Além Da Amizade escrita por Esc L


Capítulo 20
Capítulo 9.




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Gabriella narrando:  

Depois de me despedir do Felipe, voltei para o quarto, junto das meninas que me olhavam com a típica cara de curiosas, quando queriam saber alguma coisa, eu as olhei, dando um risinho. 

— Então, pode contando tudo, tudinho. - a Manu falou enquanto deitava na cama. 

— Tudo o que? - me fiz desentendida, rindo. 

— Não te faz. - a Karol falou, revirando os olhos. - Tudo entre você e o Felipe... O que aconteceu que te fez decidir ficar com ele de vez? 

— Ah - falei, recordando-me da noite em que tudo aconteceu, sorrindo - Lembra na noite do luau? - elas assentiram que sim - Então, depois que ele cantou a música lá e tal, eu avisei a Manu que daria uma volta, dai eu fui para um lugar mais afastado e me sentei por lá, ai o Felipe apareceu do nada e começou a puxar assunto, mas sei lá, no começo foi meio tenso sabe, mas depois - sorri - depois a gente falou um pro outro tudo o que estava sentindo, no começo foi meio dramático - dei um risinho - mas daí ele me pediu uma chance, e nós decidimos que iriamos tentar fazer com que desse certo, e estamos aí... - ri. 

— E você ainda duvida que não vá da certo? - a Manu me olhou. 

— Sinceramente? Não. - sorri - Todo esse tempo, na viagem, com tudo o que aconteceu, ele não deixou de estar comigo em momento algum. Todos os dias quando eu fiquei no hospital com o meu pai e esperando para ver ele, ele ficou comigo o tempo todo, até mesmo depois, que tudo aconteceu - dei uma pausa, lembrando-me e respirei fundo, não deixando a dor recente ser sentida - ele esteve comigo, e tudo isso só fez aumentar o que eu sinto por ele. - sorri sem mostrar os dentes. 

— Ele gosta de você, e pelo que eu vejo é de verdade. - a Karol falou. 

— Eu sei que é. - eu sorri, lembrando dele - E eu to até me sentindo mal, egoísta. Esse tempo todo que ele esteve lá eu mal dei atenção pra ele. - falei ressentida. 

— Ah, mas tenho certeza que ele entende, amiga. 

— Mesmo assim, me senti meio mal com isso, mas depois dou um jeito de recompensar ele. - ri. 

— Huuuum, danada! - a Karol me olhou com cara de safada. 

— Não dessa forma, sua pervertida. - nós rimos.  

Ficamos o resto da tarde assim, papeando e colocando as novidades - que não eram poucas - em dia. Era bom estar com elas, eu estava me sentindo bem melhor, parecia que todo o vazio que eu sentia dentro de mim, era preenchido. Toda aquela vontade de querer morrer, parecia literalmente desnecessária perto do bem que elas e o Felipe estavam me fazendo, porque a verdade, é que com eles ao meu lado, seria bem mais fácil de tudo ser superado, com eles eu via o sentido que as coisas faziam. Eu não seria egoísta comigo mesma e nem com eles novamente ao ponto de pensar em tirar minha própria vida, eu podia recomeçar, podia me refazer novamente e assim eu faria, afinal, todo fim tem um recomeço.

Depois da janta, nós subimos para o quarto novamente, eu fui tomar banho enquanto deixei as meninas conversando, depois que saí do banho foi a vez delas de tomarem banho, uma de cada vez, depois da Karol, foi a Manu e enquanto a Cinderela demorava anos no chuveiro, decidi ligar pro Felipe. Peguei o c celular e disquei o número dele, sob o olhar da Karol. Chamou três vezes e no terceiro toque ele atendeu. 
 

— Oi? - falou com voz de sono, do outro lado da linha. 

— Tava dormindo? - falei, arrependendo-me por ter o acordado 

— Sim. - riu - Tá tudo bem? 

— Desculpa, se quiser eu ligo depois. 

— Não tem problema, princesa. - falou calmo - Como estão as coisas ai? 

— Estão bem, to me sentindo bem melhor. - sorri - Fiquei sabendo que foi você quem pediu pra que elas dormisse aqui, fazendo tudo pelas minhas costas, né? - me fiz ofendida. 

— Eu sabia que te faria bem, então... Pode falar que sou um gênio, vai. - gabou-se. 

— Como você se acha, meus Deus. - ri, caminhando até a sacada - Mas foi uma ótima ideia sim, obrigada. 

— Viu ó, já tá até rindo! Eu faço qualquer coisa pra te ver bem, não precisa me agradecer, de verdade.  

