei em seu dedo anelar direito, dando um selinho demorado e completamente carinhoso nele, que acariciou meu rosto, com um sorriso bobo nos lábios. 

— Eu te amo. - falei olhando-o nos olhos. 

— Eu também te amo. Te amo demais! - colou nossos lábios, iniciando aquele beijo com sabor de "nosso".  

— Você tá me fazendo o cara mais feliz desse Universo! - ele me puxou, envolvendo-me em seus braços.  

Eu sorri verdadeiramente, sentindo meu coração bater completamente descompassado. Qual era o poder que ele tinha, que me fazia agir boba e completamente apaixonada, como estava agindo? Naquele momento, sentia-me completa e feliz, como não me sentia à tempos. Ele era meu, e eu era dele, tinha coisa melhor que isso? Porque sinceramente, eu acho que não. 

— Isso é só o que eu quero, meu amor. - eu acariciei seus cabelos, o olhando com um sorriso nos lábios - Te fazer feliz, muito feliz! - mordi sua bochecha, arrancando um risinho dele.  

Nós estávamos parecendo dois bobões, sorrindo atoa, mas a felicidade que sentíamos por finalmente termos um o outro era tão grande, mas tão grande, que era impossível deixar de sorrir.  

Ficamos deitados naquele estofado, curtindo um ao outro, em meio á brincadeiras e carinhos intermináveis. Deitei-me em seus braços, e ficamos em silêncio, olhando o céu estrelado e tentando assimilar tudo o que acontecera naquela noite. 

— Obrigada. - sussurrei, ainda fitando o céu negro, cheio de pontinhos brilhantes - Obrigada por hoje, obrigada por fazer-me sentir inteira novamente. Você conseguiu ultrapassar os limites do que eu imaginava que seria. Eu estou tão feliz que mal consigo explicar em palavras. - sorri, sentindo um sorriso surgir em seus lábios. 

— Faço tudo por você, menina! - apertou-me em seus braços, dando um beijo demorado em minha bochecha.  

Eu sentia como se meu coração estivesse em uma corrida de fórmula 1, ansiando pelo primeiro lugar. E bem, era assim que ele costumava ficar quando eu estava perto do Felipe. 

— Deixa eu te mostrar uma coisa? - o olhei.  

Ele assentiu que sim, com um sorriso no canto dos lábios. Eu peguei sua mão e a levei até o lado esquerdo de meu peito, pousando-a ali, com a minha em cima da sua. 

— Isso é o que você costuma causar, quando está comigo, ou quando penso em você. - falei olhando no mais profundo de seus olhos.  

Seus olhos continham um brilho intenso, o qual eu nunca havia visto. Ele subiu suas mãos até o meu pescoço, pousando sua mão ali e iniciando um beijo calmo, com um leve chupão em meus lábios. Levei minha mão até sua nuca, acariciando-a enquanto dava permissão a passagem de sua língua, que interagiu em perfeitamente com a minha. O beijo tinha uma sincronia unica e excepcional. Era o beijo dele, o melhor beijo do mundo. O nosso beijo. 

— Vamos embora? - ele perguntou, enquanto afundou seu rosto em meu pescoço, causando-me arrepio por todo o corpo. 

— Precisamos mesmo? Aqui tá tão bom. - falei com dengo, encostando minha cabeça à sua. 

— Precisamos, tá esfriando e não te quero doente. - riu - E outra que, temos uma noite inteira pela frente. - falou num tom malicioso. 

— Uma noite inteira para dormir agarradinhos? Que ótimo, amor. - falei com ironia, dando um risinho. 

— Também. - deu de ombros, dando um cheiro em meu pescoço. 

— Amor! - falei com dengo.  

Ele riu, sabendo das reações que meu corpo tinha sempre que ele fazia algo do tipo. Ficamos por mais alguns minutos deitados, num silêncio totalmente confortante. 