Eu sorri feito uma boba com suas palavras, ninguém jamais me faria tão bem como ele fazia. 

— Mesmo assim, obrigada. - sorri - Hoje cedo - respirei fundo, procurando palavras - eu acordei decidida a colocar um fim em tudo, na dor, na saudade, na minha vida, e eu não percebi quão egoísta eu estava sendo, por estar pensando só em mim. Mas você foi um dos maiores motivos a me fazer recomeçar e seguir em frente, de verdade. Me desculpa, desculpa por pensar assim e desculpa principalmente pelo pouco de atenção que vim te dando, me sinto muito mal, mas eu prometo que vou te recompensar, viu? - falei, me sentindo aliviada por ter falado tudo aquilo. 

— Posso te pedir uma coisa? 

— Pode. 

— Não pensa mais nisso, não pensa em desistir de nada. Tudo que você tá passando, nós vamos passar juntos, vou te ajudar a superar isso tudo, que nem você fez comigo, eu te prometo, mas por favor, não pensa mais em acabar com a sua própria vida, porque só de saber que você pensa assim, tenho vontade de morrer também. Eu jamais - deu enfase - viveria num mundo onde não existisse você. Me promete isso, que não vai mais pensar nessas coisas? 

— Prometo. - falei, com o sorriso de orelha a orelha. 

— Eu tô contigo sempre, pra o que der e vier, ainda sou seu melhor amigo e você sabe disso. 

— Você tem noção do quanto eu te amo, menino? - eu realmente estava feliz - Não quero te perder nunca, nunca mesmo. 

— Você nunca vai me perder. 

— Você também nunca - dei enfase - vai me perder. - sorri - Vou te deixar dormir. Boa noite, príncipe, dorme bem e sonha comigo.
— Você também, princesa. E qualquer coisa liga. 

— Ok. Beijo. 

— Se cuida. 

Desliguei o telefone sorrindo, caindo na cama, ao lado da Karol que me olhava sorrindo também. Logo a Manu saiu do banheiro e juntou-se a nós. Conversamos mais um pouco e assistimos a um filme, com direito a muitos doces e conversas. Eu realmente estava com saudades de uma noite daquelas.

 Amanhã tem escola, vai querer ir ou nem? - a Manu me olhou enquanto estávamos as três deitadas na cama, prontas para dormir. 

— Não sei. - falei pensando na possibilidade de ir ou não. 

— Na minha opinião - a Karol falou - eu acho que você devia ir. Vai ser bom pra você se distrair um pouco. E fora que já perdeu muita aula, estamos quase entrando em época de prova. 

— É. - falei pensativa - Acho que eu vou sim. - dei um leve sorriso, sem mostrar os dentes. 

— Mas nós não trouxemos a mochila, nem roupas. - a Manu falou. 

— Você mora aqui na frente, preguiçosa. - a Karol riu - E a Gabi não se importaria de me emprestar uma roupa, se importaria? - fiz um sinal negativo com a cabeça - Então, daí o material a gente da um jeito. 

— Então se vamos pro colégio amanhã, acho melhor nós dormirmos, né. - Manuella falou com desanimo. 

— Para de reclamar, resmungona. - nós rimos. 

Ficamos batendo papo durante mais alguns minutos, e antes mesmo de pegar no sono mandei um sms pro Felipe: 

G:Partiu escola amanhã, príncipe! Se puder, passa aqui para ir com nós. Boa noite ♥. 

Alguns minutos depois ele respondeu.

L: Ok, quando chegar ai te mando sms ♥

Logo após o sms, virei para o lado, pegando no sono rapidamente. O dia seguinte seria longo e certamente, o inicio de um novo recomeço.

  *  

Acordei com o celular da Manuella despertando, abri os olhos vagarosamente, desligando o mesmo, demorei um pouco para assimilar o que faria, estava morrendo de sono. Olhei pro lado e as preguiçosas das minhas melhores amigas ainda babavam, joguei-me no meio das duas, acordando-as.

— Bom dia raios de Sol. - falei divertida - Vamos nos arrumar, temos um presídio para frequentar ainda hoje. - brinquei. 

— Hum, alguém acordou de bom humor. - a Karol falou enquanto espreguiçava-se. 

— É preciso, né? - dei um sorrisinho sem mostrar os dentes. 

— Isso mesmo, assim que eu gosto de ver. - ela me abraçou fortemente - Bom dia, amiga. - sorriu. 

— Vocês podem parar com todo esse contato? Eu tenho ciumes e quero dormir. - a Manu resmungou enquanto cobria a cabeça. 

— Larga de preguiça, vai. - puxou o edredom de cima dela. 

Nós levantamos e fomos nos arrumar, a Manu foi para a casa dela se arrumar lá e a Karol foi para um dos banheiros tomar banho, separei uma roupa pra mim e fui pro chuveiro. Quando saí do banho encontrei a Karol dentro do closet, parecendo procurar algo. 

— Gabi? - ela me chamou. 

— Oi! - falei enquanto vestia minhas roupas intimas. 

— Onde estão as camisetas do uniforme? Não sei mais onde estão. - riu. 

Eu caminhei até lá, mostrando a ela onde as camisetas estavam, que por sinal, estavam na gaveta a frente dela. 

— Se fosse uma cobra te picava. - rimos. 

Nós terminamos de nos arrumar e descemos para tomar café, minha mãe e a tia Andrea, que conversavam na cozinha assustaram-se ao me ver. 

— Ué. - minha mãe me olhou confusa - Pensei que não fosse ao colégio hoje. 

— Eu não ia, mas ficar em casa seria pior. - dei um sorriso fraco, servindo-me um copo de suco. 

— Sua carinha já está bem melhor. - ela sorriu. 

— Acho que o obrigada vai as meninas e ao Felipe. - ri. 

— Realmente - olhou-me - muito obrigada Karol, fico feliz que tenham consigo deixa-la melhor. - ela sorriu olhando para a Karol, que sorriu em retribuição. 

— Que nada, tia. Nós só distraímos ela um pouco, o que não pode é ficar pensando e remoendo tudo que aconteceu. 

— Verdade. - a mamãe sorriu, olhando pra mim.- Mas e como você tá se sentindo, meu amor? 

— Bem. - falei vagamente, respirando fundo - Dói bastante, sabe - não, ela não sabia - mas não posso me deixar abater, senão… - dei um sorrisinho sem mostrar os dentes. 

— Isso mesmo, assim que eu gosto de ver. - ela sorriu contente - Eu já estou indo, quer carona? 

— Não precisa, vou caminhando com as meninas, ainda tenho que passar na casa da Karol. 

Nós nos despedimos dela, terminamos de tomar café e subimos, terminando de fazer o que tinha de fazer e saindo de casa, indo em direção a casa da Manu, nós a chamamos e descemos, nos deparando com o Felipe e o Bruno na entrada do condomínio. 

Sorri ao ver o Felipe ali, afinal, eu já estava morrendo de saudades. Ele caminhou até mim, com aquele sorriso lindo que só ele tinha, abraçando-me logo em seguida. Ele se desvencilhou do abraço e acariciou meu rosto, olhando-me. 

— Bom - deu-me um selinho - dia, princesa. - deu-me outro selinho. 

— Bom dia, príncipe. - sorri, dando um selinho demorado nele. 

— Dormiu bem? Se comportou direitinho? - riu. 

— Sim senhor. - bati continência, fazendo-o rir. 

— Tá com uma carinha boa parece melhor. - sorriu. 

— To me sentindo um pouco melhor, graças as meninas e a você. - eu sorri, fazendo com que ele sorrisse ainda mais - Dói, mas é só não ficar pensando nisso, já ajuda bastante. 

— Que bom então, princesa. - ele deu um beijo em minha testa, fazendo-me sorrir.  

Era tão bom estar com ele que não dava nem para explicar o bem que me fazia. Eu só sabia que me sentia bem, me sentia viva. 

— E ai, baixinha. - o Bruno falou, aproximando-se de nós, dando um beijo em meu rosto e me abraçando - Tudo bem? - ele sorriu. 

— Oi Brunito - brinquei - tudo indo - dei um sorrisinho - e você, como ta? 

— To bem. - sorriu - Sinto muito. - ele me olhou, referindo-se a morte do meu pai. 

— Tudo bem. - sorri sem mostrar os dentes. 

Como eu já havia dito antes, ouvir um "eu sinto muito" era bem difícil para mim, porque sempre me fazia lembrar a dor, e por mais que parecesse confortante ouvir aquilo, não era nem um pouco. 

— Vamos? Ainda temos que passar em casa. - a Karol nos apressou. 

Nós concordamos e fomos caminhando em direção a casa da Karol, que não era muito longe dali. Olhei para o Felipe que andava ao meu lado, mas com o olhar distante, parecia estar em outro planeta além do nosso. Lembrei-me então, de que aquele era o nosso primeiro dia juntos assumindo nós dois a todos, literalmente. Eu o olhei por alguns segundos, sem ser notada pelo mesmo e peguei em sua mão, entrelaçando-a com a minha, fazendo com que ele me olhasse surpreso no mesmo instante. 