— Vem, vamos embora, namorada! - ele se levantou, esticando as mãos para mim.  

Dei um sorriso bobo. Era tão bom o ouvir chamando-me de namorada, que sorrir era inevitável. 

 Vamos, namorado. - peguei em suas mãos, levantando-me sorrindo, apatetada. 

Ele entrelaçou nossas mãos e se despediu do garçom. Dei um sorriso agradecido ao mesmo, que acenou com a mão. Caminhamos até o carro, onde o Carlos nos esperava, com um sorriso no rosto. 

— Vejo que a noite foi boa, senhor. - sorriu.

— Foi maravilhosa, Carlão! - o Lipe riu, abrindo a porta do carro para mim.

Fomos o caminho todo conversando sobre coisas banais, e vez ou outra, trocando olhares cúmplices, com um sorrisinho no canto dos lábios. Era inevitável não sorrir e não se sentir bem, tudo devido a felicidade que estávamos sentindo, por estarmos juntos, definitivamente. Quinze minutos depois, estávamos entrando na garagem da casa do Felipe. Carlos estacionou o carro e entao descemos, nos dirigindo para dentro da casa. 

— Teus pais, cadê? - perguntei, referindo-me a tia e ao tio. 

— Foram pra Búzios, voltam só amanhã. - sorriu. 

— Como eles tem coragem de deixar um desajuizado feito você, sozinho? - fiz-me incrédula, e ele fez uma careta enquanto subíamos as escadas. 

— Qualé? Eu tenho muito juízo, viu? - fez-se autoritário. 

— Demais. - ironizei, brincando. 

— Mas ela deixou a Maria de olho em mim, como sempre. - riu - Caso contrário, iria trazer várias pra cá. - mordeu os lábios maliciosamente, dando uma piscadela. 

— Ah, é mesmo? - o olhei com o canto do olho, sentando-me em sua cama. 

— Uhum. Party House com as gatas! - riu brincalhão. 

— Muito bom saber. - sorri sem mostrar os dentes. 

— Mas... - deu uma pausa, olhando-me - Preferi fazer a surpresa para a minha gata. - sorriu, aproximando-se de mim. 

— Uhum, não vem reverter a situação, não. - desviei meu olhar do seu. 

— É sério, amor. - riu, puxando-me para ele. 

— Acredito. - falei com sarcasmo. 

— Ciumenta linda! - deu-me um selinho demorado, fazendo-me rir.  

Dei-lhe outro selinho, desvencilhando-me de seus braços e prendendo meu cabelo num coque frouxo. Fui até o banheiro de seu quarto, lavando o rosto e removendo toda a maquiagem do mesmo. 

 — Preciso de uma camiseta, amor. - falei enquanto secava meu rosto. 

Quando tirei a toalha da frente de meus olhos, tive a visão de algo que fez-me paralisar por inteira. Um deus grego, deitado na cama apenas de samba canção com o abdomem completamente amostra. Engoli em seco, recordando-me da realidade, e ficando um pouco sem graça por ele ter percebido meus segundos em transe, por conta de seu corpo tentador.

Ele sorriu, levantando-se e caminhou até seu closet, abrindo uma das gavetas, pegando uma camiseta e trazendo-a até mim. 

— Acho que essa camisola vai ficar linda em você. - riu, entregando-me a camiseta. 

— Hum, sabe que eu também acho? - fingi analisar, caminhando até o banheiro.  

Tirei o vestido, vestindo a camiseta que tinha o cheiro inigualável do Felipe. Olhei-me no espelho, analisando-a em meu corpo e fui até o quarto.
— Você tem camisetas maiores, não? - o olhei desconfiada. 

— Essa tá muito sexy em você, amor, para. - olhou-me de cima a baixo, passando o olhar lentamente por minhas pernas. 

— E curta também. - o olhei com desdém. 