— Eu te falei que não seria nada mais às escondidas, lembra? - sorri, passando confiança a ele - Eu quero assumir para todo mundo o que nós somos e quero principalmente, te mostrar que o meu sentimento por você é verdadeiro.  

Ele me olhou sorrindo com o melhor sorriso que ele tinha, e como eu amava aquele sorriso. Como eu o amava por inteiro! Ele parou de andar e me encarou por alguns segundos, abraçando-me e colando seus lábios em meu ouvido, arrepiando-me por inteira. 

— Você não tem noção do quanto me faz feliz. Eu te amo, amo muito, mais do que você pode imaginar. - ele sussurrou, sorrindo - Eu gritaria isso ao mundo inteiro, mas sussurrar pra você é bem melhor, porque você é o meu mundo. - eu sorri ao ouvi-lo dizer tais palavras. 

Desvencilhei-me de seus braços, ainda sorrindo, olhando profundamente em seus olhos, que se possível, veria sua alma. 

— Eu te amo - aproximei meu rosto do seu, roçando nossos narizes, não desconectando nossos olhares - amo muito mesmo. - selei nossos lábios, iniciando um beijo com total correspondência.  

O beijo era intenso e carregado de amor. Eu nunca havia sentido nada por alguém, parecido ao que eu sentia por ele, era um sentimento forte, intenso e impossível de ser explicado. Eu jamais me arrependeria de ter dado essa chance a ele, a nós. Encerramos o beijo com muitos selinhos e os lábios de ambos, carregado por um sorriso sem fim. 

Continuamos a caminhar em direção a casa da Karol, dessa vez com as mãos entrelaçadas, assim que chegamos a Karol buscou seu material e dez minutinhos depois já estávamos em frente à escola, onde o Renan e o Thomas nos esperavam. 

— E ai, cara. – o Renan cumprimentos o Lipe com um toque de mãos e logo foi a vez do Thomas – Oi baixinha. – ele me abraçou apertado.

— Oi Re. – sorri, retribuindo o abraço pensando que ele seria o próximo a me dizer um "sinto muito", mas foi bem diferente do que pensei. 

— Força viu? – ele me olhou, parecendo sincero – Vai precisar a partir do momento que entrar ai e se deparar com os olhares caídos em cima de você. – foi ai então que me recordei de que ele também tinha perdido seu pai – To te falando isso porque sou teu amigo desde muito tempo – ele sorriu – e você sabe que pode contar comigo. – ele me abraçou mais uma vez. 

— Obrigada, Re. De verdade. – sorri para ele, é bom saber que posso contar contigo. Eu tinha até umas broncas pra te dar – falei, referindo-me a ele e a Karol, que viviam naquele rola não rola – mas acho melhor deixar para depois. – rimos. 

— Longe de mim – riu – eu sei bem do que tá falando, baixinha. – sorriu – Mas mudando de assunto, fiquei sabendo de uma coisa – ele falou um pouco alto, chamando atenção de algumas pessoas que se passavam, típico de Renan – como tá relação do casal do ano? – brincou. 

— Está indo muito bem, né? – falei sorrindo, olhando pro Felipe que me abraçou por trás. 

— Tem como não estar ótima com um gostosão como eu por perto? – o Felipe falou, sendo humilde como sempre e deu um beijo demorado em meu rosto. 

— Tirando a parte de que ele se acha mais do que o normal – revirei os olhos, brincando – está tudo muito bem. – rimos. 

— E o namoro, quando sai? – a Karol falou se aproximando e passando os braços em torno do pescoço do Renan, que sorria. 

— Logo, logo, quem sabe, né? – o Lipe me olhou sorrindo, eu assenti que sim e ele me deu um rápido selinho.

— Acho melhor nós irmos entrando, gente. - a Manu falou, caminhando à frente com o Bruno.  

Eles foram entrando e antes de caminharmos portão adentro o Felipe me olhou sorrindo, parando a minha frente. 

— Preparada? - falou, referindo-se a assumir definitivamente nós dois. 

— Mais do que preparada. - sorri para ele, dando um selinho demorado no mesmo.  

A essas horas, eramos vítimas de alguns olhares de pessoas que entravam apressadas na escola, mas aquilo não era nem um terço do que seríamos vítimas lá dentro, principalmente pela fama de pegador que o Felipe tinha. 

— Então vamos. - ele entrelaçou nossas mãos novamente, caminhando comigo para dentro do colégio.  

Enquanto entrávamos, foram lançados alguns olhares a nós, principalmente de meninas. Algumas olhavam com mais descrição, outras mais descaradamente, e algumas até comentavam. É claro que não estava sendo nada agradável todos aqueles olhares direcionados a nós, mas por ele, tudo valia a pena. 

— Pelo menos estamos tendo nossos quinze minutos de fama. - ele sussurrou no meu ouvido, fazendo-me rir. 

— Desde que fique exposto que você é meu, tá tudo certo. - sorri, olhando pra ele.  

Ele deu um sorriso aberto, daqueles que mostram todos os dentes e são capazes de mostrar o quanto estamos felizes, e realmente, era assim que estávamos nos sentindo, felizes, principalmente por termos um ao outro e dessa vez, sem ter medo de ser feliz. Ele foi comigo até a porta da minha sala, parando ali mesmo. 

— Tá entregue. - sorriu. 

— Obrigada, gatinho. - brinquei, mandando um beijinho no ar pra ele. 

— Tá achando que é assim? - puxou-me com delicadeza pelo braço, prendendo-me a ele - Quero minha recompensa. 

— Beijos dentro da escola são proibidos. - falei com cinismo, segurando o riso.  

Ele riu, olhando-me nos olhos enquanto estava abraçado a mim. 

— Ninguém precisa saber. - ele sussurrou calmamente, próximo aos meus lábios. 

— Não adianta tentar me seduzir, sou difícil, queridinho. - brinquei, o enchendo de selinhos e rindo ao mesmo tempo. 

— Até depois, senhora difícil. - ele me deu um selinho demorado e sorriu para mim, com carinho.  

Eu acenei enquanto ele caminhava pelo corredor, indo em direção a sua sala. Assim que me virei para entrar, dei de cara com a professora Fernanda, que estava sentada em sua cadeira, me observando. 

— Ér - a olhei assustada, por ela estar adiantada dentro de classe, o sinal ainda estava para tocar - bom dia, professora. - dei um meio sorriso. 

— Bom dia, Gabriella. - ela sorriu, olhando-me com carinho - Fiquei sabendo dos acontecimentos, meus pêsames. Qualquer coisa, pode falar comigo, ok? 

— Obrigada. - sorri sem mostrar os dentes, caminhando até meu lugar.  

Logo a sala de aula começou a encher com as mesmas pessoas que eu era acostumada a ver diariamente, a Manuella e a Karollyn entraram apressadas, logo depois de o sinal bater, ganhando um olhar repreensivo da professora.

Mal preciso dizer que a aula passou-se rastejando e naquela chatice sem fim, né? Eu recebi olhares de algumas pessoas, e até cumprimentos de alguns colegas de sala, desejando os pêsames e dizendo que sentiam muito, e é claro que ouvir tudo aquilo me abatia de uma forma imensa por dentro, mas talvez, eu estivesse me acostumando a conviver com a dor. Depois de três aulas chatas, chegou o intervalo para me alegrar e finalmente matar minha fome. Arrumei meu material e peguei a mochila, saindo da sala junto com as meninas, mas fui surpreendida por alguém, assim que saí da sala. 

— Oi. – ele falou, dando um meio sorriso. 

— Oi Gabriel. – falei sem ânimo algum em vê-lo na minha frente.  

As meninas me olharam, averiguando se estava tudo bem e eu assenti que sim e ao invés de me esperarem, elas saíram andando na frente. Ótimas amigas, não? 

— Soube do seu pai e – ele deu uma pausa, parecendo procurar as palavras a falar, fazendo cara de quem sentia muito – eu sinto muito pelo que aconteceu, imagino que deve estar sendo difícil pra você. 

— Tudo bem. – fui breve o olhando como quem perguntava "já acabou?". 

— E eu quero que saiba que eu me preocupo contigo. – eu o olhei desacreditada, segurando o riso. 

— Uhum. – assenti, fazendo-me compreensiva. 

— Eu to falando sério. – ele me olhou, aproximando-se um pouco mais de mim, me fazendo dar dois passos para trás, afastando-me dele – To com saudades, Gabi, de nós, de tudo o que passamos juntos. – ele começou a falar, soltando toda aquela ladainha de sempre. 

— Gabriel, por favor. – falei, revirando os olhos. 

— É sério, eu preciso de você. – ele falou com suplicia, pegando em meu braço. Eu puxei o mesmo, soltando-o dele. 

— Tá acontecendo alguma coisa ai? – o Felipe se apareceu, olhando sério pro Gabriel. Agradeci mil vezes, mentalmente, pela aparição dele ali.