— Já vi você usar shorts mais curtos. - deu de ombros - Ah, e por sinal, sem shorts curtos agora, viu, mocinha? - falou impondo-se. 

— Rá. Rá. Rá. - ironizei, olhando-o - Só porque você quer. - revirei os olhos. 

— É claro. Agora você é minha - deu ênfase - não quero marmanjo de olho no que é meu. - olhou-me.  

Sorri ao ouvi-lo falando que eu era dele. Era tão bom ouvi-lo proferir tais palavras. 

— Eu sou o que, amor? - falei sorrindo, aproximando-me dele. 

— É minha. - puxou-me, colando meu corpo ao teu. 

— Só tua. - sussurrei, olhando em seus olhos. 

— Só minha. - ele falou, olhando-me fixamente.

Aproximamos nossos rostos lentamente, perdendo-nos um nos olhos do outro. Ele alternou seus olhares entre meus olhos e minha boca. Sua respiração era quente, e dava para ver em seus olhos o quanto ele ansiava por um beijo, ou algo a mais. Rocei nossos lábios, na intenção de provocá-lo ainda mais e pude ver um sorrisinho malicioso brotando no canto de seus lábios. Ele então colou nossos lábios, puxando-os com delicadeza e os soltando-os logo em seguida, inciando um beijo intenso, tomando meus lábios com volúpia, onde sua língua explorou minha boca por inteira, entrando em contato com a minha. O beijo tornava-se urgente a cada movimento que dávamos. 

Ele deu dois passos, caindo comigo delicadamente sobre a cama, aproveitando para tomar o ar que nos faltava. A essas alturas eu já não sabia mais onde encontrava-se minha sanidade mental. Meu corpo estremecia a cada toque seu, casa vez pedindo por mais. Levei minha mão até sua nuca, entrelaçando-a em seus cabelos, trazendo-o ainda mais pra mim, enquanto ele alisava a lateral do meu corpo, alternando os beijos entre meu pescoço e colo, subindo suas mãos por dentro de minha blusa, sem tocar em meus seios. Senti então um frio na barriga invadir-me por inteira, voltando a realidade em que eu estava. 

A vontade de me entregar à ele, naquele momento, era enorme, mas não maior do que a insegurança que havia me dominado. Suspirei com o beijo recebido em minha barriga, e trouxe seu rosto para perto do meu, colando nossos lábios num novo beijo, encerrando-o com calma. 

Ele me olhou com nos olhos, parecendo entender, dando um sorrisinho de canto, sem mostrar os dentes, talvez por ter ficado sem graça, por eu não ter levado aquilo à diante. Ele se sentou na beira da cama, ainda ofegante, passando a mão entre os cabelos. 

— Amor... - fali, ainda ofegante, buscando as palavras. Sentei-me ao seu lado, o olhando. 

— Tudo bem, amor. - olhou-me, dando um sorriso de canto - Não quero forçar nada, tudo no seu tempo. - lançou-me um olhar compreensivo, aliviando-me por inteira. 

Ainda preciso dizer o porque eu o amava mais que tudo? Ele era perfeito, em todas as palavras, e saber que ele me compreendia até nesses momentos, era algo que me aliviava e me tranquilizava. 

— Desculpa, eu... - falei baixinho, olhando-o. 

— Não precisa pedir desculpas, meu amor. - sorriu, ajeitando-se na cama e batendo no espaço vazio ao seu lado, chamando-me. E assim eu fiz, aconchegando-me em seus braços - Quando você estiver pronta, ok? - deu-me um selinho. 

Sorri, feliz por ele ter me compreendido, e me deitei de costas para ele, sendo envolvida por seus braços, ficando em conchinha com ele.

— Eu te amo. - falei, enquanto recebia carinho seu em meus cabelos. 

— Eu também te amo, princesa. - beijou minha testa.

Nos deitamos em conchinha, e em meio á carinhos, adormecemos rapidamente.


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Notas finais do capítulo

Continua...



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