O Gabriel olhou para o Felipe, que o encarava sério. Temi pelo que o Felipe poderia fazer, já que os dois não simpatizavam um com o outro desde a primeira vez que eu fiquei com o Gabriel. 

— Qual é cara? Dá um tempo. – o Gabriel falou num tom irritadiço.  

O Felipe deu uma risada sarcástica, mostrando o quão irritado estava ficando, preocupando-me ainda mais. 

— Olha, eu acho melhor você dar o fora daqui e deixar a Gabriella em paz. 

— Quem você pensa que é pra falar assim? – o Gabriel se aproximou dele, que o encarava calmamente. 

— Eu sou o futuro namorado dela, e você, quem é? – ele arqueou uma de suas sobrancelhas, o olhando sério.  

O Gabriel olhou para mim, desacreditado, parecendo ficar ainda mais irritado, enquanto o Felipe ainda o encarava. Decidi então me posicionar entre os dois, ou então algo pior sairia dali e ver o Felipe brigando com alguém por minha causa, era o que eu menos queria. 

— Ei – chamei o Felipe – vem, vamos para lá. – o puxei pela mão.  

O Felipe encarou o Gabriel por mais alguns segundos e passou seu braço em torno do meu pescoço, dando um beijo demorado em minha cabeça. Caminhamos pelo corredor sendo mirados pelo Gabriel, até sairmos no pátio indo em direção à cantina. 

— Tá tudo bem? – ele perguntou mais calmo, enquanto me olhava. 

— Tá sim. – sorri, acariciando seu rosto. Na verdade, eu estava com medo de que ele achasse que havia acontecido alguma coisa entre eu e o Gabriel, ou algo do tipo. – Eu tava saindo da sala de aula e ele me pegou de surpresa na porta, daí começou a falar as mesmas coisas de sempre, foi quando você apareceu. – o olhei apreensiva. 

— Se ele te fizer alguma coisa, você me fala, ta bom? – ele me olhou. 

— Pode deixar. 

— Mas me fala mesmo. – falou sério. 

— Sim senhor. – sorri – Agora esquece isso, vai. – selei nossos lábios rapidamente, por causa da inspetora que estava por perto.

Ele sorriu, me abraçando por trás e dando um beijo demorado em minha bochecha. Compramos nossos lanches e fomos até onde o pessoal estava nos sentando junto deles. 

— Felipe tem alguém feito uma fera te procurando. – a Manu falou enquanto dava uma mordida em seu lanche. 

— Quem? – ele perguntou a olhando. 

— Larissa. – a Karol falou, fazendo cara de nojo. 

— Ela falou alguma coisa? - perguntei, curiosa. 

— Falou que assim que o Felipe aparecesse, era para procurar ela, que ela queria falar com ele. – a Manu falou, fazendo pouco caso e arrancando uma risada minha e do Felipe. 

— Acho melhor ela esperar deitada, pra não cansar. – ele indagou, rindo.  

Nós sabíamos exatamente o porquê dela estar atrás dele. Certamente os rumores de que nós dois estávamos juntos havia chegado aos ouvidos dela, deixando-a furiosa, deduzi.  

Contei para as meninas sobre o que havia acontecido a pouco no corredor e as agradeci com certa ironia por ter me deixado sozinha. Ficamos jogando conversa fora, até o sinal bater. Despedi-me do Felipe e fui com as meninas em direção à sala, mas antes mesmo de entrarmos, escutamos alguém me chamar. Virei-me para trás, tendo desgosto de quem via. Aquele dia era O Dia, só podia! 

— Posso saber que história é essa de você estar saindo com o que é meu? - a loira oxigenada falou, achando que era alguma coisa.

Eu dei um risinho e olhei para as meninas, que riram comigo. 

— Teu? - questionei com sarcasmo - O que é teu? 

— Não se faz de cínica. - a Larissa falou, aproximando-se - Eu só vou te dar um aviso. Quero você longe - deu ênfase - do Felipe. 

— Você tá de brincadeira com a minha cara, né? - a Karol intrometeu-se, esquentadinha como sempre - Ou você baixa a tua bola, ou eu mesma faço questão de fazer isso. - ela falou, encarando a Larissa. 

— O papo aqui não é contigo. - ela falou, desviando o olhar para mim. 

— Pois bem, é comigo. - me impus - E eu quero que fique claro para você, que eu não vou ficar longe de ninguém, muito menos do Felipe. - dei uma piscadela, seguida de um sorriso - E outra coisa. Vê se cresce, porque essas tuas birras de criança mimada achando que o mundo e as pessoas giram ao teu redor já tá ficando cansativa. 

Ela me olhou séria, parecendo não ter gostado nem um pouco do que eu havia acabado de lhe falar. Nada mais que a verdade.

— Olha aqui - exaltou-se - não é só porque ele foi com você visitar o velho do teu pai - senti meu sangue ferver, sendo invadida por uma raiva imensa, pelo simples fato dela ter tocado no nome do meu pai - que eu... - eu a interrompi, indo para cima dela e prensando-a na parede, colocando uma de minhas mãos em seu rosto, apertando suas bochechas com uma certa força, a encarando, chamando a atenção de quem passava. 

— Lava essa tua boca imunda, pra fala do meu pai, ouviu bem? - apertei ainda mais, sentindo minhas unhas a machucarem, não me importando - Ele morreu e tampouco está aqui para se defender - senti seu corpo estremecer, e seu olhar mudar completamente - então pense mil vezes antes de abrir tua boca para falar dele na minha frente, ou eu quebro todos os dentes da tua boca, sem dó. - falei firme, prensando-a ainda mais contra a parede. 

— Gabi, tá machucando ela. - a Manu falou, sendo ignorada por mim - Gabriella, para! - elas me puxaram, tirando-me de perto dela. 

Assim que a soltei ela passou suas mãos em suas bochechas, onde estavam levemente marcadas pelas minhas unhas. Ela me olhou com firme, parecendo arrependida. 

— Eu... - ela falou, buscando as palavras - Eu... 

— Sai. Daqui. - falei pausadamente, com um enorme nó na garganta. 

Ela me olhou de canto e deu um leve suspiro, retirando-se dali, indo em direção a sua sala, fazendo com que as pessoas que observavam também se retirassem. Assim que a vi entrar sentei-me no chão, apoiando minha cabeça em minhas mãos, sentindo uma lágrima rolar. Tudo era recente demais, e ser lembrada da dor da forma que ela falou, machucava ainda mais. Respirei fundo, recompondo-me. 

 Ei, tá tudo bem? - a Manu falou, abaixando-se. 

Assenti que sim, dando um leve sorriso. Não era hora e nem lugar para me deixar abater, não daquela maneira. 

— Quer ir para a sala? - a Karol falou, olhando-me. 

— Aham, já, já eu vou. 

Ficamos alguns minutos ali fora, até que eu me acalmasse de vez e assim que foi feito, entramos para a sala, com alguns minutos de atraso, claro. 

— Isso são horas de chegarem na sala de aula, meninas? - o professor falou, nos repreendendo.

— Desculpa professor, eu tive um probleminha e elas estavam me ajudado. - dei um sorrisinho, como quem pedia desculpas. 

— Tudo bem. - ele assentiu, talvez penalizado, ou sei lá. 

Nós sentamos em nossos lugares e assistimos as aulas seguintes, mas na verdade, minha cabeça estava em outro lugar, completamente fora dali e daquela dimensão. Eu estava querendo ir embora, mas mais do que isso, estava querendo um abraço dos mais apertados que só o Felipe sabia dar. 

— Vamos? - a Manu me chamou. 

— Pra onde? - perguntei confusa. 

— Pra casa, Gabi, deu o sinal... - a Manu me olhou sem entender.

— Ahh! - falei, pegando meu material e colocando em minha mochila. 

Fomos caminhando até fora da escola, onde os meninos nos esperavam. Assim que o Felipe me viu, abriu um sorriso imenso, sorriso daqueles que só de ver, fazia meu coração palpitar. Caminhei até ele, o abraçando com força, sentindo meu coração ser preenchido. Era assim que eu me sentia ao lado dele, completa, preenchida. 

— Tudo isso é saudade? - ele falou brincando, enquanto me abraçava com a mesma intensidade. 

— Também. - dei um sorriso de canto, olhando para ele. 

— Você tá bem? - perguntou preocupado, enquanto acariciava meu rosto. 

— To sim. - falei num tom vago. 

— Tem certeza? - ele me olhou nos olhos, parecendo perceber que talvez eu não estivesse tão bem assim. 

— Acho que sim - apertei os lábios, o olhando - mais cedo, depois do intervalo, eu estava voltando com as meninas para a sala e fui chamada pela Larissa no corredor, dai nós iniciamos meio que, uma discussão. - fiz sinal de aspas, com os dedos - Ela falou pra eu me manter longe de você e em meio a isso falou do meu pai e enfim, acho que acabei a machucando. - o olhei, com receio do que ele fosse pensar. 

— O que ela falou? - perguntou sério. 

— Nada demais, eu só me descontrolei um pouquinho, mas também não foi nada demais. - sorri, o tranquilizando - Só queria um abraço teu. - falei com dengo, entrelaçando meus braços em torno de seu pescoço. 

— Te dou quantos abraços quiser, princesa. - ele envolveu os braços em minha cintura, enchendo meu rosto de beijinhos. Não tinha nada mais confortante, que sentir todos os seus carinhos. 

— Sabe do que eu lembrei? - perguntei perto de seu ouvido, sentindo-o se arrepiar. 

— O que? - perguntou, arqueando uma de suas sobrancelhas. 

— Que nós estamos fora da escola. - dei um risinho, enquanto ele me olhava com malicia.  

Aproximei meus lábios dos seus, selando os mesmos e iniciando um beijo lento, no mesmo instante. Ele me abraçou pela cintura, colando nossos corpos. Eu acariciava seu rosto com uma de minhas mãos, enquanto a outra estava pousada em sua nuca, o beijo foi ganhando mais velocidade e mais carinho, de ambas as partes, era como se o mundo parasse ao beija-lo, era como se fossemos só nós dois e ninguém mais. Quando já nos faltava o ar, o Felipe encerrou o beijo, dando uma mordidinha em meu lábio inferior, arrancando de mim um dos melhores sorrisos que eu poderia dar.

— Eu não queria falar nada, mas - ele falou olhando para mim, e desviando o olhar para a nossa volta - tinha gente admirando nosso beijo cinematográfico. - ele riu, percebendo que eu havia ficado envergonhada.  

O abracei, sentindo olhares pelas minhas costas. Pousei minha cabeça em seu peito enquanto olhava ao redor, algumas pessoas que nos olhavam, contando com o nosso grupo de amigos. 

— Nossa, nossa, hein! - a Karol falou, abanando-se - E ainda tinha gente que negava o que sentia. - falou num tom mais alto, fazendo com que eu olhasse para ela, rindo. 

— Ela só se fazia de difícil, Karol. - o Felipe brincou, olhando para mim. 

— Me fazia, não. Eu sou difícil. - afirmei, dando uma piscadela. Todos riram. 

— Acho que o Bruno precisa me dar uns beijos mais apaixonados, tipo esse, amor. - ela falou o abraçando. 

— Mais apaixonados, Manu? - o Bruno perguntou, fazendo-se incrédulo - Mulher ingrata a que eu arrumei. - fez sinal negativo com a cabeça.

Ficamos conversando por mais alguns minutos. O Felipe tinha me convidado para almoçar em sua casa, e não desperdiçando a oportunidade maravilhosa de comer a lasanha da Maria, eu aceitei, claro. Nos despedimos do pessoal e fomos em direção a sua casa, cainhando mesmo, já que não era tão longe assim.  

Ao chegarmos, subimos para o seu quarto, colocando nossas mochilas por lá mesmo. Enquanto o Felipe foi tomar banho - o que era de rotina, ele fazia isso toda vez que chegava da escola - eu me deitei em sua cama, ligando a TV em um canal qualquer, apenas para passar o tempo. Fiquei mais de meia hora, esperando a princesa sair do banho. Nunca vi homem mais demorado para tomar banho, do que o Felipe, sério.

— Nossa, demorou, hein. - falei, já cansada de esperar enquanto o olhava sair do banheiro, vestido com uma bermuda e o abdomen de fora. 

— Estava ficando cheiroso pra você, amor. - ele caminhou para perto de mim, sentando-se na cama. 

— Deixa eu dar um cheio. - pedi, o chamando para perto, e assim ele fez. - Hummm - cheirei seu pescoço, vendo ele se arrepiar todo - tá cheiroso. - dei um beijo em seu pescoço, vendo-o me lançar um olhar malicioso. 

— Tá pedindo, hein. - mordeu os lábios com malicia, enquanto vinha para cima de mim.  

Eu o olhei rindo, provocá-lo era uma das coisas que eu mais gostava de fazer, mas não abusava, por talvez não poder corresponder suas expectativas. Não ainda. 

— To pedindo nada não. - falei com desdém, desviando-me dele e me levantando - Acho que nós podemos ir almoçar, to morrendo de fome. - mudei de assunto, o olhando. 

— Almoçar? - perguntou, fazendo-se incrédulo - Sabe o que eu vou fazer? - ele me olhou com cara de quem ia aprontar - Não vou te deixar sair daqui, só por me provocar. - falou se levantando e se aproximando de mim.  


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Notas finais do capítulo

Continua...



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